sexta-feira, 29 de abril de 2016

Victor DZ feat Simone Pedro - Fazendo a Festa


Victor DZ – Equalizando (Official Video)


Marechal sobre o #VVAR: “Estou fazendo a última apresentação antes de lançar o disco”


Parece que agora vai! Após Marechal eternizar o dia primeiro de abril para o Rap com o single de mesmo nome, “Primeiro de Abril“, o rapper fez um anuncio bastante otimista em relação ao lançamento do álbum “Vamos Voltar a Realidade” ou #VVAR.
Nesta manha de sexta-feira (29), Marecha utilizou seu Facebook para anunciar que fará seu último show antes do lançamento do seu aguardado álbum. A apresentação será sem São Bernardo/SP, grátis e na rua. Confira a publicação:

FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/33724/marechal-sobre-lancamento-vvar-disco/

Combinando rap e reggae, Jamés Ventura lança o aguardado “JAHBLESSVENTURA”


Quatro anos após o seu álbum de estreia, “Por Ventura”, lançado em 2012, Jamés chega pesado em seu novo álbum, que conta com participações de monstros como Ogi, Brandão, Don CesãoHenrick Fuentes e outros, além de um time fortíssimo de produtores consagrados, encabeçado por “Sala 70”, “Coyote”, “DJ Caique”, “Nave”, “Pizzol” e “Bolin”.


São 18 faixas e em todas elas ou você vai ver um “feat” de alto nível ou você vai ver um “prod” Classe A. Se você não conhece o artista no mínimo deve ficar instigado com: “Nossa, se todo mundo cola com ele, então deve ser interessante né!?“. Então, ouça a playlist do disco que está acima.
Sobre o conceito do trampo, Jamés declarou: “Mano, então, na real, de tanto escutar o Sizzla, que eu conheci depois de ouvir o 7 Velas, eu fiquei na vontade de entrar nessa onda ‘Jamaica’. A proposta mesmo é fazer um som com influência dos caras.“
Todas as faixas foram gravadas no Estúdio Querosene, exceto a faixa “18. Garimpeiro da Babilônia” que foi gravada no Estúdio Estrondo Beats. A mixagem ficou por conta de Mr. Venon e a masterização ficou com Time Forte.

FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/33689/james-ventura-jahblessventura-novo-cd/

Lay lança o aguardado EP 129129, uma pancada de rap com ragga


Diretamente de Osasco, a rapper estreia com força e estilo em “129129“, um furacão de empoderamento cujo nome é um anagrama de sua data de nascimento. Lay integra a nova safra de artistas que são acompanhados por ideais inovadores, assuntos pertinentes e um bom manejo internet, como Rico Dalasam, Edgar e Karol Conká.


Lay já tem um clipe na pista, da faixa 2 do EP, “Ghetto Woman“, e pretende lançar outro, da faixa “Busca“. Na produção, só artista fino: Leo Grijó mixou todo o trampo e fez 6 das 7 bases em parceria com diversos outros artistas. A faixa restante ficou por conta do Nox. Na masterização, CESRV.


FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/33742/lay-ep-129129/

Quilombo do Sopapo: a resistência pela arte


Transformar a vida de jovens de periferia a partir de ações que integram arte e cultura cidadania. Conscientizá-los sobre o seu valor por meio de trabalhos que reforcem sua identidade periférica, promovam a cidadania e o estímulo dos direitos humanos. Foram essas as premissas que conceberam o Quilombo do Sopapo, Ponto de Cultura que está instalado no Cristal, bairro da zona sul de Porto Alegre – região que reúne em seu território uma série de contrastes, abrigando desde empreendimentos de alto padrão a ocupações irregulares.
 
“Nossa ideia era criar uma organização potencial que fosse referência na prevenção da violência. Queríamos mostrar a estes jovens que é possível resistir – resistir, inclusive, aos assédios pelas contravenções. Mais do que isso, queríamos que estes jovens tivessem consciência de sua voz e fizessem o uso dela para criar um novo mundo, um mundo possível”, afirma Leandro Anton, coordenador do Ponto de Cultura.
 
Esta ideia foi a primeira certeza do programa. Para alcançar este objetivo, o grupo que concebeu o ponto resolveu fazer caminhadas pelas comunidades da região, buscando identificar quais eram as manifestações culturais desenvolvidas por seus jovens. Nestas buscas, percebeu-se que era a música, independente do ritmo tocado ou cantado, que criava uma unidade entre eles, os imbuíam de autonomia e os mantinha distantes do envolvimento direto com a violência.
 
