ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL NA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE & RAPPER.
A
manifestação da Cultura Negra em Bom Jesus – RJ se desenvolve ritualisticamente
em celebrações de beleza, festa e o que podemos dizer de certo encobrimento da
verdadeira história da negritude bom-jesuense. O negro é lindo, o
reconhecimento do valor do negro, que o negro tem importância histórica e os
mesmos blá, blá, blá de sempre.
Perpassa
aos intelectuais bom-jesuenses em que muitos não entendem o devir negro em sua
diáspora. Muitos, ou melhor, dizendo em sua máxima maioria, não sabem
interpretar a sua importância ancestral, histórica, política e cultural para as
gerações pretas vigentes e vindouras. Reina um ambiente tipo deixa disso, o
negro é lindo e tem sua importância na sociedade, um discurso romântico-meloso
para não deixar passar em branco o dia da Consciência Negra no dia 20 de
novembro. E o Novembro Negro e sua máxima importância simbólica e
representativa onde fica? E o cotidiano preto como fica? E que importância é
essa do preto na sociedade?
Perguntas
que sempre ficaram e ficarão sem respostas em Bom Jesus se nós pretos deixarmos
sempre aqueles que acreditam que tem o direito de discursarem por nós,
continuarem injetando os seus engodos execrados de bons samaritanos e
cordialidades. Continuará sempre assim, se continuarmos a deixar aqueles que se
quer conhecem Ganga Zumba, Grande Zumbi dos Palmares e Dandara contarem nossas
histórias de acordo com a versão deles.
O que
se pretende hoje a reparação da escravização e a exploração do negro vincula-se
apenas a praticidade, objetividade do que convém, rompendo totalmente com os vínculos
ancestrais e afetivos. Certo afirmar também de que alguma forma a pomposidade
midiática entorno do negro deturpa e desmitifica a formação na diáspora calhando
num túnel do tempo brutalmente plausível a realidade na qual se encontra,
transformando mercenariamente a data e o mês do negro em campanhas
político-partidárias e de interesses escusos.
Como
seria lindo e belo um documentário sobre a história de formação do Tupi Dancing
Clube do Senhor Toninho do Tupi, mestre dos Bonecos do Tupi onde presidiu com
fervor a Escola de Samba Tupi que por muitos anos abrilhantou os carnavais bom-jesuenses.
Relatam-se histórias de segregação e perseguição na época de funcionamento do
Tupi Dancing Clube. Alguns munícipes já comentaram comigo que o Tupi era o
local dos pobres e pretos e que o Aero Club era o local da elite e dos brancos bom-jesuenses.
Um grande homem para ser homenageado na data máxima do povo preto brasileiro,
mas se quer é lembrado por aqueles que se dizem doutores da cultura negra bonjesuense.
A verdade é que não passam de oportunistas e aproveitadores.
As caricaturas
condensadas e prontas deixam visivelmente a estética corporativista dos
festejos, nos discursos e atrações alegóricas. São produtos do famoso toma lá da
cá e do cala a boca em contrastes que remetem a aparência enganosa temperada de
sofismo e maqueavelidade. Como disse a escritora moçambicana Paulina Chiziane “nós temos medo do Brasil”. Fica objetivado
o intento de vender, ainda, uma branquitude brasileira um antigo sonho de
exterminar todos os não-brancos brasileiros. O marketing branco brasileiro
confunde a cabeça de nossos irmãos na diáspora que quando pisam em solo
brasileiro, vêem um outro Brasil que não é transmitido lá fora em suas terras. Essa
confusão cultural e racial é proposital.
Capitaneada
pela elite e a classe média, a cultura e historicidade negra brasileira
afastou-se de sua diáspora, cabe as futuras gerações e as de hoje uma reflexão
profunda do Devir Negro no que tange ao mês máximo de nossa celebração no que
ele representa hoje para nós enquanto descendentes afros e pretos. Necessitamos
urgente refletirmos do debate situacionista entorno de nossas causas e
interesses. A revolução também é tida enquanto nos reconhecemos descendentes na
ancestralidade, defensores e multiplicadores de nossa diáspora, para
reproduzirmos gerações pretas bom-jesuenses cidadãos conscientes com sede do
saber de sua genealogia histórica e ancestral. O resgate do verdadeiro sentido
do Novembro Negro e do dia 20 de novembro Dia da Consciência Negra, faz-se
oportuno e necessariamente urgente em Bom Jesus do Itabapoana-RJ.
Viva
Zumbi! Viva Dandara! 4P.
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