Ações
e olhares reacionários mediante a tácita decepção vocacional, revelam um quadro
desanimador da prática do Serviço Social em Bom Jesus do Itabapoana-RJ. Quando
saímos da academia com o orgulho bacharelado munidos daqueles instrumentos
teoricamente eficazes, muitos (as) Assistentes Sociais interiorizam o
abastardaísmo madames e madamos da sociedade bonjesuense e com isso, incapazes
de administrar emocionalmente as tensões junto às demandas que surgem no
cotidiano.
Esses microconflitos acabam por se
tornarem macros à medida que os profissionais da Assistência coisificam suas
práticas, ações e atendimentos através de discursos de inclusão, mas que acabam
por excluir e segregar o usuário da Assistência em todos os setores.
Gerado por um conjunto de fatores,
entre eles o comodismo, a discriminação e o preconceito, os (as) Assistentes
Sociais bonjesuenses atuam sob um olhar hostil diante as condições que demandam
sua atenção como profissional, comprometendo a qualidade do trabalho nos âmbitos
das políticas criando assim um entrave na luta por garantir os direitos sociais
dos usuários e a manutenção de seu status quo profissional que não existe.
O profissional bonjesuense acaba por
silenciar qualquer crítica aos arranjos sistêmicos ao sinalizar para a
necessidade e os limites do usuário que busca solucionar o seu problema. Provoca
o silêncio com receio da crítica constante e com isso nutri cada vez mais o usuário
uma insatisfação com o atendimento.
Com ares de vítima dócil e escrava,
o profissional acentua cotidianamente o seu lapso assistencialista minando
assim valores de ética e cidadania. Alguns tendem ao papel crucial de mea
culpa, outros exibem desde berço o seu espectro mais conservador.
Apesar dos pesares é possível, em
práticas significativas, socializar e ressignificar a prática profissional através
de um debate substantivo iniciado a partir de um determinado período histórico.
Posições sectárias retraem e
desvalorizam a profissão, deixamos de ser agentes catalisadores do direito e
cidadania, passando a ser apenas críticos do existencialismo, mas sem conteúdo pois,
teoricamente a prática leva a valorização. Precisamos equacionar algumas condições
básicas: Atuação compromissada do Assistente Social; Sensibilidade nas análises
de estudo; Criticidade ética ao avaliar a demanda surgida; Policiamento do seu
eu ao avaliar a problemática trazida junto à demanda pelo usuário.
E por fim, é necessário rever os
conceitos éticos e de cidadania do Serviço Social em Bom Jesus, é preciso
entender que, durante o período acadêmico, não é ensinado aderir ao status quo,
mas sim discutir e aperfeiçoar a prática profissional. Isso significa valorizar
mais o ser humano e deixar de lado um status que nunca foi nosso.