sexta-feira, 28 de junho de 2013

No Brasil, africanos sofrem racismo e perseguição da polícia


São raros os empregos para os imigrantes africanos, além de conviverem com a perseguição da Polícia Federal.

O Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil (IDDAB), através de Carmen Victo Silva, afirmou ao site O Mirante que mesmo os africanos com curso superior não conseguem trabalho de boa remuneração.
“A questão racial é o primeiro obstáculo para os africanos no Brasil”, disse Carmen. “criam-se outras barreiras, aparentemente burocráticas, que não existem ou são relativizadas para outros grupos populacionais”, denuncia.
O IDDAB é uma organização não-governamental criada em São Paulo há cinco anos, e dá apoio aos imigrantes africanos, bem como aos haitianos.
Carmen afirmou, ainda, que “existem ‘estrangeiros e estrangeiros’”, se referindo ao tratamento dispensado aos demais estrangeiros que vem ao Brasil em busca de empregos e habitação. “O imigrante europeu, por exemplo, é tido sempre como um trabalhador qualificado”, conclui.
O preconceito já demonstrado por uma série de empresas na hora da contratação, aponta os africanos como desqualificados, ilegais e envolvidos em práticas delitivas, como o tráfico de drogas. Sendo que a realidade é justamente o oposto: o maior número de imigrantes presos por tráfico de drogas no Brasil é de europeus.
Um dos exemplos do racismo contra africanos é de um jovem congolês, filho de um diplomata, que conseguiu o visto de residência no Brasil, mas preferiu imigrar para o Canadá por não conseguir trabalhar (licenciado em medicina na Rússia) no país.
As maiores facilidades apontadas por Carmen no tocante à imigração é detida por portugueses, depois se destacam os chineses, os americanos e os espanhóis.

Polícia Federal no encalço

O tratamento diferenciado para o africano começa já no recebimento dentro das dependências dos serviços de imigração, que possuem toda uma abordagem diferenciada para africanos e com maiores poderes punitivos.
Os imigrantes haitianos também não são tratados de forma receptiva pelo governo brasileiro. Desde o terremoto que assolou o país, vários foram os haitianos que buscaram no Brasil uma vida melhor, mas que, hoje, estão servindo mão de obra escrava, sem documentos ou a garantia de estadia no país.
Mesmo diante desses fatos, a Polícia Federal realiza o desserviço de tornar a vida do imigrante ainda mais difícil no Brasil.
Uma operação da Polícia Federal (PF), no centro de São Paulo, no ano de 2012, rodeada de espetáculos e flashes da imprensa burguesa, foram presos cerca de 600 africanos. Contudo, uma sul-africana branca foi abordada pela polícia, mas não foi levada para as instalações da PF.
Carmen afirma que tem “vergonha do comportamento das autoridades do meu país, em como trata os imigrantes e pela falta de uma política específica para o atendimento destas populações”.
A vida da população africana no Brasil se equivale (e muitas vezes é pior) que a do negro brasileiro. Da mesma forma, o povo negro sofre com o desemprego, salários abaixo do mínimo oficial e repressão policial, mostrando que o racismo segue a todo vapor em terras brasileiras, ao contrário do que tenta provar a imprensa burguesa.

Os danos psicológicos do racismo para ativistas - por Jarid Arraes

As consequências da segregação social e dos preconceitos têm sido uma das pautas de discussão mais recorrentes entre profissionais das Ciências Psicológicas. Já existem estudos documentados mostrando os efeitos negativos da exposição a intolerância e violência. Não são poucas as vítimas que acabam desenvolvendo o transtorno de estresse pós-traumático: deparar-se com pessoas da mesma idade e sexo que os agressores, encontrar-se em uma situação parecida ou até mesmo escutar os barulhos ou a música que tocava no momento da violência podem se tornar ativadores potenciais de uma crise. Não importa se a violência foi um abuso sexual ou um emprego injustamente perdido: um trauma desse calibre é muito intenso e pode perdurar por uma vida sem jamais ser superado. É preciso trabalhar diariamente para aprender a lidar e conviver com o passado.

