sexta-feira, 24 de maio de 2013

TEXTO: ESTADO, CLASSE E MOVIMENTO SOCIAL


Por: CARLOS MONTAÑO E MARIA LÚCIA DURIGUETTO

Os indivíduos são voltados para si, numa competição desenfreada na conquista do mercado. Uma livre iniciativa particular do individuo, em seu território, no que se diz respeito a sua liberdade de comércio e de mercado. Exercem o poder sem política, fazem da política um jogo para seus interesses mútuos, agindo assim de forma que a máquina do Estado fique a seu favor e a sua ambição expansionista de controle, e de destruição das massas. Colocam-se acima dos controles públicos e das responsabilidades sociais.
Mas surgem reações de todos os cantos, de todas as partes. O desejo por uma democracia popular, justa, de um governo do povo para todos se emana em resposta ao egoísmo exorbitante do individualismo implantado pelo (neo)liberalismo. Contra a opressão do sistema do capitalista e suas conquistas expansionistas, movimentos surgem e se unem para mudar e criar um mundo novo. Contra a privatização e a privação de uma vida digna e justa, os movimentos sociais e suas aglomerações lutam por políticas públicas mais justas, que não asseiem o desejo do capital e sim de toda a massa, por igualdade e cidadania.
Assim é o homem moderno. Por ser filho de uma sociedade que se diz democrática, que valoriza o homem pelo o que ele possui e não pelo que ele é, passa a aceitar como óbvio o que pensa, a cumprir uma função produtiva, a deixar de lado a sua característica de querer ver a si mesmo com uma visão exterior, a deixar de buscar a verdade, a pensar de modo prático, a renunciar a si mesmo, gerando dentro dele um sentimento de vazio, solidão e ansiedade que pode levá-lo ao consumo de substâncias químicas, suicídio, ou diversão apenas para fugir. Por outro lado, romper com tudo isso pode trazer conseqüências tão ou mais penosas que essas.
            Surgem as visões de mundo capitalista e socialista, num modo de produção industrial através da técnica de trabalho e a divisão social do trabalho. É nesse momento de expansão do capitalismo que vimos que a comunidade se dividiu, o coletivo separou-se do privado, surge a sociedade civil e o mundo do estado. Hoje vemos claramente os efeitos dessa separação, um mundo egoísta e particular, disputas e individualismo. A moral passou a ser vista como uma conduta do individuo que passa a ser julgado pelos seus atos e ações particulares, não há, mas o compromisso com o coletivo.
            A moral adquiri uma relevância social porque torna-se a referência de conduta dos indivíduos. Ela determina total equilíbrio do conjunto e por isso necessária a sua privatização e pacificação. No entanto, segundo o autor, a moral acaba sendo uma moral do particular em conflito com os padrões ou eixos coletivos, mesmo assim permeia a sociedade e se define como uma moral coletiva, uma moral de grupo e de classe. No processo de trabalho capitalista, onde se predomina o sistema de produção e acumulação de lucro, o trabalhador tende a se fundir totalmente nesse novo modo de vida e confundir moral social com moral individual. Caso que no ambiente de trabalho, quando um individuo tem uma certa dificuldade em realizar suas funções, o outro passa a cobrá-lo pois o mesmo está atrapalhando todo o processo de realização do trabalho em grupo. O trabalho que se sente prejudicado pela má atuação de seu companheiro, impõe de certa forma a moral de trabalho, moral capitalista que passa a fazer parte de seu modo de vida assim sendo ele avalia como sendo uma moral certa, uma moral verdadeira onde sempre fez parte de seus costumes e tradições, não enxerga essa moral como sendo uma moral construída para que ele realize ações a favor do capital.
O trabalhador que impede o processo de produção, se sente cobrado, e intimado pelo seus companheiros para que preste mais atenção em suas tarefas, de certo modo ele está inserido num processo de produção em série, no qual uma falha por mínima que seja pode prejudicar o processo de produção em sua escala. A moral passou por transformações a atua no sistema capitalista, como uma forma de controle sobre o individuo, passou a formular a moral dos trabalhadores. O trabalhador passa a crer que tem que atuar num coletivo, mas um coletivo que favoreça ao empregador.  A moral passou a ser privatizada, os valores coletivos e sociais foram postos de lado. Com a moral sendo privatizada surge a ética como forma de regulação da profissão, do profissional e sua postura em seu ambiente de trabalho de acordo com a sua profissão exercida. Nada de coletivo, e sim executar a função de acordo com os interesses mútuos, do capital.
Mas essa mesma sociedade está atualmente dando ênfase ao Pensar do homem, não para melhorar a si mesmo e ao mundo, mas Pensar para criar um produto que assim o faça e para vender esse produto.
            A racionalidade prática e a necessidade da busca dentro de um equilíbrio são fundamentais para a existência da humanidade, já que ambas completam o homem.
            Se o homem não se atentar que é necessário Pensar para sua melhoria pessoal e transmitir essa característica às futuras gerações, o futuro será provavelmente incerto, instável, e talvez não muito melhor do que o presente, já que a conduta humana em sua jornada existencial tem sido a de buscar cada vez mais meios de obter lucros sem Pensar que as conseqüências poderão ser inúmeros problemas capazes de destruí-lo.

TEXTO: ESTADO, CLASSE E MOVIMENTO SOCIAL.
CARLOS MONTAÑO E MARIA LÚCIA DURIGUETTO

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