segunda-feira, 29 de junho de 2015

A SENSAÇÃO DE DEVER CUMPRIDO

Marcelo Silles
Assistente Social

A máxima em realizações e conquistas faz parte dos anseios e desejos do ser humano, visto que durante sua vivencia a busca da felicidade pelas realizações se torna algo às vezes prazeroso, às vezes fatídico.

Durante um certo tempo, dependendo do clima e local, a sensação de dever e luta fica a cada dia mais pesaroso do que algo em que acreditar. Os ânimos já não são mais os mesmos e as desilusões aumentam. Os resultados ficam fatigantes e as melhoras já não surgem.

As iniciativas se enfraquecem em meio a várias radicalizações e usurpações. Os meios já não são mais os mesmos, e a falta de tática e estratégia são os indícios claros de que chegou a hora de pendurar as chuteiras.


É hora de se despedir, dizer adeus e desejar sorte e muita paz a todos que continuam na luta.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Aos 11 anos, MC Soffia discute racismo na Viradinha: "Canto para crianças"

Vestida de rosa, com um grande laço no cabelo no estilo black, MC Soffia, de 11 anos, subiu no palco da Viradinha, no centro de São Paulo, acompanhada de dançarinas mirins com tranças coloridas. Deu seu recado em rimas como: "MC Soffia na rima, representa o hip-hop e a questão feminina", "está proibido se drogar porque escola é para estudar" e "o que ensina uma MC vai além do ABC, até o Z de Zumbi".

As crianças em cima dos ombros dos pais, que lotaram a "pistinha" na rua Cesário Mota Junior, não desgrudavam os olhos. "E aí, família, boa tarde", saudou Soffia. Até os pais responderam. "Tá fraco". Tamanha desenvoltura não era percebido minutos antes da apresentação, enquanto Soffia brincava de bambolê entre as crianças, despreocupada e tímida.
"Estou feliz, vai ser a primeira vez que canto sozinha", disse ao UOL, inquieta. Soffia fazia parte de um coletivo chamado Hip-Hop Kids, um sonho que tinha desde quando entrou em uma oficina do gênero.
Em tempos de MC Pedrinho, funkeiro mirim que canta músicas de alto teor erótico, ela explica que faz música para criança. "Eu falo para elas como é bom ser negra e sobre racismo. Quero trazer cultura para crianças. Antes os adultos não queriam que a gente aparecesse", explicou. "Hip-hop é resistência".
A mãe, orgulhosa, incentivou a filha quando o hip-hop bateu na porta. "Ela cresceu em uma casa de militantes e foi muito natural para ela falar dessas questões", explica Camila Pimentel, 29. "Incentivei a pesquisa. Ela foi lá saber quem foi Carolina Maria de Jesus [escritora, compositora e militante, morta em 1977] e Dandara [guerreira negra, esposa de Zumbi]. Ela fala dessas questões com o olhar lúdico de uma criança".
FONTE: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2015/06/21/aos-10-anos-mc-soffia-discute-racismo-na-viradinha-canto-para-criancas.htm

