sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O artista português que faz o graffiti saltar do muro... nota máxima!

Sérgio Odeith é um dos mais antigos writers portugueses e destaca-se pelo seu trabalho
anamórfico, que  joga  com perspetivas para  fazer o  graffiti  "saltar" do muro. Usando
duas ou mais paredes e o chão, consegue criar a ilusão de que o que pinta está a sair da
parede e a flutuar sobre o solo, como se fosse um objeto tridimensional.
Quem está atento às paredes de Lisboa, provavelmente já reparou em obras com a sua
assinatura, cujo trabalho há muito saltou  fronteiras, em cidade como Londres, Dubai,
Nova Orleães ou Abu Dhabi.








































FONTE:http://www.tabonito.pt/o-artista-portugues-que-faz-o-graffiti-saltar-do-muro

Câmbio Negro

DJ Fabinho do Raciocínio Negro. #ForaTemer. #DiretasJá

US DA RUA, Rap Capixaba


PRETA ROOT´S



A desafricanização do samba – Por Nei Lopes

Contra obstáculos que o afastam das raízes, ritmo baiano ganhou o mundo

Pixinguinha (centro), recebe homenagem no Rio de Janeiro em 1968
Por Nei Lopes, sambista, escritor e autor, entre vários outros livros, 
da Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana (4ª ed., Selo Negro, 2011) — publicado na edição 79, de setembro de 2013
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A palavra “samba”, presente no cotidiano brasileiro desde, pelo menos, o século XIX, quando era definida simplesmente como “um tipo de dança de negros”, tem inegável origem africana. Arte eminentemente popular, aos poucos foi sendo estudada e compreendida. Na década de 1940, já era vista como “dança de salão, aos pares, com acompanhamento de canto, em compasso 2/4 e ritmo sincopado”, como definiu o poeta e folclorista Mário de Andrade. Finalmente, em 2001, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa trazia a informação de que “o nome designa, também, um tipo de canção popular de ritmo geralmente 2/4 e andamento variado, surgido a partir do século XX”.
Como a mostrar que o “samba” nasceu na África, o vocabulário da língua cokwe, do po­vo quioco, de Angola, re­gis­tra um ver­bo samba, com o sentido de “ca­brio­lar, brin­car, di­ver­tir-se co­mo ca­bri­to”. Em outro idioma, o qui­con­go, também falado em parte do território angolano, uma palavra de grafia semelhante, sàmba, de­­sig­na uma es­pé­cie de dan­ça em que um dan­ça­­ri­no ba­te con­tra o pei­to de ou­tro.
Segundo as primeiras hipóteses, a origem do termo seria o verbo semba, do idioma quimbundo, também de Angola, que tem os sentidos de “re­jei­tar” e “se­pa­rar”, em referência ao mo­vi­men­to fí­­si­co pro­du­zi­do na um­bi­ga­da, que é a ca­rac­te­rís­­ti­ca prin­ci­pal das dan­ças dos po­vos do grupo banto – do qual vieram cerca de dois terços dos africanos trazidos para o Brasil como escravos. Entretanto, a origem preferível talvez seja o outro sentido que tem o verbo sem­ba no quimbundo: o de “agradar, encantar, galantear”. Pois no samba tradicional, a umbigada, real ou simulada, é, antes de tudo, o movimento corporal dirigido ao par, como convite para entrar na dança.

Os primeiros tempos

Antes de ser visto e definido como gênero de música “cultivada conscientemente”, segundo as palavras de José Ramos Tinhorão, um dos maiores teóricos da música popular brasileira, a designação “samba” se aplicava a qualquer estribilho batucado, de feição africana. De origens diversas, esses refrões ou coros vinham da Bahia, das fazendas do Sudeste, do Agreste nordestino etc. e eram difundidos principalmente a partir de comunidades negras.
Até que em 1916 o violonista e compositor Ernesto dos Santos, o Donga, registrou na Biblioteca Nacional a obra Pelo Telefone, chamando-a “samba carnavalesco”, a ser lançada no carnaval seguinte.

Naquele momento histórico, o poder dominante buscava, por diversos meios e razões, desafricanizar o corpo e a alma da nação brasileira. E, mesmo quando, mais tarde, o Estado o incluiu em seu projeto político, o samba foi sempre, expressa ou veladamente, objeto de ações e procedimentos tendentes a despojá-lo dos conteúdos e das características formais próprios de suas origens africanas.
É assim que, na década de 1930, no ambiente do teatro musicado, surge o samba-canção, de an­da­men­to len­to, de me­lo­dia ro­mân­ti­ca e le­tra sen­ti­men­tal, mais ao gosto das elites, e talvez mais “limpo”, como requeriam as ideias de eugenia propagadas pelo racismo dito “científico”, menosprezando expressões afro-brasileiras.
Da mesma firma, uma vez iniciada a exploração econômica da atividade musical no País após a organização da indústria fonográfica, estabelece-se distinção entre o samba “do morro” e o “da cidade”. Nessa divisão, a obra criativa dos núcleos favelados, recém-constituídos e organizados em escolas de samba, passava a ser a matéria-prima que os compositores “do asfalto” transformavam em produto industrializado.

