segunda-feira, 14 de julho de 2014

SOMOS MARGINAIS, SOMOS RACISTAS! Texto de Marcelo Silles. Assistente Social.

Somos marginais, a partir do momento que não aceitamos mais as mentiras que sempre foram contadas sobre os nossos ancestrais, sobre os negros, o povo preto brasileiro. Somos intolerantes, marginais, racistas a partir do momento que galgamos algum cargo que sempre foi branco e que negro não almejava, pois vivia antigamente em seu lugar. Somos marginais e praticamos o racismo ao contrário, a partir do momento que exigimos as cotas e ações afirmativas eficazes em reparação pelos anos e séculos de segregação e exclusão. Somos marginais, somos racistas e nos vitimizamos a partir do momento que não aceitamos teses brancas que analisam, cientificam, criam hipóteses sobre a nossa raça, cor, condição social, nossas lutas, tristezas, amarguras, alegrias, vitórias etc. Somos marginais, somos racistas a partir do momento que não aceitamos teses brancas sobre as nossas músicas, cultura sobre a nossa África, sobre os nossos heróis e heroínas. Somos marginais, somos racistas a partir do momento que afirmamos que adoramos e amamos as mulheres negras e pretas, homens negros e pretos. Somos marginais, somos racistas a partir do momento que exaltamos a nossa Africanidade e Diáspora, que temos orgulho de nossa pele preta, alma preta, vida preta, história preta, música preta e nossos ritmos que vieram dos quilombos, favelas, periferia que representam a nossa luta eterna e constante do preto na sua afirmação nessa sociedade brasileira hipócrita, demagoga e racista. Somos marginais, somos racistas, somos funk, somos rap, somos hip hop, somos samba, somos o batuque no terreiro, somos criolo & criola, somos Candomblé e Umbanda, somos Zumbi, Somos Dandarah, Somos Osvaldão, Somos Sabotage, somos todos os pretos e pretas guerreiros e guerreiras… Sim sou marginal pois já nasci perseguido. E para os olhos dos inconformados, privilegiados que já nasceram privilegiados que não aceitam a auto-afirmação preta, então sou racista!

Att,

Marcelo Silles