Heroínas negras na história do Brasil


Na história do Brasil, conta-se muito pouco a respeito das mulheres negras. Na escola, são pouquíssimas as aulas que citem as grandes guerreiras e líderes quilombolas, ou que simplesmente mencionem a existência das mulheres negras para além da escravidão. Em um país em que a escravidão não é retratada como uma vergonha para a nação -  pelo contrário, ainda se insiste que a população negra não lutou contra esse quadro -, isso não é nenhuma surpresa.
Cordel sobre Dandara dos Palmares, líder
quilombola e companheira de Zumbi.
Nós, brasileiros, passamos vários anos na escola aprendendo sobre todos os detalhes das vidas de Dom Pedro I e II, seus familiares, seus casos sexuais e viagens. Na televisão, os imperadores viram protagonistas de minisséries, enquanto os atores e atrizes negros são reduzidos a papéis de escravos sem profundidade. Grandes lutadores como Zumbi dos Palmares, Dragão do Mar e José Luiz Napoleão, são pouco mencionados. Aliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de tantas formas na luta contra a escravidão e nas conquistas sociais do Brasil, nem sequer são mencionadas.
O esquecimento das mulheres negras na história é algo que contribui para a vilipendiação da população negra. Por conta disso, as garotas negras crescem achando que não há boas referências intelectuais e de resistência nas quais possam se espelhar. Para descobrir seus referenciais, é preciso que se mergulhe em uma pesquisa individual, muitas vezes solitária, juntando peças de um enorme quebra-cabeça para no fim descobrir que pouquíssimo foi registrado a respeito de mulheres como Dandara dos Palmaresou Tereza de Benguela – importantes líderes quilombolas.
Devido ao machismo, é muito difícil encontrar registros da história das mulheres, especialmente aqueles que sejam contados de forma aprofundada e responsável. Ainda hoje, poucas mulheres, mesmo entre as brancas ou europeias, são citadas e celebradas por suas conquistas. No entanto, quando essas mulheres são negras, a negligência é ainda maior. Em um país onde mais de 50% da população é negra, a situação desse quadro é absurda.
Mesmo com os esforços racistas para apagar a história das mulheres negras, racismo nenhum será capaz de enterrar a memória de ícones como Luísa Mahin e Tia Simoa. Mulheres negras inteligentes, com grande capacidade estratégica, imensa coragem e ímpeto de transformação, que jamais se conformaram ou se dobraram diante do racismo e da misoginia; pelo contrário, lutaram e deram suas vidas para que mulheres negras como eu pudessem viver em liberdade e escrever, ocupando espaços que, ainda hoje, nos são de difícil acesso.
Infelizmente, tive que descobrir essas guerreiras por conta própria, contando com a ajuda de outras mulheres negras, companheiras de luta, que me apresentaram textos e materiais onde suas vidas foram contadas, ainda que brevemente. Por isso, decidi utilizar minha produção literária, meus cordéis, para contar as histórias dessas mulheres e fazer com que mais pessoas tomassem conhecimento de suas batalhas e do quanto são importantes para a história do Brasil. Até o momento, tenho vários cordéis biográficos que contam as trajetórias de Aqualtune e Carolina Maria de Jesus, além de outras já citadas nesse texto.
Nosso papel é fazer com que essas mulheres negras sejam conhecidas e seus feitos sejam estudados. Seja por meio do cordel, das redes sociais ou de trabalhos acadêmicos, precisamos registrar e divulgar essas memórias. Com elas, provamos que a população negra sempre lutou por seus direitos, provamos que as mulheres negras sempre foram protagonistas dos movimentos negro e de mulheres e que nunca se omitiram ou saíram das trincheiras. Afinal, essas mulheres são espelhos e exemplos do que todas as meninas e jovens negras podem ser.
FONTE:http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/04/17/heroinas-negras-na-historia-brasil/

PENSAMENTO COLONIZADOR: O CAPITÃO-DO-MATO.

Marcelo Silles
Assistente Social



A caveira em certos rituais e crenças significa a morte. E é com essa conotação, que determinadas instituições de aparelhamento repressivo do Estado, se intitulam e orgulham-se de carregar e exibir esse símbolo. São seres humanos moldados artificialmente e cruelmente para representarem a morte, fazem questão de serem os titulares, os enviados e servos do mau para aterrorizar e matar, muita das vezes, cidadãos inocentes.
São heranças macabras e pontiagudas, as sobras e aberrações de um colonialismo genocida e exploratório europeu. Mediante as atrocidades mentais e físicas, esses indivíduos são transformados em máquinas, sem sentimentos, robustos cães de guarda dos senhores da guerra, seres vis perpetuadores da desgraça humana.
São capitães-do-mato contemporâneos com um ideal puro e simples de servirem a morte. Alguns são cristãos que firmam em sua fé que, praticam o bem aplicando o mau. São os restos de um ideal pensamento colonizador que lá em um pretérito atroz aplicou com fervor eficiência e eficácia a mesma tática e plano, para transformarem negros entre seus iguais em deformações monstruosas em seu ser, transformar caráter em aberração, bárbaros. O pensamento colonizador pegou aquele negro fraco de espírito e o transformou em capitão-do-mato, o fez acreditar que fazia parte do mundo branco e que, ter nascido negro, era uma maldição que o mesmo não precisaria carregar por toda a vida.
Esses capitães-do-mato, resultante de um modelo excludente de desenvolvimento, que carregam com orgulho a caveira símbolo da morte, são sujeitos bizarradamente alienados, retratos e resultados de uma mutação monstruosa do sistema, servos obedientes e subservientes dos verdadeiros representantes do mau, da cólera da sociedade: a elite brasileira opressora, branca, racista, corrupta e tudo que representa o mau.
Esses algozes caveiras subservientes, cães Cérberos, são máquinas sem sentimentos treinados simplesmente para matar, não importando se é bandido ou inocente, só pelo fato de ser pobre, periférico e favelado, merecem ser aterrorizados, massacrados. Esses insanos bárbaros são eternamente escravos da barbaridade em que a ordem do dia ordinária é simplesmente executar, impor o terror e promover a sede por sangue e morte. E sendo assim, viva a democracia e justiça brasileira.


