sexta-feira, 11 de julho de 2014

Novo disco do Inquérito terá participação da Ellen Oléria; nome também já está confirmado


O CD “Mudança”, lançado pelo Inquérito em 2010, pode ser facilmente considerado um dosmelhores trabalhos do RAP Brasileiro de todos os tempos. Entretanto, o grupo não acredita ter atingido seu máximo potencial naquela obra e parece estar preparando a ascensão ao próximo nível.
Primeiro, confirmou a participação do Emicida, uma reedição do disco anterior. Agora, foi a vez de gravar com a diva mor Ellen Oléria, vencedora do The Voice Brasil, em 2012.
A brasiliense já é velha conhecida do RAP Brasileiro. Em 2009, participou do DVD “Cartão Postal Bomba!”, do GOG, na música “Carta à Mãe África“; em 2011, em seu próprio DVD, com pret.utu, ela recebeu o Emicida para um improviso na música “Mudernage“; em 2013, ela apareceu no clipe “África tática”, também do GOG; entre outras.
Mas, embora grandiosa, essa não é a única novidade. Através de hashtags nas fotos da gravação, o Inquérito tem espalhado o nome do novo álbum: “Corpo e alma”. Justo, afinal, a qualidade do trampo dos caras através dos 15 anos de existência se deve muito ao fato de sempre terem se dedicado inteiramente aos projetos nos quais se envolveram.
Pra completar, o CD ainda terá a participação do Quinteto Brazuca; a produção é de DJ Duh(GrooveArts), Black Beats e PTK.

FONTE:http://www.vaiserrimando.com.br/inquerito-novo-cd-participacao-ellen-oleria/


Malandragem é Viver - Thaide - Part Pump Killa - Prod Dj MaxNosBeats - CoProd StereoDubs




Os cotistas desagradecidos


Por Tau Golin*, em  Sul 21
A incoerência é típica dos desagradecidos. É o auge da hipocrisia individualista, o que há de mais nojento no ser humano. A cena patética de cuspir no prato e enfumaçar a história.
Depois que o Brasil começou recentemente a política de cotas, a algaravia da intolerância tomou conta do país. A cota, no geral, é um pequeno acelerador para retirar as pessoas da naturalização da miséria, um meio temporário de correção histórica da condição imutável da pobreza. Se a política de cotas é essencial em sociedades estratificadas, pode-se imaginar a sua necessidade neste Brasil amaldiçoado pela escravidão e etnicídio dos povos indígenas.
Nos meios de comunicação observa-se o triunfo de uma enganosa ética do trabalho, o elogio do esforço individual, como se seus porta-vozes levantassem como fênix das cinzas das dificuldades para o voo da prosperidade. Gente empobrecida, ao mesmo tempo, amaldiçoa os cotistas, culpando-os pela sua condição de pouco progresso, apesar de trabalharem a vida toda como jumentos. Invariavelmente realizam o elogio do trabalho, do esforço pessoal, sem questionarem aqueles que acumulam os produtos de seu esgotamento e imutabilidade social.
Nos ambientes sociais, invariavelmente, escuto descendentes de imigrantes condenarem a política de cotas. São ignorantes ou hipócritas. A parte rica do Rio Grande do Sul e outras regiões do Brasil é o presente de cotistas do passado. As políticas de colonização do país foram as aplicações concretas de políticas de cotas. Aos servos, camponeses, mercenários, bandidos, ladrões, prostitutas da Europa foi acenado com a utopia cotista. Ofereceram-lhes em primeiro lugar um lugar para ser seu, um espaço para produzir, representado pelo lote de terra; uma colônia para que pudesse semear o seu sonho.
E lhes alcançaram juntas de bois, arados, implementos agrícolas, sementes, e o direito de usar a natureza – a floresta, os rios e minerais – para se capitalizarem. No processo, milhares não conseguiram pagar a dívida colonial e foram anistiados. E quando ressarciram foi em condições módicas.
Sendo cotistas do Brasil puderam superar a maldição de miseráveis, pobres, servos, e de execrados socialmente. Muitos sequer podiam montar a cavalo, hoje, seus descendentes são até patrões de CTG, mas condenam as cotas, a mão, a ponte, o vento benfazejo, que mudaram a vida de suas famílias.
No início, no século XVIII, sobre os territórios dos charruas, minuanos, kaingangs e guaranis se aplicou a cota de “sesmaria”, um módulo de algo em torno de 13.000 (sim, treze mil) hectares. Se exterminou dois povos nativos para se formar a oligarquia. Em seguida, na metade do mesmo século, aos casais açorianos, destinaram-se “datas”, equivalentes a 272 hectares. No século XIX, aos imigrantes, concederam-se as “colônias”, de mais ou menos 24 hectares. E vieram as colonizadoras particulares e as secretarias do Estado sobre os territórios dos kaingangs e guaranis. E depois a reforma agrária. E mais os programas de expansão da frente agrícola no Brasil central, no Mato Grosso e na Amazônia, com filhos do Rio Grande, na maioria as primeiras gerações dos imigrantes.
Portanto, o Rio Grande é o produto dos cotistas, os quais demandaram sobre outras regiões do país.
E nesta história, a conclusão é óbvia: dificilmente se encontra um indivíduo que não tenha tido familiar cotista. A formação do mercado capitalista de força de trabalho é outra conversa. Faz parte do sistema. Como integra a perversão social o fato histórico de que os proprietários tendem ao individualismo, à baixa solidariedade, ao acúmulo sem compromisso cidadão. Demonstram isto os herdeiros dos cotistas do passado e dos programas de incentivos recentes, com a discriminação, a falta de solidariedade, exacerbado racismo, e o típico deboche dos idiotas.
*Tau Golin é jornalista e historiador.
FONTE:http://www.geledes.org.br/os-cotistas-desagradecidos/

