terça-feira, 8 de outubro de 2013

OS ASSISTENTES SOCIAIS BONJESUENSES NO ÂMBITO DAS DISCUSSÕES E REPARAÇÕES.

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE & RAPPER.

Até que ponto podemos considerar e reconsiderar a dimensão histórica de reparação em relação a região que pertence as duas Bom Jesus?

Em que grau de aceitabilidade no que tange o embate segregacionista e de exclusão podemos fazer uma análise dos indivíduos de que alguma forma, não se beneficiaram desde a sua fundação, das benéficas condições nativas das gerações que se seguiram em curso?

Volta e meia farpeio a ontologia do devir bom-jesuense bem como sua contemporaneidade. Não sei ao certo quantos (as) Assistentes Sociais existem em Bom Jesus do Itabapoana-RJ e Bom Jesus do Norte-ES, o que sempre me questiono é será que a maioria sabe a real função do ser Assistente Social? Muitas são as pessoas que comentam e reclamam de algum mau atendimento. Bem, de certo afirmar que essas pessoas também não sabem a real função do profissional de Assistência cabendo a este mostrar a sua real função no campo de atuação.

Benesses, assistencialismo, caridade ainda são perfis que permeiam o profissional de Assistência fazendo com que ele seja visto somente como uma peça de recauchutagem pelo sistema, ou seja, sempre requisitado para ações paliativas reformulando um modelo de projeto já aplicado, mas que não modifique a sua metodologia. Portanto, se o projeto for um projeto imutável do ser enquanto ser dependente do sistema, este não terá interesse que ele mude, portanto sempre o reformulando de uma forma que dê uma repaginada, mas não modifique a sua estrutura assistencialista.

Ressalto aqui o perfil de alguns Assistentes Sociais que apresentam a profissão com uma postura classista direcionada a média. Rogam-se verdadeiros doutores e doutoras, fazendo com que os usuários os vejam como santos intercessores de seus problemas cotidianos. Flexibilizar essa relação de tensão evidente, é um dos obstáculos a cerca da profissão na minha opinião em Bom Jesus, pois ainda percebo certa distância no quesito tratamento aos usuários por alguns Assistentes Sociais. Não basta apenas atender a demanda trazida pelo indivíduo, precisa-se também entender essa demanda e posteriormente as conseqüências que trarão se o mesmo não for solucionado. Apesar da precariedade do sistema e da aplicabilidade das ações, saber entender a demanda, repassando de uma forma que o usuário reconheça o esforço a ser efetivado, faz com que o profissional evite conflitos cotidianos, pois o mesmo está à mercê, no front, como escudo da falha do sistema.

E no que cabe a reparações, será que os Assistentes Sociais estão antenados nesse debate nacional? E em Bom Jesus, é viável uma política de reparação? Se sim de que modo seria avaliado?

Muito se sabe da cultura conservadora bom-jesuense e suas gerações clientelistas, assistencialistas e principalmente paternalistas. Manter essa ordem sempre foi o primordial para a manutenção do status quo da dita sociedade do “bem” bom-jesuense. Maquinamente essa operação de manutenção do “sim senhor e não senhor” tem deveras contribuições do sistema de exclusão, sendo assim uma discussão em torno das benfeitorias ações de reparações de cunho territorial faz-se em questão bem quista.

E o que seria essa política de reparação bonjesuense?

Giraria em torno de uma política pública no âmbito da Assistência em que a mesma se tornaria encarregada de gerenciar os recursos reparatórios, como também de elaborar os projetos de execução tais como acordado a essas reparações. Com base piramidal destacamos que a classe periférica nos dias de hoje, remota bem a marginalização de sua posição em meio às conquistas da classe elitizada, intercalando ao aparelhamento das condições de vida para que não se perca a mão de obra servil de caráter subserviente e dócil. Portanto a ideologia meritocrática de valoramento do trabalho, enquanto ser prestativo na reprodução do modo de vida elitizado, fazia com que esses indivíduos não almejassem uma outra condição de destaque na sociedade, sendo assim que entendessem o sentido do seu lugar.

Apreciados eram enquanto contribuintes da manutenção desse sistema conservador de engodo meritocrático. Gratidão acompanhada junto com a frase “o trabalho dignifica o homem”, eram e ainda continua por alguns sendo a grande promoção de enganação do indivíduo. Cabe destacar os considerados grandes feitos dos antigos senhores e senhoras bom-jesuenses, mas cabe a se destacar também a total visão turva do futuro no qual a municipalidade aguardava, mas não previa. Na atualidade que nos encontramos se deve a falta de empenho pretérito em beneficiar todas as classes de gozar de benefícios que póstumos talvez éticos, e moralmente, poderiam ter evitado transtornos em nossa sociedade no meio social e humano.

Um discurso de que o cidadão aumentou o seu poder de consumo atrelado à qualidade de vida fica um tanto dúbio, o discursante utiliza-se de métodos positivistas para arrendar adeptos e convencer a grande massa. A perversidade das falas de alguns (as) Assistentes Sociais de perfis positivistas causa náuseas e é tácita a total ingenuidade de seus ouvintes e crentes do teor de suas promessas.

Até que ponto podemos considerar e reconsiderar a dimensão histórica de reparação em relação a região que pertence as duas Bom Jesus?

Em que grau de aceitabilidade no que tange o embate segregacionista e de exclusão podemos fazer uma análise dos indivíduos de que alguma forma, não se beneficiaram desde a sua fundação, das benéficas condições nativas das gerações que se seguiram em curso?


Por final, se ainda nos utilizamos de métodos positivistas em nossas ações enquanto Assistentes Sociais, seremos portanto ainda incapazes de responder as essas duas perguntas de âmbito territorial e regional. Refaçamos uma análise de nós mesmos reavaliando o nosso comportamento enquanto ser cumpridor de seu dever e missão.