terça-feira, 15 de abril de 2014

ATÉ QUANDO?

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-CAMPOS/RJ & RAPPER.


Até quando teremos que ser e viver para os outros uma maioria em sua insignificância razão uníssona em que todos temos que ser um único ser alienado e condizentes com uma realidade im-plural?

 Até quando serei obrigado a ouvir deboches e desaforos em relação as minhas vestimentas, cultura e modo de vida?

O sistema na aplicabilidade da alienação é muito eficaz e com isso vai mantendo a sua política de controle de massa permitindo dessa forma o avanço voraz do capital que vem devorando todos os recursos com um apetite imenso e tempestuoso.

Ceder de um lado manter e controlar o outro, festas no espírito branco de Baco, futebol, bundas e mais abundâncias e músicas que pregam a alegria, felicidade que tristeza não existe, músicas com toque cultural de plasticidade enfeitam as ruas, invadem as casas pregando a alienação e devoção irrestrita e total ao capital neoliberal.

Quem não gosta de Money? Eu gosto e muito claro. Mas existe uma diferença enorme entre a espécie e o sistema.

A criatura em seus sentidos sensoriais peculiares e assistemáticos vislumbra sempre o que é mais fácil de ser digerido, mesmo que o alimento o torne escravo de seus próprios medos e incertezas. Surgem dessa forma abarrotada milhares de famigerados sem limites, animadores de platéia em meio ao cerne da perplexidade humana perante a existência da barbárie social.

Nada contra o lepo, lepo e demais indagações basais corporificadas que vem pincelando a arte cotidiana com seus repetitivos instrumentos pró-felicidade salutar acima de tudo. O underground, o alternativo tem total ciência que são elementos praticamente não tão atrativos para a gigante massa de manobra. O que os sujeitos atuantes dessa cultura e modo de vida esperam da gigante maioria fantoche é um mínimo de respeito. Ainda nos vemos reféns das velhas inquietações humanas e suas competências cognitivas onde não se tem mais tempo para analises profícuas em relação à convivência.

A conotação do apelo sensacionalista da mídia incorpora o real e simplório desejo do cidadão Kane, suborna-me e eu entrego meu brother, meu friend. Em última instância só nos resta refugiarmos em nossos ambientes considerados inglórios de convivermos com a bastarda prole do bem que subjaz o roteiro repetitivo de paz, amor e felicidade, mas sem um real no bolso e apanhando diariamente desse sistema bárbaro.


Enfim, encerrando com um ponto fugaz a trama sempre é a mesma, apropriam-se da cultura preta que não conseguem destruí-la e a transformam em mera mercadoria, bastante rentável para uma minoria. A parte que não os condiz, é jogada fora, segregada dos meios de convivência trilhando dessa forma uma sociedade dividida e refém de si mesma. Para os amantes do Black underground e alternativo, só nos resta rezar.