Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense-UFF/Campos-RJ |
A
nossa pacata e soberba culturalmente Bom Jesus de vez em quando anda deveras
com os seus habitantes margeados. Os que se dizem detentores da cultura local,
na verdade a apresentam conforme os seus interesses em preservar o antigo num
formato em que o mesmo somente é apreciado por alguns cidadãos abastados
socialmente e culturalmente. Até mesmo a negritude municipal, é apropriada por
esses cidadãos “beneméritos” e apresentada de forma a atender somente os
anseios artísticos e culturais dos boçais da cultura bom-jesuense.
Não pretendo
aqui desvalorizar os esforços históricos e de reconstrução cultural desses
grupos, mas sim que em se tratando de cultura negra local os mesmos se esquecem
que, metodologicamente, prática e dinâmica o público alvo não está sendo
atingido deixando a desejar socialmente os impactos positivos que tal ação
poderia gerar em prol de uma reconstrução histórica, valorização e
ressignificação do negro bom-jesuense.
O público
que prestigia tais ações e eventos são pessoas que ministram alguma simpatia
pelos detentores culturais bom- jesuenses, portanto celebres fãs dos mesmos que
transmitem apenas uma beleza clássica, não promovendo nenhum debate critico a
cerca da negritude bom-jesuense seus estados físicos e concretos de segregação,
racismo, preconceito, discriminação e exclusão. A idéia que sempre é vendida e
mostrada, o negro é lindo e a beleza de sua cultura, remete somente a
superficialidade e não o devir de sua essência, portanto repassada de uma forma
subserviente reforçando o conceito de docilidade do negro um ser bom, dócil,
alegre que foi adestrado a aceitar as condições inferiores adversas a que são
submetidas, nunca dizer não e aceitar de bom grado.
Cabe
analisar com bastante criticidade e rigor essa manifestação negra que é
recontada por descendentes dos opressores, por mais que tenham respeito,
admiração e orgulho, não contam da forma que a mesma deva ser contada e
apreciada, sendo assim, a consciência passa a ser apenas uma lembrança, uma
comemoração e deixa de ser realmente consciente.
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