quinta-feira, 26 de junho de 2014

Participação na IX Conferência Municipal de Assistência Social. Texto de Marcelo Silles - Assistente Social

Discussão acerca da palestra apresentada na IX Conferência sobre o tema: avançando na consolidação do SUAS com a valorização dos trabalhadores e a qualificação da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios.


Observei no seminário a atenção dos organizadores e alguns participantes de rapidamente partirem para a eleição de delegados. Pensei comigo e sobre a palestra a atuação do profissional do Serviço Social e a estruturação e formação das equipes que está estabelecido pelo SUAS na NOB-RH?
            No que tange a discussão a cerca do tema do respectivo seminário ficou a desejar a fala da nossa palestrante que fez nada mais e nada menos um rodeio discursivo uma embromação para simplesmente cumprir o seu papel e o seu horário e todos nós partirmos para o almoço. Mais uma vez, um debate que poderia se enriquecedor sobre a atuação política do Assistente Social e sua importância no cenário político nas questões sociais que visam uma mobilização do indivíduo na garantia dos seus direitos, foi por água a baixo. O projeto ético-político e intelectual do profissional, não garante por si só competência na atuação se esse mesmo não tiver o gingado de lidar com a gestão que está no quadro institucional no momento. Pode assim dizer como afirma Silvestre (2011)
... para termos clareza que como qualquer projeto ético-político, aquele se constrói em torno dos sujeitos presentes no escopo profissional do Serviço Social, também é permeado por divergências e disputas, ou seja, esta direção intelectual e ética não garante por si só uma prática política em uma perspectiva contestadora. (SILVESTRE, Ricardo. A formação profissional crítica em Serviço Social inserida na ordem capital monopolista. Revista Serviço Social e Sociedade, nº 103, ano 2011. p. 405-432)

            O profissional num ambiente sem espírito de equipe e sem condições estruturais para exercer com dignidade a sua profissão, não colocará em prática o seu aprendizado acadêmico, visto que a prática é totalmente uma versão avessa do cenário acadêmico. Constatei muitas das vezes em que visitei outras instituições como Caps, Posto de Saúde e a própria Secretaria de Assistência Social, que há uma disputa interna por conquistas de prestígios políticos e não um compromisso com o projeto-ético-político que rege a profissão e ferindo algumas finalidades do Assistente Social como cita Fraga (2011)
A finalidade do trabalho do assistente social está voltada para a intervenção nas diferentes manifestações da questão social com vistas a contribuir com a redução das desigualdades e injustiças sociais, como também fortalecer os processos de resistência dos sujeitos (materializados em organizações sociais, movimentos sociais, conselhos de direitos...), na perspectiva da democratização, autonomia dos sujeitos e do seu acesso aos direitos. (FRAGA, Cristina Kologeski. A atitude investigativa no trabalho do assistente social. Revista Serviço Social e Sociedade, nº 103, ano 2011. p. 40-64)

            Por fim à nossa palestrante ficou a famosa pergunta em que Santos(2003) deixa para ser respondida: Serviço Social: Afinal do que se trata? Muitas assistentes sociais que estavam presente ao evento saíram sem saber o que se trata, digo de profissionais até com mais de dez anos de exercício da profissão. Nós que esperávamos algo de novo, ficamos meio que decepcionados. Mas deixamos duas perguntas simples que causaram um grande mal-estar a quem se sentiu doído e perturbado e até hoje não obtive respostas e com certeza não terei. O SUAS foi somente apresentado e não problematizado, era mais fácil que nos entregássemos uma cartilha nos explicando o seu funcionamento. Faltou o que diz Raichelis(2011)
... refletir sobre os espaços sócio-ocupacionais do serviço social implica considerá-los como expressões das dimensões contraditórias do fazer profissional, nos quais se condesam e se confrontam concepções, valores, intencionalidades, propostas de sujeitos individuais e coletivos, articulados em torno de distintos projetos em disputa no espaço institucional onde se implementam políticas públicas.
... interessar-nos analisar o trabalho do assistente social no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), pela oportunidade de problematizar um processo que está em curso em todo o país, e que pela velocidade e complexidade apresenta desafios as profissões envolvidas que precisam ser acompanhados e desvendados criticamente. (RAICHELIS, Raquel. Intervenção profissional do assistente social. Revista Serviço Social e Sociedade, nº 103, ano 2011. p. 750-772)