Por Jarid Arraes

Para quem faz parte de algum grupo desfavorecido, é praticamente impossível levar uma vida sem pelo menos alguns episódios de violência. Mulheres negras, especificamente, são alvos cotidianos tanto do racismo institucional quanto da misoginia. Sexo e cor não são características que podem ser omitidas quando conveniente, levando a um tipo de intolerância muito constante: mulheres negras estão expostas em período integral às mais variadas agressões e situações de violência. A menor qualidade de vida das mulheres negras não se dá exclusivamente pela dificuldade e falta de oportunidades para trabalhar, se relacionar ou mesmo transitar pelas ruas; elas também estão incrivelmente sujeitas a crises de depressão ou estresse e outros problemas emocionais.
Não é completamente impossível manter a saúde emocional mesmo sendo vítima de preconceito. Muita gente consegue encarar o preconceito de frente e ser feliz. Embora seja necessário muito esforço para lutar e fortalecer a autoestima, é possível adotar algumas estratégias para manejar o problema. Mas se para algumas pessoas é possível encontrar um hobby, sair com amigos ou mesmo tirar férias para desviar o foco do problema, quem é ativista pelos Direitos Humanos tem muito mais dificuldade para preservar a saúde mental. Mulheres negras e feministas não precisam enfrentar somente o racismo que sofrem, pois acabam lidando no ativismo com infinitas outras situações de injustiça direcionadas a outras pessoas.
Enfrentar os próprios fantasmas já é uma batalha árdua, mas o ativismo político reune essas questões de uma forma massiva. Para quem participa de um movimento social, são muitas notícias, depoimentos e denúncias revoltantes, além de ações e intervenções presenciais que elevam ainda mais a proximidade com o problema. O racismo está sempre presente no dia-a-dia, pois a mulher negra feminista não está em contato somente com os grandes acontecimentos que ganham repercussão na mídia. Ser ativista significa lidar diariamente com depoimentos e pedidos de ajuda de companheiras agredidas e acompanhar portais de notícias ou blogs coletivos com acontecimentos que nem sempre aparecem na tv. Não basta lidar pessoalmente com a intolerância da sociedade: quem é ativista acaba tomando conhecimento de novos casos de violência e discriminação a todo momento. E é muito mais difícil tentar “esquecer os problemas” quando você tem acesso ao número total de estupros ou mortes só na última semana – uma informação que talvez fosse preferível não saber.
Não são poucas as militantes que relatam estados agudos de depressão, perda de energia e falta de motivação com a vida. Muitas vezes isso pode levar à fraqueza e vulnerablidade física, abrindo espaço para outras doenças. Parte disso acontece porque os próprios sofrimentos íntimos acabam sendo mais aguçados; mas o maior vilão é o confronto sem pausas com a realidade. Várias ativistas chegam a ter pensamentos suicidas devido a tamanha falta de otimismo com a situação. E não é difícil entender o motivo: como não perder as esperanças e não se esgotar completamente quando a intolerância vive a bater na sua porta?
Fazer ativismo não é fácil – é preciso fortalecimento e união para não acabar potencializando sentimentos nocivos como o desespero ou a raiva. Grupos e comunidades ativistas, sejam presenciais ou pela internet, precisam oferecer suporte uns aos outros. Todo mundo precisa de apoio e compreensão, além da certeza do acolhimento. As lutas diárias são pesadas e em grande quantidade, mas com força coletiva e união, todas as pessoas podem encontrar ânimo para vencê-las.  Afinal, a saúde individual de cada militante é tão importante quanto o bem estar dos grupos pelos quais lutamos.

Jarid Arraes é educadora sexual, especialista em sex toys, escreve no Mulher Dialética e no Guia Erógeno.


