terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mano Brown mostra novidades sobre seu primeiro disco solo


por Mandrake

Mano Brown apresenta pela primeira vez, a capela, uma das músicas de seu primeiro álbum solo. O integrante do Racionais MC’s recebeu a equipe da ONErpm Sessions em um estúdio, em Pinheiros, durante uma pausa no trabalho de mixagem de Boogie Naipe, seu primeiro álbum solo. Mano Brown cantou “Foi Num Baile Black” a capela.
O vídeo é uma amostra do que podemos esperar, ressalta a produtora Boogie Naipe que, ao longo do ano de 2014, pretende trabalhar forte devido as comemorações dos 25 anos do grupo Racionais MC’s.
O material inédito faz parte de uma série de programas da ONErpmSessions, que estreia oficialmente nessa semana nos canais da rede musical ONErpm, no YouTube. A série, gravada no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Barra do Jacuípe, apresenta artistas quase sempre fora do palco, em performances intimistas e reveladoras.
..
Vídeo – Racionais TV - Mano Brown canta “Foi Num Baile Black”

FONTE:http://www.geledes.org.br/patrimonio-cultural/artistico-esportivo/musica/cantores-compositores/23513-mano-brown-mostra-novidades-sobre-seu-primeiro-disco-solo

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PARTIDOS, FRAÇÕES PARTIDÁRIAS: A DIVISÃO DO POVO EM PARTES E PEDAÇOS DE PROJETO, PROGRAMA, ORGANIZAÇÃO DE FRAÇÕES PARTIDÁRIAS E PARTIDOS. Por Reginaldo Bispo-MNU de Lutas, Autônomo e Independente.


Jean Bertrand Aristide, ex-presidente do Haiti, eleito pelo povo, e derrubado pelos EEUU, duas vezes-, em uma histórica e longa entrevista dada na Europa, conta que a articulação que o elegeu ambas as vezes, nada tinha dos partidos tradicionais do país, que se tratou de uma grande articulação dos movimentos sociais, das periferias, insatisfeitos com os rumos que as elites á décadas, davam ao pais. Entenderam haver chegado o momento de o povo Haitiano dar uma demonstração para o mundo que nenhuma crença ou pregação hipócrita, deteria o povo, rumo à sua autodeterminação e autogoverno. Duas vezes derrubado pelas armas do imperialismo, a CIA, não cessou a determinação do povo em resistir à adestrada e subalterna elite entreguista haitiana. Temporariamente foram derrotados pelas catástrofes naturais e a ocupação estrangeira que tenta quebrar o brio revolucionário do povo, mas o Haiti resiste.

                             PARTIDO É O POVO DIVIDIDO EM PEDAÇOS.

Quando me perguntam se faço parte de um partido, respondo:

- Saí de um partido para construir um inteiro!

Um partido politico, é parte do povo, parte do poder, parte da ideologia, parte programática, da tática, da estratégia, e parte da organização do povo em pedaços.

Os negros enquanto maioria desorganizada, sem vez ou voz, ao se vincularem a um desses pedaços, subordinam-se às suas bandeiras e direções. Impedidos de falar porque são minorias não dirigentes na parte, lhes é exigido fidelidade aos objetivos do pedaço e da bandeira a qual se ligara. Quando compõem as frações, correntes ou tendências dessas legendas, nem assim se falam, o que se pode constatar em quaisquer oprimidos, pois sem tradição na militância partidária, também devem subordinação e fidelidade aos seus dirigentes.

Isto não quer dizer que os partidos não se falam, pragmaticamente por conveniências. Suas direções se compõem o tempo todo, o que não é permitido ás bases, devido as formas de representação, se tornando minoria, desorganizados e subalternizados dentro de um tipo de organização que não entendem, porque não tem tradição ou força para intervir.

A estrutura partidária, em sua logica, unida na verticalidade de suas direções, e dividida na horizontalidade de suas bases, impede qualquer conscientização, aspiração, ou organização do dominado. Favorecem á concepção individualista, elitista e carreirista de seus personagens dominantes, concedendo a esses, o apoio através do voto popular, para ascenderem e se perpetuarem na burocracia partidária, nos cargos eletivos de poder, sem serem ameaçados por quem os elegeu.

Pra que servem essas denominações então?
Além das secretarias, foram criadas organizações-braço partidárias, que não se constituem espaços negros independentes, mas, organizações-apêndice, auxiliar e subordinadas aos partidos: Quilombo Raça e Classe do PSTU; Unegro do PCdoB; Conen, e ANLU-MNU do PT; o MN do PDT, MN do PSB, o Circulo Palmarino do PSol, o Tucanafro do PSDB e assim por diante.

É nesse panorama que descrevemos a capitulação da militância do MN ás estruturas organizativas e politicas dos atuais partidos e cargos em governos, negando-se a imaginar a existência de outra saída, que não a logica da cooptação, capitulação e alternância como projeto pessoal. As denominações servem para empoderar os chefes, e os donos das siglas.

OS PARTIDOS POLÍTICOS E AS ORGANIZAÇÕES POLITICAS NACIONAIS.

O quilombo de Palmares, enquanto uma nação que garantia a liberdade e o direito à vida a todos os quilombolas, em pleno século XVII, constituiu-se em uma força porque, além de um espaço de organização coletiva, compunha-se de propósitos que eram comuns a todos. Palmares em seu auge era habitado por mais de 20.000 defensores.

A Frente Negra brasileira, atuante entre 1930 e 1937, chegou a ter mais de 30.000 membros em suas fileiras, antes de transformar-se em partido, depois, virou apenas uma lembrança para nosso povo.  Isto em uma conjuntura onde os negros tinham se livrado do escravismo há pouco mais de 42 anos, onde as más condições de vida, a ausência total de direitos, os obrigaram a organizar-se construindo uma unidade para seguir o exemplo e a efervescência das reivindicações dos imigrantes europeus, operários na florescente indústria.
Note-se que foi entre 1930 e 1945 que surgem a maioria das organizações negras, de solidariedade e pecúlio (para ajuda em casos de doença, invalidez e falecimento), bem como os clubes negros, pois as associações e sindicatos de trabalhadores imigrantes não permitiam a participação de negros. Entretanto, é também neste momento que o negro pela primeira vez, adentra ao mercado de trabalho no serviço publico e privado, inclusive na Guarda Civil paulista, até então fechado aos negros. É quando também é criado o Teatro Experimental do Negro, com centenas de participantes, ganha postos nas décadas posteriores colocando dezenas de negros no Teatro, no radio, no cinema e depois na televisão.

O MNU desde seu lançamento em 07 de julho de 1978, constituiu-se em uma força de organização e referencia do povo negro até em 1991, quando com o ENEN, inicia-se a divisão de seus militantes em tendências dentro do PT, e depois disso, para a formação de inúmeras legendas, o PDT, o PSTU, o PSol, o PCdoB etc.
Podemos buscar os mesmos exemplos em organizações nacionais dos povos no mundo: O ANC, na África do Sul, e a OLP, na Palestina, que uniam, representavam e mobilizava todo o povo, ao se transformarem em partido, e deixam de cumprir esse papel. Como elas, poderíamos citar a Renamo; A Frelimo, e tantas outras.

                             ORGANIZAÇÃO NEGRA, AUTÔNOMA E INDEPENDENTE,
Desconhecendo outras iniciativas e formas de organização para fazer politica, apenas os partidos, a militância mal informada entra no jogo perigoso de que só existe uma única forma de disputar o poder, por equivoco e também por oportunismo, entregam as organizações populares para cumprir papel auxiliar dos mesmos.
Ao fazê-lo, apostam em manter tudo exatamente como se encontra, sem avanços significativos há mais de um século. A única hipótese alternativa que alguns vislumbram, pela mesma miopia, é a criação de um Partido Negro. O que seria apoiar a mesma logica, criando mais uma parte, mais um pedaço do povo, do programa, da ideologia, do poder...Pois os negros partidarios continuariam onde estão, sejam de esquerda, centro ou direita, com o agravante de que os partidos negros, na historia do Brasil, sempre foram legendas de aluguel de políticos poderosos, como Getúlio, Maluf, FHC, Lula, etc.

Há uma terceira via, na Venezuela as organizações populares podem lançar candidaturas avulsas. Depois, sempre existe a possibilidade de uma organização popular, de maneira soberana, em sua tática de disputa da politica institucional, mantendo a sua autonomia, lançar coletivamente uma candidatura sua, legitima, por uma legenda que lhes seja simpática e que se aproxime de suas ideias, programa e ideologia.
Organizações politicas não se servem prioritariamente ao proposito de disputar eleições, mas, de aproximar ideias, construir programas e dinâmicas, elaborar táticas de ação comum, unificar estratégias e organizar pessoas em torno de projetos nacionais de grande interesse, disputando propostas politicas para mudar a correlação de forças. Esta é a discussão e as proposições que lhes apresento:


CONSTRUIR UMA ORGANIZAÇÃO POLITICA NEGRA NACIONAL,                                                                   AUTÔNOMA E INDEPENDENTE DE GOVERNOS E PARTIDOS!

Que tenha como referencia:
  1. Um Projeto Politico de Nação plurirracial e multicultural;                                                                          
  2. Um Programa de Reparação Histórica e Humanitária;                                                                            
  3. Programa de metas de curto, médio e longos prazos;                                                                               
  4. Carta de princípios com o povo negro, indígena e trabalhadores, bem como, a defesa e preservação do planeta para as futuras gerações da humanidade;                                                                                
  5. Estatuto rigorosamente democrático na garantia do debate e deliberações das ideias e propostas, responsabilidade, compromisso e disciplina, na unidade dos encaminhamentos;                                   
  6. Que O Manifesto de Negras e Negros Organizados Lutando por Seus direitos, seja o documento conceitual e programático para inicio de construção.
  7. Que o texto: “Racismo como Ideologia de Dominação Politica”, seja subsidio para debate das questões econômicas, politicas e ambientais, sem o prejuízo de outros que vierem a ser propostos pelos participantes, ao longo dessa construção. 
Reginaldo Bispo-MNU de Lutas, Autônomo e Independente.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

NEGRITUDE ATIVA, HIP HOP CAPIXABA.

O Grupo de Rap NegritudeAtiva é fruto do Movimento Hip-Hop, tendo sua origem em meados de 1994, o grupo surgiu à partir da organização semanal de jovens que tinham como objetivo reunir valores potencias das comunidades e buscar soluções para amenizar os impactos sociais acometidos aos aglomerados urbanos, culminando na mobilização dos elementos da cultura Hip-Hop.
O NegritudeAtiva é formado por GL Preto, Zumbah, Jeff , Tchos e DJ Parajú, sendo um dos precursores da difusão do Hip-Hop no ES, fazendo parte da produção do 1º registro fonográfico de Rap/Hip-Hop do Estado, o LP coletânea “Tributo à Zumbi” no ano de 1996, que reúnem vários ícones do cenário Rap Capixaba.
Em 1999 gravam o CD “Pretos, Pobres e Revolucionários” em seguida no mesmo ano produzem o LP coletânea “A Falha do Sistema”, e em 2004 lançam o CD “A Ferida da Favela me fez como Seqüela”. 
Em 2008 com um projeto inovador produzem o CD coletânea de caráter sócio-educativo intitulado “Hip-Hop nas Escolas” em uma reivindicação a implementação da Lei 10.639” que compromete as redes de ensino a inclusão da história da África e do negro no currículo escolar.

A atuação do Grupo se dá na perspectiva de possibilitar uma reflexão sobre a fundação da periferia e as conseqüências sociais, políticas e econômicas que permeiam este território, através da Musica Rap, que embala as periferias do Espírito Santo.
FONTE:https://www.facebook.com/Negritudeativa


O RAPPER CAMPISTA GUILHERME CALDAS, LANÇA O SINGLE "FUTURO CENÁRIO"




Nós, os humanos verdadeiros. Quem estava nu além do menino negro acorrentado a um poste por justiceiros?


Precisei escutar o discurso do bem. O que dizem aqueles queacorrentaram um menino negro a um poste com uma trava de bicicleta no Flamengo, no Rio, em 31 de janeiro. Aqueles que cortaram sua orelha, aqueles que arrancaram suas roupas. O que dizem aqueles que defendem os jovens brancos que torturaram o jovem negro. Eu sei que os homens e as mulheres que evocam o direito de acorrentar adolescentes negros em postes, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas porque se anunciam como homens e mulheres de bem – e homens e mulheres de bem podem fazer tudo isso – estão ao meu redor. Eu os encontro na padaria, os cumprimento no elevador, agradeço a eles quando me permitem atravessar na faixa de segurança. Eles estão lá ao ligar a TV. Mas o que eles dizem que é preciso escutar?

