segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A NEGRITUDE LOCAL


Bacharel em Serviço Social pela 
Universidade Federal Fluminense-UFF/Campos-RJ
A nossa pacata e soberba culturalmente Bom Jesus de vez em quando anda deveras com os seus habitantes margeados. Os que se dizem detentores da cultura local, na verdade a apresentam conforme os seus interesses em preservar o antigo num formato em que o mesmo somente é apreciado por alguns cidadãos abastados socialmente e culturalmente. Até mesmo a negritude municipal, é apropriada por esses cidadãos “beneméritos” e apresentada de forma a atender somente os anseios artísticos e culturais dos boçais da cultura bom-jesuense.

Não pretendo aqui desvalorizar os esforços históricos e de reconstrução cultural desses grupos, mas sim que em se tratando de cultura negra local os mesmos se esquecem que, metodologicamente, prática e dinâmica o público alvo não está sendo atingido deixando a desejar socialmente os impactos positivos que tal ação poderia gerar em prol de uma reconstrução histórica, valorização e ressignificação do negro bom-jesuense.

O público que prestigia tais ações e eventos são pessoas que ministram alguma simpatia pelos detentores culturais bom- jesuenses, portanto celebres fãs dos mesmos que transmitem apenas uma beleza clássica, não promovendo nenhum debate critico a cerca da negritude bom-jesuense seus estados físicos e concretos de segregação, racismo, preconceito, discriminação e exclusão. A idéia que sempre é vendida e mostrada, o negro é lindo e a beleza de sua cultura, remete somente a superficialidade e não o devir de sua essência, portanto repassada de uma forma subserviente reforçando o conceito de docilidade do negro um ser bom, dócil, alegre que foi adestrado a aceitar as condições inferiores adversas a que são submetidas, nunca dizer não e aceitar de bom grado.


Cabe analisar com bastante criticidade e rigor essa manifestação negra que é recontada por descendentes dos opressores, por mais que tenham respeito, admiração e orgulho, não contam da forma que a mesma deva ser contada e apreciada, sendo assim, a consciência passa a ser apenas uma lembrança, uma comemoração e deixa de ser realmente consciente.