BOM JESUS DO ITABAPOANA/RJ.
BRASIL
sexta-feira, 7 de junho de 2013
História do Hip-Hop no Brasil
História do Hip-Hop no Brasil
Hip-Hop é uma cultura que consiste em 4 subculturas ou subgrupos, baseadas na criatividade. Um dos primeiros grupos seria, e se não o mais importante da cultura Hip-Hop, por criar a base para toda a cultura,
O DJing é o músico sem “instrumentos” ou o criador de sons para o RAP;
O B.Boying (a dança B.Boy, Poppin, Lockin e Up-rockin) representando a dança;
O MCing (com ou sem utilizar das técnicas de improviso) representa o canto;
O Writing (escritores e/ou grafiteiros) representa a arte plástica, expressão gráfica nas paredes utilizando o spray.
O Hip-Hop não pode ser consumido, tem que ser vivido (não comprando roupas caras, mais sim melhorando suas habilidades em um ou mais elementos dia a dia). É um estilo de vida.... Uma ideologia...uma cultura a ser seguida...
A "consciência" ou a "informação" na minha opinião não pode ser considerada como elemento da cultura, pois isso já vem inserido às culturas do DJing, B.BOYing, MCing e Escritor/WRITing (Graffiteiros), ou seja aos elementos da cultura Hip-Hop, mais é válido para a nova geração, dizendo se fazer parte da cultura Hip-Hop sem ao menos conhecer os criadores da cultura e suas reais intenções.
O Hip-Hop não pode ser consumido, tem que ser vivido (não comprando roupas caras, mais sim melhorando suas habilidades em um ou mais elementos dia a dia). É um estilo de vida.... Uma ideologia...uma cultura a ser seguida...
A "consciência" ou a "informação" na minha opinião não pode ser considerada como elemento da cultura, pois isso já vem inserido às culturas do DJing, B.BOYing, MCing e Escritor/WRITing (Graffiteiros), ou seja aos elementos da cultura Hip-Hop, mais é válido para a nova geração, dizendo se fazer parte da cultura Hip-Hop sem ao menos conhecer os criadores da cultura e suas reais intenções.
O HIP-HOP surgiu no Brasil na década de 80. Ainda não existiam movimentos que retratavam exatamente o fundamento, o significado na íntegra desta cultura, porque todo aquele povo da época (a grande maioria) desconhecia este nome HIP HOP. O que na época foi propagado e muito na mídia, era a febre chamada BREAK DANCE.
Break era a dança do momento na época, que jamais deixou de ser um elemento importantíssimo e imprescindível para o crescimento do movimento no Brasil.
Sendo assim: 1984, foi o ano oficial da chegada da Dança de Rua no Brasil e o surgimento dos B.Boyings, Poppings e Lockings.
Em 1984, jovens dançarinos tentaram ficar em frente à antiga loja do Mappin na escada do teatro municipal, depois de uns meses foram para a 24 de maio com Dom José de Barros, lá foram perseguidos pelos lojistas e agredidos pela polícia.depois migraram para a estação São Bento no metrô que era ainda dividida com Punks e Skatistas, lá acharam a TERRA PROMETIDA aos breakers: um lugar coberto com o chão liso e aos poucos aqueles dançarinos foram tomando conta do local e o numero deles se multiplicando. Caras como NELSON TRIUNFO – monumento vivo do HIP HOP, os irmãos LUIZINHO e JOÃO, THAÍDE, MC JACK foram os primeiros donos do pedaço. Dali também saiu a velha guarda das turmas (crews) de break nacional, as mais famosas foram: BACK SPIN, JABAQUARA BREAKERS, STREET WARIORS, NAÇÃO ZULU, FURIOUS BREAK, DRAGON BREAK, etc. a maioria dos nomes de equipes são em inglês devidos ao fato deles estarem sempre se espelhando nos jovens de fora do país que davam subsidio a criatividade da dança. Mas um cara fica como ícone: NELSON TRIUNFO que é atualmente uma das lendas vivas da dança negra brasileira, vem de antes de toda a historia do Break, pois já dançava Funk anteriormente. Nelsão como é conhecido entre os íntimos, montou no meio da década de 70 junto com NINO BROWN, o FUNK & CIA..
