quinta-feira, 27 de novembro de 2014

CONSCIÊNCIA HUMANA, UMA CONSCIÊNCIA SEM CONSCIÊNCIA. Texto de Marcelo Silles

Bacharel em Serviço Social pela 
Universidade Federal Fluminense-UFF/Campos-RJ
Em tese, a consciência humana baseia-se no simplório estado físico e subjetivo de convivência harmoniosa entre os povos e raças. Desnudos de qualquer ideia racial, os simpatizantes e seguidores desse estilo de vida, individualmente aplicam-se e dão-se a si mesmo o prazer de maquinarem com o tempo e espaço um ambiente retro familiar da qual educadamente receberam suas formações pré-concebidas baseadas em Casa Grande e Senzala, déspotas da miscigenação e orgulho da raça brasileira. Lançam-se, sem rogo e sem humildade, na escalada do Éden porvindouro e que o mesmo já nos espera, e que aqui e agora devemos compartilhar das idéias de convivência familiar entre seres nutridos totalmente de amor e fraternidade, e que afirmações raciais seriam, e são, o julgo da destruição em massa da sacra raça humana.
Família no escopo social significa entre os humanistas, algo além do consaguineo uma virtude de amor ao próximo sem a necessidade de catalogar uns aos outros pela sua cor e raça. Teoria e comportamentos lindos e magníficos.
Mas a máxima humanista se esquece de se ater ao que se outrora chamamos de racistas, e com isso sua teoria humanista de apenas uma raça cai por terra, quando esses indivíduos, meliantes berram suas afirmações de superioridade e meritocracia.  Os humanistas apenas saem em defesa de seus discursos, quando um negro se auto-afirma em raça e identidade, atitude que parece causar furor e constrangimento ao humanista. Mas esse mesmo sentimento de repulsa, náusea e asco não se habilita ou se encontra, quando um indivíduo racista ou branco, ofende pela cor e raça um negro ou um índio, atitude tolerada e sacralizada pelos humanistas, como algo que fosse natural, cultural.
A distinto com clareza, mérito de palavra e com enfoque notório a negritude se exalta e exala a ancestralidade de alguns pretos e pretas afro-brasileiros. Denuncia o que tem que ser denunciado a partir de sua auto-afirmação racial e identitária, fazendo com que reacionários e reaças se perturbem pelo fato de que, negros e negras, suplantem e galguem pro-laboriamente  seus direitos sociais e econômicos, ultrapassando postos de trabalhos e ascensões sociais.
Pasmos, confusos e atordoados os humanistas tentam de várias maneiras desacreditar, desvirtualizar a luta dos movimentos negros e afro-diásporo, tentam deslegitimar a causa em prol de uma união de base conservadora e praticamente de viés reacionário e racista, pois a partir do momento que sua indignação cresce em detrimento do surgimento de engrandecimento de uma cultura, grupo étnico que sempre esteve e está oprimido e marginalizado e não se sensibiliza com suas lutas diárias e, promove e corrobora com os opressores fechando os olhos para as políticas e ações segregacionistas, apoiando seus atos ofensivos, separatistas e racistas, essa ideologia humanista não passa de meramente uma dúbia representação dos reaças e reacionários, clone mal clonado.

Os defensores da consciência humana se esquecem que existem várias consciências, várias particularidades, culturas, diversidades que necessitam ser evidenciadas, representadas, comemoradas cotidianamente e com elas o diferente, o outro surge de uma maneira esplendida de uma beleza que choca, incomoda aqueles que sempre a reprimiram, surge abrindo alas, silenciosa, convidativa. Portanto se a consciência humana não é capaz de reconhecer, legitimar a beleza, a diferença no outro, é uma consciência sem consciência, falida. Novembro negro, um ano preto.


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