quinta-feira, 14 de julho de 2016

CULTURA DE RUA/CULTURA URBANA - BATALHA DO PASSINHO

Dores seletivas

Tenho pensado muito esses dias sobre a vida. Quanto vale sua vida? Digo, quanto em que proporção mede-se seu valor? A minha, pros meus familiares e amigos sei que vale muito, as deles igualmente para mim...Mas, e a sua? Quanto vale?

Quanto vale a vida de um preto? Se formos parar pra pensar fazendo um cronograma geral, segundo o que tem sido ensinado, nada. Não valemos absolutamente nada. Como diria nossa querida Elza Soares: "A carne mais barata do mercado, é a carne NEGRA!".

Sou, o que posso dizer, um "bebê" com relação as andanças do Movimento Negro no Brasil. Ainda estou aprendendo e graças a bons direcionamentos tenho compreendido muitos aspectos. Dentre eles, o de que não importa o que se faz conosco, quando eles fazem conosco... Mas importa quando revidamos o que eles fazem conosco.

Aprendi também, que vivemos num sistema de poder supremacista branco, e que este está inserido em diversos (e porque não dizer, todos!) setores e aspectos de nossas vidas. É esta mesma supremacia que limita a quantidade de pretos nos cargos elevados das empresas, que limita a quantidade de pretos nas faculdades e que quer gerenciar a maneira em que a militância preta deve guiar seus discursos. Porque, o racismo não significa nada além de suprimir a existência do outro para dominação.

Sim, estamos debaixo de uma dominação branca, aonde policiais estadunidenses tem carta branca para matar jovens negros e não serem sequer punidos por isso. Onde a PM comandada pelo Estado tem total liberdade para invadir casas nas favelas, destruir o que tiver pela frente, espancar pessoas, torturar pessoas, matar pessoas. Perdemos as contas de quantos jovens inocentes de toda essa guerra que o próprio Estado implantou, morreram. Perdemos as contas de quantas famílias pretas foram dilaceradas pelo racismo do Estado. Esta supremacia branca que deseja que permaneçamos inertes e complacentes a toda dor que nosso povo vem vivenciando.

Falando um pouco de internet, dos crimes de racismo cometidos na internet... que são inteiramente ignorados pelos administradores do Facebook. Das fotos colocadas em perfis do Micah Johson e removidas pelo Facebook, porque "não estão de acordo com as políticas da rede". Sabemos porque tem sido removidas, ok?

Vejo meu povo passando por dores imensuráveis, e vejo também pessoas falando sobre perdão, amor... sobre compreender o momento do outro. Eu, não sei até que ponto esse jogo serve pra dois, sinceramente. Vejo a repercussão que teve o assassinado do jovem Micah X. Johnson e como ninguém parou para analisar o que pode ter motivado aquele homem a fazer tal coisa. Na verdade, ninguém pára para analisar as consequências de se viver em meio a uma guerra, da qual jamais pedimos para estar, nos colocaram nela. Onde pessoas pretas de qualquer idade ou gênero sofrem a violência de serem excluídos dos direitos básicos sociais. Quantas dores carregamos no peito... Dos amigos que se foram precocemente, dos amores, dos familiares... Das violências que presenciamos. Que resultado se espera de um regime de ódio adotado para lidar com nosso povo? O que Micah Johnson presenciou? A quais violências um homem preto, de Dallas, aos 25 anos já havia sentido? Quantas pessoas já havia perdido? Quantas pessoas seus familiares já perderam? Estão chamando Micah de terrorista, mas do que chamam o sistema de ódio conduzido pela polícia e pelo governo americano para com pretos e pretas nos EUA? Do que chamam a continuidade da Ku Klux Klan inserida no governo, conduzindo a polícia a prosseguir o massacre a pretos? Porque sabemos que tudo isso é uma continuidade repaginada do que se fazia com nossos antepassados.

E Amarildo? E Cláudia? E os cinco jovens que foram fuzilados em Costa Barros? Os policiais estão soltos... O menino Ryan, o jovem Jhonata... E tantos e tantas que as vezes nem tomamos conhecimento, porque TODO DIA MORRE ALGUÉM NAS COMUNIDADES E FAVELAS, VÍTIMA DA PM. E aí? O que se passa pela cabeça dos familiares, amigos? Cadê a justiça que nunca funciona para nenhum preto?