Nota de protesto contra o racismo praticado à Quilombolas e Indígenas


O Rio Grande do Sul amanheceu (no dia 13 de junho) com as informações de que 23 jovens foram presos durante as manifestações em defesa do Transporte Público em Porto Alegre e de que "pequenos agricultores" bloqueariam rodovias no sul do país para protestar contra demarcações de terras quilombolas e indígenas. Os bloqueios efetivamente ocorreram no Litoral Norte, BR 101, Município de Maquine, na região Norte do estado BR 285, município de Getúlio Vargas e em outras 04 rodovias federais e estaduais.
As manifestações desencadeadas em 07 Capitais por transporte público eficiente e de qualidade foram apresentadas como ações de vandalismo pela grande mídia. No entanto, as cenas de truculência e vandalismos demonstram de forma explicita que a Polícia Militar as praticou para defender e garantir a sanha de lucros dos empresários dos transportes públicos. Centenas de pessoas que protestavam foram agredidas e presas. O transporte público, em todo o País, é caro e de baixa qualidade, em função disso os protestos se avolumam pelo Brasil.
As manifestações dos agricultores, patrocinadas pelos setores do agronegócio, têm como objetivo pressionar as autoridades para que estas não demarquem terras quilombolas e indígenas, desrespeitando com isso, preceitos constitucionais. Seus protestos têm as mesmas características dos demais setores da sociedade, no entanto contam com o aval e complacência dos poderes públicos.
Lamentavelmente os meios de comunicação referem-se, quanto aos protestos que acontecem no país, de forma diferenciada. No caso das manifestações pela defesa do transporte público a mídia criminaliza as pessoas. No caso daqueles que bloquearam as estradas, incentivados e patrocinados pelos deputados ruralistas, causando enormes transtornos para a população, os meios de comunicação adotaram a posição de que os "pequenos agricultores" protestam porque não querem perder direito, criminalizando, como consequência, os povos indígenas e quilombolas como se estes afrontassem os direitos dos "agricultores".
A manifestação dos "pequenos agricultores" é orquestrada pelo Agronegócio através da FARSUL e CNA e pela bancada parlamentar ruralista através de Alceu Moreira e Luiz Carlos Heinze do PMDB do RS (da base aliada do Governo Dilma) para se contrapor aos direitos de indígenas e quilombolas à demarcação de suas terras.
Calúnias, infâmias e difamação são veiculadas aos quatro cantos contra Quilombolas , Indígenas , Antropólogos, Ativistas , Advogados. A Legislação é flagrantemente desrespeitada por quem deveria cumpri-la e tudo isso aprofundando um clima de violência contra os Povos tradicionais.
Quilombolas e Indígenas convivem nas beiras de estradas, fazendo parte, comprovadamente, do Grupo Social do País com menor IDH e ainda com seus territórios invadidos por grileiros, fazendeiros e agricultores, que não raras vezes, contratam jagunços para ameaçar, intimidar, agredir e até matar as lideranças. E tudo isso com a inércia dos poderes constituídos.
No caso da Comunidade Quilombola de Morro Alto, Associação Quilombola Rosa Osório Marques, com território delimitado em 4.660 ha, território ancestral (10% da área real dos quais 23 ex-escravos herdaram) sofreu um processo de esbulho e violência continuada, sendo a União e o Estado, mesmo tendo conhecimento desses fatos, responsável pela implementação de projetos de Colonização na área.
Mesmo os "proprietários" sabedores de que na legislação Quilombola, especificamente, o Decreto 4887/2003, prevê a indenização para a terra por preço de mercado, além das benfeitorias, eles optam por se mobilizar, junto com os Latifundiários e especuladores Imobiliários, contra os Direitos dos Povos Originários e Quilombolas.
Utiliza-se de aparatos do Poder Local, Prefeituras, Sindicatos Rurais para fazer uma verdadeira campanha de terrorismo dizendo que escolas serão fechadas e vidas perdidas, ou seja, terrorismo e intimidação, além da oferta de vantagens e dinheiro para que famílias quilombolas abandonem seus Direitos.
No caso dos povos indígenas o estado promoveu sobre suas terras a colonização. Entregou títulos de propriedade aos agricultores. Cabe, portanto, ao estado promover o pagamento da indenização e o reassentamento das famílias afetadas por demarcações de terras. Não se pode jogar sobre os povos indígenas a responsabilidade pelos equívocos e práticas criminosas do Estado e seus colonizadores.
Diante da pressão e da violência que estão sendo praticadas contra as comunidades indígenas e quilombolas no Rio Grande do Sul, assim como em outras regiões do Brasil, a constatação mais preocupante é que de os problemas são bem mais profundos do que as questões fundiárias. Estão na raiz destes conflitos o preconceito e a intolerância contra quilombolas, indígenas e pobres. Nossa sociedade é racista, não aceita os diferentes e não os reconhece, portanto, seus direitos fundamentais a vida, a liberdade, a terra. Os governos seguem, em suas políticas públicas, as práticas que negam esses direitos.