E foi nesse contexto que nasceu o Quilombo do Sopapo. O nome do grupo, inclusive, reflete essas ideias. A criação de um território para a produção de cultura por jovens autônomos e auto-organizados em prol da resistência culminou na escolha de quilombo como símbolo de força, liberdade e diversidade multiétnica. A música como o ícone de manifestação cultural nesta construção busca em outra referência ancestral, o sopapo, tambor afro-gaúcho feito com casca de árvore e couro de cavalo.
 
O Quilombo do Sopapo tornou-se Ponto de Cultura em 2006, quando firmou convênio com o Ministério da Cultura (MinC), via edital do Programa Cultura Viva. A organização é fruto de uma parceria da Guayí, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que busca desenvolver processos comunitários e ações educativas, colaborando com a construção de políticas públicas com cidadania e participação social, com o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul – entidade proprietária do espaço onde hoje funciona a organização.
 
Cursos e oficinas para a cidadania


Cursos de comunicação comunitária, de tecnologia da informação para o desenvolvimento de softwares livres, de audiovisual, de fotojornalismo, de artes gráficas, oficinas de teatro de animação, percussão e até mesmo de confecção de livros cartoneros. As atividades desenvolvidas no Quilombo do Sopapo são inúmeras. Apesar de existir como Ponto de Cultura desde 2006, somente em 2008 a instituição abriu suas portas, com sede em endereço fixo.

De lá para cá, foram mais de 40 cursos e oficinas, com a participação e formação de mais de 1000 jovens da comunidade. O seu alcance, entretanto, ultrapassa essa marca. Por abrigar um telecentro e uma biblioteca comunitária, o Ponto de Cultura atende centenas de pessoas a cada semana. O grupo possui ainda uma série de parcerias junto a escolas estaduais da região, nas quais desenvolvem atividades artísticas e culturais para a promoção da cidadania.

“O Sopapo é o único equipamento de cultura e lazer voltado para jovens com acesso gratuito no bairro. Somos nós quem promovemos também uma ocupação frequente da única praça do Cristal com atividades culturais. Para muitos dos jovens que aqui vivem, o Sopapo é a principal, senão a única, porta de acesso para a cultura”, afirma Leandro.

Cristina da Rosa Nascimento, de 23 anos, é uma das 15 pessoas que passaram pelos cursos do Ponto de Cultura e dele tiram hoje o seu sustento. Atualmente educadora da instituição, ela conheceu o Sopapo em 2009, aos 16 anos de idade. Ainda aluna do ensino médio, ela participou, na própria escola, de uma oficina de fotografia ministrada pelo pessoal do Ponto de Cultura.
Em seguida, inscreveu-se para o curso de audiovisual que dali alguns meses seria aberto na própria instituição. Como resultado do curso, ela produziu um curta-metragem pelo qual transmitia a sua visão de mundo a partir de seu próprio referencial: uma jovem negra e de periferia.

“Foi ali que tive o meu primeiro acesso a um trabalho intelectual. Foi ali que eu descobri que eu pensava, tinha voz e poderia colocar para o mundo as minhas ideias, a minha forma de ver o mundo e a sociedade que tinha ao meu redor”, diz.



Também utilizando elementos de sua realidade como inspiração para realizações de trabalhos, ela, junto com alguns outros jovens da comunidade, criou o livro de fotografias Imagens Faladas. A obra nasceu a partir do engajamento da comunidade pela sua manutenção, uma vez que havia na época um projeto do governo local para a venda de parte da área do Morro Santa Teresa, incrustado no Cristal.
“As escolas públicas, de modo geral, são muito ruins. As oportunidades não existem para o jovem da periferia. Não há horizontes para além da própria escola. O Ponto de Cultura me surgiu como uma oportunidade e eu a agarrei”, afirma Cristina. Atualmente Cristina desenvolve o projeto Ruídos Urbanos, programa de radiovisual do Coletivo Sopapo de Mulheres –  um dos vários criados dentro do Ponto de Cultura. Com um recorte de gênero, o programa convida artistas e intelectuais para tratar de questões diversas, de remoções comunitárias a dificuldade de aliar trabalho e maternidade.
 A jovem, que tem o sonho de obter um diploma de curso superior, também trabalha como oficineira em uma das escolas parceiras do ponto. A ideia é produzir uma segunda edição do livro de fotorreportagem.
 Para ela, entretanto, essa oportunidade vem acompanhada de uma responsabilidade.  De educando, ela transformou-se em educador. “Quero mostrar para essa gurizada que eles podem, sim, sonhar. Elas não precisam estar à margem do processo, não precisam baixar a cabeça. Eles existem, são jovens da periferia e devem ter orgulho disso. Meu papel aqui é empoderar essa gurizada”, diz a jovem.

FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/quilombos/11300/quilombo-do-sopapo-a-resistencia-pela-arte

Centenário do samba é celebrado em painéis na avenida Paulista


Identificado como um gênero próximo das classes operárias, o samba será celebrado a partir deste domingo (1º), Dia do Trabalho, no principal cartão postal de São Paulo: a avenida Paulista.
Ao longo de 1 km de extensão, serão expostos retratos de nomes como Beth Carvalho, Clara Nunes, Ataulfo Alves, Cartola, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, João Nogueira e Pixinguinha, totalizando 30 painéis de 4 m x 3 m situados entre as ruas Augusta e Pamplona.
Organizada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), a exposição “Os Trabalhadores e os 100 Anos do Samba” tem por objetivo celebrar não apenas o centenário do samba, que será comemorado em novembro deste ano, mas também exaltar os personagens cantados em clássicos do gênero, que, desde o seu início, tem se dedicado a contar com poesia e ritmo os dramas e alegrias proletários.
A exposição também ressalta o próprio caráter trabalhador dos sambistas, muitos dos quais conciliavam a música com seus ofícios, e procura ressaltar a diversidade a partir de nomes de períodos e estilos distintos do gênero musical.
A pesquisa das imagens foi feita pelo jornalista Celso de Campos Jr, autor da biografia de Adoniran Barbosa, e a curadoria e edição das fotos é da DOC Galeria.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11335/centenario-do-samba-e-celebrado-em-paineis-na-avenida-paulista

Menina faz campanha e reúne 4 mil livros com garotas negras como personagens


Marley Dias, apesar da pouca idade, 11 anos, ficou incomodada ao perceber o grande número de personagens brancos nos livros que costuma ler. Decidida a fazer uma campanha pela valorização dos negros na literatura infantil, ela lançou a hashtag #1000blackgirlbooks (1000 livros de garotas negras).
"Eu estava na quinta série e fiquei frustrada porque só líamos livros sobre garotos brancos e seus cachorros. Daí, eu falei com a minha mãe e ela me disse: 'ok, mas o que você vai fazer sobre isso? E eu decidi colecionar mil livros'", disse a norte-americana, em entrevista ao portal da Folha de S.Paulo. "São livros sobre garotas negras, mas, na verdade, os livros são para todas as pessoas que quiserem ler e você pode aprender muito neles sobre racismo e cultura", completou, sobre o acervo que conquistou.
O objetivo era arrecadar mil livros, mas a menina já reuniu mais de quatro mil. A maioria foi doada para uma escola em que Marley Dias estudou e outras instituições de ensino da Jamaica. "Mil era um número grande para mim, porque eu só tenho 11 anos", destacou ao site. O novo plano da norte-americana é criar um clube de leitura com livros sobre garotas negras. Ela pretende abrir espaço para pessoas de diferentes lugares do mundo ao fazer debates via Skype e outras redes sociais.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11331/menina-faz-campanha-e-reune-4-mil-livros-com-garotas-negras-como-personagens

Palestra gratuita 'Conexão África' em destaque no Rio


Evento faz parte do ciclo de encontros mediados pela blogger Stephanie Malherbe.

A Aliança Francesa do Rio de Janeiro realiza terça-feira, 03 de maio, às 19h, a palestra 'Conexão África na Aliança Francesa', uma viagem através da música africana, de sua diversidade e de sua riqueza.
O encontro será ministrado por Stephanie Malherbe, idealizadora do projeto 'Conexão África', que conta com um blog e um programa de rádio. A entrada é gratuita mediante distribuição de senhas. 
Com o tema 'Sans l´Afrique, le Brésil n´existerait pas' (Sem a África, o Brasil não existiria), a palestra tem o objetivo de contribuir para difundir com profundidade aspectos culturais do continente africano, suas culturas, seus povos e seus países, cuja presença e protagonismo na construção do Brasil são vitais. “Afinal, como diz a cantora beninense Angelique Kidjo e o historiador Alberto da Costa e Silva, ‘Sem a Africa não existiria o Brasil’.”, comenta Stephanie.
Além da palestra aberta ao público, a Aliança Francesa do Rio de Janeiro realiza a oficina Conexão África, um ciclo de debates como porta de entrada para o continente.  “Os encontros vão tratar de diversos aspectos de um continente em marcha, que se insere na contemporaneidade da circulação de pessoas e culturas numa escala global. Também um continente com muitas histórias e realizações, visando primeiramente superar a imagem de uma África miserável, violenta, anacrônica. Por outro lado, valorizar o fundamental aporte africano à formação da nação brasileira, difundir uma imagem positiva do continente e seus habitantes, para além dos estereótipos e preconceitos, e também colaborar para que os brasileiros compreendam a África que existe em cada um de si”, comenta a palestrante.
Os encontros serão realizados às terças-feiras na Aliança Francesa Botafogo, e vão percorrer o continente passando por Camarões, Senegal, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Benim, Mali, Angola, Nigéria e Burquina Faso. E ainda, tratar de temas como a tradição e cultura oral no continente; Soudjata Keïta, a grande epopeia mandinga: a história, entre mito e realidade; humor na música africana de língua francesa; e rap africano. 
Serviço: Projeto 'Conexão África'
Palestra 'Conexão África na Aliança Francesa'
Data: terça-feira, 3 de maio, às 19h
Local: Aliança Francesa de Botafogo - Rua Muniz Barreto, 730
Oficina 'Conexão África' - ciclo de debates
Data: terças-feiras, (aulas de maio a julho), das 19h15 às 21h15
Mensalidade: R$290,00
Local: Aliança Francesa de Botafogo - Rua Muniz Barreto, 730
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/africa/11328/palestra-gratuita-conexao-africa-em-destaque-no-rio

