Assistente Social com Bacharel da Universidade Federal Fluminense, UFF-Campos dos Goytacazes/RJ
A função do intelectual é guiar o indivíduo, a sociedade e não os
ludibriarem para manter o status quo e também, não disseminar certos
pseudo-adjetivos. É procurar fazer o dever de casa sem esboçar uma indiferença apática.
O Brasil tem uma sólida base cultural apesar de ser tematizada de forma emblemática
e polarizada midiaticamente aos interesses da classe dominante. Existem fenômenos
que por aí ressoam o retrato da realidade social deixando marcas bem profundas
na sociedade.
Acho salutar essa atitude de não aceitar passiva e resignadamente a
subserviência a um sistema exploratório e excludente. O medo sentido nas ruas,
os protestos emergentes, o justiceirismo apregoado são reflexos de um
tiranismo, autoritarismo sistêmico de direita, conservador, meritocrata,
moralista e falido. O âmago das camadas populares que sempre foram ignorados,
esnobados ganham notoriedade nas reações sociais fenomênicas. Objetos de
estudos sociais deixam de ser empíricos para se tornarem macros de uma problemática
uníssona de uma sociedade.
São frutos de uma ocupação aborrecida ou de viver apenas para esse
dia, essa hora, sem passado, sem futuro réu embrionário de uma sociedade feia
que ninguém quer admitir ou falar. Os debates ideológicos e enfrentamentos são extenuantes,
ainda mais quando se parte para o campo de batalha, a sociedade do senso comum,
dos pós e dos contra. Dos pós-higienização social, e os contras-higienização
social. Muitos propagam uma esbórnia de contextos e contradições, e compactuam
sadiamente com a espinha dorsal do
absolutismo brasileiro a classe média revanchista dorso de um espectro social,
mas que ainda não aceitou a sua condição de não elitizada, possui ainda uma
grande relutância em não fazer mais parte das grandes decisões do país.
O pobre antes, milimetricamente estudado, postergado num destempero
calculado deixa de ser protagonista para tomar o cenário, ser o ator principal.
A periferia atinge a sua cosmovisao, incomodando os carcomidas pueris onde
ainda hoje discursam “esse lugar de status é um privilégio”.
Confesso que antes, sentia-me um intruso num território social
branco macabro, de uma cor social abençoada e escolhida. Sentia-me um estranho,
amaldiçoado, ameaçador. Mas um dia libertei-me de minhas próprias amarras e percebi
que esses civilizados não passam de corriolas claros indisciplinados.
Hoje os extremos se tocam, por mais que queiram se dar as mãos,
compartilhar críticas e idéias devemos nos policiar nas entrelinhas, fazer uma
leitura labial bem capciosa, traduzir cada vírgula, ponto e vírgula,
interrogação, exclamação etc. Para nós, periferia, discursos advindos das
classes média e elite, romanescos do ideal de amor, paz e família pode estar
carregado e muito de sentimentos revanchistas. Portanto vigiemos.
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