terça-feira, 23 de junho de 2015

XXII Metodologia e pre‑ história da África XXII METODOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA DA ÁFRICA (UM DOS CONCEITOS)

Prefácio
porM. Amadou Mahtar MBow,
Diretor Geral da UNESCO (1974-1987)


É visto que, pelas vias que lhes são próprias, o historiador só pode apreender renunciando a
certos preconceitos e renovando seu método.
Da mesma forma, o continente africano quase nunca era considerado
como uma entidade histórica. Em contrário, enfatizava-se tudo o que pudesse
reforçar a ideia de uma cisão que teria existido, desde sempre, entre uma “África
branca” e uma “África negra” que se ignoravam reciprocamente. Apresentava-se
frequentemente o Saara como um espaço impenetrável que tornaria impossíveis
misturas entre etnias e povos, bem como trocas de bens, crenças, hábitos e ideias
entre as sociedades constituídas de um lado e de outro do deserto. Traçavam-se
fronteiras intransponíveis entre as civilizações do antigo Egito e da Núbia e
aquelas dos povos subsaarianos.
Certamente, a história da África norte-saariana esteve antes ligada àquela da
bacia mediterrânea, muito mais que a história da África subsaariana mas, nos
dias atuais, é amplamente reconhecido que as civilizações do continente africano,
pela sua variedade linguística e cultural, formam em graus variados as vertentes
históricas de um conjunto de povos e sociedades, unidos por laços seculares.
Um outro fenômeno que grandes danos causou ao estudo objetivo do passado
africano foi o aparecimento, com o tráfico negreiro e a colonização, de estereótipos
raciais criadores de desprezo e incompreensão, tão profundamente consolidados
que corromperam inclusive os próprios conceitos da historiografia. Desde que
foram empregadas as noções de “brancos” e “negros”, para nomear genericamente
os colonizadores, considerados superiores, e os colonizados, os africanos foram
levados a lutar contra uma dupla servidão, econômica e psicológica. Marcado
pela pigmentação de sua pele, transformado em uma mercadoria entre outras,
e destinado ao trabalho forçado, o africano veio a simbolizar, na consciência de
seus dominadores, uma essência racial imaginária e ilusoriamente inferior: a de
negro. Este processo de falsa identificação depreciou a história dos povos africanos
no espírito de muitos, rebaixando-a a uma etno-história, em cuja apreciação das
realidades históricas e culturais não podia ser senão falseada.
A situação evoluiu muito desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em
particular, desde que os países da África, tendo alcançado sua independência,
começaram a participar ativamente da vida da comunidade internacional e
dos intercâmbios a ela inerentes. Historiadores, em número crescente, têm
se esforçado em abordar o estudo da África com mais rigor, objetividade e
abertura de espírito, empregando – obviamente com as devidas precauções –
fontes africanas originais. No exercício de seu direito à iniciativa histórica, os
próprios africanos sentiram profundamente a necessidade de restabelecer, em
bases sólidas, a historicidade de suas sociedades.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

A ÁFRICA SOFRE PELA COVARDIA DOS SEUS INTELECTUAIS!


Por Badou Koffi em AFRICRY (Arquivos)
A África sofre pela covardia, incompetência, e do desprezo dos seus filhos. Em todos os cantos do mundo, intelectuais africanos se destacam nas mais diversas áreas de conhecimento. No Brasil exemplos não faltam. Porém este continente extremamente rico, onde recursos minerais e naturais rimam com abundância, com terras férteis para a agricultura e a criação, onde há mão de obra em excesso, a miséria, a fome, doenças e principalmente guerras caminham lado a lado para desenhar o quadro sombrio que se recusam a mudar miliares de intelectuais enfeudados ao imperialismo americano e europeu, principalmente francês e inglês e ao oportunismo que oferece o no man´s land para os escravagistas do século XXI. 

