De tempos para acabar
observo o surgimento de alguns estabelecimentos típicos de classe-média a elite
em Bom Jesus. São estabelecimentos que claramente decorados, estruturados
exigem uma clientela de acordo com seus serviços e ambientes. A clientela
desses estabelecimentos exibe um boçal status que trazem e um enojado despeito
classista, não disfarçam o horror em dividir certos ambientes com negros e
pobres.
Nesse sentido, emerge em Bom
Jesus espaços reservados a indivíduos com o perfil encaixável da bendita
família bom-jesuense. Espaços rançosos e rancorosos com o único intuito de
manifestar o desejo simpático ao apartheid bom-jesuense. São espaços impróprios
para pessoas de bem pretas, trabalhadores pobres honestos e periféricos.
Passando em frente desses
estabelecimentos e reparando o ambiente decorativo e apanhado percebe-se a
indireta e singela expressão de seus freqüentadores e donos, lê-se em suas
faces e olhares os seguintes dizeres que não estão explícitos nas placas com os
nomes dos respectivos estabelecimentos: “AQUI
NÃO É LUGAR PARA PRETO E POBRE.” Se algum preto ou pobre atreve-se a
adentrar dentro de um desses estabelecimentos, logo recebe de antemão olhares
de nojo e reprovação tanto de proprietários quanto de clientes.
Por um lado, o bom disso
tudo é a afirmação da classe bastarda e rançosa desses indivíduos racializados bom-jesuenses
que sim são racistas e que sim sentem nojo de dividirem o mesmo espaço com
pobres. O que nós pretos pobres e brancos pobres devemos fazer? Não entrar
nesses estabelecimentos que nos rejeitam e excluem, portanto o nosso dinheiro
também não vale nada para esse tipo de gente. Devemos fortalecer somente os
nossos, fechar com os nossos.
Sim, existem jabuticabas e
los macaquitos que discordam desse ponto de vista, mas visto que já escolheram
o lado que querem fazer parte, claro sentem-se infelizes por terem nascidos
negros.
Marcelo Silles
Assistente Social. Bacharel da Universidade Federal Fluminense, UFF/Campos dos Goytacazes/RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário