sexta-feira, 24 de junho de 2016

Aluna da UnB faz exposição sobre cabelo afro e empoderamento negro

'Raízes' é trabalho de conclusão de curso de publicidade e propaganda.
Mostra traz 12 fotografias e fica até 3 de julho no Terraço Shopping.


Exposição traz o debate sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Sophia Costa/Aqruivo Pessoal)
Modelos posam para foto que integra exposição sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Sophia Costa/Aqruivo Pessoal)

Uma aluna de publicidade e ropaganda da Universidade de Brasília (UnB) expõe a partir desta sexta-feira (24), no Terraço Shopping, fotografias que exaltam a beleza do cabelo afro e a importância dele para a identidade da mulher negra. Trabalho de conclusão de curso de Sophia Costa, de 21 anos, a mostra “Raízes” vai até o dia 3 de julho e traz 12 imagens de garotas nos papéis de guerreiras, deusas e rainhas africanas.
“O objetivo é mostrar que, quando a mulher negra assume suas raízes, seu cabelo natural, ela se empodera pessoalmente e socialmente. Essa exposição mostra como o cabelo é capaz de fazer a mulher se achar mais bonita e ter uma visão mais forte perante o mundo”, diz a estudante.
Atualmente Sophia se orgulha do cabelo ao natural, mas nem sempre foi assim. Ela conta que alisava as madeixas desde os 13 anos. “Me sentia obrigada (a fazer alisamento), era uma pressão da sociedade. Eu achava que ter o cabelo liso era a única maneira de ficar bonita.”
"Desde criança eu relaxava o meu cabelo. Depois comecei a fazer progressiva a cada três meses. Eu achava que tinha de focar em outras coisas positivas em mim, porque eu nunca teria o cabelo bonito. Na televisão, nas revistas que eu assinava, nos filmes, em todo lugar tinha o bombardeio de que bonito mesmo era o cabelo liso. Não tem como se achar bonita quando você é criança e não se vê em lugar nenhum.”
Sophia conta que a "obsessão" por madeixas alisadas atrapalhava o dia a dia. “Eu tinha que ir ao salão toda semana. Fazia de tudo para não molhar o cabelo. Se chovia, eu não saía. Também não entrava em piscinas. Deixava de fazer qualquer coisa para escovar o cabelo. Acabava com o meu dia."
Além disso, ela ainda precisava lidar com incômodos. "A escova progressiva é uma química muito forte, que machuca, mas, para mim, não importava. O importante era ter o meu cabelo liso e escorrido", disse.
Segundo a universitária, os lugares que frequentava também a impediram de assumir o cabelo afro. "Sempre estudei em escolas particulares. Todas as minhas amigas eram brancas e tinham fios lisos. No ensino médio, as poucas meninas negras que havia no colégio também faziam alisamento. Então, eu realmente tinha essa necessidade de alisar o cabelo."
Exposição traz o debate sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra  (Foto: Caio Mota/Arquivo Pessoal )
Universitária Sophia Costa, que montou exposição
sobre cabelo afro em Brasília
(Foto: Caio Mota/Arquivo Pessoal )
A garota conta que as coisas começaram a mudar no meio da graduação. "Passei a pegar matérias fora da Faculdade de Comunicação, que também é um lugar bem padrão, e comecei a ver meninas negras que assumiam o cabelo. Eu achava elas lindas e pensava: por que não posso ser assim? Ver essas meninas empoderadas me fez começar a querer mudar."
Ela começou a ler sobre transição capilar e iniciou o processo que, segundo Sophia, durou um ano. "Durante a transição, o seu cabelo fica completamente indefinido. Fica parte natural e parte liso. Com o tempo, fui lendo mais sobre o assunto e percebi que não era apenas sobre estética ."
Sophia diz que aprendeu muito durante o procedimento. "Esse período mudou a forma como eu vivia e encarava o mundo. Passei a ler autoras negras e entrei em contato com o feminismo negro". Não foi fácil. "A transição é um momento complicado, porque as pessoas ficam perguntando o porquê de você usar o cabelo natural."
"Passei a entender porque eu rejeitava o meu cabelo natural. Percebi que não era só um processo individual, era coletivo também. Vi que todas as meninas negras passam por isso. Assumir o cabelo afro é um ato político. Estamos em um país que é muito racista, então você tem de se afirmar o tempo todo. Nós não temos o simples direito de usar o cabelo natural. O racismo está no meu cabelo, no formato do meu nariz e no formato dos meus lábios."
Exposição traz o debate sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Sophia Costa/Arquivo Pessoal)
Foto que integra exposição em Brasília sobre o debate do papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Sophia Costa/Arquivo Pessoal)
Ela ainda relembra que o alisamento trazia sentimentos confusos. "Tem toda essa pressão para você alisar para se sentir bonita. No dia, fica lindo e você se sente ótima. Mas depois, os dias vão passando e ele quebra. O fio fica seco. Eu fazia para ser aceita, mas não me sentia eu, não me sentia bonita no final. Olhava no espelho e pensava que aquele cabelo não combinava comigo. Pensava que aquele cabelo não era eu."
"Estamos em um país que é muito racista, então você tem de se afirmar o tempo todo. Nós não temos o simples direito de usar o cabelo natural. O racismo está no meu cabelo, no formato do meu nariz e no formato dos meus lábios."
Sophia Costa, aluna de publicidade e propaganda da UnB
A ideia do ensaio veio da necessidade de usar a experiência da graduação no trabalho de conclusão de curso. No início, ela iria fazer um livro. "Mas aí uma das modelos disse que as fotos tinham ficado tão legais e que eu precisava fazer um exposição", conta. As modelos estão vestidas com acessórios e maquiagem que lembram o continente africanos.
"Queria falar sobre a questão do empoderamento. Li muito sobre guerreiras e rainhas africanas. As meninas representam essas mulheres. Trouxe elementos da África porque o negro do Brasil ainda não tem uma identidade consolidade. Então foi a forma que encontrei de representar o negro."
As fotografias foram feitas em quatro finais de semana no estúdio da Faculdade de Comunicação da UnB. De acordo com a aluna, foram gastos mais de R$ 3 mil na mostra.
Exposição traz o debate sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Caio Mota/Arquivo Pessoal)
Foto que integra exposição de Brasília que debate sobre o papel do cabelo afro no empoderamento da mulher negra (Foto: Caio Mota/Arquivo Pessoal)
FONTE:http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/06/aluna-da-unb-faz-exposicao-sobre-cabelo-afro-e-empoderamento-negro.html

VIDEOCLIPE: RZO - PAZ EM MEIO AO CAOS FEAT. BONE THUGS-N-HARMONY


Como prometido, o RZO finalmente divulgou hoje (24) o aguardado clipe do seu novo single de trabalho "Paz Em Meio Ao Caos", que conta com colaboração do Bone Thugs-n-Harmony. O visual produzido pela O2 Filmes conta com presença especial do João GordoDBSIce Blue, entre outros.

"Paz Em Meio Ao Caos" é o lead single do álbum de comeback do RZO, que chega no dia 30 de Setembro às ruas.



FONTE:http://www.rap24horas.com.br/2016/06/videoclipe-rzo-paz-em-meio-ao-caos-feat.html

Karol Conka - Tô na Luta (Joice Silva)


Karol Conka chega fazendo todo mundo mexer. Ela conta a história de Joice Silva, a lutadora que vence com sua força, agilidade e encanta com seu sorriso.

Antes de boicotar Elza Soares, repense o seu racismo


Nesta semana, uma mulher branca sugeriu um boicote ao álbum Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares. O motivo é que o álbum não seria feminista, já que na sua produção trabalharam homens machistas. O argumento dá a entender que Elza estava sendo usada e não possuía consciência da potência do álbum.
Nele, Elza canta sobre a liberdade da mulher e a necessidade de uma vida sem violência. Logo, várias reações surgiram. A afirmação da moça foi vista como um desrespeito à trajetória de Elza, já contemplada com o título de “cantora do milênio”. E eu concordo.
Querer deslegitimar uma obra como essa por conta do envolvimento de homens machistas não é argumente que se preze. Fosse assim, nada na indústria cultural seria produzido porque machismo é um elemento estruturante da sociedade, e como tal, não há espaço que esteja isento – o mesmo acontece com o racismo.
Os espaços de poder ainda são dominados por homens brancos por mais que lutemos contra isso. Agora, torna-se muito problemático cair numa crítica desonesta que tenta deslegitimar o sujeito oprimido como se não tivesse agência e potencialidade. Falemos sobre a indústria e seus limites, mas sem desrespeitar uma grande cantora.
E faço a pergunta: qual artista de massa não está dentro da lógica da indústria cultural? Por que essa crítica só é direcionada às mulheres negras ou quando elas fazem muito sucesso?
Elza Soares possui uma história de muita luta. Nasceu pobre e enfrentou o julgamento moral da sociedade: ao se apresentar pela primeira, aos 13 anos, num programa de auditório, o apresentador, ao vê-la com roupas simples e franzina, perguntou: “De qual planeta você veio?” Ao que ela respondeu: “Do planeta fome”.
Elza é uma mulher forte, que tem muita consciência do que está fazendo. O engraçado é que esse tipo de “argumento” não se aplica às mulheres brancas com talentos duvidosos. Também ninguém nunca diz que a obra de algum cantor deve ser boicotada porque a indústria é racista.
É preciso ter honestidade para fazer o debate sério. Tentar retirar a autonomia de Elza Soares e colocá-la num local de subalternidade é reforçar a lógica racista. É colocá-la como incapaz de fazer escolhas ou de ressignificar símbolos.
Debater racismo e machismo estruturais não pode se confundir com deslegitimar o sujeito do grupo oprimido.
Debater sobre a apropriação cultural, que faz com os sujeitos negros que produzam a cultura não tenham acesso a ela, raramente acontece. Debater o modo pelo qual o capitalismo se apropria dos símbolos de uma cultura, esvaziando-a de sentido, também não.
Do mesmo modo, raramente vemos uma discussão sobre o modo pelo qual os muros sociais construídos são escamoteados por uma romantização de uma cultura única, que, na verdade, serve para manter o sujeito que produz a cultura à margem, enquanto os grupos privilegiados enriquecem e mantêm a segregação social.
Se for para fazer esse debate, concordo. Se for para tentar ridicularizar uma mulher negra extremamente talentosa, peço para que a autora do boicote repense seu racismo.
FONTE:http://www.cenbrasil.org.br/wordpress/genero/mulheres/antes-de-boicotar-elza-soares-repense-o-seu-racismo/

Gutierrez - Tranquilão No Baile (prod. Black Lions)