Porto Alegre, 13 de junho de 2013.
FRENTE NACIONAL EM DEFESA DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS
CIMI SUL – CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO – REGIONAL SUL- EQUIPE PORTO ALEGRE


MOÇÃO DE REPÚDIO ao assassinato do Babalorixá Everaldo de Jesus Almeida


O CEN/SP manifesta seu repúdio ao assassinato do Babalorixá Everaldo de Jesus Almeida, 70 anos, o Everaldo de Oxóssi, da cidade de Salvador, Líder do Terreiro Filho de Azacrá, fato que aconteceu no último domingo, dia 16 de junho.
O Babalorixá Everaldo de Oxóssi era um dos mais velhos sacerdotes e conhecido nacionalmente, mantendo ao longo de sua vida um trabalho integro e respeitado.

Seu falecimento ocorreu de forma violenta e truculenta, pelo qual não podemos deixar passar de forma banal.
Pois não apenas ele que foi assassinado, e sim toda uma história viva de sabedoria, o que para os religiosos de Matrizes Africanas quanto mais idosa a pessoa, maior o seu respeito e admiração, portanto, toda a Comunidade de Matrizes de Religiões Africanas se sente de luto.

É extremamente penoso constatar que continuamos vivendo em uma sociedade repleta de preconceitos e intolerância, e, em um momento como esse, é fundamental que exponhamos nossas posições, para repudiar a intolerância religiosa e defender uma sociedade tolerante que respeite a liberdade religiosa.
Vivemos em um país laico, garantido pela constituição e precisamos que esta laicidade seja respeitada, e a segurança garantida, não podemos permitir agressões físicas as Sacerdotisas, Sacerdotes e adeptos de Religiões de Matrizes Africanas, e muito menos que tenham as suas vidas ceifadas de forma brutal.
Estamos problematizando, portanto um processo de agressão direta e indireta que nega a nossos amigos, familiares, colegas de trabalho e outros o livre direito à identidade religiosa e a expressão de sua fé.
Será mesmo essa sociedade que queremos? Podemos mesmo alimentar idéias e sentimentos tão retrógrados? Não aceitaremos calados o que aconteceu.

Perante isso reivindicamos ao Estado da Bahia e demais autoridades que seu assassinato seja investigado e os culpados condenados, que sua morte antecipada não seja em vão e não se torne mais um número entre os índices alarmantes do genocídio da população negra brasileira.
Portanto, se trata de uma luta democrática, só assim haverá mobilizações e vitórias.
"Não ao genocídio da população negra, pelo respeito as Religiões de Matrizes Africanas, pela laicidade do Estado Brasileiro."
Coletivo de Entidades Negras do Estado de São Paulo