Negro é lindo

Conheça blogs e fanpages que valorizam a negritude quando o assunto é beleza

 Texto: Amanda Nunes
De moda à maquiagem, de estilo à experiências pessoais: os temas dos blogs destinados ao universo feminino são inúmeros. Hoje, despertam massivamente o público e criam novos personagem no mundo da rede. Grande parte desse sucesso está ligado a um fato: identificação. Percebendo que o conteúdo é feito por pessoas reais para pessoas reais, cria-se um apelo que justifica tamanha repercussão.
Porém, por maior que seja o sucesso inaugurado nessa categoria midiática, poucos são os que conseguem abranger uma esfera universal. Existe segmentação e segregação de público. Fizemos uma lista dos blogs e fanpages que mostram que valorizam a negritude quando o assunto é beleza.
Vai Lá: 
Meninas Black Power

Indiretas Crespas

Criloura

Soul Negra

Trança Nagô

Black Bárbaros

Nega Rosa, Rosa Negra

Just Found

FONTE:http://www.geledes.org.br/negro-e-lindo/

Resenha: “Amor e Sofrimento – O acaso-destino de uma mulher negra”


Por Alef Lima
CONDÉ, Maryse. Eu, Tituba, Feiticeira… Negra de Salem. Tradução de Angela Melim. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
            O acaso muitas vezes é precedido por uma urgência, uma rapidez qualquer no nosso tempo de vida que exige escolhas rápidas e fáceis. Que nem sempre são tão rápidas e tão fáceis. Foi deste modo que o livro da escritora Maryse Condé[1], apareceu para mim. Quando falo, apareceu não me refiro a uma visão onírica, nem do além. Trata-se da terrível sorte do acaso, que já me mostrou uma infinidade de livros e autores que jamais poderia conhecer pela via sacramentada da academia.
            Estava eu procurando um livro que há tempo tinha visto na Biblioteca de Ciências Humanas da Universidade Federal do Ceará. Procurava por Rachel de Queiroz e já fazia alguns meses que tinha lido um de seus livros e me encantei, resolvei escavacar a prateleiras, com o intuito de rememorar a emoção nordestina que é ler Rachel de Queiroz. Mas, algo aconteceu e o livro não aparecia. Num dado momento vejo-me capturando um livro amarelado com a pintura de uma negra, colhendo uma flor alaranjada. Verifiquei o título, a autora e a editora. Coloquei de volta na estante e voltei a minha busca. Desistir em cerca de vinte minutos de procurar aquele livro que não se revelava. Notei o momento em que uma moça colocava aquele livro amarelado de volta a prateleira como eu fiz há instantes atrás. E não permitir novamente aquele ato de desprezo, interrompi aquela ação. Levei o mesmo junto com outros que haviam me comovido.
            Nunca tinha ouvido falar em Maryse Condé, Barbados, Tituba ou qualquer daqueles nomes expressos na capa e na contracapa. Detive-me apenas em examinar o que o livro dizia de si. Tratava-se de uma mistura entre documento histórico e imaginação literária, com suaves toques de feminismo, um tempero de amor, uma história úmida de sofrimento e a latência da religiosidade africana. Tudo parecia encaixar-se numa rota biográfica e apontava para os dilemas heroicos e humilhantes pelos quais, os negros trazidos do continente africano caminhavam com correntes pesadas, rostos desprezados, beleza altiva, e uma brisa cada vez mais densa de revolta.