Em todos os lugares via-se pessoas com roupas coloridas, óculos escuros, tênis de botinha, luvas, bonés e um enorme rádio gravador mostrando os primeiros passos, do que se tornaria mais tarde uma cultura bem mais complexa.
Todos aqueles que tinham certa afinidade pela dança foram influenciados pelas cenas do filme Flash Dance, os vídeos clips de Lionel Ritchie, Malcom McLarem e outros. Sendo que não podemos deixar de mencionar em hipótese alguma que o Rei do Pop Michael Jackson, lançou para o mundo o famoso Back-slide, inventado pelo Grupo Electric Boogaloo, que muitos Poppers viram e utilizaram muito no Brasil.
O hip-hop na década de 80, contou também com as equipes de Som, estilo black music, como: Chic Show, Black Mad, Kaskata´s e Zimbabwe e algumas revistas.
Os primeiros talentos tupiniquins, Nelsão Black Soul ou Nelsão Triunfo dançando break, conhecido também como “homem árvore” e sua turma o “Funk Cia.”, que inclusive fizeram à abertura da novela Partido Alto, na Rede Globo, sem esquecer que o Funk Cia. já vinham de muito tempo atrás; desde a época do Black Power dançando Funk no bailes de São Paulo.
Thaíde e o Humberto, ou melhor, o DJ Hum, MC Jack que também é DJ, Pepeu, Racionais Mc's, General G.,Considerado o melhor vocal e a melhor levada de Rap, ele simplesmente desapareceu do mapa. MC Mattar, nome artístico (pseudônimo) utilizado por Marcelo Cirino, Mister Theo, Ndee Naldinho, Geração Rap, Sampa Crew, Dynamic Duo,
Quem não se lembra da música: “Mas que linda estás”??? Do Grupo Black Junior’s, Os irmãos Metralhas, também apareciam no cenário.
Esses nomes mencionados acima, embora alguns desconheçam e ignoram o fato, foram os primeiros Rappers a gravar disco de vinil
Grandes nomes como Fábio Macari, DJ Cuca, DJ Raffa, a dupla “Dinamic Duo”, Mauricio Black Mad, Luizão da Chic Show, Getúlio Rocha, Giba da M.A., Donizette Sampaio, Willian Santiago, Carlinhos e Vagnão da Kaskatas, Natanael Valêncio, juntamente com as gravadoras independente como TNT Record´s, Zimbabwe, M.A Record´s, Rhythm and Blues, RM Produções, Kaskatas Record´s, Five Star, foram responsaveis a colocar o rap no cenário nacional e contribuindo para o crescimento do Hip Hop no Brasil.
Na época existia um concurso nacional de Break, o inesquecível Programa de auditório Barros de Alencar, que apresentou os grandes Poppers como Os Cobras e as Buffalo Girls e a grande final entre Os Dragon’s Breaker’s versus Gang de Rua (de Santos).
O Gang de Rua, foi fundado por Marcelo Cirino, e contava com mais três integrantes: Tijolo, Jorge Paixão e Daniel Paixão (hoje o rapper da gravadora Trama: Criminal D.).
Depois da febre de 85, surgiram nomes como: Back Spin, Guetto Freak, Jabaquaras Breakers, Red Crazy Crew, Street Warrior’s e Nação Zulu, que mantiveram vivo a arte do B.Boy.
Toda essa galera dançavam na Rua 24 de Maio, mas foram perseguidos por lojistas e policiais; depois foram para a São Bento e lá se fixaram. Houve um período de divisão entre os breakers e os rappers, os primeiros continuaram na São Bento, os outros foram para a Praça Roosevelt.