Fazenda em Santa Rita de Jacutinga-MG, A maior fazenda de escravos da América Latina.

A fazenda Santa Clara, localizada no município de Santa Rita de Jacutinga, fica a 140 quilômetros de Juiz de Fora. É a maior construção rural que se tem conhecimento.
Datada de 1.760 – 1.780 (20 anos para ficar pronta), a Fazenda Santa Clara guarda várias histórias.
Possui 365 janelas (uma para cada dia do ano)
52 quartos (um para cada semana do ano)
12 salas (um para cada mês do ano)
O seu fundador Francisco Tereziano Fortes de Bustamante, manteve a sua esposa trancada em um quarto por 30 anos, vindo ela a assumir a fazenda após a sua morte.
Infelizmente toda essa beleza era usada para o tráfico, compra e venda de escravos.
A fazenda era utilizada para a reprodução de escravos, onde cada escravo reprodutor tinha 9 mulheres, que já davam a luz ao seu primeiro filho aos 14 anos de idade. Muitas morriam antes mesmo de completar 18 anos, pois eram usadas simplesmente como parideiras e por serem muito novas, não aguentavam viver por muitos anos.
Em média, eram gerados 400 crianças por ano, onde os homens eram separados das meninas e selecionados para serem produtores e reprodutores.
Quando se tinham mais meninos do que meninas, os meninos eram engordados a ponto de não resistirem e enfartarem.

"A Fazenda Santa Clara, foi erguida no século XIX pela sua família Bustamante Fortes, de São João Del Rey. A mesma é composta de vários cômodos, conservados em sua originalidade. O cárcere apresenta troncos e outros instrumentos de tortura utilizados para punir os escravos. As marcas de unhas nas paredes são os indícios da intensidade da tortura que os cativos sofreram. Santa Clara, que mantém intactos a masmorra e a senzala, que são abertos à visitação, é uma das poucas propriedades em que foi comprovada a reprodução de escravos para o comércio."

VEJAM AS FOTOS DESTA FAZENDA QUE ERA UM CAMPO DE EXTERMÍNIO:
GRILHÕES
GRILHÕES
MARCAS DE SANGUE
SALA DE TORTURA
TRONCO

TRONCO

TRONCO

TRONCO

TRONCO

SALÃO DE TORTURA

SENZALA
FONTES: http://www.a-cidadedascachoeiras.com/fazenda-santa-clara2/ http://www.cangerenoticias.com.br/fazenda-santa-clara-a-maior-fazenda-de-escravos-da-america-latina/

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Zeferina: rainha quilombola que lutou contra a escravidão em Salvador-BA