Juíza condena loja Studio Z a pagar R$ 17 mil a cliente por racismo

Gerente mandou funcionário vigiar adolescente negro que havia entrado na loja


A juíza Vandymara Galvão Ramos Paiva Zanolo, da 21ª Vara Cível de Cuiabá, condenou a empresa Calcenter Calçados Centro-Oeste Ltda, proprietária da rede de lojas Studio Z (antes chamada Meio Preço), a indenizar um cliente em R$ 17,3 mil por danos morais causados por atitude racista do gerente Joel Vieira dos Reis.
No último dia 13, a magistrada determinou que fossem penhorados R$ 5,8 mil das contas da empresa para o pagamento dos honorários advocatícios.
Os outros R$ 17,3 mil já haviam sido penhorados em abril. A sentença original, proferida em setembro de 2012, fixou o valor da indenização em R$ 10 mil, corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais juros de 1% ao mês desde o fato que gerou a condenação, além de a empresa ter quer pagar as custas processuais e os honorários .
Consta da ação que, no dia 5 de maio de 2008, o funcionário Joel Vieira dos Reis mandou um dos vigias "ficar de olho" em um cliente que tinha acabado de entrar na loja, ao qual chamou de "aquele negrinho", o que deixou o garoto muito constrangido, e o fez voltar para casa se sentido humilhado. Na ocasião, o menino era menor de idade, e havia entrado na loja para comprar um tênis Nike que custava R$ 250.
"No interior da loja percebeu que estava sendo vigiado por funcionários, o que o deixou constrangido, e seu amigo ouviu uma conversa entre dois funcionários da loja, em que um, que aparentava ser o gerente, disse para o outro que 'ficasse de olho naquele negrinho'", diz trecho da decisão.
"Durante todo o tempo que ficou no interior da loja, foi seguido por um funcionário, à certa distância, e, humilhado, deixou a loja sem realizar a compra. Afirma que ao chegar em casa caiu em prantos. Sua mãe, revoltada, registrou boletim de ocorrência e, no momento em que o fazia, encontrou na delegacia o funcionário do estabelecimento, envolvido com outro BO, razão pela qual conseguiu identificá-lo como sendo Joel Vieira dos Reis", disse a juíza na sentença.
Em sua defesa, a Calcenter Calçados declarou que os fatos não ocorreram. No entanto, a juíza afirmou que a empresa poderia ter fornecido imagens do circuito interno comprovando que o gerente não havia chamado nenhum funcionário de lado no momento em que vítima estava dentro da loja, de modo que o relato do amigo Jacksiley Gomes Vieira foi prova suficiente do ato racista.

"No interior da loja percebeu que estava sendo vigiado por funcionários, o que o deixou constrangido, e seu amigo ouviu uma conversa entre dois funcionários da loja, em que um, que aparentava ser o gerente, disse para o outro que ‘ficasse de olho naquele negrinho’"

