quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Acusado de roubo com provas frágeis, jovem preto completa dois meses na prisão

Folha de ponto e depoimento de 12 colegas de trabalho confirmam que Victor estava a 20 km do local do crime; 1ª  audiência do caso ocorre nesta quinta

O jovem preto Victor Ambergue Rocha Gabriel completa hoje dois meses na prisão. Antes campeão no futebol de várzea, o menino está agora magro e debilitado como nunca esteve na vida, ele que nunca havia sido preso.
Victor é acusado de ter roubado o celular de um motorista na noite de 26 de julho, na Penha, zona leste da cidade de São Paulo. No horário do crime, Victor estava a 20 quilômetros dali, em uma empresa de transporte da Freguesia do Ó, zona norte, onde trabalha como ajudante avulso: a folha de ponto da empresa conta essa história, assim como 12 colegas de trabalho de Victor, incluindo o gerente e a dona da empresa. Eles assinaram um documento afirmando que o menino estava com eles e fazendo questão de acrescentar que que “ele é de boa índole, calmo, trabalhador” e que “nunca houve fato que o desabonasse”.
Há duas provas que as Polícias Militar e Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB) levantaram contra o jovem, e que foram aceitas pelo Ministério Público Estadual, autor da denúncia contra Victor. Uma é o celular do motorista, apreendido com Victor. O jovem afirma que encontrou o aparelho à venda numa página do Facebook, e um empresário que postou a oferta na rede foi até a delegacia dizer que, sim, ele é quem havia vendido o celular para Victor.
A outra prova é o reconhecimento da vítima. Além de ter sido realizado 71 dias após o roubo, o reconhecimento ignorou uma contradição no depoimento da vítima. O motorista contou em depoimento que havia sido roubado por dois homens brancos e um pardo. Victor é preto.
De acordo com o IBGE, pretos e pardos compõem o grupo racial negro.
A audiência de instrução, debates e julgamento de Victor está marcada para esta quinta-feira (7/12), às 14h, no Fórum Criminal da Barra Funda, e tem gerado expectativas na família pela liberdade do jovem.
A companheira de Victor há quatro anos, Stephanie Rodrigues, com quem teve o menino Arthur, diz sentir a falta do marido. Victor escreveu uma carta para ela, recordando o momento em que os dois se conheceram.
“O Victor é uma pessoa muito carinhosa, um companheiro. Com o nascimento do Arthur, é eu, você e o Arthur, sempre. O Victor é uma pessoa essencial.”
A família também tem recebido o apoio de organizações do movimento negro, como a União dos Coletivos Pan-Africanistas (UCPA), e dos colegas do futebol de várzea, onde Victor é bem conhecido.
“O pessoal não acredita nisso. Os ex-treinadores dele estão entrando em contato comigo, perguntando como está a situação, que é um menino trabalhador, de família, um menino que só une a equipe, não arruma confusão. É complicado, é bem difícil mesmo”, descreve Alessandra.
O caso
Na noite de 26 de julho, um motorista do aplicativo 99 foi chamado para uma corrida na Penha. Quando chegou ao local, três homens entraram no carro e anunciaram um assalto.
Um dos rapazes tomou o volante e conduziu o veículo até o Parque Novo Mundo, na zona norte. Dois assaltantes ficaram com a vítima, enquanto um foi tentar sacar dinheiro no caixa eletrônico. Como o caixa eletrônico exigia impressões digitais, os assaltantes não conseguiram fazer o saque. Voltaram, pegaram o celular da vítima, além de uma jaqueta, tênis, cartões e documentos, e a deixaram partir.
O motorista prestou queixa no 90º DP (Parque Novo Mundo) e registrou que fora assaltado por três indivíduos, dois brancos e um pardo. O motorista também detalhou a roupa de cada um dos assaltantes, assim como o calçado.
Meses depois, o celular foi parar na mão de Roberto Soares Rossi, um empresário do setor imobiliário que tem uma série de casas e as aluga na zona norte da capital. Segundo Rossi, um dos seus inquilinos havia lhe entregado o aparelho como pagamento por um aluguel atrasado e voltado para a sua cidade natal, no estado da Bahia.
Rossi, então, colocou o celular para vender na página no Facebook “Desapego”, com foco na venda de produtos usados para clientes da zona norte. Ele chegou a consultar a Anatel, viu que o celular não tinha qualquer tipo de bloqueio e o anunciou para venda.
Victor, que havia começado a trabalhar desde o início de junho de 2017 na Desmarinas Transportes, na Freguesia do Ó, zona norte, contou para a sua mãe que, com o primeiro salário, queria pagar as contas que tinha em aberto e, com o segundo, iria comprar um celular novo.
Foi nesse site que Victor viu um celular no valor de R$ 800,00 e o comprou.

