terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Na Gringa: O “Thug Life” e seus mandamentos


Muitos começaram a ouvir Rap com Racionais Mc’s, que por sua vez sempre deixaram claro suas referencias de Tupac Shakur, assemelhando-se o termo Vida Loka ao Thug Life, que certamente são bastante parecidos.
Thug Life, foi originalmente, um movimento social, criado por Tupac e seu tio, Mutulu Shakur, com intuito de diminuir as mortes banais e a violência nas áreas pobres e favelas dos EUA.
Ninguém melhor pra explicar que o próprio Tupac.
Tal movimento tinha por objetivo, direcionar os “thugs”, sobre o que poderia e o que não poderia ser feito nas comunidades, como por exemplo; não poderiam haver mortes banais, sequestros ou venda de crack à crianças e moradores das comunidades. Isso diminuiu drasticamente o número de assassinatos nas áreas mais violentas e gerou ódio por parte do governo americano.
Como visto no vídeo, além de um estilo de vida, o Thug Life tinha seus mandamentos, especificamente 26 códigos de ética que deveriam ser seguidos.

Os mandamentos

  • 1. Os mais novos nesse jogo precisam saber que: a) Ficará rico | b) Ira para a cadeia | c) Morrerá
  • 2. Líderes de gangue: Vocês são responsáveis pelo pagamento dos outros membros. Sua palavra deve ser como um contrato.
  • 3. Um rato em sua gangue é um rato em todas. Ratos são como doenças, cedo ou tarde iremos pegá-las.
  • 4. O líder de uma gangue deve selecionar um diplomata, e descobrir meios de resolver disputas. A união faz a força!
  • 5. Roubar carros em nossa área é contra o código.
  • 6. Traficar para crianças é contra o código.
  • 7. Fazer crianças traficarem é contra o código.
  • 8. Nada de tráfico nas escolas.
  • 9. Desde que o rato Nicky Barnes abriu a boca, caguetar os irmãos virou uma prática comum para muitos. Não para nós.
  • 10. Caguetas fiquem longe daqui.
  • 11. Os garotos de azul (referência aos policiais) não fazem nada; nós fazemos. Controle a área e deixe-a segura para lazer.
  • 12. Não trafique para mulheres grávidas. Isto é assassinato infantil; isso é genocídio!
  • 13. Conheça seu alvo. Quem realmente é seu inimigo.
  • 14. Civis não são um alvo, devem ser poupados.
  • 15. Lesões em crianças não serão perdoadas.
  • 16. Atacar alguém em casa, onde sua família também mora não é permitido.
  • 17. Brutalidade sem sentido e estupros devem acabar.
  • 18. Nossos velhos não podem sofrer abusos.
  • 19. Respeitar nossas irmãs. Respeitar nossos irmãos.
  • 20. Mulheres do cotidiano devem ser respeitadas, se elas se derem ao respeito.
  • 21. Disputas armadas relativas a áreas de negócio dentro da comunidade devem ser tratadas com profissionalismo e fora do bairro.
  • 22. Sem tiroteio em festas.
  • 23. Shows e festas são territórios neutros, não atirem!
  • 24. Conheça o código, ele vale para todos.
  • 25. Seja sagaz, ande ao lado do código da Thug Life
  • 26. Proteja você mesmo o tempo todo.
Gangues de várias cidades americanas com altos índices de violência concordaram em usar o código Thug Life.
Vários bairros dominados por gangues funcionavam por dentro do código e apesar dos incides de violência e mortalidade estarem aumentando, nos bairros que aderiram ao tratado não há índices relevantes de tiroteios em escolas, festas ou atuação de crianças em gangues . Porém analistas de criminalística e jornalistas sugerem que o código Thug Life tenha sido esquecido , mas esses analistas não observam o fato desses crimes que vão contra o código acontecerem somente em locais fora de Los Angeles (local onde se concentra a maior parte das gangues) e longe de territórios dominados pelos Crips e Bloods (principais adeptos do tratado).
Thug Life também pode significar “The Hate U Gave Lil’ Infants Fucks Everyone”, algo como “O ódio que você passa para as crianças fode com todo mundo”.
Ou seja, Vida Loka e Thug Life porem ser considerados um termo similar.
FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/colunas/na-gringa-o-thug-life-e-seus-mandamentos/

