segunda-feira, 12 de agosto de 2013

CHEGA DE BONDADES

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/UFF-RJ & RAPPER

Fico observando de longe dos bastidores, indivíduos que estufam o peito declarando-se representantes do povo. Pergunto-me sempre, de que povo? Pois o meu povo esses elementos não representam. Essa nata oligárquica sanguessuga, conservadora que conhecemos bem, não está nem aí para o povo não passam de parasitas hospedeiros que só querem apenas o bem deles e de seus grupinhos branco-eurocêntricos. O que discuto aqui é a real necessidade dos nossos participarmos desses joguinhos com essa elite ancestral lusitano-hispânica-ítala-germânica-pomerana.

Resumindo: essa raça não gosta de nós. Verdade que doa a quem doer. Acham lindo quando um dos nossos conquistam na labuta do cotidiano com suor e méritos vitórias em suas vidas. Mas os tais “bonzinhos”, “mocinhos” não agem da mesma forma. Só lembram de mim, preto e dos meus que também são pretos e pretas, em épocas que lhes convêm e quando somos necessários para eles. Chamam-nos hipocritamente de irmãos, que devemos lutar juntos por uma igualdade, fraternidade e união para todos. Mas quando estão no poder, à história toda muda. Aí lanço a seguinte pergunta: Porque nós temos que suar pela meritocracia e os clarinhos conservadores não?

Teoria e prática preta lúdica é que nós temos que ser por nós mesmos. A construção histórica da nação luso-hispânica-ítala-germânica-pomerana-tupiniquim é a prova cabal que quando galgamos algum cargo de status, região dos clarinhos, somos tachados de reacionários, racialistas, que estamos sempre correndo atrás de viver do bom e do melhor. Mas os clarinhos não, né, eles sempre são os santos, as pessoas de bem que sempre pensam no pretinho pobre humilde das periferias e favelas. Mas os clarinhos somente aplicam o projeto de auto-segregação, manutenção territorial do “status quo” beneficiando somente a eles, onde mantêm-nos os pretinhos em seu devido lugar. Afirmando, eles não nos querem do lado deles, não querem ver nós se beneficiando das mesmas delicias da vida em que os mesmos se deliciam.

Não existe elite preta no Brasil. Preto não é só samba, pagode, carnaval, futebol. Preto também é economista, jurista, médico, executivo, gerente, político, jornalista, repórter, apresentador, cientista, etc., mas as ditas “pessoas de bem” não nos querem nesses cargos supracitados e muito mais, a qual sempre reivindicaram supremacia classista sobre os tais. Fato que comprova essa veracidade é o livro HISTÓRIA DE BOM JESUS DO ITABAPOANA, em que o autor trata o negro como “elemento” introduzido em terras bom-jesuenses. Para esses indivíduos ditos do “bem” somos apenas elementos.

Essas tais “pessoas do bem” cospem discursos sofistas carregados de paternalismo-assistencialista, não podemos nos comover mais com essas falácias. São tempos de lutarmos pelos nossos sem carregar a bandeira dos outros, reaja chega de ficar implorando por migalhas, por bondades, não podemos deixar que esses sofistas se beneficiem sempre com suas atitudes classistas querendo que acreditemos que fazem tudo pelo povo. Reaja ou será morto, reaja ou será morta.