ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE & RAPPER.
Até que
ponto podemos considerar e reconsiderar a dimensão histórica de reparação em
relação a região que pertence as duas Bom Jesus?
Em
que grau de aceitabilidade no que tange o embate segregacionista e de exclusão podemos
fazer uma análise dos indivíduos de que alguma forma, não se beneficiaram desde
a sua fundação, das benéficas condições nativas das gerações que se seguiram em
curso?
Volta
e meia farpeio a ontologia do devir bom-jesuense bem como sua
contemporaneidade. Não sei ao certo quantos (as) Assistentes Sociais existem em
Bom Jesus do Itabapoana-RJ e Bom Jesus do Norte-ES, o que sempre me questiono é
será que a maioria sabe a real função do ser Assistente Social? Muitas são as
pessoas que comentam e reclamam de algum mau atendimento. Bem, de certo afirmar
que essas pessoas também não sabem a real função do profissional de Assistência
cabendo a este mostrar a sua real função no campo de atuação.
Benesses,
assistencialismo, caridade ainda são perfis que permeiam o profissional de
Assistência fazendo com que ele seja visto somente como uma peça de
recauchutagem pelo sistema, ou seja, sempre requisitado para ações paliativas
reformulando um modelo de projeto já aplicado, mas que não modifique a sua
metodologia. Portanto, se o projeto for um projeto imutável do ser enquanto ser
dependente do sistema, este não terá interesse que ele mude, portanto sempre o reformulando
de uma forma que dê uma repaginada, mas não modifique a sua estrutura
assistencialista.
Ressalto
aqui o perfil de alguns Assistentes Sociais que apresentam a profissão com uma
postura classista direcionada a média. Rogam-se verdadeiros doutores e
doutoras, fazendo com que os usuários os vejam como santos intercessores de
seus problemas cotidianos. Flexibilizar essa relação de tensão evidente, é um
dos obstáculos a cerca da profissão na minha opinião em Bom Jesus, pois ainda percebo
certa distância no quesito tratamento aos usuários por alguns Assistentes
Sociais. Não basta apenas atender a demanda trazida pelo indivíduo, precisa-se
também entender essa demanda e posteriormente as conseqüências que trarão se o
mesmo não for solucionado. Apesar da precariedade do sistema e da
aplicabilidade das ações, saber entender a demanda, repassando de uma forma que
o usuário reconheça o esforço a ser efetivado, faz com que o profissional evite
conflitos cotidianos, pois o mesmo está à mercê, no front, como escudo da falha
do sistema.
E no
que cabe a reparações, será que os Assistentes Sociais estão antenados nesse
debate nacional? E em Bom Jesus, é viável uma política de reparação? Se sim de
que modo seria avaliado?
Muito
se sabe da cultura conservadora bom-jesuense e suas gerações clientelistas,
assistencialistas e principalmente paternalistas. Manter essa ordem sempre foi
o primordial para a manutenção do status quo da dita sociedade do “bem” bom-jesuense.
Maquinamente essa operação de manutenção do “sim senhor e não senhor” tem
deveras contribuições do sistema de exclusão, sendo assim uma discussão em
torno das benfeitorias ações de reparações de cunho territorial faz-se em
questão bem quista.
E o
que seria essa política de reparação bonjesuense?
Giraria
em torno de uma política pública no âmbito da Assistência em que a mesma se
tornaria encarregada de gerenciar os recursos reparatórios, como também de elaborar
os projetos de execução tais como acordado a essas reparações. Com base
piramidal destacamos que a classe periférica nos dias de hoje, remota bem a
marginalização de sua posição em meio às conquistas da classe elitizada, intercalando
ao aparelhamento das condições de vida para que não se perca a mão de obra
servil de caráter subserviente e dócil. Portanto a ideologia meritocrática de
valoramento do trabalho, enquanto ser prestativo na reprodução do modo de vida
elitizado, fazia com que esses indivíduos não almejassem uma outra condição de
destaque na sociedade, sendo assim que entendessem o sentido do seu lugar.
Apreciados
eram enquanto contribuintes da manutenção desse sistema conservador de engodo meritocrático.
Gratidão acompanhada junto com a frase “o
trabalho dignifica o homem”, eram e ainda continua por alguns sendo a grande
promoção de enganação do indivíduo. Cabe destacar os considerados grandes
feitos dos antigos senhores e senhoras bom-jesuenses, mas cabe a se destacar
também a total visão turva do futuro no qual a municipalidade aguardava, mas não
previa. Na atualidade que nos encontramos se deve a falta de empenho pretérito em
beneficiar todas as classes de gozar de benefícios que póstumos talvez éticos,
e moralmente, poderiam ter evitado transtornos em nossa sociedade no meio
social e humano.
Um discurso
de que o cidadão aumentou o seu poder de consumo atrelado à qualidade de vida
fica um tanto dúbio, o discursante utiliza-se de métodos positivistas para
arrendar adeptos e convencer a grande massa. A perversidade das falas de alguns
(as) Assistentes Sociais de perfis positivistas causa náuseas e é tácita a
total ingenuidade de seus ouvintes e crentes do teor de suas promessas.
Até que
ponto podemos considerar e reconsiderar a dimensão histórica de reparação em
relação a região que pertence as duas Bom Jesus?
Em
que grau de aceitabilidade no que tange o embate segregacionista e de exclusão podemos
fazer uma análise dos indivíduos de que alguma forma, não se beneficiaram desde
a sua fundação, das benéficas condições nativas das gerações que se seguiram em
curso?
Por final,
se ainda nos utilizamos de métodos positivistas em nossas ações enquanto
Assistentes Sociais, seremos portanto ainda incapazes de responder as essas
duas perguntas de âmbito territorial e regional. Refaçamos uma análise de nós
mesmos reavaliando o nosso comportamento enquanto ser cumpridor de seu dever e
missão.