Os intelectuais africanos são os próprios devoradores de almas das populações inocentes que vivem com a falta da esperança no Congo “Democrático”, na República Centro-africana, na Costa do Marfim, no Mali, na Líbia e nos outros países do pobre continente, onde há conflitos latentes. A África é sempre valorizada, quando a sua imagem permite que aquele que a use se torne conhecido ou enriquece com ela. E justificamos os males do continente procurando razões que desculpam e tiram a responsabilidade dos próprios africanos.

É de notório conhecimento que a França continua explorando os países africanos que colonizou, com a presença do seu exército do além-mar nas suas ex-colônias, e mantém um forte poder sobre a economia desses países através do Franco das Comunidades Francesas da África (FCFA), moeda comum aos países africanos de língua francesa no continente, cuja política e funcionamento são diretamente regulados pelo Banco Central Francês. No caso a moeda dos países africanos continua ad infinitum propriedade da França.

Alguém falou em independências?
Há mais de 50 anos países africanos comemoram a independência, sem ter Estados livres de fato, pois isso sugere que exercitem sua soberania sobre políticas internas, seu exército, suas cultura e tradição e, sobretudo, a capacidade de possuir uma moeda própria. A liberdade se conquista e vários exemplos no mundo demonstraram que nenhum povo pode ser dominado se ele desejar a sua independência e liberdade. A Indochina (o atual Vietnam) derrotou americanos e Franceses apenas com camponeses conscientes do preço da liberdade. Sul-africanos praticaram a desobediência civil e lutaram até derrubar o apartheid, para citar apenas estes. O resto da África continua numa letargia e uma dependência para com as grandes potências que deixa perplexo qualquer observador atento a tudo o que acontece no continente. Os únicos responsáveis são os intelectuais africanos. 

Afinal James Watson tinha razão
Criticamos o James Watson quando declarou que: "as políticas sociais na África fracassam porque não levam em conta que os negros são menos inteligentes que os brancos". Não quero discutir aqui a questão das políticas sociais que fracassariam na África, mas sim apenas o trecho em que afirma que o negro (africano) é menos inteligente do que o branco. Sim o brilhante prêmio nobel não é preconceituoso e nem racista, apenas diz uma verdade, somos menos inteligentes, pois incapazes de abraçar a liberdade que nos estende o braço, preferimos sempre “baixar as calças” como diz o presidente Lula, quando estamos diante dos europeus e americanos. O continente vem sendo explorado há mais de 500 anos. E em pleno século 21 assistimos covardemente e felizes a destruições e mortes de inocentes provocadas pelas bombas francesas na Líbia, na Costa do Marfim, no Mali.



sexta-feira, 12 de junho de 2015

MARCELO SILLES




OS REAÇAS CONTINUAM.

Marcelo Silles
Assistente Social


Retornando da minha hibernação textual, indagando-me sobre os recentes acontecimentos em prol dos bons em busca dos prestígios dos oprimidos. Acalenta-se perpetuar em vigília de orações sociais, orações de descontentamento e orações de indignações observo o baluarte do oportunismo autoritário da imposição da verdade de uns sobre outros. Saliento que, estes movimentos e suas atitudes impostas estão registrados na história como verdadeiros atos de políticas e governos pró- intolerância, pró-intransigência.

São sentimentos stalinistas, polpotistas, maoistas, hitleristas e tudo mais de istas que instigam a desordem insatisfatória, atacando e debochando do outro que somente quer apenas está lutando pelo seu e pelos seus.  Promovem o ódio, a intolerância impõe suas condições bárbaras de verdades infundadas de seus asseclas boçais míopes as condições de democracia e escolha de vida do indivíduo.

São reaças meramente, quando um periférico ascende a outras verdades e suas históricas rituais esses reaças se irritam, pois estão acostumados a serem os donos da real verdade, estão acostumados a serem ouvidos sem serem questionados. Na verdade querem aplausos, pedestais, serem assediados pelos pobres oprimidos ignorantes do saber, do conhecimento que vislumbram os seus discursos de praça e caixotes.


Os reaças estão aí, distribuindo os seus favores e orações, seus méritos hipócritas almejando glórias e louvores.  Benditos senhores da guerra, temos que acordar para pleitearmos o nosso lugar de direito, de fato, porque se não essa nação renascerá no caos.