sexta-feira, 27 de junho de 2014

SENTIMENTO DE PERDA DE IDENTIDADE PROFISSIONAL. Texto de Marcelo Silles

Ações e olhares reacionários mediante a tácita decepção vocacional, revelam um quadro desanimador da prática do Serviço Social em Bom Jesus do Itabapoana-RJ. Quando saímos da academia com o orgulho bacharelado munidos daqueles instrumentos teoricamente eficazes, muitos (as) Assistentes Sociais interiorizam o abastardaísmo madames e madamos da sociedade bonjesuense e com isso, incapazes de administrar emocionalmente as tensões junto às demandas que surgem no cotidiano.
            Esses microconflitos acabam por se tornarem macros à medida que os profissionais da Assistência coisificam suas práticas, ações e atendimentos através de discursos de inclusão, mas que acabam por excluir e segregar o usuário da Assistência em todos os setores.
            Gerado por um conjunto de fatores, entre eles o comodismo, a discriminação e o preconceito, os (as) Assistentes Sociais bonjesuenses atuam sob um olhar hostil diante as condições que demandam sua atenção como profissional, comprometendo a qualidade do trabalho nos âmbitos das políticas criando assim um entrave na luta por garantir os direitos sociais dos usuários e a manutenção de seu status quo profissional que não existe.
            O profissional bonjesuense acaba por silenciar qualquer crítica aos arranjos sistêmicos ao sinalizar para a necessidade e os limites do usuário que busca solucionar o seu problema. Provoca o silêncio com receio da crítica constante e com isso nutri cada vez mais o usuário uma insatisfação com o atendimento.
            Com ares de vítima dócil e escrava, o profissional acentua cotidianamente o seu lapso assistencialista minando assim valores de ética e cidadania. Alguns tendem ao papel crucial de mea culpa, outros exibem desde berço o seu espectro mais conservador.
            Apesar dos pesares é possível, em práticas significativas, socializar e ressignificar a prática profissional através de um debate substantivo iniciado a partir de um determinado período histórico.           
            Posições sectárias retraem e desvalorizam a profissão, deixamos de ser agentes catalisadores do direito e cidadania, passando a ser apenas críticos do existencialismo, mas sem conteúdo pois, teoricamente a prática leva a valorização. Precisamos equacionar algumas condições básicas: Atuação compromissada do Assistente Social; Sensibilidade nas análises de estudo; Criticidade ética ao avaliar a demanda surgida; Policiamento do seu eu ao avaliar a problemática trazida junto à demanda pelo usuário.

            E por fim, é necessário rever os conceitos éticos e de cidadania do Serviço Social em Bom Jesus, é preciso entender que, durante o período acadêmico, não é ensinado aderir ao status quo, mas sim discutir e aperfeiçoar a prática profissional. Isso significa valorizar mais o ser humano e deixar de lado um status que nunca foi nosso.