quinta-feira, 24 de abril de 2014

MAS OS PRÓPRIOS AFRICANOS ESCRAVIZAVAM OS SEUS? - Texto de Sidnei Barreto Nogueira


Algumas pessoas, que pouco ou nada sabem sobre História da África e dos Africanos, alegam que não havia problemas em escravizar os negros, que não devem nada aos negros, que não há racismo, que não há o que reparar, que somos todos iguais e, principalmente, que a escravidão dos negros africanos não começou no Brasil e, por isso, não há que se ter compaixão dos negros e deste período monstruoso na História do Brasil.
1º - é verdade, havia “escravidão” no continente africano, mas era uma escravidão entre aspas, ou seja, havia a escravidão doméstica por meio da qual os escravos, em algum momento, tornar-se-iam parte da família; havia a escravidão real, por meio da qual os escravos, também entre aspas, serviam o rei e a família real como se servissem seu próprio Deus; havia a escravidão como punição a roubo, assassinato e, às vezes, até por adultério; havia a escravidão por conquista, por meio da luta, os perdedores deveriam servir àqueles que os conquistaram.
2º - agora, quando a ESCRAVIDÃO, sem aspas e COM letras maiúsculas se dá por meio da retirada de um povo de seu país, de suas crenças, de sua cultura, de sua língua, sem luta, sem conquista, sem configurar punição ou por configurá-la em virtude do simples fato de nascer negro no continente africano, parece-me que se trata de um tipo de escravidão diferente da primeira, não é? A primeira escravidão é social, é cultura, está no cerne da organização de uma sociedade; a segunda se configura como criminosa e desonesta porque tira do ser humano a sua humanidade e o transforma em COISA. A primeira podemos chamar de escravidão; a segunda, COISIFICAÇÃO.
Ambas podem ser classificadas como levianas e vis, mas a segunda, certamente, não pode ser justificada com base na primeira e quem o faz, certamente conhece muito pouco de África, de africanos e, sobretudo, de socialização e humanidade. Portanto, não me venham com falácias; antes de falar algo sem saber ou, simplesmente, seguir o senso comum, estudem um pouco mais de História.

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