O discurso do bem cabe em poucas frases. O Estado é omisso. A polícia é desmoralizada. A Justiça é falha. Diante desses fatos, e todos os fatos são sempre inquestionáveis no discurso do bem, acorrentar jovens negros em postes com trava de bicicleta, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas é um direito de legítima defesa dos cidadãos de bem. Se quiserem torturar o menino negro, como fizeram, eles podem, assegura o bem. Se quiserem matá-lo, eles podem, também. E alguns o fazem. Meninos negros não são meninos. Não é preciso investigação, não é preciso julgamento, não é preciso lei. Os cidadãos de bem sabem, porque são a lei. Também são a justiça. O menino é um marginalzinho, é também um vagabundo, diz o bem. E bandido bom é bandido morto, garante o bem. Se você não pensa assim, o bem tem um pedido a lhe fazer: faça um favor ao Brasil, adote um bandido. Simples, direto, objetivo. O discurso do bem orgulha-se de ser simples, orgulha-se de só ter certezas. A dúvida atrapalha o bem. E o bem não deve ser perturbado. E como duvidar que acorrentar um menino negro a um poste pelo pescoço, cortar a sua orelha e arrancar suas roupas é o bem?
Encontro uma explicação definitiva no discurso dos justiceiros amplificado nas redes sociais. Quem acorrenta um jovem negro a um poste, corta um pedaço da sua orelha e arranca suas roupas – e quem defende o direito de fazer tudo isso – são os “verdadeiros humanos”. E também os “humanos verdadeiros”.
É uma guerra, descubro, entre humanos verdadeiros e humanos falsos.
Neste ponto, tenho uma dúvida. Talvez eu não seja uma humana verdadeira – ou uma verdadeira humana –, porque além dessa dúvida sobre a veracidade de minha humanidade, eu ainda tenho outra. O que os humanos verdadeiros – ou verdadeiros humanos – viram ao arrancar a roupa do menino negro? O que eles enxergaram ao se deparar com sua nudez? Será que foi por isso que arrancaram suas roupas, para provar que ele não era humano? O que aconteceu quando descobriram que seu corpo era igual ao deles? Ou não era? Será que foi nesse momento que cortaram a sua orelha, para marcá-lo como um humano falso, já que Deus ou a evolução não haviam providenciado essa diferença no corpo? Ou basta a cor, como já disse um pastor evangélico dedicado aos direitos humanos? Que perturbadora pode ter sido a nudez do menino, ao se tornar espelho dos justiceiros e os deixar nus, enquanto batiam nele com seus capacetes.
Quem estava nu nessa cena?
As dúvidas não fazem bem ao bem. Por associação eu concluo que há também os jornalistas falsos e os verdadeiros. Os falsos tenderiam a acreditar que, no jornalismo, uma opinião só pode ser dada com informação, pesquisa e investigação da realidade – ou não é uma opinião para o jornalismo, só um vômito de palavras. Os falsos pensariam que, para falar das ruas, seria preciso ir às ruas. Os falsos mostrariam que, quem mais morre por violência, no Brasil, são os jovens negros e pobres como aquele que foi acorrentado a um poste pelo pescoço. Mostrariam também que as maiores vítimas de violência de todos os tipos estão nas periferias e nas favelas – e não no centro, muito menos nos condomínios fechados. Os falsos se preocupariam em esmiuçar o contexto em que o fato foi produzido, explicar as raízes históricas que fazem com que as maiores vítimas de violência sejam os negros e os pobres, a começar pela abolição da escravatura que não se completou. Os falsos se esforçariam para revelar a complexidade de uma cena que remete à escravidão se repetir mais de 125 anos depois da Lei Áurea. Os falsos buscariam analisar como a violência é uma marca de identidade nacional, presente ao longo da constituição da sociedade brasileira – e que aquele que diz punir, de fato se vinga. Os falsos saberiam que uma imagem não desvenda tudo nem é toda a verdade. Os falsos suspeitariam que defender o linchamento, ainda que de humanos falsos, e abrir espaço para o incitamento ao linchamento em veículos de massa e na grande mídia poderia ser considerado uma irresponsabilidade que desqualifica o jornalismo e reduz a imprensa.
O que os justiceiros viram ao se deparar com a nudez do menino?
Mas esse é o problema dos falsos. Eles acham que a realidade não cabe em meia dúzia de frases repetidas de forma diferente. São falsos e são fracos porque duvidam das verdades absolutas. Os jornalistas verdadeiros não têm dúvida nenhuma, nem mesmo uma bem pequena. O mundo acaba nos limites do seu próprio mundo, mesmo que este seja um condomínio fechado e que nas poucas vezes em que saiam de casa seja em carro blindado, de um lugar protegido por seguranças a outro lugar protegido por seguranças. Os jornalistas verdadeiros conquistaram, porque são verdadeiros, o direito de estabelecer os limites do mundo e de falar apenas a partir dele. A alteridade, assim como o movimento de escutar o outro e experimentar o seu argumento, faz mal ao bem e também ao jornalismo verdadeiro.
Divaguei. E divagações não fazem bem ao bem. A questão maior, a que abarca todas as outras, inclusive a dos jornalistas, é a dos verdadeiros humanos – ou dos humanos verdadeiros. Também conhecidos como cidadãos de bem.
Aqui, exatamente aqui, eu tenho outra dúvida. Essa me perturba mais. Percebo que, se estes são os humanos verdadeiros, os que acorrentam jovens negros a postes com travas de bicicleta, cortam a sua orelha e arrancam suas roupas – assim como os que defendem os cidadãos de bem que fazem tudo isso –, minha tendência é me alinhar aos humanos falsos.
O discurso do ódio serve para nos assegurarmos não só de nossa diferença, mas
principalmente de nossa inocência
A distinção, porém, permaneceria. Com o tempo, eu poderia sucumbir à tentação de considerar que os falsos são os melhores. E, em seguida, talvez ousasse dizer que os falsos, na verdade, são mais humanos do que os outros. E, logo, aqueles que não acorrentam jovens negros em postes, não cortam sua orelha, não arrancam suas roupas – e aqueles que não defendem os cidadãos de bem que fazem tudo isso – seriam os verdadeiros humanos – ou os humanos verdadeiros. E eu me colocaria ao lado deles, como uma apaziguada companheira de manada.
Mas seria fácil demais.
Difícil seria compreender não a diferença, mas a igualdade. Difícil não é me diferenciar, mas me igualar, perceber em que esquinas minha humanidade se encontra com a do menino negro preso ao poste e também com a humanidade dos jovens brancos que acorrentaram o jovem negro ao poste. Para isso, eu preciso perceber que aqueles que arrancaram as roupas do menino ficaram nus, sim, mas também me deixaram nua. Nos deixaram nus. Nós, que não compactuamos com quem acorrenta jovens negros em postes, somos aqueles que estavam na cena, mas não aparecem na imagem. E por isso podem se esconder melhor.
É para isso que também serve o discurso do bem. Ou o discurso do ódio, se preferirem. Para que possamos nos contrapor a ele e nos assegurarmos não só da nossa diferença, mas principalmente da nossa inocência. Para que possamos continuar vivendo na ilusão de que fazemos algo para que meninos negros não sejam acorrentados em postes pelo pescoço. Na ilusão de que fazemos algo para que meninos negros não se tornem, caso alcancem a vida adulta, homens e mulheres que ganham menos que os brancos, que têm menos educação que os brancos, que têm menos saúde que os brancos, que sejam a maioria nas casas sem saneamento. Na ilusão de que fazemos algo para que as mulheres negras não sejam as que mais morrem no parto nem seus filhos os que preenchem as estatísticas de mortalidade infantil. Na ilusão de que fazemos algo para que jovens negros não tenham a entrada banida em shoppings, exceto para trabalhar. O discurso do ódio também serve para que possamos nos contrapor a ele e manter intacta a ilusão de que fazemos algo para que jovens negros não sejam os que morrem mais e mais cedo.
Os justiceiros nos dão a chance de exaurirmos nossa omissão em ruidosa revolta e voltar
esgotados de imagem para o sono dos justos
É preciso encarar nossa nudez nesse espelho em que a imagem, sempre incompleta, mostra apenas o menino negro nu. E abrir mão de uma certa soberba que faz com que, no fundo, acreditemos que somos nós os cidadãos de bem – os civilizados contra os bárbaros. E que dizer isso basta para um sono sem sobressaltos.
A maioria (79%), pelo menos no Rio de Janeiro, segundo pesquisa do Datafolha, é contra acorrentar jovens negros a postes. (O maior índice de aprovação aos justiceiros é encontrado entre os brancos, os mais ricos e os mais escolarizados, e este é um dado importante.) Mas o poste/tronco é apenas a imagem extrema, hiper-real, do que a maioria convive, dia após dia, sem perceber que deveria ser impossível conviver com o fato de que uma parte da população brasileira tem menos tudo, inclusive vida. A abolição incompleta da escravatura está em todas as horas do Brasil. Se não fosse mais conveniente ser cego, enxergaríamos jovens negros presos a postes pelo pescoço o tempo todo. O que a quadrilha de jovens brancos, de classe média, fez ao acorrentar o jovem negro a um poste foi uma interpretação literal da realidade cotidiana. Porque seu pensamento é simplista, direto, objetivo, escancararam o que se expressa no dia a dia de formas menos explícitas. O que os brutos realizaram, porque esse também é o papel dos brutos, é a materialização de uma realidade simbólica com a qual convivemos sem pruridos. Ao fazê-lo, os justiceiros nos dão, de novo, a chance de exaurirmos nossa omissão em ruidosa revolta, e voltar esgotados de imagem para o sono dos justos.
Os brutos não são a maioria, pelo menos nesse caso, pelo menos no Rio. A maioria é contra acorrentar jovens negros a postes, cortar sua orelha e arrancar suas roupas. Então, por que a abolição da escravatura ainda não se completou no Brasil? Porque nossa cumplicidade encontra caminhos para se convencer inocente.
Somos os “sonsos essenciais”. O termo é de Clarice Lispector, no melhor texto que li sobre a cena do menino negro acorrentado a um poste pelo pescoço. Com o detalhe que foi escrito na década de 60 do século passado. “Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. (...) E eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem”.
Para fazer a diferença é necessário se diferenciar. Mas só se diferencia aquele que antes se iguala. Levanta os olhos e encara, no espelho que é o outro, a enormidade de sua nudez.
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficçãoA Vida Que Ninguém vêO Olho da Rua e A Menina Quebrada e do romance Uma Duas. Email: elianebrum@uol.com.br. Twitter: @brumelianebrum
FONTE:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/17/opinion/1392640036_999835.html

Ku Klux Klan: ascensão, queda e atual sobrevivência da mais radical sociedade de ódio americana

A organização que espalha ódio pelos Estados Unidos desde o século 19 está fragmentada. Mas não perdeu a capacidade de apavorar o país


Texto Fernando Duarte 

Tímido, na infância, o menino Tim McVeigh, era vítima de bullying. Para evitar ao máximo as provocações, fechou-se ainda mais em um mundo próprio, onde criava planos de vingança contra outras crianças. Quando estava com 10 anos, seus pais se divorciaram e ele foi afastado das duas únicas irmãs. Mais ou menos nessa época seu avô lhe ensinou a atirar. Na adolescência, gostava de exibir suas armas de fogo no colégio. Logo começou a ler revistas como Soldier of Fortune, a bíblia dos mercenários. Adulto, entrou para o Exército e passou a frequentar células da Ku Klux Klan. Lutou e foi condecorado na Guerra do Golfo. Quando voltou para os EUA, tentou ingressar nas Forças Especiais, mas foi reprovado pelo exame psicológico. Em 31 de dezembro de 1991, deixou a carreira militar. Pouco mais de três anos depois, em 19 de abril de 1995, aos 26 anos, McVeigh estacionou uma van alugada diante do edifício federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma. Deixou o lugar a bordo de seu carro, que havia parado previamente ali. Às 9h02 o utilitário explodiu. A mistura de fertilizante, óleo diesel e produtos químicos destroçou a fachada do prédio. No maior atentado terrorista praticado por um americano na história dos EUA, 168 pessoas morreram, incluindo 19 crianças. Uma hora e meia depois, a polícia prendeu o ex-militar, que dirigia sem licença e portava uma arma não registrada. O FBI investigou o passado do suspeito, que anos antes havia sido advertido por superiores ao comprar uma camiseta com os dizeres White Power (poder branco), durante uma manifestação da KKK. McVeigh confessou que colocou a bomba como forma de protestar contra a intromissão demasiada do Estado na vida dos cidadãos: o então presidente Bill Clinton queria aumentar o controle sobre o porte de armas.

A primeira KKK

A Ku Klux Klan nasceu como um subproduto da Guerra Civil americana, iniciada pelos estados do sul do país, inconformados com o fim da escravidão. A luta durou quatro anos, entre 1861 e 1865, e terminou com a vitória da União sobre os insurgentes, 625 mil mortos e uma imensa região destruída, com a economia estagnada e condenada à pobreza por falta de um modelo de desenvolvimento que pudesse substituir rapidamente a mão de obra escrava.

Em 1866, seis oficiais do antigo Exército Confederado fundaram um clube social em Pulaski, no Tennessee - Ku Klux é uma corruptela do grego kuklos, círculo. No ano seguinte, o grupo foi organizado como "O Império Invisível do Sul" durante uma convenção em Nashville. A organização passou a ser presidida por um "grande mago", o general confederado Nathan Bedford Forrest, um brilhante oficial da cavalaria durante a guerra - e famoso pelo ódio que nutria aos negros e aos colaboradores sulistas do Exército do Norte.

A irmandade teria como principal função a manutenção da supremacia dos brancos - especialmente depois de uma guerra em que os escravos dos antigos senhores eram agora homens livres, capazes de se organizar. Ou seja, os "novos inimigos" precisavam ser combatidos, ainda que pela intimidação e violência.

Os historiadores se dividem sobre a natureza da KKK. Para alguns, o grupo foi fruto da nostalgia de uma enorme população de veteranos de guerra - o que explica sua pesada hierarquia interna (abaixo do grande mago vêm os grandes dragões, grandes titãs e grandes cíclopes). Para outros, a Klan nasceu com políticas e objetivos bem definidos. Seria a resistência clandestina branca contra o governo do norte e sua Reconstrução Radical - que previa a divisão do sul em cinco distritos militares e eleições multirraciais.

Na prática, a Klan atuava como uma gangue de vigilantes, defendendo as propriedades dos brancos. E não era a única no período. Uma organização parecida surgiu no mesmo ano, na Louisiana: os Cavaleiros da Camélia Branca. Parte do pavor que a KKK espalhava pela região era devido ao seu figurino. Capuzes e camisolões brancos tinham duas funções: assustar negros supersticiosos e evitar a identificação dos membros pelas tropas federais que coalhavam a região. Em pouco tempo, o que era um grupo de vigia passou a promover ataques noturnos para matar negros libertos e seus apoiadores brancos. De um ex-general confederado, surgiu o Prescript, o estatuto da KKK. Além do óbvio elemento racista, o documento pregava a resistência contra algumas das práticas impostas pelo lado vencedor da Guerra Civil, como o de negar direito de voto para pessoas que se recusassem a jurar não ter lutado contra as tropas do Norte.

