terça-feira, 3 de novembro de 2015

MENSAGEM PARA O NOVEMBRO NEGRO

Marcelo Silles
Assistente Social com Bacharel da UFF/Campos-RJ

Descortinando saberes, trazendo a tona reivindicações de nossa causa, de nossas demandas e inquietações.

O que me incomoda é a passividade e pacificidade de muitos negros (as). Enquanto permitirmos que atos repugnantes sejam transformados em espetáculos midiáticos de indignação, como o caso da atriz Thaís Araújo e outros, deixarmos que o branco das classes média, alta, elite e até mesmo pobres, deixarmos que a mídia racista se indigne por nós, seja a nossa representatividade, qualquer mobilização, organização que tange a causa preta, será em vão, não passará apenas de mais um ibope fantoche.

Você pode ter um amigo branco, uma amiga branca, eles podem entender a sua dor, suas inquietações, mas eles não podem senti-las pelo simples fato concreto, não são pretos. Um preto desde o seu nascimento é criado pra ser branco, mas um branco nunca é criado para ser um preto. A nossa causa, a nossa ideologia tem que sempre partir dos nossos, pautar aos nossos, nós que temos que ser os primeiros na fila da comunhão.

Temos que expelir, expurgar de nós mesmos primeiramente, essa ideia de que, toda mobilização e organização preta, é tida como racismo ao contrário que o oprimido está querendo se transformar em opressor, que vemos racismo em tudo. Não podemos nos deixar de se enganar pela falácia da meritocracia. Quantos pretos no Brasil ocupam cargos importantes baseados na meritocracia, poucos. Quantos estão fora baseados na meritocracia, milhares. E isso não é por competência não, o preto pode igualar em aparência ao branco, mas os olhares sempre são diferentes, o tratamento é diferente. Não percebe quem não quer aceitar.

Não nos querem no legislativo, executivo, judiciário. Não nos querem como advogados, médicos, doutores, nos lugares de status da sociedade que, segundo eles, não são reservados para nós. Somos ainda para eles a segunda classe, vou usar um termo eleitoral, só servimos para sermos cabos eleitorais, recebermos migalhas.

Temos que acabar com os discursos de seda, do negro bom, do negro dócil, do negro que é aceitável temos que educar as nossas crianças em nossos lares contra o racismo, sobre a sua importância e valorização como preto, porque as escolas não irão fazer e não fazem.
Temos que ser menos academia e mais realistas, porque até mesmos negros e negras acadêmicos, militantes conceituados já ganharam seus prêmios, empregos com salários rendosos de acordo com a meritocracia e a causa a luta, deixaram nas periferias e favelas, pois hoje vivem o sonho branco.

Devemos suprimir toda emoção no que concerne ao etnocídio ancestral, histórico e cultural. Devemos reforçar cada vez mais o empoderamento, o Devir negro em afro-diáspora. Não se trata de revanchismo, não se trata de atitude e nem sentimento esquerdopata, se trata de chega do preto (a) bode-expiatório, temos que nos afastar dos iguais que nos fazem mal, não tem nada a acrescentar e nem a somar, esses nem na partilha estarão, judarias não podem comungar ao nosso lado.

Por fim, É Nós Por Nós mesmo, não quero aqui enfatizar que não aceitemos sugestões, críticas mediante algumas ações, intervenções pontuais mesmo dos que estão em atitudes que repudiamos. Só afirmo que, estamos iniciando aqui algo no qual acreditamos, portanto, a palavra final sempre tem que ser a nossa, para o nosso e do Coletivo e grupo que defendemos. Essa será a minha contribuição. E minha contribuição o meu sangue, será somente pelos pretos(as), não vou gastar suor e saliva para ajudar bando de negros e negras jabuticabas, palmiteiros, lós macaquitos, negropeus e por aí vai.




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