Assistente Social com Bacharel da Universidade Federal Fluminense-UFF/RJ & Rapper.
O medo social acuminado a injustiça e a impunidade, são os
combustíveis que inflamam o discurso de ódio que vai se sacralizando,
legitimando por uma sociedade dita do “bem” que, se sentindo acuada, exerce o
direito de executar ferozmente a justiça com as próprias mãos por não obter
respostas satisfatórias do poder público em prover a sua segurança em vida
garantida pelo Direito Constitucional.
A
culpabilização do indivíduo sem meio termos pelos sacro-santos do “bem”, segue
regida pela ordem democrática sob as bênçãos do ordem e progresso, cumpra-se a
execução sumária, sob a régide benção do conservadorismo tradicionalista, dos
bandidos pobres e santifica-se sobre o altar da pátria os bandidos ricos, que
roubam e matam utilizando somente uma caneta. Esse sentimento de revolta,
retoricamente uma festa macabra, torna-se contraditória ao esbarrar-se numa
única frase: bandido bom é bandido morto. Pois aí está à contradição que tipo
de bandido? O bandido pobre noiado que rouba celulares, 50, 100, 200 reais, uma
bolsa ou o bandido que rouba milhões, bilhões apenas com uma caneta?
Para
essa sociedade dita do “bem” mantida por esses bandidos ricos e corruptos,
bandido bom é bandido morto se o bandido for pobre, as conseqüências são a
evidência o ato cometido, a causa, que deveria ser questionada, é excluída
desse julgamento bárbaro e macabro. A estirpe bandidagem aceita pela dita
sociedade do “bem” é a corrupta responsável por todos os males ininterrupteis
que saqueiam a humanidade. O bandido mal, o monstro que deve ser acoitado em
praça pública no século XXI, de acordo com os cidadãos do “bem”, é o bandido
pobre e preto. Esses asseclas desumanos, segundos as pessoas de “bem”, devem
ser expurgados do convívio social.
O
individualismo se sobrepõe a particularidade do organismo social, do nascituro
a revogação covarde da isonomia proposta pela Carta Magna. Mais uma vez o
público alvo são as favelas e periferias, onde residem esmagadoramente os tais
“bandidos” pobres e pretos. Desassistidos de seus princípios isonômicos, reféns
dos aparelhos repressores do Estado racista, excludente e segregacionista esses
cidadãos se encontram sem voz.
A
estúpida comparação de querer é poder, discurso meritocrata, é a base central
para legitimar a barbárie proposta pelas pessoas de “bem”. Mas bem todos sabem
que querer não é poder. E viva a barbárie que está sendo ressuscitada e
proclamada pelas pessoas ditas do “bem”, viva o ódio sacralizado, legitimado
pelas tais pessoas ditas do “bem”. E diga-mos não a uma sociedade justa sem
consciência coletiva. Que viva o individualismo do eu quero eu posso.
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