            Na realidade o livro tem a função de um diário, conta a história de Tituba uma negra que nasceu do estrupo que sua mãe sofreu de um marinheiro bêbado, remontando passo à passa a constituição de sua personalidade. A mãe de Tituba chamava-se Abena e era descendente de uma etnia africana, chamada Ashanti ainda tinha no rosto cicatrizes tribais dos seus tempos infantis. Era uma bela negra. Ela tinha sido comprada por um fazendeiro da ilha de Barbados, nas Antilhas. Ele tinha uma vasta plantação de cana-de-açúcar, junto com ela também havia adquirido dois homens fortes da mesma etnia.
            E assim começa a aventura de nossa heroína no início do século XVII, na condição de escrava, de mulher, de uma futura feiticeira. Resumido: a história inicia-se com sua mãe que foi dada pelo seu dono a um negro que, no entanto, se mostrou afetuoso e um grande companheiro, dando amor e atenção àquela pequena criatura que havia nascido de um ato de violência. Mas, aquela atmosfera não existiu por muito tempo, para se livrar de um segundo estupro Abena atacou o fazendeiro que a tinha comprado e foi condenada a forca. O seu companheiro suicidou-se tamanha a dor daquela perda. Tituba ficou sozinha e foi expulsa das plantações.
            Não ia demorar muito para que aquela criança que tinha apenas 5 ou 6 anos de idade fosse morta pelos intempéries ou pela fome. Porém, a solidariedade dos escravos não permitiu tal fato e logo ela teve uma nova mãe. Uma mulher já idosa chamada Man Yaya, conhecida como feiticeira, ela falava com os invisíveis (os espíritos dos mortos), conhecia as plantas, suas combinações, os unguentos, os emplastros, a transmutação das formas e as formas diversas dos sacrifícios. Tudo isso foi ensinado à pequena Tituba que cresceu aprendendo a religiosidade africana, e principalmente a ideia de que tudo aquilo tinha um único sentido: dar alívio aos angustiados e fazer somente o bem. Mesmo os homens controlando a externalidade da natureza, não reconheciam os rastros ocultos que governam os seus destinos.
            Cruel mesmo é carne que faz sofrer pela saudade o espírito. Mesmo sendo órfã, a sina de Tituba tornava a se repetir e sua nova mãe também morre em decorrência da idade. E junto com o espírito de sua mãe e de seu protetor, tornam-se confidente daquele ser que vivia nas terras pantanosas da ilha de Barbados. Por meio dos conhecimentos adquiridos ela conseguiu sobreviver, aos ventos e as chuvas. Porém, o amor como instância de sofrimento não poupa o mais sofrido dos seres. Fecha-se a roda do destino, uma mulher, negra, filha de uma escrava, adotada por uma bruxa; se apaixona e seus males iniciam com um amor que a leva a aldeia de Salem.
            Tituba conhece John Índio um mestiço que trabalhava para a nova dona das plantações de cana. Surpreende-se ao querer arrumar o cabelo, ao encontrar uma feminilidade esquecida no meio do lodaçal do pântano. Num ato de desespero juntar-se a aquele homem e se ver, escravizada. Não só por John Índio, mas também pela sua sinhá, mulher puritana e viúva que obrigava seus escravos a rezar o pai nosso. E que desprezava a negrume da cor negra como se fosse uma marca cruel da “danação”.
            A heroína é tentada a se colocar contra aquela mulher e seus poderes outrora voltados para o bem se tornam uma arma. No entanto, um preço deve se pago e Tituba é levada junto com seu companheiro para Salem por um pastor puritano, frio e calculista. Lá conhece a família desse homem: sua mulher e duas sobrinhas. Apega-se a essa gente e como resultado usa por várias vezes seu poder com as ervas e as plantas para curar-lhes a saúde. Mesmo assim quando chega a aldeia de Salem é acusada de bruxaria e sofre uma série de humilhações.