Já em agosto de 1989 um cara chamado Milton Salles criou a MH2O "Movimento Hip Hop Organizado", ele Sales nesta época era produtor dos Racionais Mc's e foi até 1995, ao MH2O foi muito importante pois criava várias oficinas nas periferias, shows gratuitos nos guetos e divulgou muito o rap para o grande público.......
Hoje em dia, Milton Sales é responsável pela Companhia Paulista de Hip Hop, que continua tendo o mesmo intuito divulgar a cultura do hip hop.
FONTE: HIP HOP BRASIL.COM
Literatura marginal brasileira ultrapassa fronteira das periferias
By Portal Geledés
Fenômeno ganha espaço e reconhecimento com formas alternativas de publicação e distribuição de sua poesia. Alemanha é o primeiro país a receber esse novo movimento do Brasil
por Deutsche Welle
Sérgio Vaz, poeta e um dos principais nomes do movimento no Brasil
Um evento que começou na semana passada em Berlim apresenta ao público alemão vozes raramente ouvidas pelos próprios brasileiros. Escrito sobre as Margens (da Cidade). Semana da Literatura Marginal mostra a literatura feita na periferia dos grandes centros urbanos do Brasil.
"Essa é a primeira semana de literatura marginal fora do Brasil. Nossa intenção é encontrar conexões dessa literatura marginal brasileira dentro das cidades que o evento vai visitar: Berlim, Colônia e Hamburgo", diz Carlos Souza, um dos organizadores do evento. A ideia é achar denominadores comuns entre as cidades brasileiras e alemãs. "Queremos achar a conexão entre a poesia urbana nessas diferentes culturas e encarar a rua como um espaço de socialização, reflexão e discussão."
Souza também é o fundador do coletivo Urban Artitude, que busca estimular ações artísticas com engajamento político e que transitem dentro do universo da cultura urbana. "A linguagem cultural dentro do complexo urbano permite que muitos jovens possam encontrar sua identidade e dialogar com o mundo. Queremos potencializar ações não só no Brasil e na América Latina, mas também na África", explica.
Para o organizador, a literatura marginal no Brasil é um fenômeno que ganhou espaço e, hoje, recebe o reconhecimento do governo como uma importante voz vinda da periferia, além de ser uma "ferramenta importante de manifestação cultural".
Literatura periférica
"A literatura marginal é a que vem da periferia. Diferente do que era feito nos anos 1970", descreve Sérgio Vaz, poeta e um dos principais nomes do movimento no Brasil. "Gosto do termo literatura periférica porque diz de onde viemos. Antigamente falavam pela gente. Hoje, falamos por nós mesmos", afirma.
Em 2000, Vaz fundou o coletivo Cooperifa (Coordenação Cultural da Periferia) com a ideia de saraus abertos a todos os que quisessem se manifestar através da poesia. "Essa é a literatura dos pobres e oprimidos, o povo se assanhando a contar sua própria história. Não é uma literatura melhor que a acadêmica – muito pelo contrário. Mas é carregada de emoção e verdade", explicou.
A iniciativa começou de forma e em lugar inusitado. "Em 2001, eu e o Marcos Pezão [outro idealizador dos saraus] começamos com a ideia de fazer poesia num bar. Onde vivemos não há cinema, praça pública ou parque. O único lugar público é o bar. Resolvemos então transformar o bar num centro cultural".
A ideia começou a despertar o interesse da população e o projeto foi crescendo. Hoje são mais de 50 saraus que acontecem por todo o país, inspirados no encontro original da Cooperifa. "As pessoas perceberam que não adianta ficar esperando o governo construir um teatro ou um centro cultural. Elas precisam transformar o lugar que elas têm", completa Vaz.
