segunda-feira, 28 de abril de 2014

Excesso do mesmo, Não aceitação do outro. Texto de Marcelo Silles

MARCELO SILLES
Assistente Social com Bacharel da Universidade Federal Fluminense-Campos/RJ

            Os tambores desbravados rompem com fervor o corredor dos escárnios monopolistas, medíocres conformistas. Todo silêncio é cúmplice. Os conformistas adeptos do seu eu, silenciam-se diante do retrato cru e brutal. Todos os dias deparam-se com figuras que incorporam o espaço físico da comunidade, para eles sem simbologismo ou mera atração representativa. A conivência com o insensível é intrínseca a natureza humana.
            O ser humano foi convertido em um objeto qualquer alheio a toda e qualquer sensibilidade social e racial. Tornou-se algo a repudiar olhares e valores distintos que não assinem a mesma rubrica. Esses bárbaros defensores da insanidade da massa imperativos do “bem” julgam-se arautos da sociedade modelo, meritocrática, casta social e ideal conservador.
            Não conseguem catalisar a lógica da diferença e seus prodígios. São insensatos em retroalimentar ódios sociais e raciais que antes viviam encubados, escondidos raivosos são esses seres que absorvem a cátedra em não aceitar a libertação e conquista do outro, do diferente. Esses seres raivosos, hoje os identificamos a olho nu, na sociedade do “bem”, esbarramos neles todos os dias.
            Os indicadores da realidade nua e crua são claros e objetivos. Apontam para uma sociedade sombria, nefasta que jura piamente não ser racista, excludente, discriminatória. Mas as evidências são perceptíveis e irrefutáveis.
            Carrego o feeling da negritude. Não vivo em África, mas África vive em mim. E com essa paixão pujante, desvencilho e incomodo até mesmo os jabuticabas seres conformistas, servis, subservientes aos ideais pseudo-brancos, são incapazes de identificar uma ação sutil racista e excludente. Não querem enxergar, mas querem se beneficiar dos louros conquistados por guerreiros e guerreiras afrocentrados (as) brasileiros (as). E esses conformistas tentam de todos os setores a fórceps, contornando a realidade, suavizar com uma docilidade tramada adestrar os demais inimigos públicos de seus padrinhos e madrinhas.
            Essa perspectiva fatalista traz um recorte motu próprio com seus axiomas e hábitos discrepantes à catarse nódoa da barbárie. Teoria e prática comungam-se no quotidiano periférico em caminhos tortuosos. Sendo assim, nesse contexto nenhuma luta periférica deve ser desmerecida mesmo quando apropriada pelos meios de comunicação da massa conformista.
            A figura do outro, pelos normais, porta características bestiais. A história brasileira é farta em dubialidades e neo-abstrações que incorporam a cultura popular de massa mantendo a elite dominante no controle dos mecanismos e marginalizando o outro, o diferente..
            A epístola do dia traz a sujeição, generosa, passiva maquiada num discurso filosófico neotomista com paixões insaciáveis hipotéticas, brecando o fortalecimento de uma cultura local e consciente. O senso comum aplaudi a aporia, a banana idílica surge como símbolo do recalque anti-racismo dos sujeitados ao sistema conformista.
            Portanto, quem não segue a regra ditada pela cultura de massa corre o risco de ser banido, apedrejado socialmente. Sofreu uma ofensa recolha-a pra si e a sofra calado, se autofragele.
Hipocrisias a parte, imbecilidade e senso do ridículo é querer que toda uma nação preta aceite esse ato insano e boçal de protesto bananesco, não compactuo com tal atitude de sujeição e conformidade. Se um grupo quer seguir por esses caminhos tortuosos de rejeição identitária tudo bem, mas que os mesmos não venham querer diminuir e desmerecer uma luta preta de séculos contra a opressão que ainda persisti. 4P, a luta continua.     

 

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