Mais do que apenas minorias raciais, seus milicianos atacavam políticos, a mando do Partido Democrata, que usava as turbas para tumultuar eleições e até assassinar adversários. Só que a proliferação de células acabou se transformando em embaraço até para os patrocinadores da KKK: as arruaças serviam para aumentar o controle do governo federal sobre o sul. Em 1869, o general Forrest ordenou que o grupo fosse desmantelado. O surgimento de milícias rivais forçou diversos estados a adotar legislação proibindo as atividades da Klan. Incluindo o Ato de Direitos Civis de 1871, que deu ao governo poderes para intervir militarmente em localidades onde a KKK se recusasse a depor armas -revogando o habeas corpus e impondo pesadas penalidades para organizações terroristas. Foi o fim da primeira Ku Klux Klan.

A segunda KKK

A KKK parecia morta. A repressão do governo havia funcionado. Em 1882, a Suprema Corte declarou o grupo inconstitucional - e na época a Klan praticamente havia desaparecido. Para alguns historiadores, o fim da primeira Klan deveu-se ao sucesso de seu objetivo: restaurar a supremacia branca nos estados do sul dos EUA. De fato, Carolina do Norte, Tennessee e Geórgia eram governados por simpatizantes da tal supremacia.

Mas os EUA estavam mudando. O ódio aos negros rapidamente encontrou outro alvos. O ressurgimento veio com a chegada de imigrantes europeus a partir do final do século 19, especialmente os católicos e judeus. Havia também o momento populacional interno, com o deslocamento de populações negras para áreas predominantemente brancas do Meio-Oeste. Em 1915, perto de Atlanta, na Geórgia, o coronel e pastor metodista William Simmons lançou as bases da segunda geração da KKK, inspirado pelo livro The Clansman (o homem do clã), de Thomas Dixon, publicado dez anos antes, e no extraordinário sucesso do filme O Nascimento de uma Nação, de D.W. Griffith, baseado no livro. O grupo permaneceu pequeno, mas com uma agenda de ódio mais abrangente - que incluía xenofobia e antissemitismo -, e progredia baseado na defesa do patriotismo e de um modo de vida protestante e branco típico das pequenas cidades americanas.

No cenário internacional, um novo elemento funcionou como combustível: a ascensão dos comunistas na Rússia e o crescimento do movimento sindical. Na década de 20, os membros da KKK passavam de 4 milhões. Ao contrário de 1865, a organização se expandiu geograficamente, chegando a regiões que sofriam as pressões sociais da industrialização. Em Detroit, cujo clima e cotidiano não poderiam ser mais diferentes que o dos estados do sul, arrebanhou 40 mil afiliados. A diferença de popularidade em relação ao passado era clara: a agenda da segunda encarnação da Klan tinha um apelo muito mais generalizado. "Estamos falando do auge da KKK, em que ela se torna uma espécie de grupo de apoio numa era em que não existia previdência social, por exemplo. E não eram apenas fazendeiros ou trabalhadores braçais que se assustavam com questões de imigração e de mudanças nos modos tradicionais de vida", diz Thomas Pegram, historiador e autor de One Hundred Per Cent American (Cem por Cento Americano), um estudo sobre a segunda encarnação da KKK. "Profissionais liberais também se juntaram às fileiras da Klan. A população americana na época era de quase 100 milhões, então perto de 5% fazia parte do grupo."

Massificada e com presença em círculos mais altos da sociedade, a Klan pôde exercer influência política. Elegeu xerifes, juízes, deputados e senadores. "A KKK era interessante o suficiente para o eleitorado americano. Mas os políticos que elegia eram amadores e nunca fizeram frente à turma mais experiente. Essas ambições políticas acabariam justamente criando problemas de popularidade para a Klan, pois seus candidatos acabavam parecendo pior que os políticos profissionais aos olhos do público", afirma Pegram. O caráter religioso fez ainda com que as milícias da KKK tivessem papel preponderante nos anos da Lei Seca nos EUA (entre 1920 e 1933, a fabricação e a comercialização de álcool foram proibidas no país), atuando como poder paralelo na repressão, não raramente usando a violência.

A decadência

O declínio começou quando os opositores da KKK passaram a se organizar. Grupos de pressão como a Liga Antidifamação, um poderoso lobby de defesa dos judeus, engrossaram um coro de protestos que ajudou a marginalizar a Klan. A Grande Depressão dos anos 30 também afastou gente de suas fileiras. Divisões internas e escândalos, como casos de corrupção e até uma condenação por assassinato de um líder no estado de Indiana, minaram o apoio popular. Um resultado imediato foi a fragmentação e radicalização do movimento. Grupos passaram a agir de forma independente e, de linchamentos, passaram ao terrorismo escancarado. Em Birmingham, uma das mais importantes cidades do Alabama, ataques com bombas incendiárias a residências de negros nos anos 50 eram tão constantes que a cidade ganhou o apelido de "Bom-bingham". O terror acabou criando a própria derrocada da Klan. Em 1963, um atentado a bomba a uma igreja batista do Alabama matou quatro crianças e chocou o país. O então presidente Lyndon Johnson assinou o Decreto dos Direitos Civis de 1964, um marco na história das relações raciais e da democracia nos Estados Unidos.

Ainda nos anos 60, o surgimento do Movimento pelos Direitos Civis e a mobilização pelo fim da segregação racial nos EUA (negros, por exemplo, só tiveram direito universal de voto a partir de 1965) também foram fatores que ativaram a terceira encarnação da Klan. Ativistas que vinham dos estados do norte eram alvos preferenciais da organização, e as investigações do FBI sobre diversos incidentes no sul dos EUA durante a década de 60 serviram de pano de fundo para o filme Mississippi em Chamas. Quando o governo enfim aprovou a legislação de igualdade racial, também foi restaurado um ato especial que serviu para coibir as ações da KKK no século 19 - e os ataques começaram a ficar cada vez mais isolados, embora linchamentos, por exemplo, tenham ocorrido até 1981. A Klan era uma entidade anacrônica, que sobrevivia em pequenas comunidades atrasadas nas regiões mais pobres dos EUA. Era essa a "supremacia branca"?

Pequena e furiosa

A Suprema Corte dos EUA julga todo tipo de litígio. Poucos despertaram mais curiosidade pública em 2012 que um pedido de apelação impetrado pela Ku Klux Klan no estado da Geórgia contra a decisão do Departamento de Transportes local de negar a participação do grupo no "Adote uma Rodovia", programa em que diversas organizações ao redor do país custeiam ou promovem mutirões para a limpeza de trechos de estrada. Ainda tramitando na Corte, o caso chamou a atenção não só pelo envolvimento de uma das mais temidas e notórias associações extremistas da história americana, mas pelo que soou como uma tentativa de jogada de marketing, incluindo um certo tom de desespero - enfim, algo patético.

A Ku Klux Klan nunca pareceu tão isolada. Inclusive quando se leva em conta o racha ideológico no país revelado pelos resultados da recente eleição presidencial (veja ao lado). Na América do século 21, os capuzes brancos e as cruzes incandescentes deram lugar à retórica do movimento Tea Party, um radicalismo de terno e gravata. A KKK também cheira à irrelevância: depois ter milhões de integrantes engrossando suas fileiras no século 20, hoje conta com menos de 10 mil membros. A julgar pelo caso da Geórgia, eles parecem viver uma senhora crise de identidade.

