quinta-feira, 14 de abril de 2016

Beatriz Cerqueira: Acordo golpista de Temer-Fiesp-Skaf destruirá direitos dos trabalhadores


Quem pagará a conta do Golpe?
 por Beatriz Cerqueira, especial para o Viomundo
Somos bombardeados com textos, avaliações, enfim, tantas informações que às vezes deixamos passar questões essenciais. O discurso de Michel Temer me alertou quando ele fala sobre um “acordo entre trabalhadores e empresários”. É preciso dizer claramente o que será o golpe na vida das pessoas comuns, caso ele seja aprovado. O que seria este “acordo” proposto pelo vice-presidente.
Na minha vida de professora da rede pública, o golpe se materializará no recuo da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional. O PSDB já deu provas de que é contra a política de Piso, só lembrar de como Aécio Neves tratou a questão quando foi governador de Minas Gerais. Com um Congresso golpista será questão de dias até o fim do Piso Salarial. Também será o fim do investimento mínimo de 25% dos impostos em educação. Cada governo investirá o que quiser, sem pressão ou fiscalização. Já tem projeto de lei sobre isso no Congresso Nacional. Esqueçam  os 10% da riqueza produzida no país sendo investidos em educação. Não só não haverá investimento como viveremos uma onda de privatizações na educação básica pública.
Na universidade, encontramos uma turma achando que é bolsista só por mérito pessoal. Mas as cotas, Prouni, expansão do número de vagas, tudo isso aconteceu porque houve política pública. Foram opções do governo. Michel Temer não terá as mesmas opções. O dia seguinte ao golpe será o primeiro dia da privatização das Universidades Federais e dos Institutos Federais. O Secretário de Educação do Estado de São Paulo já disse que não se deve investir dinheiro público na educação. Deixa para o mercado. Privatização a vista!
Minha avó, assim como milhares de trabalhadores informais, era assistida pela Previdência Social. Isso será coisa do passado. A grande pressão é pela privatização da Previdência, área muito lucrativa para o mercado, que inventa que nas mãos do poder público é deficitária.
O mundo do trabalho também não será o mesmo. Para que uma hora de almoço se você pode comer em 15 minutos? Este é o pensamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional em que o negociado irá prevalecer sobre o legislado resolverá isso rapidamente.
Como também será dado o sinal verde para a terceirização sem limites. Para que concurso público se fica mais barato terceirizar? Para que investir em empregos de qualidade para a juventude se ela será terceirizada? Adoeceu, demite. Reclamou, demite. Morreu, só colocar outro no lugar. O Congresso cuidará de aprovar lei que proíbe até que o trabalhador recorra à justiça para tentar garantir seus direitos além da redução de jornada com redução de salário, imposta pelo patrão e aprovado pelo mesmo Congresso que votará o golpe.
O Sistema Único de Saúde (SUS) será privatizado.O projeto de lei para cobrar pelos serviços prestados já está em tramitação no Congresso Nacional.
Trabalhadoras domésticas com direitos? Coisa do passado. Se pudesse, a elite restaurava a escravidão no Brasil. Como não pode, cuidará de retirar seus direitos. O Congresso aprovará leis modificando o conceito de trabalho análogo a escravo. O projeto já está lá. Esperando o momento propício para votação e aprovação!
Empresas públicas para investimento em políticas como moradia, crédito para os pobres serão coisas do passado. O que o Fernando Henrique Cardoso não conseguiu privatizar, o Temer o fará, vendendo a preço de banana o nosso patrimônio. Não teremos o Estado investindo em políticas públicas.
Isso tudo a grande imprensa não vai mostrar, mas foi esta pauta de retrocessos que os 38 deputados aprovaram ao definirem pelo impeachment da presidenta Dilma.
Seremos nós trabalhadores e trabalhadoras que pagaremos a conta deste golpe!
Beatriz Cerqueira 
Coordenadora-geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG
FONTE:http://www.viomundo.com.br/denuncias/beatriz-cerqueira-o-que-acontecera-aos-trabalhadores-no-dia-seguinte-ao-golpe-de-temer-congresso-patronal-e-entreguista-fiesp.html

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