Em 6 de outubro, Victor foi jogar futebol pela manhã, em companhia do filho. Na volta, deixou a criança na casa de sua mãe e foi para casa almoçar e colocar o uniforme para o trabalho, onde começa sua jornada às 13h.
Já em casa, Victor foi recebido por policiais militares, que tocaram a campainha. Quando se identificou, o jovem foi preso, acusado de sequestro e roubo.
Às 18h, a mãe de Victor, Alessandra Aparecida Rocha Gabriel, foi informada da prisão do filho, e no primeiro momento, duvidou que Victor estivesse preso.
“Eu nem dei atenção e continuei com o que estava fazendo. Daqui a pouco a minha irmã ligou de novo e disse ‘Alessandra, já confirmei, corre que o seu filho está preso, ele está no DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] da Luz’”, conta Alessandra .
A mãe pediu a ajuda de uma vizinha, que a deixou no metrô Tucuruvi, e logo partiu para a região central da cidade.
“Quando cheguei, meu filho já estava algemado, ele só falou ‘mãe, eu não fiz nada. Mãe me ajuda’. De lá levaram ele para o 77° DP.”
No dia 9 de outubro, na 3ª Delegacia de Divisão Antissequestro do DHPP, Victor deu depoimento e contou sua versão, dizendo que não sabia da procedência do celular. A família conseguiu localizar Rossi, que havia vendido o celular para Victor. O empresário deu seu depoimento, confirmou que o menino havia comprado o aparelho com ele, e em seguida foi liberado.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil disse que Victor e um outro suspeito “foram indiciados e autoridade policial representou pela prisão temporária dos dois, contudo a Justiça decretou a preventiva”.
A assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual de São Paulo afirmou, em nota enviada à reportagem, que “pediu a prisão porque o réu foi reconhecido pela vítima e também estava de posse de um bem dessa mesma vítima”.
Victor, desde então, segue em prisão preventiva no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros.
O advogado de defesa entrou com pedido de habeas corpus, e a família aguarda a audiência de amanhã.
Elementos da defesa de Victor
A família e o advogado de defesa de Victor listaram uma série de aspectos que contradizem a acusação e a possibilidade dele ter participado do assalto em 26 de julho.
Há uma folha de ponto do trabalho do rapaz que marca o horário de entrada e saída de Victor, na mesma noite do crime. A informação é confirmada por uma declaração dos funcionários da empresa, do gerente, e da dona da Desmarinas Transportes. A empresa fica a cerca de 20 quilômetros do local do roubo.

A fisionomia também é distinta. Dois dos assaltantes eram brancos e um era pardo, enquanto Victor é preto. Há inclusive diferença na cor dos olhos e do cabelo, pois Victor tem o cabelo crespo e a cor dos olhos escura.
A roupa de Victor também não coincide com a descrita. Enquanto funcionário da empresa, o rapaz usava o uniforme da Desmarinas, diferente do modelo enunciado pela vítima.
O crime ocorreu por volta das 21h, e Victor estava presente no trabalho desde as 13h. O funcionário deixou o prédio da empresa às 23h45.

A família
A situação de Victor modificou a rotina da família e tem causado impacto na rotina de todos.
Alessandra conta que Victor só conseguiu ver o filho pela primeira vez depois de 29 dias preso, por conta da dificuldade para conseguir uma carteirinha com acesso ao presídio. Ela chegou a ir sete vezes ao local onde se faz o documento que permite a pessoa visitar o sistema prisional em São Paulo.
“Ou estava faltando sistema, ou documentação. Depois que eu consegui toda a documentação, eu levei e falei que estava tudo aí, e ele me disse que tinha sistema. O rapaz pediu um laudo porque eu uso aparelho dentário”.
Ela diz que chegou ao CDP de Pinheiros às 9h da manhã, mas só teve acesso ao presídio às 13h15. Alessandra conta que Victor está magro, debilitado, triste com a situação, e que o jovem também pediu para que a mãe cuide da esposa, Stepanhie, e do filho, Arthur.
A avó de Victor, de 65 anos, foi quem cuidou do jovem durante a infância, quando Alessandra tinha que trabalhar. A avó, abalada com a situação, começou a fazer afirmações confusas e controversas para a família.
“Está todo mundo levando ela no banho-maria, sem procurar médico, até dar uma estabilizada nessa situação.”
O filho Arthur, de 4 anos, também sente a ausência do pai. Mais agressivo e choroso, Arthur não fica distante da mãe.
“E fora que vira e mexe ele está doente, está muito debilitado de saúde. Vira e mexe ele está doentinho, coisa que ele nunca teve antes”.
FONTE:http://www.almapreta.com/editorias/da-ponte-pra-ca/acusado-de-roubo-com-provas-frageis-jovem-preto-completa-dois-meses-na-prisao


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Pesquisadora resgata história de quilombo dizimado por suíços em Casimiro de Abreu. Assunto foi tema da dissertação de mestrado de Renata em História, defendida há um ano, e deve virar livro.