A altives de uma rainha quilombola para se colocar em escrita – invenção de gênios da antiga civilização Egípcia – se faz necessário fazer reverência às deusas e deuses do panteão melanodérmico.
Não é simples ouvir o zunido do vento de dois séculos para escutar a voz ou o brado de uma guerreira, há necessidade de conexões ancestrais, o onírico a descrever mapas do passado nas matas que se localizavam onde é hoje o Parque São Bartolomeu (o mocambo principal da rainha), Pirajá, parte de Cajazeiras e Cabula, regiões que foram redutos de resistência quilombola na Cidade do Salvador-Ba, no século XIX. Para isso adentramos a mata, usando uma episteme de olhar de quebrada para tentar compor, neste breve ensaio, nuances da história de Zeferina do Quilombo do Urubu.
Zeferina, segundo Maria Inês Cortes de oliveira no livro “O liberto: o seu mundo e os outros” tinha origem angolana e foi trazida criança ainda, uma vunje em desassossego de viagem transatlântica, na primeira metade do século XIX, encolhida nos braços da sua mãe Amália, para Salvador. Sentiu a penumbra agônica da viagem no navio negreiro, ouviu o baque dos corpos negros no mar e percebeu que teria que ser grande para enfrentar as atrocidades da escravização. Sua mãe Amália, em saber matrilinear, lhe ensinou a tradição dos ancestrais, lhe demonstrou como acessar os poderes das inquices para manter a sua espiritualidade e realeza soberana diante das barbáries.
No saber da oralidade documental, a história costurada no boca-a-boca, no fluir perseverante das vozes históricas do povo negro, Zeferina foi uma rainha que fundou o Quilombo do Urubu,  e uma sociabilidade baseada em modelos civilizatórios africanos para se proteger e salvaguardar todo o seu povo da escravidão. Foi uma líder com muito poder, a qual todos a referenciava e seguia as suas estratégias de luta. Ela organizou índios, escravizados fugidos, ou melhor, homens e mulheres que cunharam a sua liberdade com coragem, e libertos, no geral, que queriam a libertação para todos os negros na província do Salvador.
Zeferina tinha ambições grandiosas, sabia que a liberdade de boca da mata, o quilombo, era um principio libertador, e que poderia ruir, haja vista o quilombo do Cabula que foi destruído em 1807. Ela sabia disso, compreendia que era necessário se unir com os nagôs, invadir a cidade e matar os brancos escravocratas para constituir uma liberdade plena para todo o povo negro. O livro “Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil” organizado por João José Reis e Flávio dos Santos Gomes, mostra isso, pois Reis (2003) fala do relato involuntário do presidente da província se referindo a Zeferina com uma rainha e dos planos de invasão dela a Salvador para matar os brancos e conseguir a liberdade.
O planejamento do levante estava organizado para ocorrer no dia 25 de dezembro de 1826, no natal, como a própria Zeferina, em depoimento no Forte do Mar, local onde eram presos todos os quilombolas, afirmou quando se encontrava aprisionada. No entanto, um acontecimento fez com que a revolta tivesse o seu início antecipado, pois no dia 17 de dezembro alguns capitães do mato tentaram surpreender, pensando que havia poucas pessoas na mata do Urubu, e se depararam com cinquenta mulheres e homens aquilombados com espingardas, facas, arcos e flechas e fações, que sobre o comando de Zeferina os derrotaram. Assim, três capitães do mato foram mortos e outros três saíram gravemente feridos, conseguiram escapar e já em matas do Cabula encontraram o comandante de tropa, Jose Baltazar da Silveira, com doze soldados e um cabo, vindo de Salvador para sufocar o levante. A eles se juntaram mais de vinte soldados das milícias de Pirajá e foram atacar o Quilombo do Urubu.
Zeferina com arco e flecha na mão confrontou com os seus súditos toda a guarnição que, por ordem de Jose Baltazar da Silveira, abriu fogo contra os aquilombados que resistiram motivados pelo grito de guerra, o qual ecoou por todo o Urubu como uma onda sonora muito poderosa: “Morra branco e vivo negro! Morra branco e vivo negro! Morra branco e vivo o negro!” Foram intrépidos e corajosos na luta, mesmo estando em desvantagem, pois as tropas policias tinham as armas de fogo – maior poder letal nas suas ações no combate. No final, uma mulher e três homens do quilombo foram mortos, alguns fugiram e outros foram presos juntamente com a rainha Zeferina. Eles tentaram, em desfile de quebranto da sua realeza, destituí-la do seu orgulho; levando-a amarrada do quilombo do Urubu até a Praça da Sé com todas as ofensas e ódio racial dos escravocratas de Salvador.
Ela não se abateu, seguiu altiva e poderosa diante dos olhares – fel de atrocidades dos brancos – que a viam passar. Zeferina tinha a sua espiritualidade enraizada no poder das inquices, pilar que não permitiu esmorecer diante das impetrações dos escravocratas. Ela sabia que era grande e têm batalhas, mesmo que pareçam perdidas, não são; servem como liames poderosos que vão costurando as lutas das próximas gerações. São estros que motivam os novos espíritos à luta. Assim, seguiu firme e faleceu, sem fraquejar em seus ideais, no Forte do Mar, e teve, segundo a tradição oral da região, perpassada pelos vários terreiros de candomblé, o seu corpo enterrado nas terras do Cabula.
No Quilombo do Urubu havia, na sua constituição simbólica. uma lenda, que até hoje compõe o imaginário dos remanescentes quilombolas. Ela aparece transcrita na dissertação “O poder de Zeferina no Quilombo do Urubu” de Silvia Maria Silva Barbosa.  Nessa lenda o urubu é um pássaro mítico, que deu nome ao quilombo, e que nos momentos difíceis das batalhas, as grandes sacerdotisas entravam em transe, invocavam esse pássaro, enviando-os até a África, em vou de águia veloz e poderosa, para que levassem os clamores, as orações, as demandas e pedidos de ajuda aos ancestrais, às deusas e deuses do panteão negro. O urubu era o pássaro correio que ia à África e trazia as respostas às súplicas, trazia o axé para fortalecer o espírito dos quilombolas a continuarem lutando.
O mocambo principal do Quilombo do Urubu, onde as hordas de guerreiras e guerreiros se organizavam, teciam a sua liberdade e até hoje se constitui um local sagrado para o povo de santo – é o Parque São Bartolomeu, uma das últimas áreas verdes da cidade, localizado entre o bairro Pirajá e o Subúrbio Ferroviário de Salvador. São bairros que até o momento os reminiscentes de quilombo enfrentam o genocídio à juventude negra, o racismo estrutural, as imprecauções, intolerâncias e perseguições com as religiões afro.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11273/zeferina-rainha-quilombola-que-lutou-contra-a-escravidao-em-salvador-ba

