Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense-UFF/Campos-RJ |
Em tese,
a consciência humana baseia-se no simplório estado físico e subjetivo de
convivência harmoniosa entre os povos e raças. Desnudos de qualquer ideia racial,
os simpatizantes e seguidores desse estilo de vida, individualmente aplicam-se
e dão-se a si mesmo o prazer de maquinarem com o tempo e espaço um ambiente retro
familiar da qual educadamente receberam suas formações pré-concebidas baseadas
em Casa Grande e Senzala, déspotas da miscigenação e orgulho da raça brasileira.
Lançam-se, sem rogo e sem humildade, na escalada do Éden porvindouro e que o mesmo
já nos espera, e que aqui e agora devemos compartilhar das idéias de
convivência familiar entre seres nutridos totalmente de amor e fraternidade, e
que afirmações raciais seriam, e são, o julgo da destruição em massa da sacra
raça humana.
Família
no escopo social significa entre os humanistas, algo além do consaguineo uma
virtude de amor ao próximo sem a necessidade de catalogar uns aos outros pela
sua cor e raça. Teoria e comportamentos lindos e magníficos.
Mas a
máxima humanista se esquece de se ater ao que se outrora chamamos de racistas,
e com isso sua teoria humanista de apenas uma raça cai por terra, quando esses
indivíduos, meliantes berram suas afirmações de superioridade e meritocracia. Os humanistas apenas saem em defesa de seus
discursos, quando um negro se auto-afirma em raça e identidade, atitude que parece
causar furor e constrangimento ao humanista. Mas esse mesmo sentimento de
repulsa, náusea e asco não se habilita ou se encontra, quando um indivíduo
racista ou branco, ofende pela cor e raça um negro ou um índio, atitude
tolerada e sacralizada pelos humanistas, como algo que fosse natural, cultural.
A distinto
com clareza, mérito de palavra e com enfoque notório a negritude se exalta e
exala a ancestralidade de alguns pretos e pretas afro-brasileiros. Denuncia o
que tem que ser denunciado a partir de sua auto-afirmação racial e identitária,
fazendo com que reacionários e reaças se perturbem pelo fato de que, negros e
negras, suplantem e galguem pro-laboriamente seus direitos sociais e econômicos,
ultrapassando postos de trabalhos e ascensões sociais.
Pasmos,
confusos e atordoados os humanistas tentam de várias maneiras desacreditar,
desvirtualizar a luta dos movimentos negros e afro-diásporo, tentam deslegitimar
a causa em prol de uma união de base conservadora e praticamente de viés
reacionário e racista, pois a partir do momento que sua indignação cresce em
detrimento do surgimento de engrandecimento de uma cultura, grupo étnico que
sempre esteve e está oprimido e marginalizado e não se sensibiliza com suas
lutas diárias e, promove e corrobora com os opressores fechando os olhos para
as políticas e ações segregacionistas, apoiando seus atos ofensivos,
separatistas e racistas, essa ideologia humanista não passa de meramente uma
dúbia representação dos reaças e reacionários, clone mal clonado.
Os defensores
da consciência humana se esquecem que existem várias consciências, várias
particularidades, culturas, diversidades que necessitam ser evidenciadas,
representadas, comemoradas cotidianamente e com elas o diferente, o outro surge
de uma maneira esplendida de uma beleza que choca, incomoda aqueles que sempre
a reprimiram, surge abrindo alas, silenciosa, convidativa. Portanto se a
consciência humana não é capaz de reconhecer, legitimar a beleza, a diferença no
outro, é uma consciência sem consciência, falida. Novembro negro, um ano preto.