segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O PATRIMÔNIO, PRIVILÉGIO DE ALGUNS OU DE TODOS.

Bacharel em Serviço Social pela 
Universidade Federal Fluminense-UFF/Campos-RJ
Em tese patrimônio está relacionado num bem, que pode ser material bem como imaterial, que reflete a alma de um coletivo alem do tempo e espaço.  Ele deve trazer o orgulho, a essência, a voz, os sonhos de uma localidade, região ou nação. Nele deve haver todo o esplendor e glorificação de um povo representado de uma maneira uniforme e uníssona.
Mas será que todo o patrimônio realmente representa a união de um povo? Vejamos como exemplos o nosso pavilhão e o nosso hino nacional, claro que são bem mais que um patrimônio.  O pavilhão nacional remete em suas cores o Brasil que devemos ter tanto orgulho? O hino nacional com sua composição hibrida e positivista nos remete a união plena de um povo sabendo-se que, a independência foi proclamada por uma elite e não pelos pobres?
Para quem se detalhar ao pavilhão nacional, o mesmo remonta uma ligeira coincidência com o pavilhão da monarquia colonial portuguesa, onde se expressam bem o azul e branco que são cores da nação colonizadora que faz par com os dizeres positivistas ordem e progresso cravados no tecido nos primeiros dias do nascimento da república. Analisemos a seguinte questão: se os republicanos queriam implantar a república para romper com o estado colonial, porque o pavilhão continuou e continua sendo uma representação, uma menção de honra ao passado colonial português?
Muitos patrimônios, no entanto são representações magnânimas, mas que expressam o orgulho somente de um povo étnico ou de uma família. Em Bom Jesus do Itabapoana-RJ, por exemplo, existem construções memoriais que no dizer patrimonial representam apenas histórias de algumas famílias conservadoras-pioneiras e a um determinado grupo social. Basta observar os perfis para se ter uma clara noção de que tipo de indivíduos resgatam as histórias patrimoniais bom-jesuenses e a que grupo social pertencem.
O valor cultural fica apenas restrito a um determinado grupo seleto, por mais que esse grupo diga que representa o povo bom-jesuense, o povo bom-jesuense não se sente incluso nessas homenagens e gratificações. O patrimônio, portanto passa a ser um privilégio de poucos em muitas ocasiões, pois quem se destaca em reerguer e reaver essas histórias aborda de uma forma que somente uma representação seja o símbolo e a referência de toda uma cidade.

Nesse sentido o patrimônio local acaba sendo um privilégio de poucos em detrimento de muitos, uma triste constatação de um povo, uma cidade que fica obrigada a conhecer apenas uma história.