Bloco Olodum - 37 anos de história


O bloco do carnaval baiano, o Olodum, foi criado em Salvador no bairro do Maciel - Pelourinho por um grupo de moradores em 25 de abril de 1979 numa época em que este bairro era marginalizado e discriminado pela população baiana.

Aproveitando a  ocasião, conheça um pouco sobre o Bloco: 

O Bloco Olodum surge para ocupar um espaço da expressão cultural contemporânea do continente africano que no Estado da Bahia tem sua maior representação e expressividade. No início, os foliões do Olodum eram apenas moradores do Pelourinho que tinham como objetivo celebrar a herança cultural africana, considerando que a maioria da população Soteropolitana é descendente de africanos.

A partir da década de oitenta o Olodum tornou-se uma Organização não Governamental (ONG) do movimento negro brasileiro e desenvolve ações de combate à discriminação racial, estimula a autoestima e o orgulho dos afro-brasileiros, defendendo a luta dos direitos humanos na Bahia-Brasil.

A ação cultural do Bloco Olodum contribuiu e tem contribuído decisivamente para a revitalização do Centro Histórico de Salvador não só como um lugar de visitação turística, mas também como um lugar em que a educação revitaliza esperanças, como é o caso do Projeto Educacional da Escola Olodum que capacita, jovens e adolescentes em diversas áreas do conhecimento tais como, música percussiva, dança afro, informática, formação da cidadania e outros.

As cores do Bloco Olodum

As cores são do Rastafarianismo e do Movimento Reggae. São cores internacionais da diáspora africana e constituem uma identidade internacional contra o racismo e a favor dos povos descendentes da África.
Verde, as florestas equatoriais da África.

Vermelho, o sangue da Raça negra.
Amarelo, o ouro da África (maior produtor mundial).
Preto, o orgulho da Raça negra.
Branco, a Paz mundial.

A Palavra Olodum:

A palavra Olodum é de origem Yorubá que significa "Deus dos Deuses" ou "Deus maior", Olodumaré, que não representa um orixá, e sim, o Deus criador do universo e dele senhor.

A Banda Olodum

Já encantou artistas como Michael Jackson, Linton Kesey Johnson, Paul Simon, Julian Marley, Gal Costa, Caetano Veloso, Xuxa, Ivete, Cidade Negra, Caetano, Gil, Tim Maia, Jorge Ben, Elba Ramalho, Daniela Mercury, Carlinhos Brown etc...
A banda Olodum já percorreu países como França, Estados Unidos, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Suíça, Escócia, Noruega, Dinamarca, Inglaterra, Argentina, Espanha, Eslovênia, Canadá, Japão, Chile, Escócia, Cuba, Angola, Senegal e Benin, Portugal, Irlanda, Irlanda do Norte, Turquia, Israel, Finlândia, México, Venezuela, Austrália, Guiana Francesa, Coréia, Senegal, Argentina, Uruguai entre tantos outros países.

O Bloco Olodum & os Temas:

Escolhidos com base em motivos históricos e ou culturais, o Tema ou o Enredo são retratados por fantasias/abádas que retratam a criatividade, plasticidade e a riqueza da diáspora africana em Salvador ao longo da história. Estas fantasias e ou abádas são concebidas por artistas plásticos que buscam inspiração na cultura afro-brasileira.