    No Brasil também temos os nossos inventores


    No Brasil também temos os nossos inventores 
    Cientistas e Pioneiros!!!
    Viviane Silva

    Livro destaca trabalho desenvolvido por negras e negros inventores e cientistas
    Publicada em 03:29 30/01/2013 - por: Juliana Gonçalves
    De um simples esfregão a uma solda ultravioleta usada na indústria espacial, invenções idealizadas e construídas por mãos negras ganham publicação inédita no Brasil intitulada “Negros e negras inventores, cientistas e pioneiros” *
    O historiador Carlos Eduardo Dias Machado tinha 25 anos quando uma publicidade do McDonald’s abriu seus olhos para a invisibilidade do protagonismo negro no campo da ciência, tecnologia e inovação.
    Era um anúncio da rede de fast food em uma edição da revista norte-americana voltada aos afrodescendentes chamada Ebony, que circulou em fevereiro de 1996. A publicidade em homenagem ao Mês da História Negra trazia ilustrações de objetos que foram inventados por pessoas negras (como o semáforo, geladeira, caneta tinteiro, pino de golfe e filamento de carbono para a lâmpada elétrica) sob o seguinte título: “Toda a vez que você usa uma dessas coisas, você está celebrando a história negra”.
    “Fiquei feliz ao saber disso, mas ao mesmo tempo muito espantado por nunca ter ouvido sobre inventores negros antes e nunca ter recebido essas informações na escola”, conta.
    No mesmo ano, Machado começou a pesquisar sobre o tema e descobriu que não havia nenhum livro em português sobre a importância da população negra na tecnologia e inovação. “Pensei: ‘alguém tem que escrever esse livro, e por que não eu’?”, lembra.
    O livro será lançado em Londrina/PR e São Paulo/SP em março deste ano pela EDUEL (Editora da Universidade de Londrina, em parceria com a Uniafro do Ministério da Educação). A publicação faz parte da série “Nossos saberes, nossos conhecimentos”, lançada pelo NEA, Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade de Londrina.
    Leia abaixo a entrevista com o autor.
    CEERT: Fale um pouco sobre o que te estimulou a pesquisar e, posteriormente, escrever sobre este tema?
    Carlos Machado: O meu livro versa sobre a presença de mulheres e homens negros na área da ciência tecnologia e inovação, acrescido daqueles que ganharam o Prêmio Nobel. Depois do episódio do anúncio na revista Ebony, comecei a pensar sobre a referência dominante sobre a população negra. Referência essa que diz que somos bons trabalhadores braçais, fortes, com aptidões nos esportes e nas artes. Porém há uma total invisibilidade dos nossos conhecimentos nas ciências biológicas e exatas. Na Europa você encontra publicações como o meu livro, nos Estados Unidos e Canadá também e justamente no Brasil, com maioria da população negra, esse tema era intocado.

    CEERT: Como foi o processo de escrita e publicação?
    C.M.: Por meio da internet traduzi do inglês para português o perfil de vários cientistas. Escrevi o livro só em 2005, então fiquei amadurecendo a ideia por muito tempo. Em nove meses, o livro estava pronto e comecei a divulgá-lo para as editoras.

    CEERT: Você encontrou dificuldade nas editoras?
    C.M.: Sim, grande parte não deu resposta e as poucas que responderam vieram com negativas. A verdade é que as editoras não tinham interesse em publicar um livro nessa linha de ciência, tecnologia e inovação afrodescendente.

    CEERT: O livro tem cientistas brasileiros/as?
    C.M: Sim, só que em número reduzido porque na época eu quis dar uma abordagem pan-africanista com foco na diáspora. Outra razão que acarretou na pouca presença nacional foi a minha dificuldade em achar fontes de informação sobre inventores brasileiros. A maioria dos sites sobre esse tema é norte-americano. Ainda hoje o Brasil não tem um site dedicado ao perfil de cientistas negros brasileiros. Creio que a preocupação em produzir inovação no Brasil é algo recente, pois sempre houve a cultura de importar tecnologia e não de desenvolvê-la. Os cientistas daqui eram desprezados. Por exemplo, um amigo que mora nos Estados Unidos me mostrou certa vez uma HQ dos anos 70 sobre cientistas negros que foi lançada com objetivo de incentivar jovens negros a entrarem na área da Engenharia.

    CEERT: Qual foi a invenção mais curiosa queencontrou na sua pesquisa?
    C.M.: Foi a do Dr. George Washington Carver, pesquisador do Instituto Tuskegee, no Alabama, uma universidade historicamente negra, onde ficou pelo resto da vida. No seu trabalho científico e engenhoso, Carver não só conseguiu vários resultados, como fez muito pelo bem dos negros e de toda a região sul dos Estados Unidos. Em seu humilde laboratório, pesquisou várias plantas e descobriu muitos produtos derivados do amendoim, batata-doce, noz pecâ e outros vegetais. Estas culturas eram alimentos apenas dados aos porcos. Um de seus feitos mais famosos foi conseguir produzir o índigo, que dá o tom às calças jeans e que salvou a indústria estadunidense em época de escassez de corantes. Dr. Carver era uma espécie de consultor para os pequenos agricultores, e ensinava-os sobre tudo o que se referia a plantações. Além disso, fez conferências para a associação dos agricultores e empresários do amendoim, aconselhando-os sobre o plantio e sobre a produção de derivados desse vegetal. O cientista também impressionou positivamente o Congresso americano quando foi convidado a dar sua opinião sobre a viabilidade econômica de produzir o amendoim, substituindo as importações. Ele foi amigo de presidentes dos Estados Unidos, ministros da agricultura e de empresários brancos como Henry Ford e Thomas Edison, que o convidou para trabalhar em sua empresa de invenções, impressionado pelas descobertas que saíam do seu laboratório. Ele inventou tintas, café, nitroglicerina usando o amendoim como matéria-prima. Além disso, é o inventor da pasta de amendoim. Imagine que no início do século XX a monocultura do algodão ou do fumo havia empobrecido o solo americano e as invenções de Carver surgiram como uma alternativa de renda para muitas famílias.

    CEERT: Algum exemplo brasileiro?
    C.M.: Sim, o cientista e engenheiro André 
    Rebouças. Ele tinha grande influência na família real brasileira no século XIX, tanto que com o fim da monarquia, em solidariedade à família real, ele deixou o Brasil. Criou muitas pontes e estradas. Foi homenageado em grandes cidades, dando o nome para importantes avenidas, como em São Paulo e para o túnel Rebouças no Rio de Janeiro.

    CEERT: Como você acha que a invisibilidade do negro afeta os indivíduos?
    C.M.: Ela afeta justamente a nossa humanidade. Ela deixa de revelar que o protagonismo negro não está restrito ao samba e futebol, mas sim que somos múltiplos e isso não é ensinado na escola como deveria. Nasci em 1970, estudei na época de ditadura militar, os poucos personagens negros que apareciam nas aulas eram embranquecidos. Mesmo na Literatura, como ocorre até hoje com Machado de Assis.

    CEERT: Essa tentativa de inviabilizar o negro é um fenômeno mundial?
    C.M.: Sim, sem dúvidas. O mundo todo vem de uma tradição eurocêntrica e milhões de mentes acreditam na História do jeito que ela é contada por eles nesses mais de 500 anos de dominação europeia no mundo. A genialidade negra e indígena foi esquecida por séculos e os europeus se apoderaram de muitos conhecimentos. Todo o conhecimento que recebemos nas escolas e universidades tem base greco-romana, como se antes de Grécia e Roma não tivessem existido outras civilizações. Ora, já foi provado que os primeiros seres humanos surgiram no continente africano.