"A sociedade americana mudou bastante nas últimas décadas e isso ajudou demais a transformar a Ku Klux Klan numa organização fora de moda e vista como um bando de malucos. Vive em franca decadência desde as conquistas do movimento pelos direitos civis do final década de 60", explica o sociólogo Aaron Winter, pesquisador do grupo de estudos Extremis, que analisa movimentos de extrema direita americanos e ao redor do mundo. "E o fato de não estar conseguindo mudar esse quadro, mesmo com a polarização político-ideológica nos EUA, é evidência maior de como ela está obsoleta", acrescenta.

Se a emancipação dos negros americanos foi um duro golpe para a Klan, a ascensão de Barack Obama resultou numa oportunidade de recrutamento. "A sociedade americana ainda tem muito racismo, e a eleição de Obama por si só não iria acabar com isso¿¿, lembra Aaron Winter. O sul do país permanece uma área volátil especialmente com o crescimento da população hispânica e dos sentimentos pouco simpáticos dos americanos quando se fala de imigração. Não por acaso, é um dos assuntos favoritos nos pronunciamentos da KKK. "Somos acusados de racismo, quando na verdade apenas queremos salvaguardar os interesses da população branca americana. Não odiamos ninguém", afirmou, numa recente entrevista à rede de TV CNN, April Hanson, secretária de um grupo da Klan no estado da Geórgia. A história parece discordar da senhora Hanson, como demonstrou o atentado terrorista de Oklahoma City.

Nascida para odiar

O estatuto da primeira Ku Klux Klan é um exemplo de que a organização surgiu voltada à destruição. Conheça alguns tópicos do Prescript:

- Membros não podem ter lutado contra os confederados na Guerra Civil

- Membros devem se opor à igualdade racial

- Membros devem ser a favor de um governo de brancos

- Membros devem ser a favor do retorno dos direitos dos homens do sul, incluindo os de propriedade (e de ter escravos)

- Membros têm de estar prontos para pegar em armas contra os abusos do poder

Os estranhos "patriotas" americanos

A Ku Klux Klan pode ser o mais famoso grupo radical de direita dos EUA, mas está longe de ser o único. De acordo com a organização antirracista Southern Poverty Law Center, o número de grupos de protesto contra o governo ou intitulados "patriotas" saltou de 149 para 1 200 desde a eleição de Barack Obama em 2008. "A Ku Klux Klan nem é a mais perigosa organização nesse universo, que vem crescendo por causa da intolerância racial e dos problemas econômicos do país. É um fenômeno sem precedentes e que ocorre num momento perigoso", diz Mark Potok, pesquisador-chefe do SPLC. O espectro de intolerância é amplo. Conta com neonazistas e organizações pregando o rompimento de Estados com a União. A Segunda Emenda da Constituição dá a indivíduos o direito de portar armas e se organizar em milícias. Racistas e xenófobos dividem espaço com rebeldes nas atenções do FBI: grupos ou cidadãos que se declaram soberanos e desobrigados a respeitar as autoridades foram um dos que mais cresceram desde a chegada de Obama ao poder.

O ritual da cruz

Um dos símbolos da Ku Klux Klan é a cruz incendiada ou iluminada. O ritual é do ressurgimento do grupo, nos anos 20, e não existia no movimento original, do século 19

Brasão

O emblema circular tem uma gota de sangue no formato do número 6. Remete aos fundadores da KKK e ao sangue derramado dos brancos. Antes era em forma de cruz e tinha o símbolo do yin-yang.

Em nome de Deus

A Klan defende o homem branco, protestante e sulista. A Bíblia é parte integrante dos rituais.

Roupas brancas

A intenção era representar fantasmas de soldados mortos durante a Guerra Civil - e assustar os negros. A ideia surgiu no livro The Clansman e foi adotada pela segunda encarnação da KKK

Batismo

O novo integrante tem de recitar um juramento: "Lembrem a todo momento: fidelidade à fé jurada é honra, vida, felicidade. Mas, para quem infringi-la, significa vergonha, desgraça e morte".

Cruz em chamas

Representa o Espírito Santo e era usada em todas as reuniões da KKK. Surgiu na segunda encarnação. A ideia veio do filme O Nascimento de uma Nação (1915)

Armas nos rituais

A Klan é um grupo armado (e que defende a posse de arma como símbolo da luta do indivíduo contra o Estado, o que é garantido na Segunda Emenda da Constituição americana, que permite a criação de milícias).

Bandeira Confederada

Ela representa o Exército do Sul, que se insurgiu contra a União durante a Guerra Civil americana (1861-1865). Foi adotada em 1949.


FONTE: http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-mundo/23437-ku-klux-klan-ascensao-queda-e-atual-sobrevivencia-da-mais-radical-sociedade-de-odio-americana

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Slave Mentality/ William Linch A origem dos conflitos étnico-raciais.