Temas Enredos:

1980 - Olodum na Sexta-feira
1981 - Festa para o Rei de Oyo – Nigéria
1982 – Guiné-Bissau – Estrela da Revolução Africana
1983 - O Bloco não desfilou
1984 - Tanzânia
1985 - Moçambique
1986 - Cuba
1987 - O Egito dos Faraós
1988 - Madagascar
1989 - Núbia, Axum e Etiópia
1990 - Do deserto do Saara ao Nordeste Brasileiro
1991 - Da Atlântida à Bahia, O Mar é o Caminho
1992 - Índia - Os Caminhos da Fé
1993 - Os Tesouros de Tutankamon (Faraó do Egito antigo)
1994 - O Tropicalismo - O Movimento, um reencontro com a Bahia, com o Brasil e as culturas dos povos dos trópicos
1995 - Os Filhos do Sol (Em Homenagem ao Astro Rei de Todas as Raças)
1996 - Os Filhos do Mar (Em Homenagem aos Pescadores da Bahia e da África)
1997 - Roma Negra - Gladiadores da Negritude
1998 - A Revolta dos Búzios - 200 anos da Rota da Liberdade
1999 - Os Filhos do Fogo - Uma Homenagem a Xangô
2000 - Do Egito à Bahia - O Caminho da Eternidade
2001 - África, Ásia, Brasil - Os Três Mundos
2002 - A Nova Tenda dos Milagres
2003 - “A Lenda do Arco-Íris”
2004 - Tuaregues - Guerreiros do deserto africano
2005 - O Casal Solar - Akhenaton e Nefertiti - O Monoteísmo Africano
2006 - Angola - A Pátria Mãe de Milhões de Brasileiros
2007 - Marrocos - O País dos Sentidos
2008 - África do Sul - Futebol e Paixão
2009 - Mali - Dogons o Povo das Estrelas
2010 - Índia, Brasil, África do Sul - A Terceira Visão
2011- Tambores, Papiros, Twitter - A Historia da Escrita
2012 - Vale dos Reis - A Sete Portas da Energia
2013 - Samba, Futebol e Alegria - Raízes do Brasil
2014 -Ashanti - O Trono Dourado e a Rainha Yaa Asantewaa
2015 -Etiópia– A Cruz de Lalibela, O Pagador de Promessas.
2016 -“Brasil, mostra tua cara!” - “Sou Olodum, quem tu és?”

FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11282/bloco-olodum--37-anos-de-historia

Mahmundi: o disco pop da menina carioca

Morando hoje em São Paulo, Mahmundi estará no Rio na terça, 26, tocando na Noite Faro MPB - Fernando Lemos / Agência O Globo

Cantora que começou no gospel lança em maio seu primeiro álbum
Marcela Vale, 29, só descobriu o Nirvana de Kurt Cobain aos 20. Até bem pouco tempo antes disso, o que havia na vida da menina do bairro de Marechal Hermes eram hinos e canções gospel, que ela cantava na igreja de quinta a domingo.
— Quando meu pai se converteu, ele quis mudar de vida. Jogou fora todos os discos, de Kraftwerk a Led Zeppelin, e quis fazer um detox na gente — conta ela, que há algum tempo atende pelo nome de Mahmundi (ou seja, “mundo de Marcela”) e que, no mês que vem, depois de dois EPs, lança pela Skol Music o seu primeiro álbum, “Mahmundi”.
Do Genesis (não o livro da Bíblia) veio a primeira paixão musical não gospel de Marcela: o baterista, cantor e hitmaker Phil Collins. Influenciada por ele, começou a tocar bateria e depois foi defender suas canções na igreja, em voz e violão. Certo dia, irritada com o amadorismo da banda com quem tocava (“Se Deus existe, por que a gente está tocando essas coisas ruins?”, pensou), a cantora resolveu dividir seu trabalho num fast food com um estágio como técnica de som no Circo Voador. Lá, ela viu inúmeros shows, apaixonou-se pela guitarra e fez amizade com o produtor Liminha.
Aos poucos, formatava-se Mahmundi, a artista de synthpop e r&b, vencedora do prêmio de Nova Canção do Multishow em 2014 com “Sentimento” (que acaba de ser gravada pelo Rappa em seu novo DVD, a ser lançado em junho).
— Quando comecei, em 2012, eu não tinha metade disso aqui, era muito low-fi — diz ela, cercada de equipamento, no estúdio caseiro em que gravou o disco (refazendo muitas canções dos EPs). — O Miranda (Carlos Eduardo Miranda, diretor do selo StereoMono, da Skol Music, que lança o álbum) me disse que as pessoas precisavam ouvir minhas músicas. E eu sempre tive vontade de fazer um disco pop. Não o pop da Anitta, que acho incrível, mas não sei fazer, e sim um disco de canção brasileira com aquela matemática precisa dos hits do Phil Collins.
Tocando boa parte dos instrumentos ao lado dos amigos de igreja Lux Ferreira (teclados) e Felipe Vellozo (baixo) — eles a acompanham nos show que ela faz terça-feira que vem na Noite Faro MPB no Botafogo Praia Shopping —, Mahmundi hoje vive em São Paulo.
— Lá, eu fico muito sozinha ouvindo discos da Elis Regina. Nove horas da noite eu estou em casa, escrevendo. Se fosse no Rio, estaria na praia — confessa ela, que é vista por muitos como uma espécie de versão anos 2010 do pop carioquíssimo de Marina Lima. — Tem pessoas que me dizem que querem conhecer o Rio por minha causa, mas por muito tempo eu quis fugir dessa coisa de ser “a menina do Rio”. Eu ouvia as músicas do meu disco na Avenida Paulista, no Minhocão, pensando como é que as pessoas iam entendê-las.
Com a experiência de quem começou “tocando com microfonia na Comuna” e foi parar ano passado no Vodafone Festival, em Lisboa, Mahmundi se prepara para o novo momento na carreira:
— Não sei se um dia vou encontrar o Phil Collins, mas tenho uma meta: quero fazer coisas que os taxistas ouçam.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11286/mahmundi-o-disco-pop-da-menina-carioca

