MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/UFF-RJ & RAPPER
Fico observando de longe dos
bastidores, indivíduos que estufam o peito declarando-se representantes do
povo. Pergunto-me sempre, de que povo? Pois o meu povo esses elementos não
representam. Essa nata oligárquica sanguessuga, conservadora que conhecemos
bem, não está nem aí para o povo não passam de parasitas hospedeiros que só
querem apenas o bem deles e de seus grupinhos branco-eurocêntricos. O que
discuto aqui é a real necessidade dos nossos participarmos desses joguinhos com
essa elite ancestral lusitano-hispânica-ítala-germânica-pomerana.
Resumindo: essa raça não
gosta de nós. Verdade que doa a quem doer. Acham lindo quando um dos nossos
conquistam na labuta do cotidiano com suor e méritos vitórias em suas vidas. Mas
os tais “bonzinhos”, “mocinhos” não agem da mesma forma. Só lembram de mim,
preto e dos meus que também são pretos e pretas, em épocas que lhes convêm e
quando somos necessários para eles. Chamam-nos hipocritamente de irmãos, que
devemos lutar juntos por uma igualdade, fraternidade e união para todos. Mas quando
estão no poder, à história toda muda. Aí lanço a seguinte pergunta: Porque nós
temos que suar pela meritocracia e os clarinhos conservadores não?
Teoria e prática preta lúdica
é que nós temos que ser por nós mesmos. A construção histórica da nação
luso-hispânica-ítala-germânica-pomerana-tupiniquim é a prova cabal que quando
galgamos algum cargo de status, região dos clarinhos, somos tachados de
reacionários, racialistas, que estamos sempre correndo atrás de viver do bom e
do melhor. Mas os clarinhos não, né, eles sempre são os santos, as pessoas de
bem que sempre pensam no pretinho pobre humilde das periferias e favelas. Mas os
clarinhos somente aplicam o projeto de auto-segregação, manutenção territorial do
“status quo” beneficiando somente a eles, onde mantêm-nos os pretinhos em seu
devido lugar. Afirmando, eles não nos querem do lado deles, não querem ver nós
se beneficiando das mesmas delicias da vida em que os mesmos se deliciam.
Não existe elite preta no
Brasil. Preto não é só samba, pagode, carnaval, futebol. Preto também é
economista, jurista, médico, executivo, gerente, político, jornalista, repórter,
apresentador, cientista, etc., mas as ditas “pessoas de bem” não nos querem
nesses cargos supracitados e muito mais, a qual sempre reivindicaram supremacia
classista sobre os tais. Fato que comprova essa veracidade é o livro HISTÓRIA DE BOM JESUS DO ITABAPOANA, em
que o autor trata o negro como “elemento”
introduzido em terras bom-jesuenses. Para esses indivíduos ditos do “bem” somos
apenas elementos.
Essas tais “pessoas do bem”
cospem discursos sofistas carregados de paternalismo-assistencialista, não
podemos nos comover mais com essas falácias. São tempos de lutarmos pelos
nossos sem carregar a bandeira dos outros, reaja chega de ficar implorando por
migalhas, por bondades, não podemos deixar que esses sofistas se beneficiem sempre
com suas atitudes classistas querendo que acreditemos que fazem tudo pelo povo.
Reaja ou será morto, reaja ou será morta.