Já ouviu falar da síndrome de Willy Linch?
Consciente ou inconscientemente vivemos e convivemos com este mal todos os dias, por isso vale a pena sabermos um pouco mais sobre a origem do problema para que saibamos identificar quando estivermos diante de mais uma vítima desta doença psicológica, ou melhor, quem sabe se fazendo uma autoavaliação descobrimos que também somos um portador da mesma.
Alemanha – Desde 1993, tem sido amplamente difundido entre os “negros” residentes nos Estados Unidos da América e em alguns círculos das comunidades “negras” na Grã-Bretanha, um documento, que já ficou conhecido como “a carta de Willy Lynch”.
Apesar de historiadores e outros grandes estudiosos de renome questionarem e até rejeitarem em muitos casos a autenticidade do documento (alegadamente escrito no sec. XVIII e que reapareceu do “nada” em 1993), figuras importantes das comunidades afro-americanas tem insistido não só na autenticidade do documento como também na sua divulgação, principalmente entre as comunidades “negras”.
Uma destas figuras importantes é Louis Farrakhan o líder do movimento afro-americano “Black Muslims”. Em 1995 em Nova York, num famoso discurso transmitido em directo por várias estações televisivas, Louis Farrakhan se referiu pela primeira vez á carta de Willy Lynch publicamente, classificando-a como um “documento terrível mas verdadeiro, que constitui uma prova inequívoca e inegável das astúcias iníquas do chamado ‘homem branco’ contra o chamado ‘homem negro’ ao longo das últimas gerações”.
Visto que acredito serem poucos os angolanos que já tenham ouvido falar ou lido sobre Willy Lynch, decidi tomar hoje a iniciativa e fazer uma reflexão sobre o assunto.
Quem é afinal de contas, Willy Lynch? Qual o conteúdo e propósito da sua carta? Porquê que Louis Farrakhan se refere á carta de Willy Lynch como um “terrível documento”? E que importância tem para nós angolanos, e acima de tudo africanos, o conhecimento do conteúdo da carta de Willy Lynch?
Para encontrarmos as respostas a estas perguntas, precisamos fazer uma viagem imaginária até ao sec. XVIII. Mais precisamente no ano de 1712.
Quem era Willy Lynch?
William Lynch (o nome William foi mais tarde abreviado para Willy) foi um colonizador e proprietário de escravos de naturalidade britânica no sec.XVIII, no Caribe (Caraíbas) conhecido por manter os seus escravos disciplinados e submissos. Acredita-se que o termo “linchar” (to lynch, lynching: em inglês), se deriva do nome dele. Enquanto a maioria dos europeus na altura se confrontava com problemas como fugas, revoltas (violentas) colectivas e individuais de escravos, Willy Lynch mantinha aparentemente um controle e ordem absoluta sobre os seus serventes “negros”. Segundo se diz, os escravos de Willy Lynch amavam mais ao próprio “mestre” do que uns aos outros. Se algum dos seus escravos tentasse fugir ou criar alguma revolta, logo era traído por outros companheiros igualmente escravos e igualmente “negros”. Esse aparente poder sobre os seus escravos despertou o interesse e a curiosidade de muitos fazendeiros americanos e britânicos que haviam estabelecido colónias no território da Virgínia, América do Norte. Agastados com as constantes insurreições de escravos nas suas fazendas, os fazendeiros americanos decidiram convocar Willy Lynch para Virgínia, a fim de ajuda-los a manter o controlo sobre os seus escravos.
Em meados de 1712, Willy Lynch faz a longa viagem do Caribe para a América do norte. Após a sua chegada em Virgínia, e após constatar em loco alguns dos problemas que os seus “Colegas terroristas” enfrentavam com os escravos raptados de África, Willy Lynch decide escrever uma carta onde ele revelaria o seu segredo para manter os seus escravos na “linha”; (algumas versões dizem que ao invés de uma carta, Willy Lynch fez um discurso perante dezenas de proprietários de escravos, onde revelou o seu “segredo”; este discurso foi mais tarde compilado em forma de cartas, e distribuído a vários fazendeiros e colonos não só na América, como também em África, ilhas Canárias, e Ásia). Com a carta, Willy Lynch pretendia que seu método fosse divulgado e implementado por todos os proprietários de escravos da colónia de Virgínia e não só. Willy Lynch expõe o seu orgulho quando escreve na carta que o seu método podia deixar os escravos sob o seu domínio “por centenas, talvez milhares de anos”.
Qual era o segredo de Willy Lynch?
Prestemos todos agora muita atenção á carta de Willy Lynch. É importante que cada um de nós como africanos, leiamos o que se segue, e que cada um de nós se questione até que ponto o método de Willy Lynch poderá ter influenciado naquilo que hoje se classifica como “mentalidade de escravo”.

A Carta de Willy Lynch.