Mas os redutos negros conservavam, mesmo inconscientemente, numa reserva de talento e arte, importantes componentes de sua originalidade africana, tais como o ritmo da batucada, o padrão “pergunta/resposta” nos coros e solos do partido-alto (cantoria em desafio) e a luta-dança da pernada, espécie de jogo atlético derivado da capoeira angolana. E, mesmo sob condições muitas vezes adversas, nas décadas de 1930 e 1940 o negro Pixinguinha, genial compositor, instrumentista e arranjador, criava um repertório de “cenas africanas” que incluía sambas à moda antiga, como Benguelê, Iaô etc., mais tarde recriados pela cantora Clementina de Jesus.

A bossa nova

A expressão bossa nova marca o novo estilo de composição e interpretação do samba irradiado a partir da zona sul carioca no fim da década de 1950 e antes denominado “samba moderno”. O marco fundador do estilo são duas gravações do samba Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, em 1958, ambas tendo como diferencial o acompanhamento violonístico do músico João Gilberto.
Entre 1963 e 1964, o trabalho de Gilberto com o saxofonista americano Stan Getz impulsionou a difusão internacional da bossa nova a partir dos Estados Unidos. A semente já vinha do disco Jazz samba, gravado por Getz juntamente com o guitarrista Charlie Byrd, em 1962, ano do lançamento, no Brasil, de Garota de Ipanema. Em 1967, o hoje célebre samba de Tom e Vinicius era gravado em inglês por Frank Sinatra, marcando a definitiva expansão do estilo em uma dimensão jamais alcançada pela música popular brasileira.
Esse novo samba caracterizava-se principalmente por uma “batida diferente”, expressa em um tipo de divisão rítmica nada comum naquele momento, mas característica de um estilo, não de um gênero autônomo. Segundo o jornalista e escritor Ruy Castro, tratava-se de “uma simplificação extrema da batida da escola de samba”, como se dela fosse conservado apenas o tamborim. Reafirmemos que a bossa nova ganhou o mundo expressando sua indiscutível origem em títulos como Samba de Verão, Samba do Avião, Samba em Prelúdio, Samba Triste e Só Danço Samba.

Desafricanização

A bossa nova, então, propôs e efetuou uma simplificação do samba tanto para o “bem”, com o ritmo sendo assimilado por grandes músicos da cena internacional, como para o “mal”, com a africanidade se diluindo. Tão impactante foi essa diluição que, no próprio âmbito da nova onda, surge, a partir da parceria entre Vinicius de Moraes e o violonista Baden Powell, o subestilo de composição denominado “afro-samba”.
Com letras inspiradas em cantigas, rituais e outras formas tradicionais e versando sobre temas negro-brasileiros, os afro-sambas se caracterizam, segundo alguns teóricos, por melodias que encerrariam certo tom lamentoso, supostamente característico da música africana, o que carece de fundamento. A denominação, então – em que pese a beleza e a importância desse conjunto de obra – nos parece redundante: ou é questionadora das origens africanas do samba ou é, então, denunciadora da desafricanização sofrida por ele a partir de sua urbanização e de sua exploração comercial. Afro mesmo, nesse momento, é a já mencionada Clementina de Jesus, efetivo elo, no samba, entre a tradição ancestral e boa parte do que viria mais tarde, em obras como as de Candeia, Martinho, Luiz Carlos da Vila etc., além de interpretações como as de Clara Nunes e Roberto Ribeiro, entre outros.

As escolas

Na década de 1930, as escolas de samba se organizavam no sentido de assegurar um lugar para o samba no carnaval, e não para afirmar qualquer tipo de africanidade. Entretanto, elas acabaram por conservar, ao menos simbolicamente, alguns elementos da tradição, que aos poucos se vão diluindo. É o que se vê nas alas de “baianas”, no ritmo das baterias e em recorrentes enredos referentes, bem ou mal, à África.
Na relativa espontaneidade das rodas, as citações subsistem na batucada, revigorada a partir da década de 1980 nos chamados “pagodes de fundo de quintal”. Fora isso, elas permanecem congeladas no folclore, como no samba-de-roda do Recôncavo Baiano, reconhecido em 2004 como Patrimônio Imaterial do Brasil e, no ano seguinte, como Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. No âmbito da sociedade de consumo, entretanto, os ecos da Mãe África soam cada vez mais longínquos.