Ninguém pára pra refletir porque simplesmente a vida preta nunca teve valor aos olhos dos ditos "cidadãos de bem". Morrer um preto aqui, outro acolá para eles é lucro. Quem nunca ouviu a frase "menos um vagabundo na terra!"? As pessoas tem família, tem história, tem amigos... Não estamos soltos no mundo a esmo. Cadê a moral de pessoas que reivindicam a "salvação da humanidade", mas assina em baixo das decisões de implantação de provas, incriminação ilegal, assassinatos, torturas... Que pessoas são essas que falam de humanidade mas nos excluem desta categoria. 

Qual é o valor da tua existência?
Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta!


FONTE:http://pretaegorda.wix.com/blogpretaegorda#!Dores-seletivas/cmbz/578666a40cf23020133bdf60
4/4

Holocausto no Congo: seis milhões de mortes ignoradas pela comunidade internacional


Considerado o maior e mais sangrento conflito desde a Segunda Guerra, o combate na República Democrática do Congo já dura 23 anos.  Milícias e grupos rebeldes interessados no contrabando de minérios atacam vilarejos, estupram mulheres, matam inocentes e provocam ondas de refugiados. A comunidade internacional e a mídia silenciam.
Por Daniele Rodrigues, Danielle Fernandes, Deborah Delaye e Vivian Estrela
Rica em recursos e belezas naturais, a República Democrática do Congo poderia ser a representação de um paraíso tropical em pleno coração da África não fosse a cobiça de países vizinhos e empresas internacionais por ouro, diamante, cobalto, cobre, carvão e coltan (usado na indústria eletrônica). A disputa por minérios envolve a região numa guerra que já deixou cerca de seis milhões de mortos desde 1993. O conflito, praticamente ignorado pela imprensa e a comunidade internacional, é considerado o maior holocausto da história.
As chacinas, estupros e sequestros de mulheres e crianças se tornaram armas de guerra e servem para desestabilizar as comunidades, provocando miséria e ondas de refugiados. Cerca de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, com menos US$1,25 por dia. A guerra no leste do Congo está vinculada aos conflitos étnicos da vizinha Ruanda. No início da década de 1990, milhares de hutus ruandeses buscaram refúgio no leste do Congo temendo perseguições das novas forças tutsis no poder. Entre eles, estavam rebeldes hutus que haviam participado de chacinas em Ruanda. Tropas tutsis invadiram o Congo numa caçada aos rebeldes, apoiadas por milícias de Uganda. Vilarejos locais foram tomados por homens armados que até hoje controlam as ricas áreas do leste do país e lucram com o tráfico ilegal de matérias primas.
No total, 200 grupos rebeldes atuam no país, entre eles o poderoso e temido FDLR (Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda). A principal dificuldade para conter as milícias, segundo a organização de ajuda humanitária internacional Friends of the Congo (Amigos do Congo), com base em Washington, é a falta de um governo legítimo que possa exercer autoridade e controle sobre todo o país. A ONG, criada em 2004 para ajudar na busca de uma solução de paz, diz que o fim dos combates depende de maior pressão internacional sobre Ruanda e Uganda para que cessem suas intervenções destrutivas e pilhagens, além  da eleição de um governo responsável e confiável.
Acusado de corrupção, o presidente do Congo, Joseph Kabila, filho do ex-ditador Laurent Kabila, está no poder desde 2001 sem conseguir pacificar o país. “O Congo continua a ser roubado por seus próprios líderes, por outros países, por governos estrangeiros, por corporações estrangeiras e instituições multilaterais, como o FMI”, disse a Friends of the Congo em entrevista a nossa reportagem.
O professor de História da África da PUC-Rio Alexandre dos Santos observa que a paz depende de uma grande vontade política, não apenas do presidente Kabila ou de seu eventual sucessor, mas de todos os chefes de Estado e de governo da região. Ele lembra que que a sobrevivência dos grupos armados se dá também pelo apoio que recebem dos países vizinhos.“O  mais importante seria restabelecer essas autoridades regionais e locais para que o processo de reestruturação do país comece por elas e que se dê o devido apoio de segurança por meio de tropas do governo ou da Monusco (Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo) para que se evite o medo e se restabeleça o direito de representação e de expressão”, disse o professor.
Santos observa que a distância entre as regiões em conflito e a capital é apenas um dos fatores que atrapalha o controle da atuação dos grupos rebeldes. A porosidade das fronteiras, a distância dessas regiões da capital Kishansa, a dificuldade de acesso e a grande área florestal na qual esses grupos se escondem são grandes empecilhos, mas nada se compara, segundo ele, a falta vontade política efetiva de alguns governos em combater determinados grupos.
O jornalista Anjan Sundaram, correspondente no Congo do jornal “The New York Times” e da agência Associated Press, autor de dois livros sobre a guerra no Congo, condena a comunidade internacional por apoiar desmandos de Kabila. “Infelizmente, o mundo apoia líderes congoleses que usam o Exército para manter a paz, mas são corruptos e destroem instituições nacionais. Isso apenas fortalece o ciclo de violência”, disse ele em entrevista por e-mail.
Segundo o jornalista, a vida dos congoleses é vista como algo menor. “O mundo não lamenta as mortes no Congo, só lamenta quando há mortes ocidentais. Isso faz com que a violência no Congo seja legitimada.”
O refugiado congolês Lubangi Muniania, produtor musical que hoje vive em Nova York, também culpa a comunidade internacional pelos acontecimentos. O jovem congolês perdeu familiares e amigos na guerra  e teve parentes deslocados por causa dos combates. “Há uma única coisa que importa para a comunidade internacional:  o dinheiro da mineração. Eu aprendi que o meu povo e os nossos sonhos não importam.”
FONTE:https://olharesdomundo.wordpress.com/2016/06/11/holocausto-no-congo-deixa-seis-milhoes-de-mortos/

BOCA DE FAVELA: NOTA

NOTA: a página Boca de Favela lamenta a morte do jovem Jonatha Dalber, de 16 anos, assassinado nesta quinta-feira, 30 de Junho, no Morro do Borel.

Por Claudia Ferreira, Eduardo de Jesus, Amarildo de Souza, Roberto de Souza, Carlos Eduardo, Cleiton Corrêa de Souza, Wesley Castro, Wilton Esteves Domingos Junior, e por todas as pessoas que perdem o direito à vida diariamente nas favelas, não poderíamos deixar de nos posicionar.

Prestes a sediar os Jogos Olímpicos Rio2016, o sentimento que permeia os moradores das favelas cariocas pode ser traduzido pelas vozes de Cidinho e Doca: "eu só quero entrar na minha casa seu moço, ter o direito de ir e vir."

Cidade Olímpica pra quem?
‪#‎AFavelaÉCidade ‪#‎QueremosViver#‎JovemNegroVivo‬ ‪#‎Rio2016 #‎WelcomeToHell‬‪#‎RiodeJaneiro #‎Brazil‬


Antes de entrar na Uerj, aluna negra ouviu que não tinha 'cara de médica'


  • "Lembro que quando me perguntavam o que eu queria cursar e eu falava medicina, tinha gente que 
  • virava e falava: 'ah, mas você quer isso mesmo? Você não tem cara de médica'", diz a estudante Mirna Moreira
O relato de uma jovem negra estudante de medicina na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) viralizou nas redes sociais, no último fim de semana, ao expor as condições sociais da jovem em contraste com o ambiente acadêmico.
No texto, a estudante Mirna Moreira, 22, falou também do preconceito enfrentado antes de ela entrar na universidade, onde cursa o segundo ano após ingressar pelo sistema de cotas. "Lembro que quando me perguntavam o que eu queria cursar e eu falava medicina, tinha gente que virava e falava: 'ah, mas você quer isso mesmo? Você não tem cara de médica'", escreveu.
Moradora do Complexo do Lins, na zona norte do Rio, Mirna definiu que seu "maior acerto" foi ter assumido a estética de mulher negra, nos cabelos soltos. "Antes de entrar nesse espaço da universidade, eu entendi que é muito importante estar ali porque existe a questão da representatividade, que se estende para fora da academia também. Quando eu visto meu jaleco branco e subo o Morro dos Macacos representando a instituição Uerj, como fiz em uma ação sobre sexualidade na adolescência numa escola pública, e as meninas negras dessa escola pedem para tirar fotos comigo, elogiam meu cabelo crespo, e de alguma forma me veem como referência, eu só tenho mais certeza disso", definiu.
"Por isso, principalmente nos espaços acadêmicos, eu faço questão de afirmar que sou do Complexo do Lins. Esse lugar faz parte da minha identidade. Sei da onde eu vim, quem me ajudou a chegar até aqui, e não foi nenhum médico de formação, foi minha mãe que trabalhou como diarista por muitos anos, meu pai que já trabalhou como pedreiro, e que sempre priorizaram meus estudos. Eu sei quem são os pretos que construíram a base para que hoje eu esteja aqui hoje", escreveu.

Jovem quer "devolver à sociedade" como médica do SUS

Em entrevista ao UOL, a jovem contou que já passou por situações nas quais ela vê um viés racista -- como a "surpresa" de alguns colegas quando, ano passado, ainda no primeiro bimestre de aulas, ela gabaritou em uma prova de anatomia prática.
"Apenas duas alunas gabaritaram: eu e uma colega, branca. Houve uma surpresa muito grande da sala somente em relação a mim, e com perguntas do tipo: 'Você escondeu o jogo?', já que era o primeiro mês, ainda, de aula. Mas a outra aluna passou pelo mesmo processo de seleção e não houve esse tipo de questionamento; não tenho dúvida de que foi racismo", atestou.
Mirna fez o ensino fundamental em escola pública, mas seguiu os estudos em escola particular graças à ajuda da madrinha, que vive nos Estados Unidos. "Já questionaram minha cota, já alegaram que eu tenho um tablet... como se eu não tivesse o direito de ter, me esforçando para isso".
A jovem milita na causa negra também em um coletivo da universidade. É ali o espaço, ela aponta, onde vários outros relatos semelhantes ao que ela diz ter ouvido são apresentados, mas de outros cursos. "Isso de 'não ter cara' de uma profissão' é quase unânime entre os negros da faculdade que estão nos cursos tradicionais".
Para o futuro, a aluna de medicina quer "devolver à sociedade" o que ela chama de investimento -- seja por projetos sociais ou pelo trabalho no SUS (Sistema Único de Saúde). "Eu tenho noção de que o meu estudo sai do bolso da sociedade", justificou.
Hoje, a mãe de Mirna é telefonista, e o pai, bombeiro. A filha integra um grupo de dez negros em uma sala de 104 alunos na medicina. 

Mais jovens negros nas universidades

Dados da SIS 2015 (Síntese de Indicadores Sociais), pesquisa produzida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divulgada em dezembro passado, mostraram que, em uma década, foi constatado crescimento na proporção de universitários na faixa etária de 18 a 24 anos --de 32,9%, em 2004, para 58,5%, em 2014--, com destaque para o recorte por cor ou raça, de acordo com os critérios de classificação do instituto.
Do total de estudantes pretos ou pardos de 18 a 24 anos, 45,5% estavam na universidade no ano passado. Há dez anos, essa proporção era de 16,7%. Entre os brancos, também houve aumento --de 47,2%, em 2004, para 71,4%, em 2014.
Também ano passado, outro estudo do IBGE revelou que os negros representavam apenas 17,4% da parcela mais rica do país, em 2014 – apesar de a população que se identifica como preta ou parda ter crescido entre a parcela 1% mais rica da população brasileira, cuja renda média é de R$ 11,6 mil por habitante.
Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da população brasileira em 2014, representando 53,6% da população. Os brasileiros que se declaravam brancos eram 45,5%.
FONTE:http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/07/11/antes-de-entrar-na-uerj-aluna-negra-ouviu-que-nao-tinha-cara-de-medica.htm

1976 - MOVIMENTO BLACK RIO 40 ANOS


Exposição em grande festa resgata o importante movimento social e musical que teve seu auge no Rio de Janeiro nos anos 1970.