Morando hoje em São Paulo, Mahmundi estará no Rio na terça, 26, tocando na Noite Faro MPB - Fernando Lemos / Agência O Globo |
Cantora que começou no gospel lança em maio seu primeiro álbum
Marcela Vale, 29, só descobriu o Nirvana de Kurt Cobain aos 20. Até bem pouco tempo antes disso, o que havia na vida da menina do bairro de Marechal Hermes eram hinos e canções gospel, que ela cantava na igreja de quinta a domingo.
— Quando meu pai se converteu, ele quis mudar de vida. Jogou fora todos os discos, de Kraftwerk a Led Zeppelin, e quis fazer um detox na gente — conta ela, que há algum tempo atende pelo nome de Mahmundi (ou seja, “mundo de Marcela”) e que, no mês que vem, depois de dois EPs, lança pela Skol Music o seu primeiro álbum, “Mahmundi”.
Do Genesis (não o livro da Bíblia) veio a primeira paixão musical não gospel de Marcela: o baterista, cantor e hitmaker Phil Collins. Influenciada por ele, começou a tocar bateria e depois foi defender suas canções na igreja, em voz e violão. Certo dia, irritada com o amadorismo da banda com quem tocava (“Se Deus existe, por que a gente está tocando essas coisas ruins?”, pensou), a cantora resolveu dividir seu trabalho num fast food com um estágio como técnica de som no Circo Voador. Lá, ela viu inúmeros shows, apaixonou-se pela guitarra e fez amizade com o produtor Liminha.
Aos poucos, formatava-se Mahmundi, a artista de synthpop e r&b, vencedora do prêmio de Nova Canção do Multishow em 2014 com “Sentimento” (que acaba de ser gravada pelo Rappa em seu novo DVD, a ser lançado em junho).
— Quando comecei, em 2012, eu não tinha metade disso aqui, era muito low-fi — diz ela, cercada de equipamento, no estúdio caseiro em que gravou o disco (refazendo muitas canções dos EPs). — O Miranda (Carlos Eduardo Miranda, diretor do selo StereoMono, da Skol Music, que lança o álbum) me disse que as pessoas precisavam ouvir minhas músicas. E eu sempre tive vontade de fazer um disco pop. Não o pop da Anitta, que acho incrível, mas não sei fazer, e sim um disco de canção brasileira com aquela matemática precisa dos hits do Phil Collins.
Tocando boa parte dos instrumentos ao lado dos amigos de igreja Lux Ferreira (teclados) e Felipe Vellozo (baixo) — eles a acompanham nos show que ela faz terça-feira que vem na Noite Faro MPB no Botafogo Praia Shopping —, Mahmundi hoje vive em São Paulo.
— Lá, eu fico muito sozinha ouvindo discos da Elis Regina. Nove horas da noite eu estou em casa, escrevendo. Se fosse no Rio, estaria na praia — confessa ela, que é vista por muitos como uma espécie de versão anos 2010 do pop carioquíssimo de Marina Lima. — Tem pessoas que me dizem que querem conhecer o Rio por minha causa, mas por muito tempo eu quis fugir dessa coisa de ser “a menina do Rio”. Eu ouvia as músicas do meu disco na Avenida Paulista, no Minhocão, pensando como é que as pessoas iam entendê-las.
Com a experiência de quem começou “tocando com microfonia na Comuna” e foi parar ano passado no Vodafone Festival, em Lisboa, Mahmundi se prepara para o novo momento na carreira:
— Não sei se um dia vou encontrar o Phil Collins, mas tenho uma meta: quero fazer coisas que os taxistas ouçam.
FONTE:http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11286/mahmundi-o-disco-pop-da-menina-carioca
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