O poeta tem oito livros publicados – começou a publicar de forma independente e hoje faz parte de uma grande editora. "Acho que o escritor tem que correr atrás do seu leitor. Antes era mais difícil. Hoje a poesia pode ser publicada num blog ou no Facebook e tem uma visibilidade imediata", exemplifica o escritor, que publicou seu primeiro livro em 1988 e completa, em 2013, 25 anos de carreira.
Diferentes problemas, mesma rua
O movimento da poesia periférica tem ligação com o movimento hip hop, muito forte na periferia de São Paulo. "Foi o hip hop que começou a falar da periferia. Os rappers falavam da sua realidade, dos seus bairros, assim como a Bossa Nova falava de Ipanema e de Copacabana. As pessoas tinham vergonha de falar que moravam na periferia. [Mas] quem deveria ter vergonha é o governo e não a gente. O movimento negro começou a se assumir e o pobre também", diz Vaz.
No Brasil, a celebração da vida na periferia não é exclusividade do hip hop ou do rap. Hoje, outros estilos musicais, como o funk e o samba, também criam uma identificação com o público e um orgulho das origens.
A disseminação da cultura da periferia também acabou com vários clichês. Por muito tempo associado à cultura da periferia, o rap, por exemplo, costuma unir música e poesia. Mas o ritmo acabava se sobrepondo às letras, que se tornavam secundárias para o público.
Com os saraus, a música e a poesia do rap se separaram e as letras passaram a ser mais ouvidas e entendidas pelo público. Artistas de rap costumam recitar as próprias letras nos saraus.
Outro preconceito que acabou sendo quebrado com os encontros nas periferias brasileiras foi o fato de a poesia ser vista como algo "acadêmico e chato" – um clichê que vale não apenas na periferia, mas também em áreas mais ricas das cidades. Os saraus fizeram com que a poesia fosse desmistificada. "Nossos encontros são abertos a todos os tipos de poesia, sem censura prévia. Só temos um limite de tempo para podermos dar voz a todos", avalia Vaz.
O poeta diz também que, apesar de quererem estimular ações de engajamento político, os saraus não permitem discursos panfletários, porque esses adotam um tom de superioridade. Vaz acredita que o público dos saraus tem "ojeriza" a esse tipo de manifestação, considerada arrogante. "A política tem que estar inserida em um contexto poético.", explica. "Temos que entender como a comunidade pensa. Eu tenho que me ajoelhar diante das pessoas, da minha comunidade. Senão não conseguimos nos comunicar".
A série de eventos em Berlim inclui discussões, exibição de filmes, palestras, oficinas, workshops e dois saraus no estilo dos que acontecem na periferia de São Paulo. Um dos eventos acontecerá em Berlim e outro em Colônia, com poetas brasileiros e alemães. Os saraus, que acontecem até sexta-feira 31 nas cidades alemãs, também serão abertos a todos os que gostam de ou escrevem poesias. Todos os eventos acontecem em alemão e em português.
Autoria Marco Sanchez
Fonte: Carta Capital
Pastor metodista escreve artigo sobre os 125 anos da abolição da escravatura
By Portal Geledés
13 de Maio - O que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer?
13 de Maio - O que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer?
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;”.
Isaías 58.6 e Mateus 5:6
É 13 de Maio, data que assinala 125 anos da abolição da escravatura negra no Brasil. Assinala a abolição da escravidão e a instalação da desigualdade social. Pois, a partir de 13 de Maio, com base nas linhas abaixo 370 anos de escravidão tinha fim:
Declara extinta a escravidão no Brasil:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67.º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império - Antônio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque
Livres, mas e agora? O que será o amanhã? Qual o futuro deste povo que durante quase quatro séculos se constitui nas mãos e pés do Brasil? País que, sob a pressão da Inglaterra foi o ultimo a abolir o uso da mão de obra escrava e buscando fugir de seu passado abre as portas para os imigrantes europeus.