            Bruxaria que na realidade não passava de um grande esquema político de seu dono que estava com salários atrasados. Sendo isso, somente a ponta do iceberg; querelas econômicas e políticas mais amplas envolvendo toda a província de Massachusetts estavam em jogo. No fim consegue passar pelo julgamento sem pegar a pena máxima. Mas, melhor teria sido a morte, a prisão lhe quebrou o espírito e aquele lugar sombrio a emagreceu. Fez seus dentes caírem. Tinha uma amiga naquele lugar, mas seus dias não eram abrandados devido saudade de sua terra.
            No final é comprada por um judeu que lhe concede amor na cama e liberdade ao passar por momentos complicados. Finalmente depois de um longo percurso, encontrava-se de volta a sua terra, lutou contra o mar e o vento e venceu parcialmente suas forças. Chegando lá foi levada ao esconderijo de negros que haviam fugido e criavam uma espécie de comunidade “quilombola”. Lá outra vez enveredou-se com um homem que lhe causou uma gravidez. Decidiu que era melhor voltar a suas terras pantanosas para criar aquele bebê e conseguir um pouco de descanso. Mas, o destino lhe pregava novas peças e um outro escravo aparece em sua vida, junto com ele e suas intenções revolucionárias: esperava por ela a forca e a morte de sua filha que se quer chegou a nascer.
            As condições da escravidão se agravam para uma mulher. Tituba tinha sido avisada várias vezes ao longo de sua trajetória pelos espíritos de suas mães, acerca do amor daquele homem, do amor de todos os homens. Sua religiosidade foi tomada como maligna, sua cor sinalizava a marca demoníaca, seus sentimentos foram traídos. Tantas vezes o sofrimento é simétrico ao amor, no caso de nossa heroína ele simbolizava todo um percurso histórico de um povo separado de sua terra.
            Se o que se espera de um livro baseado em sentenças de um julgamento que aconteceu em 1692, é a frieza de argumentos objetivos que tenham como intenção retratar de maneira fiel uma época puritana e hipócrita. Não é isso que o leitor irá encontrar, na realidade ele terá acesso a uma vida cálida, sem grandes sobressaltos que foi criminalizada injustamente, traída injustamente. Uma vida solidária para com o seu povo, sofrida e simpática ao alívio dos sofrimentos dos outros. É Tituba uma negra, feiticeira, escrava, mulher, pobre, analfabeta, traída, sem descendentes. Como é similar sua condição com tantas outras? Por que tanto sofrimento em troca de pouco amor? Seria esse o destino de todas? Será que é isso, o amor nos faz temer a vida?
            Não sei como responder essas perguntas pois também sou um alvo de acasos como qualquer um, como o acaso que me fez ler esse livro singelo e complexo. Também tenho medo de amar, depois de ler sobre o sofrimento de Tituba. No final parece que não resta muito a se fazer. Amar se impõe enquanto sofrimento. Particularmente recomendo a leitura desse livro, não por tratar do sofrimento, ou do amor, ou da escravidão. Mas, sim pelo acaso, pela urgência de compartilhar as angustias que nos fazem prisioneiros do destino social do amor (o sofrimento) – para poder subvertê-lo pela emergência inesperada do acaso das paixões passageiras.
 http://adobservare.com/
Referências:
NOVAES, Adauto (Org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia das letras, 2009.
CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Cia das letras, 2007.
[1]Ganhadora do “grand prix littéraire de la femme”. Professora de literatura antilhana na Universidade de Columbia.
FONTE:http://www.geledes.org.br/resenha-amor-e-sofrimento-o-acaso-destino-de-uma-mulher-negra/