    CEERT: Hoje você é professor de História da rede pública de ensino. Como é tocar nessa pauta na sala de aula?
    C.M: Eu tento fazer minha parte, mas tenho consciência que somos poucos em meio a muitos que resistem a mudanças no seu modo de ensinar. Creio que o livro ajuda a potencializar a disseminação da informação sobre a genialidade negra que ficou por muito tempo escondida. A força da hegemonia branca e do racismo é muito grande. Por exemplo, a Universidade surgiu na África. As três mais antigas do mundo ficam lá. A primeira surgiu no Marrocos, seguida do Egito e Mali. Ou seja, lugares que têm uma influência universitária muito antiga, mas nem ao menos esse dado é difundido no mundo. Daí, quando você vem e fala sobre grandes cientistas negros e, infelizmente, o senso-comum ainda se choca. Apesar da Lei 10639/2003 que completou 10 anos, ainda pouco foi feito para mostrar que a população negra tem influência em todas as áreas do conhecimento.

    CEERT: Pode citar três grandes invenções que foram idealizadas por mulheres negras?
    C.M.: Sim. Vou citar três americanas. No campo da medicina temos a invenção da oftalmologista Dra. Patricia Bath. Ela inventou a sonda Laserphaco em 1981. A sonda realiza cirurgia à laser nos olhos. Até hoje sua invenção é utilizada. Outra mulher de destaque é a Madame C.J. Walker. Ela foi a primeira mulher milionária dos EUA. Ganhou muito dinheiro com a criação de produtos para cabelos. Ela é a inventora do pente quente usado antigamente nos alisamentos de cabelos crespos. Em 1908, criou fábricas e escolas de beleza muito antes da existência das grandes empresas de cosméticos. A última é uma pesquisadora que trabalha para a NASA na área de novas tecnologias para aviação. Seu nome é Anna McGowan e é diretora de projetos dentro de um centro de investigação. Ela pesquisa um modo de criar aviões tão manobráveis e ágeis como os pássaros e insetos voadores.

    *O esfregão e o balde que o acompanha foram criados pelo inventor negro Thomas Stewart, em 1893. Já a sonda ultravioleta foi criada por George R. Carruthers, em 1972. Sua invenção foi utilizada na missão Apollo 16 à Lua. (Informações extraídas do livro “Negros e negras inventores, cientistas e pioneiros)
    Sobre o autor: Professor Mestre em História Social pela USP, ex-bolsista da Fundação Ford e professor da rede pública de ensino.


    FONTE: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=460497580764423&id=281061382041378

    Na Gringa: N.W.A ganhará filme contando sua história, assista ao trailer oficial de “Straight Outta Compton”


    Com o mesmo nome do segundo disco, o filme “Straight Outta Compton” contará a história de um dos grupos mais importantes do Rap.
    N.W.A, singla de “Niggaz Wit Attitudes” (algo como: Negros de Atitude),  formado por Eazy E, Dr. Dre, Ice Cube, DJ Yella, MC Ren, Arabian Prince, Krazy Dee e Candy Man, foi um dos pioneiros no Rap Gangasta, cantando a realidade do que acontecia na quebrada, rimando sobre tudo sem massagem, afinal, somente o nome do grupo gerava muita polêmica pela palavra “nigga”.
    O grupo fez um sucesso gigantesco no final dos anos 80 e início dos anos 90, durando apenas 5 anos por conta de desavenças de seus membros, mas esse tempo foi suficiente para os caras dominarem o mercado musical e ficarem pra sempre na história.
    O filme tem direção de F. Gary Gray, (diretor de Código de Conduta e Uma Saída de Mestre), o longa contará o nascimento do N.W.A em Compton, Califórnia. Os membros do grupo serão vividos por O’Shea Jackson (Ice Cube), Corey Hawkins (Dr. Dre), Jason Mitchell (Eazy-E), Aldis Hodge (MC Ren) e Neil Brown Jr. (DJ Yella).
    O melhor do filme é a produção envolvida, que contará com Ice Cube e Dr.Dre, além da viúva de Eazy-E, Tomica Wright.
    O longa será lançado no dia 14 de agosto em cinemas pelo mundo todo, ainda não temos informação de exibições no Brasil.
    FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/colunas/nwa-ganhara-filme-contando-sua-historia-assista-ao-trailer-oficial-de-straight-outta-compton/


