Assistente Social com Bacharel da UFF/Campos-RJ
Descortinando
saberes, trazendo a tona reivindicações de nossa causa, de nossas demandas e
inquietações.
O
que me incomoda é a passividade e pacificidade de muitos negros (as). Enquanto
permitirmos que atos repugnantes sejam transformados em espetáculos midiáticos
de indignação, como o caso da atriz Thaís Araújo e outros, deixarmos que o
branco das classes média, alta, elite e até mesmo pobres, deixarmos que a mídia
racista se indigne por nós, seja a nossa representatividade, qualquer
mobilização, organização que tange a causa preta, será em vão, não passará
apenas de mais um ibope fantoche.
Você
pode ter um amigo branco, uma amiga branca, eles podem entender a sua dor, suas
inquietações, mas eles não podem senti-las pelo simples fato concreto, não são pretos.
Um preto desde o seu nascimento é criado pra ser branco, mas um branco nunca é
criado para ser um preto. A nossa causa, a nossa ideologia tem que sempre
partir dos nossos, pautar aos nossos, nós que temos que ser os primeiros na
fila da comunhão.
Temos
que expelir, expurgar de nós mesmos primeiramente, essa ideia de que, toda
mobilização e organização preta, é tida como racismo ao contrário que o
oprimido está querendo se transformar em opressor, que vemos racismo em tudo.
Não podemos nos deixar de se enganar pela falácia da meritocracia. Quantos pretos
no Brasil ocupam cargos importantes baseados na meritocracia, poucos. Quantos
estão fora baseados na meritocracia, milhares. E isso não é por competência
não, o preto pode igualar em aparência ao branco, mas os olhares sempre são
diferentes, o tratamento é diferente. Não percebe quem não quer aceitar.
Não
nos querem no legislativo, executivo, judiciário. Não nos querem como
advogados, médicos, doutores, nos lugares de status da sociedade que, segundo
eles, não são reservados para nós. Somos ainda para eles a segunda classe, vou
usar um termo eleitoral, só servimos para sermos cabos eleitorais, recebermos
migalhas.
Temos
que acabar com os discursos de seda, do negro bom, do negro dócil, do negro que
é aceitável temos que educar as nossas crianças em nossos lares contra o
racismo, sobre a sua importância e valorização como preto, porque as escolas
não irão fazer e não fazem.
Temos
que ser menos academia e mais realistas, porque até mesmos negros e negras
acadêmicos, militantes conceituados já ganharam seus prêmios, empregos com
salários rendosos de acordo com a meritocracia e a causa a luta, deixaram nas
periferias e favelas, pois hoje vivem o sonho branco.
Devemos
suprimir toda emoção no que concerne ao etnocídio ancestral, histórico e
cultural. Devemos reforçar cada vez mais o empoderamento, o Devir negro em
afro-diáspora. Não se trata de revanchismo, não se trata de atitude e nem
sentimento esquerdopata, se trata de chega do preto (a) bode-expiatório, temos
que nos afastar dos iguais que nos fazem mal, não tem nada a acrescentar e nem
a somar, esses nem na partilha estarão, judarias não podem comungar ao nosso
lado.
Por
fim, É Nós Por Nós mesmo, não quero aqui enfatizar que não aceitemos sugestões,
críticas mediante algumas ações, intervenções pontuais mesmo dos que estão em
atitudes que repudiamos. Só afirmo que, estamos iniciando aqui algo no qual
acreditamos, portanto, a palavra final sempre tem que ser a nossa, para o nosso
e do Coletivo e grupo que defendemos. Essa será a minha contribuição. E minha contribuição
o meu sangue, será somente pelos pretos(as), não vou gastar suor e saliva para ajudar
bando de negros e negras jabuticabas, palmiteiros, lós macaquitos, negropeus e
por aí vai.