A Copa do Apartheid: No futuro ficaremos também fora dos campos nos estádios


por marcos romão
Alguém já se perguntou qual a chance de um garoto pobre virar craque de clube no Brasil de hoje em dia?
Como nas cidades não tem mais campinhos, e quando tem, as escovas dos esquadrões da morte limpam não só os gramados, a barreira para a entrada de talentos não protegidos pelos gatos no mundo de futebol ficou enorme.
Na Alemanha tem associação futebolísticas em tudo quanto é esquina, recebem incentivo do Ministério de Educação, e condicionam a participação da garotada à frequência escolar. É lá que os clubes vão buscar os talentos nacionais, muitos filhos de migrantes de África, polacos, brasileiros, turcos, russos e etc. Observem os nomes dos jogadores das últimas seleções da Alemanha e terão confirmado o que observei nos últimos 20 anos.
Garotos dos confins brasileiros já descobriram isto e embarcaram nos últimos anos para a Alemanha e outros países que seguem este modelo de incentivo ao esporte, pois não é só futebol. Quem sabe em 2022 o goleador alemão contra a seleção brasileira seja um Dos Santos, ou um Nascimento.
Resumo: como tudo que dá dinheiro no Brasil acaba ficando nas mãos de um elite, que sempre privilegia somente os méritos de seus pimpolhos, a essência do “jeitinho” brasileiro na formação de seus times desde1958, que foi a multidiversidade cultural, étnica e nacional, foi anulada.
A copa do apartheid que todos assistiram nos estádios da Copa 2014, não foi uma invenção da Fifa, ela é um dos resultados nefastos da segreção racial, econômica e social, implantado no duplo sistema educional brasileiro, o privado e o público. Como o futebol virou profissão de elite, as verbas vão para o setor privado, e pouco sobra para investir na formação dos talentos esportivos de todas as áreas, que se encontram no área pública da nação. Vamos continuar fora dos estádios e no futuro também dos campos.
FONTE:http://www.geledes.org.br/copa-apartheid-futuro-ficaremos-tambem-fora-dos-campos-nos-estadios/


Eu não vou roubá-lo


Por Luiz Roberto Lima, em Coletivo Carranca
Bem arrumado e elegante, cheiroso e todo style, desço do metrô, e pego a escada rolante que dá acesso à praça Cinelândia. Alguns degraus acima, vai uma moça de tés clara, perfil de estudante universitária. Ao olhar pra trás e me ver, ela logo sentiu-se desconfortável e segurou a bolsa.
Fiz de conta que não percebi. Assim que a escada aproximou-se do seu objetivo final, e mal o degrau recolheu-se, a menina se antecipou e acelerou o passo. Foi-se à direita, na mesma direção da calçada do consulado, aonde eu estava indo buscar o visto. Ao me ver novamente, ela entrou em pânico e começou a correr desesperada pela calçada e pediu socorro a um homem que vinha do lado contrário.
O homenzarrão a abraçou prontamente, no intuito de protegê-la. Fechou a cara e veio ao meu encontro. Como na verdade ele viu que eu estava arrumado, pensou duas vezes. Foi o tempo de eu gritar – que eu não ia roubá-lo e não precisava rouba-la. Atônitos, passaram correndo os dois por mim. E logo foram socorridos por outros transeuntes.
Quanto a mim, só coube desabafar com um senhor que varria a frente de um comércio. E o medo que dali criassem uma turba e viessem os “justiceiros”. Talvez seja o momento de eu estampar uma camiseta para dar segurança às pessoas de bem com o slogan: EU NÃO VOU ROUBÁ-LO.
FONTE:http://www.geledes.org.br/eu-nao-vou-rouba-lo/