A liberdade concedida ao povo negro, assinalada a 13 de Maio foi bem descrita por Wilmore e Cone, no livro Teologia Negra:
“Livres para a fome, livres para o inverno e para as chuvas do céu... Livres sem um teto para os cobrir, sem pão para comer, sem terra para cultivar... Nós lhe demos liberdade e fome ao mesmo tempo” (Wilmore e Cone, 1986, p. 42).”
A luta continua, pois 13 de Maio não cheira liberdade, mas caracteriza o coroar da maior injustiça cometida contra pessoas humanas. Pessoas que foram desumanizadas, coisificadas, bestializadas, exploradas e após a assinatura da Lei Áurea, abandonados a própria sorte, a qual o estado esperava que fosse a morte. Liberdade negra só será liberdade, quando houver igualdade e justiça.
O que vamos fazer com essa tal liberdade, se da senzala saímos para a periferia da vida e continuamos a sofrer?
A saída é lutar por igualdade, justiça, reparação e inserção social, partilha do poder. A liberdade plena do povo negro é um mito tanto quanto o da democracia racial defendido por Gilberto Freire no clássico “Casa Grande & Senzala”. O futuro do Brasil passa pelo futuro do povo negro, assim como, seu passado ao povo negro está atrelado. Retire os 370 anos de escravidão da história brasileira e nada sobra. A saída não é negar ou apagar o passado. A saída é repará-lo, aprender com ele. O Brasil só terá plena paz social quando tal paz não for um privilegio utópico de uma minoria branca e abastada. Digo utópico, pois em uma sociedade na qual em 100, setenta não possui nada, os 30 que possuem tudo não terão sossego não.
A pressão social, a desigualdade, o preconceito, o racismo, a mortandade neonatal, a falta de oportunidade, de valoração da cultura, está em ebulição, se manifesta na violência, no crime, nos homicídios, e se a injustiça social continuar irá explodir em revolução, e em tal revolução quem tem a perder é minoria que tudo possui. Portanto, a minoria precisa pressionar o governo juntamente com a maioria pobre. Digo pressionar o governo, pois a escravidão foi uma estrutura do estado, tão logo, cabe ao governo, hoje, 125 anos após a assinatura da Lei Áurea, por meio de políticas públicas cada vez mais inserir o negro no centro da vida social do país, retirando-o da periferia do ser e ter. Fazer agora, o que segundo Joaquim Nabuco, deveria ter sido feito em 1888, no ato da abolição. Pois, muitos negros conscientes de sua história, e de que este país foi construído com o sangue, suor, lágrimas e cadáveres de seus ancestrais, assim como eu, possuem dentro de sim, uma pergunta que não quer calar: “13 de maio - o que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer”?
Liberdade não se recebe, se conquista. Igualdade social não se ganha, se reivindica, se luta por, se constrói, se solidifica, quando não se é acomodado com um sistema injusto e desumano. O Jugo desigual social e opressivo precisa ser combatido e abolido, pois assim diz a Palavra de Deus: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; "-
Isaías 58.6 e Mateus 5:6
Rev. José do Carmo da Silva – Mano Zé do Egito
Fonte das informações: Diario Oficial
Valmir Assunção: Quando a Justiça se torna racista
By portal Geledés
No último dia 21 de maio, a Justiça suspendeu os editais de incentivo à cultura negra, lançados pelo Ministério da Cultura em novembro de 2012. De acordo com a decisão do juiz José Carlos do Vale Madeira, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão, os editais representam uma prática racista. De acordo com ele, o Ministério da Cultura "não poderia excluir sumariamente as demais etnias" e que os editais "destinados exclusivamente aos negros abrem um acintoso e perigoso espectro de desigualdade racial".
Desta forma, os editais Apoio para Curta-Metragem — Curta Afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual; Prêmio Funarte de Arte Negra; Apoio de Coedição de Livros de Autores Negros; e Apoio a Pesquisadores Negros foram suspensos.
