terça-feira, 1 de outubro de 2013

MACAQUICE DÁ CADEIA!

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/RJ & RAPPER. 

Contos do Silles! Esse é baseado em acontecimentos verídicos.

Um belo dia estávamos eu e meus parceiros trocando idéia no mesmo lugar de sempre. Boa conversa, ouvindo um som baixinho naqueles mini-rádios e as minas que apareciam para agraciar ainda mais o nosso momento. Todos pretos e pretas exibindo suas realezas ancestrais. Contudo no mesmo lugar como sempre de costume, sempre encontrávamos um conhecido nosso branco, passava de bicicleta e gritava “e aí macacaiada”, e nós respondíamos “coé branquelo encardido, vá tomar um banho pra tirar esse fedor de coalhada azeda”, e soltávamos gargalhadas, não nos sentíamos ofendidos por sinal ofensa por ofensa fica tudo resolvido e retornávamos para as nossas trocas de idéias.

Mas numa sexta-feira, no belo dia citado acima, estávamos tranquilos quando o mesmo sujeito conhecido nosso branco passou e gritou “e aí macacaiada” e respondemos de volta “coé branquelo encardido, vá tomar um banho pra tirar esse fedor de coalhada azeda e aproveita pra devolver parte dos saques dos seus ancestrais sujismundos roubaram do Brasil”. E aí o bicho pegou. O notável cidadão conhecido retornou com sua bicicleta e indignado disse: “pô pessoal não estou gostando dessa brincadeira de vocês ficarem me chamando de branquelo encardido e coalhada azeda me sinto ofendido. Queria pedir que vocês parassem com isso, o que estão fazendo é racismo”. Kkkkkkkkkkkk soltamos horrores de gargalhadas bem ao lado do tráfego de pessoas, carros e demais veículos auto e não motores. Respondemos para o tal cidadão branco bom-jesuense: “cara você que sempre passou e iniciou os insultos nos chamando de macacaiada, nunca reclamamos, mas sempre te respondemos como tal e você vem nos falar de racismo? Cara conselho que vamos dá pra você pega a sua bike e vaza daqui”. O indivíduo montou na bicicleta e partiu feito The Flash em direção adentro da Figueiredo. Vejam só, era só o que nos faltava.

A partir daquele dia nunca mais vimos o tal notável cidadão bom-jesuense ofendido pelos insultos raciais praticados por nós. Ora que terrível. Moral da história quando os brancos insultam os negros é normal, quando negros insultam os brancos é racismo. Mas com nós e comigo tem isso não lei de talião. Aprendemos com o nosso chegado Marcelo Silles.


Esse fato relatado realmente aconteceu na minha localidade bairro Pimentel Marques em Bom Jesus do Itabapoana. Os cidadãos negros envolvidos abordaram-me semana passada e me contaram o ocorrido, fiquei ainda mais feliz quando eles disseram que aprenderam comigo. Vejam só eu fazendo escola. Notícias que tenho é que o rapaz notável está passando agora pela rua de cima, para evitar ser ofendido de novo. Coitado.