terça-feira, 17 de setembro de 2013

BRASIL, APESAR DA COMPLEXA MISCIGENAÇÃO, UMA RICA CULTURA

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/RJ & RAPPER.

                               Desde quando os portugueses aportaram com uma invasão essas terras indígenas, antes deles existem relatos históricos que não mencionaremos aqui de outros povos europeus que por aqui passaram, desde quando os negros foram trazidos para cá escravizados por esses mesmos portugueses que a terra de Vera Cruz atual Brasil teve sua formação em diferentes raças e povos. Surgiu então uma nação multicultural.
Dificilmente existe uma nação com tão complexa e variada composição étnica de sua população. No caso do Brasil, a formação populacional advém de basicamente cinco distintas fontes migratórias, são elas:
- os nativos, que se encontravam no território antes da chegada dos portugueses. Esses povos eram descendentes de homens que chegaram às Américas através do Estreito de Bering;
- os portugueses, que vieram para o Brasil a fim de explorar as riquezas da colônia;
- os negros africanos, que foram trazidos pelos europeus para trabalhar nos engenhos na produção do açúcar a partir do século XVI;
- a intensa imigração europeia no Brasil, sobretudo no sul do país;
- a entrada de imigrantes oriundos de várias origens, especialmente vindos da Ásia e Oriente Médio. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia Humana do Brasil)

            Em sua obra Casa Grande & Senzala, considerado por muitos como o pais da miscigenação brasileira Gilberto Freire (2005) relata com maestria como originou-se a formação do povo brasileiro. Apesar de está ser uma obra um tanto racista, tese defendida por alguns historiadores, pois o autor trata os não-brancos de uma forma pejorativa criando estereótipos raciais com vínculos a inferioridade. Ex: a mulher negra sempre sendo referida a mulata com nuances a sexualidade e ao erotismo.
Perdoe-nos Gilberto Freire, mas o que vemos e assistimos é uma total degeneração e desvalorização da vida humana, tanto no âmbito coletivo quanto individual. A partir do momento em que culturas antes marginalizadas, satanizadas passam a ser sacralizadas por uma classe abastada que prega e sempre pregou o individualismo e a meritocracia como modos de vidas vigentes, o resultado é a total perda da sensibilidade, da solidariedade e do coletivo. (ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.28. 2013)

A miscigenação é tida como uma solução para um país de diversas raças e culturas. Portanto ao longo de sua formação o Brasil teve várias influências indígenas, africanas e européias essa mistura foi fundamental para a formação de identidade e cultura do nosso povo brasileiro.
            Dos cantos e danças seja para uma festa ou reverencia ancestral, dos batuques dos terreiros de Angola, das rodas de jongo, dos repiques do samba ao cantarolar das serenatas italianas o brasileiro seguiu sua formação cultural e identidade de um povo. As regiões cada qual com o seu perfil regional marcando sua territorialidade através das verbalizações, vestuários, comidas típicas, danças, folclores e a cordialidade de um povo abrasador receptivo com o próximo.
Para constituir o país como nação, o Brasil iniciou um processo de construção da identidade no início do século XX. Isso porque até o final do século XIX, muitas pessoas não eram consideradas oficialmente brasileiras. Principalmente a partir de 1930, o governo brasileiro implantou, ou selecionou diversas tradições e costumes, para estabelecer uma associação entre o país e a cultura, para tentar caracterizar alguns itens como “marca” nacional, dentre essas se destaca feijoada, carnaval, a mulher mulata, futebol, entre outros. 
A atração pelo futebol por todos brasileiros está associada à identidade do país, como característica do típico cidadão brasileiro. 
Um brasileiro típico apresenta aspectos de cordialidade, contraria a violência, é muito bem humorado, gosta de festas, por isso o carnaval tem destaque como identidade cultural, a mulher mulata é reconhecida como a típica mulher brasileira e essa é uma confirmação de ideais não-racistas.
Essas características foram divulgadas para o mundo pelo governo, com se fossem uma espécie de “exportação cultural”. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia Humana do Brasil)
               
A formação complexa do povo brasileiro através dos séculos, não impediu que os contrastes e diferenças regionais, construíssem uma nação multicultural de uma diversidade riquíssima onde até mesmo a nossa culinária, exemplo a feijoada é considerada identidade nacional.  O futebol arte trazido das terras anglicanas passou a representar o povo brasileiro, como um povo alegre, festeiro assim como o nosso carnaval multicolorido que abrange diversas etnias. Onde tem futebol e samba tem um pouco do Brasil.
Assim sendo a identidade brasileira em suas várias dimensões raciais, étnicas, territoriais e regionais define o que realmente é o brasileiro, o que ele representa nesse universo de múltiplas facetas, sendo assim um povo único.
Falar de identidade implica, em um certo sentido, uma dimensão interpretativa e outra normativa, já que “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.”Trata-se de uma reflexão que lida com um problema relativo à auto-percepção de um grupo acerca de si mesmo, de sua história, de seu destino e de suas possibilidades, enraizada necessariamente num certo horizonte valorativo, e referida a uma determinada forma de vida. A identidade cultural caracteriza as pessoas pelo modo de agir, de falar, é como se as “rotulasse” a partir dos modos específicos de sua cultura. ( MAIA, Antonio Cavalcanti. P. 3.2005)
                O território, sua linguagem e cultura é a representação de sua identidade e formação. A cultura moderna traz consigo jargões contemporâneos típicos de jovens urbanos e suas representações. Muita das vezes as culturas entram em choque evidenciando novos paradigmas que surgem para enriquecer ou denunciar uma identidade cultural, ou seja, mascarar ou desmascarar preconceitos.
Quando essas manifestações remetem a sinais de retorno a um passado glorioso, mas encoberto e contado de forma a agradar uma minoria no poder, fazem vir à tona feridas que para a maioria, oprimida, nunca existiram. Faz com que emersa um outro Brasil, uma outra história brasileira que nunca apareceu nos livros didáticos dos bancos escolares. (ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.32. 2013)

            Mas independente das transformações identitárias e culturais brasileiras, é digno de se afirmar que todas as três raças indígena, negra e branca de diferentes etnias compõem uma só nação, portanto a formação de um só povo, um povo que brilha e luta.
A cultura é fruto da miscigenação de diferentes povos que introduziram seus hábitos e costumes, com o contato de uma cultura e outra, pode gerar uma cultura ainda mais diferente. A identidade cultural move os sentimentos, os valores, o folclore e uma infinidade de itens impregnados nas mais variadas sociedades do mundo, e apresenta o reflexo da convivência humana. (Alunos Online)

  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FREITAS, Eduardo. Geografia Humana do Brasil. http://www.mundoeducacao.com/geografia/identidade-brasileira.htm
MAIA, Antonio Cavalcanti Maia. Diversidade Cultural, identidade nacional brasileira e patriotismo constitucional. PUC-RJ. Link:
(ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.28-32. 2013)
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 2006.