10 canções obrigatórias para entender o samba




FONTE:http://www.geledes.org.br/a-desafricanizacao-do-samba-por-nei-lopes/

PARA VEREADOR - LULA ROCHA

Ontem, 08/09/2016, reunimos com apoiadores no bairro Maracanã. Fizemos uma boa conversa e definimos estratégias para o fortalecimento da nossa campanha na região.#SurgeUmaNovaForça



Lula Rocha, ao vivo agora. O candidato a vereador de Cariacica-ES, está ao vivo nesse momento. Clique e confira.




Angela Davis e o significado da emancipação da mulher negra

Com prefácio de Djamila Ribeiro, ‘Mulher, raça e classe', clássico da ativista negra norte-americana é publicado pela primeira vez no Brasil
A ativista foi perseguida e presa em 1970, tornando-se mundialmente conhecida por meio da campanha “Libertem Angela Davis”.

Ativista feminista e defensora dos direitos civis da população negra nos Estados Unidos, Angela Davis é uma das principais vozes que analisam as condições de negros e negras por um viés interseccional, isto é, que se debruça sobre como o racismo, o capitalismo e o sexismo são condições estruturantes nas relações humanas, responsáveis por gerar formas combinadas de opressão.
Ícone da luta pelos direitos civis, Angela Davis, 72 anos, é filósofa e professora emérita do departamento de estudos feministas da Universidade da Califórnia. A ativista fez parte do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos. Foi perseguida e presa em 1970, tornando-se mundialmente conhecida por meio da campanha “Libertem Angela Davis”.
Mulheres, raça e classe, obra mais importante de Davis, recebe sua primeira edição brasileira pela editora Boitempo. Publicada originalmente em 1981, a obra torna-se ainda mais atual diante do florescimento do pensamento feminista e suas discussões entre as mulheres brasileiras nos últimos anos.
A edição brasileira, que deve chegar às livrarias na primeira quinzena de setembro, tem prefácio de Djamila Ribeiro, mestre em Filosofia Política na Unifesp e colunista no site de CartaCapital.
Confira abaixo um trecho da edição brasileira do livro:
O significado da emancipação da mulher negra
Além de ser o menos gratificante de todos os empregos, o trabalho doméstico também era o mais difícil de ser organizado em sindicatos. Desde 1881, as trabalhadoras domésticas estavam entre as mulheres que se filiaram às unidades locais da Knights of Labor quando a instituição retirou o veto à participação de mulheres .
Muitas décadas depois, porém, as organizações sindicais que buscavam unir a mão de obra doméstica enfrentaram os mesmos obstáculos que suas antecessoras. Dora Jones fundou e dirigiu o Sindicato de Trabalhadoras Domésticas de Nova York durante os anos 1930 .
Em 1939 – cinco anos depois da criação do sindicato –, apenas 350 das 100 mil domésticas do estado tinham se filiado. Mas mesmo diante das enormes dificuldades de organizar a mão de obra doméstica essa realização não podia ser considerada de menor importância.
As mulheres brancas – incluindo as feministas – demonstraram uma relutância histórica em reconhecer as lutas das trabalhadoras domésticas. Elas raramente se envolveram no trabalho de Sísifo que consistia em melhorar as condições do serviço doméstico.
Nos programas das feministas “de classe média” do passado e do presente, a conveniente omissão dos problemas dessas trabalhadoras em geral se mostrava uma justificativa velada – ao menos por parte das mulheres mais abastadas – para a exploração de suas próprias empregadas.
Em 1902, a autora de um artigo intitulado “A Nine-Hour Day for Domestic Servants” [Jornada de nove horas diárias para serviçais domésticas] relata uma conversa que teve com uma amiga feminista que lhe pediu que assinasse uma petição destinada a pressionar empregadores a fornecer cadeiras para as balconistas.
“As moças”, ela disse, “têm de ficar de pé dez horas por dia, e me dói o coração ver o cansaço no rosto delas.”
“Sra. Jones”, eu disse, “quantas horas por dia sua empregada fica de pé?”
“Por quê? Eu não sei”, ela ofegou, “cinco ou seis, creio eu.”
“A que horas ela se levanta?”
“Às seis.”
“E a que horas ela termina o trabalho, à noite?”
“Por volta das oito, acho, normalmente.”
“São catorze horas...”
“Ela pode se sentar durante o trabalho.”
“Durante qual trabalho? Lavando? Passando? Varrendo? Arrumando as camas?
Cozinhando? Lavando a louça? [...] Talvez ela se sente por duas horas, nas refeições e quando prepara os vegetais, e quatro dias por semana ela tem uma hora livre à tarde. Sendo assim, sua empregada fica de pé pelo menos onze horas por dia, incluindo o agravante de ter de subir escadas. O caso dela me parece mais digno de compaixão do que o da balconista da loja.”
Minha visitante se levantou, corada e com faíscas nos olhos. “Minha empregada sempre tem livres os domingos depois do jantar”, ela disse.