"Horrível e preconceituoso"
"Restou suficientemente demonstrado que o autor, em razão da cor de sua pele, mereceu que o gerente Joel, da empresa ré, advertisse os funcionários para ficarem de olho nele e verbalizou o horrível e preconceituoso 'negrinho'", escreveu a juíza.
"Além disso, tratando-se de fatos como os narrados na inicial, em que o preconceito racial foi verbalizado, não há como se exigir mais provas do que as produzidas, pois geralmente tais fatos ocorrem entre o ofensor e a vítima", diz outro trecho da decisão.
Ela afirmou que não é necessário, também, provar o abalo psíquico, "pois o comentário feito pelo funcionário da ré a outro funcionário, com o pedido para que ficasse 'de olho' no autor é suficiente para causar humilhação e constrangimento. O abalo moral, resultante da vergonha e humilhação, resta configurado", sentenciou.
A juíza Vandymara destacou, ainda, que se tratou de "preconceito velado", pois não houve abordagem da vítima. "A desconfiança causou constrangimento, tanto que o autor saiu da loja e foi até em casa, onde, segundo o relato da inicial, manifestou sua revolta para com sua mãe, pela cor da pele que possui. Não é admissível que uma pessoa, no caso, um menor à época dos fatos, sofra constrangimento, sinta-se vigiado em uma loja, pelo simples fato de ser negro", afirmou a magistrada.
Ela afirmou ainda, que as crianças e adolescentes "devem ser incentivados a se orgulhar da cor de sua pele, pois não é a cor da pele que define o caráter de uma pessoa e no caso do autor, que é negro, a história de seus antepassados é digna de orgulho, jamais de constrangimento".
Outro lado
A reportagem do MidiaNews entrou em contato com a unidade da Studio Z do Pantanal Shopping, e o gerente disse que buscaria um posicionamento da assessoria jurídica e retornaria a ligação, o que não ocorreu até a publicação desta matéria.
Leia abaixo a nota na íntegra:
A empresa CALCENTER CALÇADOS CENTRO OESTE LTDA. (STUDIO Z) esclarece que tem como um de seus princípios a igualdade de tratamento entre as pessoas, sem distinção de raça, sexo, cor, idade, credo ou condição social, sendo prova disso que possui no seu quadro de empregados, pessoas de diversas raças, de diversas idades, de opções sexuais diferenciadas, razão pela qual, informa que o suposto fato ocorrido em uma de suas filiais, localizada nesta cidade, que gerou a Ação Judicial julgada pela 21ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá – MT, cuja decisão foi veiculada na matéria, título dessa manifestação, se trata de uma caso isolado, que supostamente fora praticado por um dos mais de 2.000 (dois) mil funcionários da empresa, suposto ato esse que, sendo isolado, não pode afetar a credibilidade comercial da empresa, até porque, como dito, se trata de suposto fato, pois como fora veiculado na própria matéria, a MM. Juíza da 21ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá/MT, baseou sua decisão no relato de um amigo da suposta vítima do suposto ato de racismo, que supostamente o acompanhava, no momento em que supostamente ocorreu o fato, sendo de conhecimento de todos, que a Lei, mais especificamente o Código de Processo Civil Brasileiro, em seu Artigo 405, § 3º, Inciso III, dispõe que é suspeito para prestar depoimento, na qualidade de testemunha, amigo íntimo da parte, ou seja, a Decisão veiculada na Matéria "Juíza condena loja a pagar R$ 17 mil a cliente por racismo", baseou-se em declaração de amigo do Autor, o que demonstra a fragilidade da Sentença proferida nesse caso, que se baseia em alegações de um amigo do Autor da Ação.
O irmão do Autor da Ação, na época do suposto fato, trabalhava como vendedor na Loja da empresa CALCENTER, localizada no Shopping Pantanal, tendo o Autor confessado em seu Depoimento Pessoal, que fora atendido pelo seu próprio irmão, na Loja, conforme trecho do Depoimento Pessoal do Autor da Ação, dado, em Audiência de Instrução, realizada nos autos do Processo, junto à MM. Juíza da 21ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá/MT, senão vejamos a transcrição de trecho do Depoimento Pessoal do Autor:
"Que o depoente mora no bairro Itapajé, localizado na região do Coxipó... Que na data dos fatos o irmão do depoente, Everton Roberto Guimarães França, trabalhava na empresa ré como vendedor. Que o depoente estava sendo atendido pelo seu próprio irmão no dia dos fatos narrados na inicial. Que o depoente não foi abordado por nenhum funcionário da empresa ré..."
Não é crível que o Autor da Ação tenha sofrido Racismo, já que fora atendido na Loja da empresa STUDIO Z, pelo seu próprio irmão, que era vendedor na empresa, já que não é de se acreditar que o próprio irmão do Autor agiria de forma racista, para com ele, tendo o Autor ainda confessado que não fora abordado por nenhum outro funcionário da empresa.


E se os mortos da Maré fossem do Leblon? - Mário Magalhães

Foi nesta semana, mas, a considerar o noticiário, parece que ocorreu no século retrasado: depois de um sargento do Bope ser morto por traficantes, a PM invadiu uma favela do complexo da Maré, aqui no Rio, e matou nove pessoas. Duas não tinham antecedentes criminais, como um garoto de 16 anos. O governo prometeu investigar as circunstâncias.

Se os dois mortos sem vinculação comprovada com a bandidagem fossem moradores do Leblon, será que a cobertura jornalística teria se extinguido tão rápido?



Bala na favela não é de borracha

Será que as autoridades e o jornalismo falariam em “excessos”, como agora, ou em possíveis “crimes”?
Quantos editoriais não haveria nos jornais, nas TVs, nas rádios e na internet?
Quantos bambambãs já não estariam alardeando a existência de um “Estado policial” no Brasil?
Informados pelos meios de comunicação, quantos milhares de estudantes não promoveriam greves exigindo o esclarecimento dos fatos?
Quantas senhoras não lançariam campanhas com o mote “Podia ser seu filho”?
E as passeatas, não seriam talvez maiores do que as que tomaram as ruas na semana passada?
Quantas denúncias de extermínio haveria por minuto?
Seriam publicadas reportagens falando em um “menor” morto, como li, ou ele teria nome, idade, sua história contada?
Quanto tempo demoraria para que tudo fosse esquecido, sobretudo a cobrança por apuração?
Mas o garoto era da Maré, e não do Leblon.




Mário Magalhães nasceu no Rio em 1964. Formou-se em jornalismo na UFRJ. Trabalhou nos jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo”, “O Globo” e “Tribuna da Imprensa”. Recebeu mais de 20 prêmios. É autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”.

FONTE:http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questao-racial/violencia-racial/19578-e-se-os-mortos-da-mare-fossem-do-leblon-mario-magalhaes

Mandela pediu para ser enterrado no vilarejo onde nasceu, diz jornal


O ex-líder da África do Sul Nelson Mandela, 94, internado em estado crítico há mais de 20 dias em Pretória, pediu em 1996 que, quando morresse, fosse enterrado sem pompas em Qunu, pequeno vilarejo onde nasceu, relatou o jornal sul-africano "Mail & Guardian" nesta sexta-feira (28).
Mandela, então com 78 anos e ainda presidente do país, teria dado três orientações acerca de seu funeral, segundo a publicação: que não haja uma série de cerimônias oficiais para o evento; que ele seja enterrado em Qunu, onde nasceu e se aposentou em 2012; e que sua lápide seja de "pedra simples".
O jornal diz que, embora seja possível que Mandela tenha mudado de ideia sobre seu funeral, ele teria incluído esses três pedidos em testamentos à família.
"Ele nunca pensou muito na morte, mas ele nunca quis nada pomposo", citou uma pessoa próxima da família ao jornal.

Zuma diz que Mandela melhorou


O presidente sul-africano, Jacob Zuma, afirmou nesta quinta-feira (27) que o estado de saúde de Nelson Mandela melhorou durante a noite.


"Eu cancelei minha visita a Moçambique para vê-lo e conversar com os médicos. Ele [Mandela] está muito melhor hoje do que estava na noite passada", disse. Segundo Zuma, o estado de saúde do ex-presidente sul-africano é crítico, mas estável.

O presidente sul-africano participaria de uma reunião de cúpula da Comunidade de Desenvolvimento Sul Africano (SADC) em Moçambique para discutir a infraestrutura regional, mas desistiu da viagem após visitar o ex-presidente, de 94 anos, no hospital na noite de quarta-feira.
O estado de saúde de Mandela piorou no fim de semana. Ele foi internado no dia 8 de junho em caráter de emergência após uma recaída da infecção pulmonar que sofre há dois anos e meio, uma consequência dos anos que passou na prisão durante o regime do apartheid. (Com Reuters e AFP)