O Ministério da Cultura já informou que vai recorrer da decisão. No entanto, é preciso repudiar esta determinação da Justiça. Só uma pessoa que não tem o menor entendimento sobre racismo, a questão negra e todo o historio de opressão contra o povo negro neste País, pode conceber que editais e políticas públicas voltados para o resgate e manutenção da cultura negra no Brasil são objetos racistas.
Ora, estimular a cultura negra, não só é um aspecto condizente com a democracia, como também é uma forma de reparação e reconhecimento de que é preciso políticas específicas para a população negra, indígena, mulheres. E isso se dá porque, apesar de estarmos na vigência do século XXI, o Brasil ainda é marcado por episódios de discriminação e preconceitos raciais, pela existência do trabalho análogo ao da escravidão e pela violência contra negros, mulheres e contra a parcela da população que professa uma das inúmeras religiões de matriz africana.
A nossa sociedade já avançou muito em termos de conquistas sociais, mais recentemente com a política de cotas nas universidades. O crime de racismo é tipificado no nosso Código Penal e, cada vez mais, procuramos universalizar o acesso dos afrodescendentes às conquistas sociais, através das políticas públicas.
A Cultura também está neste universo. Não é uma política menor, pelo contrário. O Brasil precisa conhecer e reconhecer os negros e negras deste país na formação do nosso povo e isto é diretamente ligado à cultura, seja na culinária, seja na religião, seja no trabalho, seja nas formas de se vestir. Precisamos ter a memória e o resgate da cultura negra, hoje, completamente invisibilizada.
E mais: é preciso que as oportunidades para a produção cultural da população negra esteja garantida. Não podemos mais aceitar que negros sejam pintados de branco para que sejam aceitos em novelas, filmes ou peças de teatro.
A sociedade brasileira não pode cair no discurso da "democracia racial", cujo argumento só reforça a prática do racismo, sem o reconhecimento que é a população negra que está entre os piores indicadores sociais e econômicos do Brasil.
Valmir Assunção é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara
PROSTITUAS E FELIZES.
By Portal Geledés
SÃO PAULO - O que me incomoda em certos religiosos, notadamente aqueles que abraçam a política, é que não se limitam a venerar seus deuses e a pregar para quem esteja disposto a ouvi-los --o que é plenamente legítimo--, mas insistem em determinar como os outros devem viver suas vidas --algo que revela seus pendores liberticidas.
Por: Hélio schwartsman
É perfeitamente razoável que um cristão devoto não queira usar os serviços de uma prostituta (embora alguns o façam à sorrelfa). Penso ainda que ele deve ter o direito de criticar-lhes o comportamento. Se elas, porém, escolheram livremente viver assim e encontram compradores para o que têm a oferecer, isso é problema exclusivo das partes envolvidas.
É ridículo o veto que a bancada religiosa impôs a uma campanha publicitária do Ministério da Saúde por trazer peça com a frase "sou feliz sendo prostituta". Para começar, essa é uma atividade legal, assim como a de clérigo ou parlamentar. Em segundo lugar, estudos mostram que a felicidade é uma condição que tem mais a ver com hereditariedade do que com fatores externos, cuja influência tende a ser transitória. Isso significa que não há nenhuma contradição entre exercer o meretrício e ser feliz.
Até faria sentido discutir se a campanha seria eficaz e se faz sentido despender dinheiro público nessa rubrica, mas não foi esse o caminho escolhido pelos críticos. Na verdade, eles não parecem ter problemas em direcionar gastos do governo para interesses de segmentos específicos da população, já que não reclamam do fato de os contribuintes de todos os credos estarem pagando mais de R$ 100 milhões para custear a visita do papa ao Brasil.
Pior só a atitude do Ministério da Saúde de demitir Dirceu Greco, que dirigia o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, e era o responsável pela campanha. O governo, na verdade, é reincidente nessa matéria. E depois dizem que a oposição e o Supremo são conservadores...
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.
Fonte: Folha de S. Paulo
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