segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

BOTAR A CARA NÃO É PRA QUALQUER UM, TEM QUE SER GUERREIRO DE FÉ.

Marcelo Silles
Assistente Social com Bacharel da UFF-Campos/RJ

Os munícipes de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, deveriam trocar o gentílico de bom-jesuenses para VIVEM DE APARÊNCIA. As pessoas que se auto-declaram “cidadãos de bem” acabo por acreditar que são as mais covardes. Adoram, ou melhor, amam falar da vida dos outros, arrumam furdúcios e quando o bicho pega, são os primeiros a se acovardarem, iniciam uma guerra mais são os (as) primeiros (as) a se desertarem covardemente.

São católicos romanos progressistas, são católicos romanos tradicionalistas, evangélicos (protestantes), ateus etc. que só enxergam os seus umbigos, mas adoram futricar e da píti na vida alheia. São os donos da razão com soluções para todos os problemas das pessoas problemáticas. Queimam a língua constantemente, cometem o pior dos pecados que é praguejar o comportamento de vida alheia. São sanguessugas que só pensam em discursar o coletivo quando é de interesse próprio.

Eu só observo, filmo as maquiavelidades, as aleivosias disparadas aleatoriamente sempre no encalço de um coitado ou uma coitada para ser lavrado ou lavrada nos sermões dos indivíduos ou individuas que protelam seus jargões do “bem”.  Que os largados abracem as orações e proteções de Fé contra as línguas ácidas e chicoteadoras solucionadoras de todos os problemas, diluem as intrigas e fustigam vilmente para depois sorrateiramente fugirem como covardes que são e sempre foram.

Atesto que ser guerreiro de fé não é pra qualquer um, botar a cara não é pra qualquer um, só os fortes lutam e sobrevivem, não fogem a luta, arcam com as conseqüências de atitudes mal elaboradas, de eventos mal interpretados. Abraçam a guerra e caiem para cima das batalhas. Os fracos e covardes as fomentam e ainda exigem que sejam glorificados. E em Bom Jesus/RJ-ES está lotado dessas espécies. Que o Senhor nos proteja sempre!


“O guerreiro de fé nunca gela, não agrada o injusto e não amarela. O Rei dos reis foi traído e sangrou nessa terra. Mas morrer como homem é o prêmio da guerra”. (Racionais MC´s).

O Brasil e a África negra


José Luís Fiori

Já está em pleno curso uma nova corrida imperialista, entre as grandes potências, e um dos focos desta disputa é, mais uma vez, a própria África.

Ao incluir a África dentro do seu “entorno estratégico”,  e ao se propor aumentar sua influência no continente africano, o Brasil precisa ter plena consciência que está entrando num jogo de xadrez extremamente complicado. Porque já está em pleno curso – na 2º década do século XXI - uma nova “corrida imperialista”, entre as  “grandes potências”, e um dos focos desta disputa é, mais uma vez, a própria África. E não é impossível que as velhas e novas potências envolvidas na disputa pelos recursos estratégicos da África, voltem a  cogitar da possibilidade de estabelecer novas formas maquiadas de controle colonial sobre alguns  países africanos, que eles mesmo criaram, depois da IIº Guerra Mundial.


A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo: tem uma área de 30.221. 532 km2 e uma população de cerca de 1 bilhão  de habitantes, 15% da população mundial. O continente inclui a ilha de Madagascar, vários arquipélagos , 9 territórios e 57 estados independentes. Os europeus chegaram à costa africana e iniciaram seu comércio de escravos negros, no século XV e XVI, mas foi só no século XIX, que as grandes potências europeias ocuparam e impuseram sua dominação em todo continente, menos a Etiópia.



A independência africana, depois da II Guerra Mundial, despertou grandes  expectativas com relação aos seus novos governos de “libertação nacional” e seus projetos de desenvolvimento. Este otimismo inicial, entretanto, foi atropelado por sucessivos golpes e regimes militares, e pela crise econômica mundial que atingiu todas as economias periféricas na década de 70, provocando prolongado declínio da economia africana.



Na década de 90, inclusive, se generalizou em alguns círculos a convicção de que a África seria um continente “inviável” e marginal dentro do processo vitorioso da globalização econômica. E de fato, naquela década, apenas 1% do fluxos dos Investimentos Diretos Estrangeiros, de todo o mundo, foram destinados aos 57 países africanos. Depois de 2001, entretanto, a economia africana ressurgiu, acompanhando o novo ciclo de expansão da economia mundial, igual como aconteceu na América do Sul.



Esta mudança radical da economia africana  se deveu sobretudo ao impacto do crescimento econômico da China e da Índia, que consumiam 14 % das exportações africanas, no ano 2000, e hoje consomem 27%, igual que a Europa e os Estados Unidos, que foram os antigos “donos” comerciais do continente. Na direção inversa, as exportações asiáticas para a África vêm crescendo à uma taxa média de 18% ao ano, junto com os investimentos diretos chineses e indianos, sobretudo em energia, minérios e infra-estrutura. 



Neste sentido, não cabe mais duvida, devido ao volume e a velocidade dos acontecimentos: a África é o hoje, o grande espaço de “acumulação primitiva” asiática, e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política, da China e da Índia.



O problema é que neste mesmo período, os Estados Unidos também aumentaram  seu envolvimento militar e econômico africano, em nome do combate ao terrorismo, e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do “Chifre da África” e do Golfo da Guiné, que deverá estar cobrindo aproximadamente 25% das importações norte-americanas de petróleo, até 2015. E o mesmo aconteceu com a União Europeia, e em particular, com a  França e a Grã Bretanha, que inclusive participaram, neste período, de intervenções militares diretas no território africano. E a própria Rússia tem intensificando seus acordos envolvendo venda de armas e alguns projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália, e do deserto do Saara.



A relação do Brasil com a África, durante quase todo o século XX, foi de estranhamento e submissão aos interesses das potôncias coloniais europeias, e à estratégia norte-americana da Guerra Fria. Foi só no início da década de 60 que esta posição mudou pela primeira vez, com a “politica externa independente”- PEI,  dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, entre 1961 e 1964, política que foi retomada durante o governo Geisel, e depois foi relaxada durante os governos neoliberais da década de 90. Só agora, no início do  século XXI,  o Brasil retomou e e assumiu explicitamente seu interesse estratégico na África, propondo-se irradiar sua liderança e projetar sua influencia política e econômica, sobretudo na sua região subsaariana.



O Brasil é o único país sul-americano que é também negro e que tem excelentes oportunidades econômicas no território subsaariano, em infraestrutura e serviços, mas também na indústria e na capacitação da sua mão de obra.  Entretanto, para manter sua decisão estratégica e conquistar espaços, o Brasil tem que estar disposto e preparado para enfrentar a pesada concorrência das velhas e novas potências, como China e Índia, que tem muito maior capacidade imediata de mobilização econômica e militar. E terá que começar pela conscientização e mobilização da sua própria sociedade, e em particular, de suas elites brancas que sempre tiveram enorme dificuldade de  reconhecer, aceitar e valorizar as raízes africanas e negras do seu próprio país.