RIO - A existência de um bairro chamado Quilombo, mas povoado por brancos de aspecto e hábitos europeus, sempre intrigou tanto Renata Lima que ela levou o assunto para a faculdade de História e transformou a localidade de Casimiro de Abreu em objeto de estudo.

O assunto foi tema de seu trabalho de conclusão de curso durante a graduação, mas a pesquisa continuou no mestrado, defendido na UFF há um ano. Em um trabalho minucioso, que agora dará origem a um livro, ela descobriu que a área fora cedida pelo imperador Dom Pedro II a imigrantes suíços, que dizimaram os quilombolas e seus descendentes.

Nos períodos mais populosos, o Quilombo chegou a ter cerca de três mil moradores. A localização do bairro, afastado da sede do município, e o bom solo, tornaram-no uma área destinada à produção agrícola. Renata lamenta que a influência da cultura africana seja tão desconhecida pela população da cidade. Na pesquisa, ela encontrou um documento em que descendentes dos imigrantes propõem medidas para minimizar a importância da influência africana na constituição do município. De acordo com a estudiosa, os primeiros conflitos entre quilombolas e suíços datam de 1823:

— Os suíços dizimaram famílias inteiras de africanos. Encontrei até um mapa revelando que os europeus queriam transformar o distrito onde está o Quilombo em Nova Suíça, negando por completo o papel dos escravos e de seus descendentes em nossa sociedade.

Os poucos descendentes de quilombolas vivos ainda sofrem com as lembranças. O aposentado Alci Silva tem, pelas contas da própria família, 103 anos. Ele nasceu e cresceu no Quilombo, de onde, ao lado dos outros últimos sete moradores, foi expulso. Mas, antes de fazer as malas, conquistou o coração de uma filha de suíços, com quem teve três filhos. Lúcido, atualmente ele mora a 40 minutos do bairro, ao qual preferiu não retornar para não sofrer.

— A terra era muito boa para o plantio de trigo e de aipim. Trabalhávamos duro, mas era bom viver lá. Não tenho ressentimentos, apenas saudade — garante.




Suge Knight alega (novamente) que o Dr. Dre contratou alguém para matá-lo

Como Suge Knight aguarda a data de julgamento de janeiro de 2018 para a morte de Terry Carter, de 55 anos, o ex-CEO da Death Row Records está acusando seriamente (novamente), através de novos documentos, que o Dr. Dre teria pago uma pessoa chamada Dwayne Johnson para matá-lo.
Knight afirma ter se encontrado com um investigador privado em julho de 2016 e viu um cheque escrito para a Johnson por US $ 20.000 como pagamento parcial para o serviço. Johnson, que também estava na reunião com Knight e o investigador particular, teria confirmado a transação.
Em 29 de janeiro de 2015 – o dia em que Carter foi morto em Compton, Califórnia – Knight diz que ele tem motivos para temer por sua vida, e que Johnson estava no mesmo estacionamento onde ocorreu o incidente naquele dia.
Esta não é a primeira vez que Knight acusou Dre de conspirar para matá-lo. Em abril de 2016, os documentos legais arquivados pelo ex-advogado de Knight, Thaddeus Culpepper, disseram que o mestre da Beats By Dre trabalhou com o Departamento de Sheriff do condado de L.A. em 2014 para que Knight morresse na discoteca de Hollywood 1 OAK, onde Knight foi baleado sete vezes.
Culpepper afirmou que um homem armado em 1 OAK alegadamente confessou receber 50 mil dólares de Dre para matar Knight.
Em outubro de 2016, Knight teria planejado processar Dre por alegadamente contratar um assaltante para levá-lo e exigiu um corte de 30% dos ganhos de entretenimento da Dre.
Os advogados de Dre negaram todas as reivindicações e, segundo notícias, alegaram “absurdas” as últimas acusações.
FONTE:https://rapnacional.blog.br/suge-knight-alega-novamente-que-o-dr-dre-contratou-alguem-para-mata-lo/


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