    Teu corpo não é estranho

    Eu nunca vi um corpo como o meu na TV. Mal via pessoas como eu. Estudava em escola particular com um monte de meninas brancas, e na aula de natação, uma delas gritou: “sai daí, Jessyca, com essa bunda cheia de estria! Ninguém quer ver não”. Nem sabia o que era isso, e daí veio todo o medo. Quando digo que nunca vi alguém como eu, quero dizer: mulher preta, de cabelo crespo, não-magra, com curvas sem simetria, com celulite e estrias.

    Eu cresci achando que estava sempre errada, com medo de me mostrar, com pavor de que alguém visse esse tanto de defeito que a sociedade me grita a todo momento. Eu ia à praia de bata de manga comprida (só usava biquíni em casa); “meu corpo é feio”, pensava, e isso martelava na minha cabeça. “As pessoas vão ficar me olhando, apontando pra minha bunda feia e pra minha falta de peito” martelava minha cabeça o tempo todo… Já não bastava ter a bunda toda cheia de estrias, celulites e mole, tinha ainda os seios pequenos. “Toda errada”, martelava e martelava. 

    Um momento novo se iniciou, e comecei a ter relações sexuais, e só enquanto houvesse uma luz apagada, eu estava ali, e assim ia. Fui levando e sempre de luz apagada, mas tive a sorte de ter, por um tempo, um namorado que me ajudou a desconstruir toda essa ideia negativa e eu passei a rejeitar menos o meu corpo. Ele elogiava excessivamente a minha bunda porém ria dos meus seios, o que me fez querer, por alguns anos, fazer uma cirurgia pra poder aumentá-los e me sentir menos pior. Mais algum tempo se passou, o relacionamento terminou e a necessidade de ter relações sexuais crescia, e agora? 

    Alguns relacionamentos frustrados e eu já não queria mais namorar. “Mas como vou mostrar esse corpo estranho pra alguém sem que haja algum sentimento? Ninguém que não me goste ao menos um pouco vai querer esse corpo estranho.” Isso martelava na minha cabeça. Fiquei por anos transando mal e achando meu corpo estranho. Nunca me sentia à vontade por achar que os caras estavam contando quantos buracos eu tenho na bunda (isso porque nem vou falar da minha vagina, que dobra o complexo) e os meus seios que sempre são alvo de comentários, por serem pequenos, quase zero. Foi assim até que assumi o meu cabelo crespo, aumentando minha autoestima, a minha confiança. Passei a ir a praia de biquíni com as amigas, mas nada de foto e com short também, afinal, “ninguém precisa ficar vendo essa bunda estranha”. 

    Assumi o cabelo, ia a praia de biquíni, comecei a andar com outras pessoas e logo a transar com outras pessoas. Repetia pra mim “teu corpo não é estranho e o racismo não vai te engolir”, como um mantra, e comecei a entender meu complexo em relação ao meu corpo. Comecei a entender que a culpa é do racismo e do machismo que me fazem desejar ter o único corpo preto que aparecia na televisão: o da Globeleza, que nada tinha igual ao meu corpo, a não ser a cor meio amarronzada.
    Fazer parte do movimento negro, de um coletivo de mulheres pretas, ouvi-las e lê-las, me fez compreender o ódio ao meu “corpo preto estranho” e atualmente não é muito diferente. Hoje me olhar no espelho ainda é estranho, ainda dói, ainda aparecem um monte de possíveis reparos e incontáveis perguntas do tipo “pra que e por que um corpo tão estranho?”. 
          Mesmo sem um desfecho brilhante vi a necessidade de escrever, tentando dizer que (difícil por em palavras)… que eu sei que não sou a única. Senti necessidade de dizer que não criem esse complexo como o meu, e que nosso corpo preto é mais do que parece. Senti necessidade de dizer que nosso corpo com essas formas contam histórias.

    FONTE:http://www.geledes.org.br/teu-corpo-nao-e-estranho/#axzz3RLe7wJSQ