Mães negras não adoecem


“Quem aqui de vocês quando doente, conseguiu ficar mais de três dias de cama, sem ter que se recuperar antes do tempo previsto, para retomar seus compromissos ?”. Essa foi a provocação inicial feita durante o primeiro encontro do Iyá Maternância grupo de mulheres que discute maternidade negra, até onde sei, a primeira iniciativa nesse sentindo em São Paulo. O evento foi nesse último sábado, dia 23 de abril.
E é isso. Se mulher negra tem que ser forte, mães negras não podem ser dar “ao luxo” de adoecer. A imagem da escrava negra sempre disponível e pronta para servir, ainda existe, mesmo em lares afro-centrados. São as feridas da escravidão ainda abertas e cutucadas diariamente, e que se traduzem em muito dor, baixa autoestima e a sensação de que não merecemos ser amadas.
Quem já participou de encontros de mulheres negras, sabe o quanto é tocante, o quanto choramos deixando evidente uma dor coletiva, mas silenciada dentro dos nossos lares. Temos medo de nos mostrarmos vulneráveis, visto que temos que ser a solução e nunca o problema ou ainda, pela falta de ter quem se importe.
“Minha mãe morreu aos 53 anos, de tanto trabalhar. A imagem que tenho dela é de sofrimento, ela apanhava do meu pai e trabalhava todos os dias da semana, até que seu coração não aguentou”, disse uma das participantes do encontro do Iyá. Eu, infelizmente, não acho que esse seja um caso isolado. A maior parte das famílias negras, são sustentadas por mães exaustas.
Projetos sobre maternidade negra são urgentes porque a sensação de solidão e abandono persiste até entre mães jovens. Não nascemos mães. Parir e educar crianças negras é outro papel que tivemos que assumir sozinhas.
Minha dúvida é, porque o homem negro é tão ausente nessas questões?  Em outros depoimentos ficou evidente que o pai, negro ou branco, delega a mãe, mais esse fardo, como se só ele tivesse o direito de usar a carta da Glória Pires e não opinar, passando para nós, mais uma vez a função de administrar e gerenciar conflitos gerados em situações de racismo.
Quem exige das lojas a boneca negra, quem vai à escola para pedir mais diversidade nos livros paradidáticos ou denunciar o coleguinha racista, quem muda sua estética para ser referência para os seus filhos é a mãe negra.
As recompensas por essa doação incansável é essa nova geração de crianças negras empoderadas.
Mães negras, como todas as outras, têm dúvidas, medos, se cansam, sentem dor, tem muitas dúvidas e não têm resposta para tudo, no entanto o racismo é imperdoável, mesmo com as que ainda carregam seus filhos no ventre. Até a dose de anestesia no parto pelo SUS é menor quando a mãe tem pele escura.
Enquanto isso não é um problema para o Estado, nem para os pais, iniciativas como a Iyá, são o que irá garantir que nossas meninas negras, sejam mais felizes e amparadas no futuro quando se tornarem mães.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/11306/maes-negras-nao-adoecem