Após as saudações iniciais e manifestar o seu apreço pelo interesse dos fazendeiros americanos em conhecer o seu método para manter os seus escravos submissos, Willy Lynch passa então a revelar o seu “segredo”:
” Verifiquei que entre os escravos existem uma série de diferenças” começa Willy Lynch. “Eu tiro partido destas diferenças, aumentando-as. Eu uso o medo, a desconfiança e a inveja para mantê-los debaixo do meu controle (…) Eu vos asseguro que a desconfiança é mais forte que a confiança, e a inveja mais forte que a concórdia, respeito ou admiração”.
A seguir, Willy Lynch passa explicar de que maneira faz uso das aparentes diferenças existentes entre os escravos: “Deveis usar os [escravos] mais velhos contra os [escravos] mais jovens e os [escravos] mais jovens contra os [escravos] mais velhos. Deveis usar os escravos mais escuros contra os escravos mais claros e os escravos mais claros contra os escravos mais escuros. Deveis usar as fêmeas contra os machos e os machos contra as fêmeas. Deveis usar os vossos capatazes para semear a desunião entre os negros, mas é necessário que eles [os escravos] confiem e dependam apenas de nós”. Mais adiante, no fim da carta, Willy Lynch acrescenta em jeito de despedida: ” Meus senhores, estas ferramentas são a vossa chave para o domínio, usem-nas. Nunca percam uma oportunidade (…) se fizerdes intensamente uso delas por 1 ano o escravo permanecerá completamente dominado”.
Como podemos interpretar o método de Willy Lynch? Numa só frase: “dividir para dominar”. Willy Lynch usava as diferenças de idades e de sexo para meter os escravos uns contra os outros. Usava também a cor da pele (os mais escuros contra os mais claros e vice-versa), para semear a divisão, a desconfiança e o medo entre os seus escravos. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, os escravos mais claros eram os mais populares, o que atraía o ódio dos escravos mais escuros, provocando divisão entre ambos os grupos. Willy Lynch criava entre os seus escravos sentimentos de inferioridade em alguns por serem mais velhos ou mais jovens, mais claros ou mais escuros; incutia na mente dos machos que as fêmeas “negras” não tinham beleza nem valor, fazendo com que os seus escravos sentissem mais admiração pela mulher branca; de igual modo, incutia na mente das fêmeas “negras” que o homem “branco” era mais atraente e mais inteligente que o homem “negro”; incutia a desconfiança psicológica entre eles, de modos a que pudessem confiar inteiramente apenas no seu patrão “branco”, como se de “deuses” se tratassem. Dividir para dominar. Com esta fórmula bem estudada e implementada, Willy Lynch chegou a gabar-se dizendo: “O escravo depois de doutrinado desta maneira, permanecerá nesta mentalidade passando-a de geração em geração”.
O método de Willy Lynch rapidamente se tornou popular. Em todos as colónias, o método de conquista que passou a ser adoptado era o mesmo: dividir para dominar. Os escravos doutrinados com as ferramentas psicológicas de Willy Lynch passariam então a padecer de uma enfermidade mental que hoje é classificada em alguns círculos como a ” síndrome de Willy Lynch”, ou seja, a mentalidade de escravo. Mas até que ponto foi o método de Willy Lynch eficaz? Tomemos como exemplo, Ruanda.
Anaíse Risagina é uma refugiada do Ruanda (tutsi), de 27 anos de idade, actualmente residente no reino da Holanda. Visto que somos bons amigos, recentemente andamos a conversar sobre os acontecimentos de Ruanda em 1994. Pedi a Anaíse, que me relatasse de maneira resumida, as causas que estiveram na origem daquele conflito genocídio. Através de um e-mail, Anaíse me respondeu com as seguintes informações interessantes:
” Sempre houve alguma tensão entre a maioria hutus e a minoria tutsis no Ruanda, mas antes do período colonial as divergências entre ambos os grupos não era coisa muito séria. Os dois grupos étnicos não tem muitas diferenças entre um e outro, fisicamente um Hutu pode ser confundido com um tutsi. Mas, alguns tutsis são realmente mais claros, mais altos, e alguns que habitam mais a norte têm uma aparência que se assemelha mais aos somalis ou aos etíopes. Mas falamos a mesma língua, gostamos da mesma comida, habitamos nas mesmas áreas e temos as mesmas tradições (…) mas quando os colonialistas belgas chegaram em 1916 eles é que viram diferenças entre os dois grupos étnicos. Para eles éramos entidades distintas e até produziram diferentes cartões de identidades para cada uma das etnias (…) classificavam as pessoas de acordo com a etnia (…) mas antes deles chegarem nós não víamos estas diferenças que eles viram”.
Segundo Anaíse, “os belgas consideraram os tutsis como superiores aos hutus e os tutsis é claro que também ficaram a gostar (…) dizem que mediam os narizes dos hutus e tutsis e eles diziam que os tutsis tem o nariz mais fino (…) nos 20 anos seguintes os tutsis lhes davam melhores empregos e até melhores oportunidades para estudar do que os seus vizinhos hutus…”
Pelo relato de Anaíse, fica mais do que evidente o método de Willy Lynch: dividir para dominar foi o método utilizado pelos belgas. Em 1962, quando os belgas concederam independência á Ruanda, os hutus assumiram então o controle do poder. Logo os tutsis se tornaram os bodes expiatórios para todas as desgraças. Ambos os grupos estavam assim infectados pela “síndrome de Willy Lynch”, uma doença “terrível”, que segundo Lynch, “séria passada de geração a geração”. A desconfiança entre as duas etnias se agravou a ponto de explodir como vimos acontecer em 1994.
Em Angola não foi diferente. Quando os terrorístas-colonialistas portugueses ocuparam o nosso território, o método de Willy Lynch foi a ferramenta usada para a conquista psicológica do nosso povo. Passaram a dividir os angolanos entre os assimilados e os indígenas. Os assimilados, ganhavam este “status” depois de mostrarem que dominavam melhor a língua portuguesa, que estavam melhor integrados na cultura e na sociedade portuguesa, e os que em certa medida tivessem tido maiores oportunidades educacionais. Os indígenas, eram os analfabetos, os que por livre vontade ou que por falta de oportunidade não tiveram acesso ao estudo, ou á integração á cultura portuguesa; eram aqueles que usavam a língua regional como meio de comunicação e a cultura africana como modo de vida. Por darem mais vantagens aos assimilados, os terroristas-colonialistas passavam uma mensagem clara aos desgraçados indígenas: aquele grupo [os assimilados] era o predilecto. Era o grupo “abençoado”, o grupo dos merecedores. Tinham acesso aos melhores empregos, podiam trabalhar directamente até no gabinete com o “branco”. Compreensivelmente, toda esta situação criou o ódio dos indígenas pelos seus “irmãos assimilados”, pois estes [os indígenas] passaram a ver os seus irmãos como um entrave a conquista da independência. Ambos os grupos na verdade já estavam afectados pela “Síndrome de Willy Lynch”. Mas os terrorístas-colonialistas portugueses não ficaram por aí. Eles decidiram usar mesmo a fundo o método de Willy Lynch. Para criar ainda mais divisão entre as diferentes raças de angolanos, os “Lynchistas” incutiam na mentalidade dos mais claros o sentimento de “superioridade” em relação aos mais escuros. Estes, apenas pela cor da pele, tinham acesso mais fácil aos empregos e a escola em relação aos mais escuros. Estava assim criado o cenário para que a “Síndrome de Willy Lynch” se espalhasse entre o nosso povo (que doença maldita!) e a sua dose foi tão forte que pelos vistos, tem sido passada de “geração em geração”. Prova de que esta doença ainda prevalece entre nós angolanos, é o seguinte comentário feito recentemente por alguém que assina como “Bantu melhorado (mulato) ” no site club-k.net. Ele escreveu o seguinte:
” Os mulatos, também somos bantus…bantus superiores…porque melhoramos a raça…estamos geneticamente melhorados…todo negro inteligente, deve casar uma branca para melhorar a raça! (…) se os mulatos estivessem no poder em Angola, como em Cabo-verde, este séria sem duvidas um pais melhor”.
Considerar-se melhor apenas por ser “mulato” revela que a “Síndrome de Willy Lynch” continua a causar mal á mente de muitas pessoas. É exactamente esse o tipo de mentalidade que Willy Lynch quis introduzir em todo homem “negro”. Fazer-lhe pensar que é superior por ser mais claro em relação aos outros. Fazer-lhe sentir-se melhor, e mais capaz apenas por ser mais claro. Tudo mentira. Tudo um método de conquista psicológica, que infelizmente ainda causa divisão entre nós. Mas não é só “a síndrome de Willy Lynch” que ainda prevalece. Ainda existem muitos daqueles, de pele considerada “branca”, que tem a “mentalidade de Willy Lynch”. Essa minha afirmação pode ser confirmada por um outro comentário expresso no club-k.net, cujo conteúdo é conhecido pelos que frequentam o referido site. Diz assim:
” Ser negro já é difícil, mas negro e burro é uma desgraça”.
Assim tem comentado alguém que diz ser “Branco da Capital”. Ao ler este tipo de comentário, me apercebo que afinal, não existe mesmo raça superior a outra. Todos cometem “gafes” absurdas. Mas há ainda outro pormenor que este comentário me revela: nós os “pretos”, sei lá se por causa da “Síndrome de Willy Lynch” ou não, encaramos o “branco” como pessoas que estudaram mais, e que por natureza, são mais inteligentes e civilizados. Os comentários do “Branco da Capital” confirmam que afinal nós “os pretos” andamos a séculos enganados!
Mas há ainda outro factor a considerar: que efeito deve ter sobre nós, o conhecimento da carta de Willy Lynch?
A Carta de Willy Lynch e você
A primeira vez que li a carta de Willy Lynch, passei a perceber melhor as causas de muitos problemas dos africanos. Comecei a perceber melhor os efeitos que a escravidão e o colonialismo tiveram sobre o nosso povo. Um dos piores efeitos, é que o colonialismo retirou o amor aos africanos. Os africanos passaram a odiar-se por coisas aparentes mas quase nunca por coisas reais. Decidi quebrar a corrente. Comecei a perceber que afinal, não tenho nada que odiar alguém por ser mais claro ou mais escuro do que eu. Não tenho nada que chamar alguém de Zazá ou zaicó-langa langa, apenas por se expressar num português deficiente. Descobri que é fútil julgar as pessoas pelas suas origens étnicas, cor da pele, ou língua regional. Afinal somos todos africanos, somos todos irmãos da mesma terra e do mesmo continente, mas de certa maneira, “divididos” pela terrível doença que é a “Síndrome de Willy Lynch”.
Sempre que você julgar alguém por ser Bakongo…ou de outra etnia qualquer…lembre-se de Willy Lynch!
Sempre que você conceber ou apoiar ideias que instiguem ao racismo e todo tipo de íamos entre os africanos…lembre-se de Willy Lynch!
Sempre que você sentir-se inferior apenas por ser do norte ou do sul…lembre-se de Willy Lynch!
Sempre que você julgar que por casar com uma branca estás avançando a raça…lembre-se de Willy Lynch!
E sempre que você sentir-se inferior quando estiver ao lado do “branco”, apenas por seres “negro”…lembre-se de Willy Lynch!

FONTE:http://plataformagueto.wordpress.com/artigos/slave-mentality-william-linch/