ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.
Cotidianamente
nos deparamos com negros e negras que odeiam e têm total horror a sua condição
de devir do ser negro. Não é exagero afirmar que os mesmos se pudessem apanhavam
uma borracha e apagavam com ódio e raiva a cor símbolo, segundo eles, da
sujeira, da feiúra, da exclusão, da marginalização. “Um preto não quer ver um outro preto bem” já afirmava o ilustre
rapper MV Bill. ´Eu me relacionar com
preto, preta já basta eu´. ´Eu me relacionar com preta, preto já basta eu´. ´Vou
me casar com um branco pro´s meus filhos nascerem com cabelo bom´.
A
difícil aceitação e convívio social por causa da cor reforçam constantemente o
mito da democracia racial. Os negros violentados pelos açoites midiáticos e
verbais, oprimidos pela descendência escravocrata e depressivos moralmente por
se sentirem negligenciados pela vida que os colocou nessa condição inabrupta de
criaturas motivadoras de chacotas e avacalhados por piadas racistas, buscam
cada vez mais padronizarem-se ao arquétipo pseudo-europeu. O mulatismo e o
morenismo são mecanismos de refúgio da barbárie de traços selvagens de quem já
nasce perseguido. Portanto, reproduzir-se mestiçamente no país dos heróis pseudo-brancos
europeus que se chama Brasil, embrulhar-se entre as raças é uma das formas de
aliviar essa perseguição causada pela dor da cor, como dizem a cor do pecado.
Agora
militantemente desabafando, hoje na diáspora africana contemporânea compensa sacrificarmos
nossa luta cotidiana, vivência segregacional por algumas meras jabuticabas que
já escolheram os seus lados? Nós que levantamos a bandeira de corpo e alma por
afirmação de uma raça preta de cor preta, descendemos de nossos ancestrais
africanos escravizados, temos orgulho batemos no peito e gritamos para o mundo
inteiro ouvir, compensa lutarmos por uma unidade negra que inclui jabuticabas?
Na minha
opinião afirmo que não. Já to no basta. Basta lutar por jabuticabas que
apunhalam pelas costas um preto ou uma preta. Basta de defender jabuticabas que
riem e caçoam de nós pretos quando nos orgulhamos de vestirmos preto por dentro
e por fora. Basta de nos comovermos por jabuticabas oportunistas que não fazem
nada pela causa e quando conseguimos querem usufruir do que conquistamos com
nosso suor em prol de uma unidade preta. Basta de defendermos jabuticabas,
neguinhos e neguinhas que criminalizam e marginalizam as raízes africanas em suas
culturas, vestuários, culinárias, danças etc. e abençoam e frequentam as festas
dos descendentes europeus e acham lindo suas culturas, vestuários, culinária,
dança etc. identificando-se como brancos que são.
Basta.
Podem dizer que são vítimas como nós por conta desse longo processo de
escravização, exploração, desvalorização, usurpação do povo negro, mas quanto
mais discutimos essa questão, mas fortalecemos a ideologia mestiça do branco
brasileiro em aceitar a sua política sistêmica de dividir para conquistar. O
fato é que já somos divididos. Portanto temos que fazer pelos nossos, quem ta
na luta, na labuta, na diáspora, quem acredita e tem fé. Temos que ser ardiloso
pelos nossos, adaptarmos para melhor lutar pelos nossos, pois no terreno que
tivermos nunca devemos esquecer de onde viemos e quem somos. Precisamos nos
conscientizar de que uma unidade negra uniforme não convém, temos que ser pelos
nossos e quando na conquista fazer pelos nossos, O POVO PRETO.
A discriminação neste país foi, e ainda é, tão grande que levou até mesmo preto discriminar preto, diferentemente do que acontece, por exemplo, nos EUA. Na minha modesta e simples opinião, as coisas estão mudando haja visto o último Censo do IBGE, que pela primeira vez a população parda e negra ultrapassou a população branca. As pessoas estão se assumindo como pessoa. Segundo o Censo, o percentual de pardos cresceu de 38.5% para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. A população que se autodeclara branca caiu de 53,7% para 47,7% (91 milhões de brasileiros).
ResponderExcluirComo podemos observar, muitos que se autodeclaravam brancos agora se dizem pardos, e muitos que se classificarm como pardos agora se dizem pretos. Isso indica que está tendo uma valorização da raça negra e ao mesmo tempo um aumento da autoestima dessa população. Esse resultado mostra que, embora o Brasil ainda continue a ser um país racista e discriminatório, as coisas estão mudando. Não será da noite para o dia que o país deixará de ser segregacionista. Por isso a luta tem que continuar. Parabéns por empunhar essa bandeira.
Exato Guth, estamos atravessando uma fase excelente para o povo negro, infelizmente ainda muitos negros e negras não se confraternizam de sua ascendência e diásporidade, negam a todo momento suas raízes. A luta continua. Obrigado amigo por sua colaboração. Abraços.
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