Na última sexta-feira (8), Mano Brown participou do programa “Alta Frequência” da rádio BandNews FM. Brown trocou uma ideia com a jornalista Tatiana Vasconcellos e
a conversa rendeu alguns assuntos interessantes, entre eles o álbum
solo do Brown, “Boogie Naipe”, a parceria com o Naldo em “Benny e Brown” e também o posicionamento do rapper em relação ao cenário político brasileiro.
Disco “Boogie Naipe”
Sobre o álbum Brown revelou que o projeto terá 30 musicas e 12 colaborações no vocal.
Sobre o romantismo que o disco propõe trazer, Mano Brown afirma que é
uma evolução e diz que o romantismo que o Racionais carrega estará
concentrado no disco — Apesar do conteúdo pesado das letras do Racionais
Mc’s, a maioria de suas instrumentais utilizam samples de clássicos da
música romântica mundial.
Brown ainda afirmou que o disco está
sendo feito com uma roupagem bastante atual, com produtores jovens e que
reflete as ruas de hoje. “A maioria dos meus roles é na quebrada. Quem me conhece sabe disso“, disse.
[Leia também: Mano Brown pretende levar
Crise Política
Sobre o momento político do país, o cantor acredita que exista muita hipocrisia. “Se
você sabe que seu país passa por uma crise e você investe no dólar,
você está sangrando seu país. Se você compra um celular roubado, você
está contribuindo para isso… É muita hipocrisia. Eu também luto contra a
hipocrisia contra o nosso movimento. Onde a verdade não vale, o que
vale é a aparência“, disse.
Mano Brown também acredita que o país foi sabotado. “Acho que há muitos interesses para que o Brasil não continuar nesse caminho (igualdade social)” diz, “tem
gente que não ta contente com as divisões que foram feitas após o
governo Lula. Tem gente que vivia muito melhor, tipo… Vivia do
privilégio, não da justiça, entende?!“. E exemplifica: “Na nova
divisão o dinheiro teve que ser compartilhado/repartido com uma parte
da população que não via dinheiro, não comia, não vestia, não tinha
vontade de viver mais“.
Brown ainda reafirmou que não está defendendo o atual governo. “Não
to aqui defendendo nada. Quem errou tem que pagar seja quem for,
tendeu?! Pode ser o Mano Brown, pode ser o Papa Francisco, pode ser quem
for, errou tem que pagar mano.“
E pra finalizar o líder do Racionais diz
que as pessoas que querem entrar no poder através de impeachment estão
com outras ambições: “O triste é ver que eles não estão preocupados
com o Brasil, eles só tão preocupados em substituir quem tá no poder.
(…) Ninguém tá preocupado em resolver o problema“. Confira na íntegra — a ideia do disco é logo no início, já a parte da crise política é a partir dos 3:30:
Parceria com Naldo
Segundo cantor, o Brasil trabalha o preconceito de forma sofisticada. “O
Naldo também expressa o lugar de onde ele vem. Eu, por ser de São
Paulo, por ter minhas particularidades, achei interessante essa mistura
com o Rio de Janeiro. Não achei que seria tão polêmico“, disse.
“No decorrer do caminho, descobri
que tinha que lidar com vários preconceitos. O Brasil trabalha o
preconceito de uma forma muito sofisticada. Está tudo meio reacionário.
Até caras que escutam Racionais conseguem ser reacionários, racistas e
carregados de preconceito com eles mesmos“, completou.
Mano Brown ainda criticou quem acredita que o rap se afastou da periferia por não falar mais violência. “Acho
que tem muita gente vivendo uma vida boa e querendo ouvir música de
morte. O cara está lá na sua academia, ouvindo sobre violência na
periferia. É um fetiche, uma curiosidade mórbida, mas a revolução não é
isso. Revolução é nas pequenas e nas grandes coisas. Revolução não se
faz apenas no rap. Você pode ser revolucionário sendo servente de
pedreiro ou atendente de balcão de lanchonete“, explicou.
FONTE:http://www.rapnacionaldownload.com.br/33016/mano-brown-sobre-a-crise-politica-e-album-solo/
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