ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF CAMPOS/RJ
Dai ao povo pão e circo. Uma das mais arcaicas das falácias desde o
surgimento da humanidade vai atravessando o milênio e absolutamente em nada se
renova. O acalento caloroso do abraço confraterno e saudoso salienta com
convicção os artistas que fazem parte desse picadeiro armado no centro das
atenções da nossa sociedade. O povo se iludi, se emociona e aplaude. Acolhem os
abraços, beijos, apertos de mãos de companheiros e companheiras de lutas da
labuta diária, como se fossem compartilhadores dos mesmos suores, calos nas
mãos e pés rachados.
Passivos e pacíficos é assim o povo e como o povo deve ser. Amável,
receptivo, obediente, festeiro, religioso sem se intrometer em assuntos políticos
de interesses coletivos, o povo tem que ser individualista, em busca da
felicidade pra si e para os seus, somente os seus. Diante do temor de uma
revolta do povo através das manifestações de “vândalos”, “bárbaros” viu-se
apenas tremer um epicentro de escala de menos 1,0, um abalo sísmico tímido que,
apesar de ter feito tremer muitas esferas, acabou-se apenas numa mini-guerra
urbana classista-mediana. Nada da cara do povo no que pude observar.
Nada da cara do seu Zé, da Dnª Maria, do seu João, da dona Josefa
entre outros que são o braço do povo, aqueles que vivem espremidos nas
sardinhas enlatadas nos grandes centros urbanos das capitais e interior, os das
lidas das roças, dos interiores dos sertões e rincões, sim são milhares nesse
mundão de meu Brasil brasileiro. Está chegando a época desses cidadãos serem
descobertos, saírem do anonimato para estarem em evidência, serem os artistas e
atrações principais do grande espetáculo animalesco que se chama eleição.
Os assédios já iniciaram as figuras ilustres que gabam nessa época
de dizerem que são humildes, honestos e tem compromissos com o povo sofredor,
trabalhador e batalhador. Que com graças e guapos ganham o pão com suor da
labuta e da lida cotidiana. Eméritos destilam sutilmente os seus venenos
ardilosos românticos e suavemente convincentes que fazem Joãos e Marias de todo
esse meu Brasil os glorificarem, os santificarem.
Os populistas estão aí, prontos para agraciar e agradar com migalhas
aqueles humildes dos quais esses lobos na pele de cordeiro não têm pena alguma
de seus sofrimentos e demandas. Populistas que não têm respeito algum pela vida
pobre alheia seguem a risca a doutrina maquiavélica para se darem bem com o
julgo do poder. Mas um dia hão de cair,
escorregar na própria lama que espalharam e hão de implorar de joelhos pelo
povo e nesse dia o povo sim fará sismólogos políticos se aterrorizarem. E sim,
nesse dia o gigante irá acordar de verdade e como um juiz condenará a perpetuidade
toda a leviandade, separará o joio do trigo alavancará a verdade e subjugará a
injustiça. E sim nesse dia o real povo estará nas ruas.
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