“Sim, mas a balconista tem todo o domingo livre. Por favor, não vá antes que eu assine a petição. Ninguém ficaria mais grata do que eu em ver que as balconistas têm a possibilidade de se sentar [...].”

Essa militante feminista estava perpetuando a mesma opressão contra a qual protestava. Mas seu comportamento contraditório e sua insensibilidade desproporcional não são inexplicáveis, já que as pessoas que trabalham como serviçais geralmente são vistas como menos do que seres humanos. Inerente à dinâmica do relacionamento entre senhor e escravo (ou senhora e empregada), disse o filósofo Hegel, é o esforço constante para aniquilar a consciência do escravo.
A balconista mencionada na conversa era uma trabalhadora remunerada – um ser humano com um grau mínimo de independência em relação a quem o empregava e ao próprio trabalho. A serviçal, por outro lado, trabalhava com o único propósito de satisfazer as necessidades de sua senhora. Provavelmente enxergando sua criada como mera extensão de si mesma, a feminista dificilmente poderia ter consciência de seu próprio papel ativo como opressora.
Conforme Angelina Grimké declarou em seu Appeal to the Christian Women of the South [Apelo às mulheres cristãs do Sul], as mulheres brancas que não enfrentavam a instituição da escravidão carregavam uma pesada responsabilidade por sua inumanidade. Do mesmo modo, o Sindicato de Trabalhadoras Domésticas expôs o papel das donas de casa de classe média na opressão das trabalhadoras domésticas negras.
A dona de casa está condenada ao posto de pior empregadora do país [...]. As donas de casa dos Estados Unidos obrigam seu 1,5 milhão de empregadas a trabalhar em média 72 horas por semana e pagam a elas [...] aquilo que conseguem espremer de seu orçamento depois que o dono da mercearia, o açougueiro [...] [etc.] foram pagos.
A desesperadora situação econômica das mulheres negras – elas realizam o pior de todos os trabalhos e são ignoradas – não mostrou sinais de mudança até o início da Segunda Guerra Mundial.
Às vésperas da [entrada dos Estados Unidos na] guerra, de acordo com o censo de 1940, 59,5% das mulheres negras empregadas eram trabalhadoras domésticas e outros 10,4% trabalhavam em ocupações não domésticas . Como aproximadamente 16% ainda trabalhavam no campo, menos de uma em cada dez trabalhadoras negras havia realmente começado a escapar dos velhos grilhões da escravidão.
Mesmo aquelas que conseguiam entrar na indústria e em atividades profissionais tinham pouco do que se gabar, pois eram designadas, via de regra, aos trabalhos com os piores salários nessas ocupações. Quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial e o trabalho feminino manteve a economia de guerra em funcionamento, mais de 400 mil mulheres negras deram adeus para seus trabalhos domésticos.
No auge da guerra, o número de mulheres negras na indústria havia mais que dobrado. Mesmo assim – e essa ressalva é inevitável –, ainda nos anos 1960, pelo menos um terço das trabalhadoras negras permanecia preso aos mesmos trabalhos domésticos do passado e um quinto delas realizava serviços fora do ambiente doméstico .
Em um ensaio ferozmente crítico intitulado “The Servant in the House” [A serviçal na casa], W. E. B. Du Bois argumentou que, enquanto o serviço doméstico fosse a regra para a população negra, a emancipação permaneceria uma abstração conceitual. “O negro”, insistia Du Bois, “não alcançará a liberdade até que esse odioso emblema de escravidão e medievalismo seja reduzido para menos de 10%” .
As mudanças estimuladas pela Segunda Guerra Mundial forneciam apenas uma sugestão de progresso. Após oito longas décadas de “emancipação”, os sinais de liberdade eram sombras tão vagas e distantes que era preciso forçar os olhos para vislumbrá-las.
FONTE:http://www.cartacapital.com.br/sociedade/angela-davis-e-o-significado-da-emancipacao-da-mulher-negra?utm_content=buffere22de&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer