segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PADARIA DOIS IRMÃOS

FAZEMOS ENTREGAS. LIGUE: (22) 3831-1661
BAIRRO SANTA TERESINHA
BOM JESUS DO ITABAPOANA/RJ

Texto racista em prova na UFF mobiliza estudantes



Faço pausa na minha escrita principal, a dissertação de mestrado e na escrita acessória irreprimível no Facebook. Aqui no blog acabo escrevendo com maior pausa e reflexão pelo estilo de escrita que me impus, o que limita meu ímpeto de escrever sobre tanta coisa que não cabe no Atabaqueblog. O que nem é o caso dessa postagem pelos motivos apontados, mas que comento como registro de não ter podido escrever com maior reflexão como gostaria. 

Recebi por email uma nota sobre uma prova no IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF), na disciplina Ação Cultural em Unidades de Informação ministrado pela Professora Renata Gouvea Barbalho.


 Uma reunião está marcada para a próxima quinta-feira, 5/9/2013, às 19h, na Rua Aurelino Leal, 31, no centro de Niterói. Fica perto das Barcas.

O grupo de repúdio que se mobiliza contra essa prova apresentada aos alunos sem qualquer nota crítica que introduzisse ou justificasse o tema o que sugere que se trata de uma má pedagogia e expõe a desavisada (?) professora a uma reprimenda pública e a sanções administrativas que serão exigidas da Universidade.

Segue o texto apresentado pela Professora Renata Gouvea

O texto da prova foi retirado de um blog racista, xenófobo, homofóbioco e machista de nome


Veja abaixo o texto da prova apresentada aos alunos:

Prova da UFF que a aluna se recusou a fazer:

Estudo provando que o negro é inferior [...] Os primeiros exploradores da África Oriental foram os árabes muçulmanos, eles escreveram como ficaram chocados com a nudez, o paganismo, o canibalismo e a pobreza dos nativos. Um deles afirmou que os negros possuíam a natureza de animais selvagens. Outro se espantou ao descobrir que as crianças não sabiam quem era o pai. Centenas de anos mais tarde, os exploradores europeus tiveram as mesmas impressões. Eles relataram que os africanos pareciam ter pouca inteligência e poucos vocábulos para expressar pensamentos complexos, também reclamaram da falta de hábitos de higiene. Todos os relatos seriam fruto do etnocentrismo?
Certamente que não, pois a história está repleta de narrativas sobre visitantes de culturas bem diferentes que mesmo assim elogiaram as qualidades dos outros povos. Os brancos que participaram das viagens de exploração à China eram tão racistas quanto aqueles que exploraram a África, mas suas descrições eram diferentes das que, tanto eles quanto os árabes, escreveram sobre os africanos. Marco Polo descobriu que os chineses tinham construído boas estradas, pontes, cidades ligadas por canais, um sistema de recenseamento, mercados, padrões de pesos e medidas, e não apenas moedas, mas também dinheiro de papel. Mesmo estando consciente da grandeza da Antiga Roma, o italiano Marco Polo escreveu: "Não existe raça mais inteligente na Terra do que os chineses". Para explicar tanta disparidade, os sociólogos defendem que não é possível comparar culturas, porque todas são igualmente evoluídas, cada uma da sua maneira.
Ignoram que fatores objetivos, entre eles: expectativa de vida, saneamento básico e tratamento médico são usados até hoje na comparação de cidades, estados e países. Pena que poucos defensores dessa posição estejam dispostos a abandonar definitivamente a civilização para moraremem tribos. As diferenças também se manifestam quando as duas raças convivem em sociedade. Nos EUA, os pretos representam menos de 13% do total da população, no entanto, são responsáveis por 50% das detenções por homicídio e roubo, 67% dos detidos por furto são pretos. 50% das vítimas de todos os crimes combinados reportam que o agressor era negro, o que afasta a possibilidade das estatísticas policiais serem tendenciosas. Além disso, os pretos são responsáveis por grande parte dos crimes ditos de "colarinho branco". Assim, são negras 33% das pessoas presas por: fraude, falsificação, contrafacção e recepção de objetos roubados, bem como representam 25% dos presos por desvio e apropriação indébita.
Os crioulos só estão sub-representados nos delitos fiscais e financeiros, os quais são praticados por pessoas de elevada posição social. Os resultados não só se repetiram em estudos feitos na Europa, mas também no Anuário da Interpol, mostrando que esse padrão racial é consistente numa escala global. Outro traço comum nos pretos é a promiscuidade, conseqüentemente, a maioria dos portadores de doenças sexualmente transmissíveis são da raça negra. A Organização Mundial de Saúde acompanha a ocorrência das doenças sexuais, tais como: sífilis, gonorréia, herpes e clamídia. Ela reporta baixos níveis dessas doenças na China e no Japão e altos níveis na África. Estudos feitos nos Estados Unidos, em 1997, constataram que a sífilis nos negros era 24 vezes maior que nos brancos. Enquanto nos brancos a taxa de sífilis era de 0,5 casos por 100.000 pessoas, nos negros era de 22 casos por 100.000.
Um recente relatório concluiu que 22% das jovens moradoras de bairros problemáticos das cidades americanas (na maioria negras) sofriam de clamídia. Basta visitar um baile funk para comprovar o que estamos dizendo. As maiores diferenças estão no quesito inteligência, apesar do teste de QI não ser perfeito, ele tem se mostrado capaz de prever o sucesso acadêmico e profissional. Baixo QI prediz: abuso infantil, crime, delinquência, má saúde, propensão para acidentes, geração de crianças fora do casamento, divórcio antes de decorridos cinco anos e, até mesmo, o ato de fumar durante a gravidez. A média de QI nos orientais é de 106, nos brancos por volta de 100 e nos negros cerca de 85.
Usando o teste das Matrizes Progressivas de Raven, que mede o raciocínio sem considerar informação cultural específica, Kenneth Owen obteve o QI de 70 para africanos negros de 13 anos que frequentavam o sistema escolar sul africano, a mais baixa até hoje registrada, vale ressaltar que QI de 70 é considerado deficiência. O QI dos mestiços aumenta de acordo com a quantidade de ancestrais brancos, os mestiços da África do Sul têm um QI de 85, o mesmo que os negros nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Caraíbas. Diversos testes foram realizados e obtiveram resultados semelhantes, inclusive aqueles conduzidos por psicólogos negros, o que fez o Nobel de Fisiologia/Medicina James Watson declarar, em artigo publicado no Sunday Times Magazine de outubro de 2007, que estava "inerentemente pessimista quanto às perspectivas da África" porque "todas as nossas políticas sociais estão baseadas no fato de que a inteligência deles é a mesma que a nossa, enquanto que todos os testes dizem que não é assim",
o que custou seu emprego. Você, mulher branca, ao ler isso, ainda quer engravidar de um macaco? Ao contrário do que a maioria pensa, a raça vai muito além da cor da pele.[...] Autor: Oswaldo Melchior (filósofo e teólogo) (pouco me importa se é 'fake' ou não) Disponível em: http://aurorabrasilis.blogspot.com.br/2012/04/estudo-provando-que-o-negro-e-inferior.htmlAcesso em: 14 de jan. de 2013.

Prova
Regras para elaboração da prova:
- A prova poderá ser feita individualmente ou em dupla;
- Não poderá haver citações diretas com mais de três (3) linhas; - Leia o texto (em anexo) antes de responder as questões. Após a leitura do artigo de Oswaldo Melchior, “Estudo provando que o negro é inferior”, responda as questões:
1- Quais conceitos e concepções de cultura podem ser relacionados à reportagem extraída do site?
2 – Explique o significa dos conceitos de “determinismo biológico” e “determinismo geográfico”:
3 – Porque o conceito de endoculturação diverge da visão apresentada pelo autor do artigo?
4 – Para o autor do artigo a cultura é inata ou empírica? Justifique:
5- Qual a importância de Edward Tylor, no debate sobre cultura?
6 – Relacione a atual conceito de cultura, na antropologia, com uma ação cultural:
7 – Como as ações culturais, em uma unidade de informação, podem influenciar na vida dos cidadãos?
FONTE: http://atabaqueblog.blogspot.com.br/2013/08/texto-racista-em-prova-na-uff-mobiliza.html

Caminhada no Rio pede liberdade religiosa e Estado Laico


Milhares de pessoas se reuniram dia 8 na Praia de Copacabana para a 6ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, promovida pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio.
“A caminhada é importante porque mostra o conjunto de todas as religiões. A gente tem que defender o Estado Democrático de Direito, e levar em conta que, além de religiosos, somos todos cidadãos. A democracia no Brasil tem que se consolidar e compreender que a religião não tem que se impor ao Estado Laico. Ela pode sugerir, mas respeitar o espaço de todos. Essa é uma riqueza da sociedade brasileira em que temos que insistir”, disse o babalaô Ivanir Santos, presidente da comissão.
Ivanir destacou que a caminhada cresceu em número de religiões representadas, e comemorou a adesão maior dos evangélicos ao movimento. Apesar disso, ele lamentou a ausência de líderes protestantes. “O desafio é avançar e convencer os segmentos evangélicos de que temos que estar todos juntos”.
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, participou da caminhada e pediu aos líderes religiosos que apoiem o Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa. “São atores políticos importantes os que estão aqui e devem nos ajudar a tornar realidade esse plano, uma realidade que se faz não somente em função de nossas iniciativas [do governo federal], mas pelas possibilidades de envolver os governos estaduais e prefeituras, porque, sem elas, o plano não se realiza”.
Representando a Igreja Católica, religião com o maior número de fiéis no Brasil, o padre Fábio Luiz de Souza defendeu o conhecimento de todas as crenças. “Para acabar com a intolerância, é preciso principalmente se conhecer mutuamente e derrubar quaisquer barreiras e preconceitos”.
O representante budista,Marcos Eduardo Purificação Correia disse que a religião só faz sentido se houver tolerância. “A importância dessa caminhada é demonstrar respeito acima de qualquer diferença. Se não conseguirmos superar essas diferenças, não há porquê termos religiões mais. Cada um tem que expor o que tem de melhor”, disse, que defende o ensino religioso nas escolas, como uma forma de mostrar todas as formas de fé.
Sacerdote e presidente da União Wicca do Brasil, Og Sperle, destacou que mesmo nos debates pela liberdade religiosa é preciso dar espaço a grupos menos numerosos, como o seu. “O problema é que as minorias não são vistas pelas religiões majoritárias. Não somos convidados a participar dessa construção da liberdade. Existe uma dúzia de religiões que se juntam para ditar as regras”.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A COR DA OPRESSÃO. UM NEGRO QUE SE CONSIDERA PRETO, INCOMODA MUITA GENTE.

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.

CONTOS DO SILLES!

Estava eu num belo dia passeando no shopping. Adentrado ao recinto, vislumbrando o ambiente de requinte e crueldade econômica, estava eu maravilhado com tamanhas promoções objetos que enchem os olhos de qualquer cidadão de pouco poder econômico e tem que contar cédula por cédula, moeda por moeda o quanto pode gastar nesta selva climatizada, um dos símbolos do materialismo reverberizado. Esse é o ritual ordinário de quem tem pouco money no bolso.

Um preto num shopping de luxo, com vestimentas adereçadamente simples e sandálias de dez reais chama muita atenção, principalmente dos seguranças. Olhares brancos enojados de descendências nórdicas, hispânicas, ítalas, lusitanas, germânicas, anglicanas dirigiam-se a mim sempre com despeitos loucos e furiosos para deslancharem o seu racismo. Ou melhor, a matilha branca, dava para ser ler a mente, lamentava-se que em solo brasileiro é proibido o linchamento de pretos e pretas. Dava para ver as presas sedentas pela minha carne preta. Os seguranças jabuticabas, leais capitães-do-mato do sistema opressor, espreitavam-me, seguiam-me astuciosamente com as mãos coçando doidos para verem o vacilo do neguim. Incomodados jabuticabas sussurravam entre si, “o que esse neguim com esses panos e chinelo de dedo ta fazendo aqui?”.  Os jabuticabas incomodados, não admitiam o neguim, eu, com adereços e vestimentas simples, num shopping de luxo e querendo adquirir de forma honesta e legal algum produto do sistema mercantilista escravista exploratório materialista. Vai vendo.

Em certo momento, deparei-me com uma senhora branca, aparentava ter entre 25 e 30 anos, de traços bem eurocêntricos, europeizada mesmo, opa europisada. O incomodo pela minha presença e dos demais negritos no recinto dito do “bem” e requintado, causava nojo e exalava preconceitos e racismos. Dava para sentir o odor exalando de seus poros e de sua boca fétida e podre, pois o racismo e preconceito fedem de longe. E eu que havia pensado que o Vaticano já havia canonizado ou beatificado a Santa Miscigenação. Na vinda para o shopping pensei ter visto uma igreja com o nome de Santa Raça Miscigenada. Pode ter sido algum engano.

Bom voltando ao episódio referido em questão, a senhora lusitana-celta-germânica-saxã-ítala-hispãnica-açoriana-prussiana-anglicana-nórdica e sei mais lá o quê das descendências europisadas, veio de encontro a mim num esbarrão. Eu estava próximo de um dos pilares de sustentação do shopping e o salão era enorme, gigante com bastante espaço de transitação, mas a elemento teve que vir em minha direção provocando assim o acidente. Às vezes penso que foi apenas um motivo aparente para a mesma destilar todo o seu sentimento venenoso sobre a minha presença naquele lugar de prestígio, selecto, requintado. A senhora europisada, não demorou e despejou através de verberes preconceituosos berradamente todo o seu ódio racista pelos pretos, pelos não brancos. Ora coitada, a terra nativa dela, estava sendo invadida por um alienígena, eu.   

Muitos transeuntes que passavam no momento escutaram os xingamentos racistas, o ódio impetrado contra a minha pessoa preta, mas todos observavam com total naturalidade como se fosse algo comum ofender um preto, até mesmo os jabuticabas máscaras e peles brancas não esboçaram nenhuma reação. Hum, brasileiros.

Então no momento revidei, comecei a praticar a lei de talião olho por olho dente por dente, destilei também as minhas ofensas a chamei de branquela e muitos outros adjetivos. Aí surgiu-se o espanto do público em geral, todos olharam para mim horrorizados, a senhora europisada começou a chamar-me de racista, preconceituoso e junta a ela no coro os demais indivíduos do “bem” latiam incansavelmente ‘racista, racista...cadeia’. Mas ué péraí, se ela me ofendeu primeiro aguentei calado, ninguém fez nada assistiam de camarote, quando parto para a minha defesa eu sou o racista? Encarcerado.

Perguntei ao delegado porque havia sido preso e ele respondeu: racismo. Oiiiiiii...... desde de quando preto comete racismo? --- Mas senhor delegado foi à senhora que me ofendeu primeiro com dizeres racistas e xenófobos, pela minha cor de pele e minha ancestralidade africana, havia indivíduos no momento vários, são testemunhas oculares, pergunte-os se não é verdade, se não procede o meu depoimento? Racista é ela.

E o delegado prontamente respondeu-me: --- sim já averiguamos com várias testemunhas que transitavam no momento do ocorrido crime, inclusive pessoas negras, sim confirmam que a senhora levantastes a voz para o senhor primeiro. Também confirmaram que a mesma havia chamado o senhor por adjetivos que não são esporádicos e estigmas estereótipos que são comuns de se dizerem aos negros, há pessoas da sua cor, portanto frases tradicionais do cotidiano não podem ser consideradas racistas. No entanto o senhor levantastes a vós para essa senhora a insultando por conta de sua cor de pele branca e outros adjetivos típicos de bárbaros e ofendendo a sua integridade moral de sua descendência européia, isso é racismo com penalização grave de acordo com a nossa santa e imaculada Constituição Federal de 1988, que foi promulgada e criada para proteger os cidadãos de “bem nativos”, de descendência clara que descobriram e povoaram essas terras virgens trazendo a civilização e o progresso.

De minha humilde cela escutava os gritos e berros dos elementos que estavam no momento do ocorrido crime contra a minha pessoa, gritavam pela minha condenação entoavam em alto e bom tom ‘racista, racista, racista... prisão perpétua’. Oh glória, isso tudo pelo simples motivo d’eu ser preto e exaltar a minha identidade e ancestralidade? A senhora europisada derramava lágrimas de emoção por me ver atrás das grades, me enxotava e dizia que eu pegaria prisão perpétua por ter ofendido a sua cor que é a única abençoada por Deus e de seus ancestrais civilizados europisados. Dirigiu-se ao delegado dizendo: --- o senhor delegado tem que manter esse negrim encarcerado, é um perigo para a sociedade imagine só um negrim querendo ser ascender socialmente e economicamente imagine se essas idéias comecem a contaminar os outros, ficaremos sem serviçais e o pior teremos que dividir os nossos espaços.

Oiiiiiiii... parem a Terra que eu quero descer! Quer dizer então que é legitimo e sacralizado ofender o preto, no entanto é crime ofender um branco em legitima defesa? Óh sim como senti-me ‘una persona non grata’ no exato momento. Fui afrontado em meus direitos, levianamente apontado como um estrangeiro indesejado que simplesmente invadiu um território de cativos do “bem”.

Em suma finalização, tiro pela culatra para os racistas, o neguim é réu primário o que valeu-me a liberdade, vinda de um esporro ainda, ‘vá e não ofenda mais’, valei-me minha santa senhora da inquisição quanta bondade, acho que faltei as aulas na escola que explicavam que os pretos foram os opressores e os brancos foram os oprimidos. Alguém por gentileza tem como me enviar o material que conte essa história fatídica?

Em verdade, em verdade vos digo a verdade sempre será tratada como algo nocivo a sociedade, o normal e correto é neguim servir e abaixar a cabeça, se neguim se levantar é criminoso, racista, reacionário, preconceituoso e tudo mais. Como se diz ‘pra preto tudo pode, mas para o preto nem tudo é permitido’.

Salve, salve “Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon” uiiiii um palavrão grande, e salve, salve “Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon”, cruzes mais um palavrão desse tamanho fica até difícil de xingar, patrono e matrona reais de nossa amada pátria europisada, bem pisada Brasil. Amém.



sábado, 21 de setembro de 2013

BLAHKA TAO


“Baixada em cena” é o nome do CD que formado por uma parceria de Rappers da Baixada Fluminense
com a presença de Mc´s e produtores de toda a baixada. 
A produção do CD foi feita pela Umdergrau Record’s, que também é localizada na baixada Fluminense.



ALEX EMISSÁRIO

DIRETAMENTE DE VILA VELHA-ES. CONFIRA.




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

OLHA O RECALQUE: OS RECALCADOS (AS) VERSUS VOLTAÇA.

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.

O meu TCC Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre o bairro Santa Teresinha popularmente conhecido como Volta da Areia. Escolhi o tema e a discussão mediante estágio obrigatório que realizei no CRAS do bairro e também por experiência individual. Apliquei um formulário qualitativo contendo 21 perguntas para 30 moradores do bairro. O resultado foi impressionante os próprios relataram o preconceito que sofrem mediante ofensas diretas e indiretas, o racismo escancarado em nosso município onde as pessoas ditas do “bem” insisti em dizer que não existe.

Debandando por diversos ambientes, sempre escutamos o famoso “nêgo vai e atrapalha tudo”, “neguim já chega bagunçando”, “aí que nêgo começa a fazer zona também porque neguim já chega pra bagunçar”, “não, somente nós da família se não neguim começa a invadir”. Coitado desses dois indivíduos nêgo e neguim devem viver com as orelhas esquerdas quentes o tempo todo de tanto agouro racista e xenófobo. Típico de brasileiro especialista em dissipar o seu racismo e depois sair por aí dizendo que não é racista.

A tal “invasão cubana” propagada por alguns órgãos da nossa impressa, ruboriza tudo que representa o tal “povo heróico de brado retumbante”. O tal “povo heróico de brado retumbante” estava nos aeroportos, instituições hospitalares, na internet e nas redes sociais chamando os cubanos negros de “escravos” e que deviam voltar para a “senzala”. E o mesmo “povo heróico do brado retumbante” exigia que os médicos que viessem fossem canadenses, ingleses, noruegueses, dinamarqueses, franceses, ou seja, que sejam brancos europeus. Bom se isso não é uma prova totalmente cabal de racismo então não sei o que é.

As relações do sistema opressor democrático brasileiro sempre tiveram o impacto diretamente às classes inferiorizadas, a periferia nunca conheceu a democracia. Ao contrário das classes abastadas que sempre e continuam gozando de privilégios por conta de seus ancestrais europeus. Os indícios da diferença gritante de classes são altíssimos. Apesar de detectada, por alguns, alguma melhora no cenário econômico a periferia continua sendo cenário de exclusão, discriminação, segregação e racismo. Uma medida paliativa econômica é o que está acontecendo no momento.

E no meio disso tudo está o bairro Santa Teresinha, conhecido popularmente como Volta da Areia, Voltaça, e os estigmas criados entorno desse território periférico. Porque novamente retorno a essa tema? Porque novamente ainda continuo escutando palavras de conteúdos racistas e discriminatórios em relação ao bairro, mais precisamente ao morro.

Sabemos que a Volta da Areia surgiu nas construções da COHAB, Companhia de Habitação do estado do Rio de Janeiro na década de 1970, foram erguidas casas populares onde posteriormente outras residências foram sendo erguidas sendo que fora da faixa de zoneamento urbano. As pessoas que foram habitar esse território eram pessoas pobres de muito pouco poder aquisitivo e de maioria negra, portanto um dos fatores que levam a crer fielmente na criação de muitos estigmas relacionados a essas pessoas por moradores de outros bairros do município de Bom Jesus do Itabapoana-RJ. O projeto ético-político bom-jesuense por parte dos conservadores, progressistas e republicanos sempre foi o de centralizar e elitizar o centro e jogar as margens os pobres e os negros. O discurso manipulador fica claro nas palavras das ditas pessoas de “bem” de Bom Jesus do Itabapoana-RJ.

A Voltaça resiste e encanta. São pessoas humildes, batalhadoras, de bem com a vida, simples e quando podem ajudar ao próximo o fazem de bom grado. Pessoas que sabem dos preconceitos e discriminações que sofrem estereótipos que carregam desde a sua fundação. Tem sua história contada além de seus moradores pelo clube de futebol do bairro o Rio Branco, e a saudosa escola de samba Acadêmico do Castelo Branco.


Tudo que é belo incomoda, e a Voltaça está aí mesmo para incomodar. Incomodados que se mudem, ou melhor, dizendo, ponham-se no seu lugar de abastados, deméritos da verdade. Recalque é dor de cotovelo e inveja de querer ser o outro, mas não pode, porque querer não é poder.




quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ENCONTRO COM JESUS: O CRISTIANISMO E SUA REPRESENTATIVIDADE NAS PERIFERIAS. A INCÓGNITA COMPLEXA ENTRE O CATOLICISMO ROMANO E O PROTESTANTISMO (EVANGÉLICOS) PENTECOSTAL E O NEO-PENTENCOSTAL.

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.


“Pedro lhe disse: ‘Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também; o que é o pecado do mundo? ’ Jesus disse; ‘ Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado ‘pecado’. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem.
Em seguida disse: ‘Por isso adoeceis e morreis (...). Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça’.” (Epígrafe do Evangelho Apócrifo de Maria Madalena)


Quem foi Jesus de Nazaré? Muitos fizeram e ainda fazem essa pergunta. Séculos foram atravessados e a resposta até o momento nunca foi respondida. Para os Cristãos Católicos Jesus é o filho de Deus concebido por Maria, formando assim a Trindade Santa Pai, Filho e Espírito Santo. Para os Protestantes (Evangélicos), é o filho de Deus único e que Maria não teria nenhum laço de Santidade com Jesus. A Religião Cristã é uma das que mais fascinam os estudiosos. A Fé Cristã é tamanha que chega a proporcionar em alguns fiéis uma das atitudes mais bárbaras: o fanatismo religioso.

A Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo, é nele que estão contidos os rituais, a vida de Jesus e de seus seguidores os Apóstolos. A Bíblia, dependendo de uma vertente do Cristianismo tem uma determinada interpretação, como os Católicos com os seus santos e os Protestantes (Evangélicos) que não vinculam a religião cristã as santidades. Existem também outras religiões que tem ramificações com o cristianismo como o Islã, do Profeta Maomé e Abraão, e o Judaísmo.

Irei discutir nesse texto um breve resumo do impacto da religião Cristã na vida dos indivíduos periféricos bonjesuenses, como a fé transforma a vida das pessoas. Pessoas que de um dia para o outro utilizam do jargão “larguei o mundo encontrei Jesus”, o psico através do espírito e a religiosidade, o social como, por exemplo, através da doutrina da Teologia da Prosperidade e o materialismo tipo “foi Deus quem me deu”.

Em busca das soluções de seus problemas, os indivíduos procuram a religião como um mecanismo para se conectarem ao transcendental e obterem respostas. É através da religião, independente de qual seja, que nos mantém firmes e crentes em algo que nos faça está de bem com nós mesmos e ao nosso redor. E por essa e outras razões que as pessoas que moram na periferia num cotidiano repleto muita das vezes de pobreza e sofrimentos de diversas maneiras, que a religiosidade se faz presente. É através da religião, da fé transcendental que indivíduos se mantêm na árdua luta cotidiana. E são nos templos, cultos e missas, que os indivíduos depositam sua confiança de uma vida melhor e também em busca de uma vida após a morte no paraíso.

Muitas dessas pessoas são carentes de afetos e atenção, seja no campo pessoal ou social. Muitas advêm de envolvimentos com drogas, crimes, álcool, relacionamentos amorosos rompidos, conflitos familiares e etc. Em contrapartida a essas vidas sofridas estão às igrejas Protestantes, Evangélicas, mais precisamente as Pentecostais, Pentecostais da Segunda Geração e as Neopetencostais.

O Pentecostalismo podemos denominar assim, se divide no Brasil entre três grupos distintos, surgidos em três épocas diferentes:
ð  Os Pentecostais históricos que surgiram na primeira década do século XX: Assembléia de Deus e Congregação Cristã no Brasil.
ð  Os Pentecostais da segunda geração na década de 50: Quadrangular, Brasil para Cristo, Casa da Benção e Deus é Amor.
ð  Neopentecostais surgidos na década de 70: a principal delas a Igreja Universal do Reino de Deus, IURD.

Prosperar financeiramente, parar de sofrer, pois Jesus já sofreu na cruz para nos salvar, portanto não precisamos sofrer, são uma das pregações de incentivo que alcança o coração dos fieis. A Teologia da Prosperidade prega que a abundância da riqueza e o conforto são bênçãos que devem ser cativadas com o fervor da fé. O dizimo é sempre um longo discurso positivo da fé, fazendo com que os fiéis doem cada vez mais para a igreja a qual segue, acreditando que isso aumentará cada vez mais a riqueza do membro fiel. A riqueza é tida na Teologia da Prosperidade como uma benção de Deus, adquirida através da confissão positiva, da visualização e do dizimo.

“Enquanto a Igreja Católica prega o sofrimento na Terra, os neopentecostais ensinam que Jesus já pagou o pecado das pessoas na cruz e que, portanto, elas não precisam sofrer mais”. (Pastor Anderson Angelloti Moraes. Jesus e os Mistérios que a Bíblia não Explica. P. 24)


A atenção prendada, a luta por conquistar fieis, o amparo afetivo e romântico, a palavra de ordem de salvação e de manter uma vida correta, direita, cristã e o mais importante de melhorar financeiramente, faz com que as igrejas Evangélicas sejam mais atrativas do que a Católica Romana. O espaço participativo para que o fiel se interaja com toda a igreja é também um fator importante, algo que não se ver ainda na Católica Romana. A busca pela salvação somente em Cristo eximi o fiel protestante do seu dever ensinado pela Católica de que para alcançar a salvação o cristão também deve praticar “a fé e a obra”. Sendo assim, o fiel protestante preocupa-se somente com sua salvação e de seus outros membros e procura sempre atrair novos fiéis que não compartilham mais buscam compartilhar dos mesmos ideais. Doutrina individualista se tenho é porque Jesus me deu, se você não tem é porque Jesus não te abençoou.
“Os especialistas são unânimes ao associar os momentos de dificuldade ao aumento da necessidade religiosa. E é justamente ao oferecer solução para qualquer tipo de crise, que as igrejas evangélicas atraem fiéis de todas as idades e classes sociais” (Jesus e os Mistérios que a Bíblia não Explica. P. 24)

O discurso protestante, pentecostal e neopentecostal, é idêntico a cultura Black Music, mais tocante as periferias e favelas diferente do discurso ainda rebuscado do catolicismo romano. As palavras são direcionadas ao cotidiano do indivíduo a realidade nua e crua na qual ele e muitos dos seus estão vivendo naquele momento.

Boca ressecada
Coração acelerado
 Reflexo no espelho
 Homem desesperado
Mais um drogado a noite inteira alucinado
Maltrapilho, abandonado, vivendo isolado
Se é que podia chamar isso de viver
Vegetava sem ver minha filha crescer
O amanhecer do dia me incomodava
Todo sujo nem me arrumava
Eu não me preocupava comigo
A maior parte do meu tempo vivia escondido
Porradão de dez, de cinco, de três
De dia trabalhava, a noite só mais um freguês
Dinheiro evaporava, débito no banco
A maior parte do salário virava pó branco
Constantemente minha patroa reclamava
Que eu cheirava todo dia e há tempos não a amava
....................
Parte do meu corpo ainda está contaminado
Mas passo a impressão de totalmente recuperado
Bem arrumado, recuperei meu laço
Hoje a arma que eu carrego á a bíblia embaixo do braço
Fortalecer a corrente dos salvos
Ou enfraquecer a corrente dos fracos
Não me envergonho da minha história
Dou testemunho na igreja e palestra em escola
Toco a minha bola como se fosse o começo
Tive outra chance mesmo sem saber se eu mereço
Favela que eu entrava e ficava pancadão
Hoje eu entro pra fazer a corrente de libertação
Sem atenção, essa é minha missão
Convencer as outras pessoas a aceitarem a salvação
Gloria a Deus, aleluia, na paz do Senhor
Prego a palavra do Altíssimo que é o Salvador
Amor, louvor, fé, esperança
Puro como sorriso de uma criança
Com a liberdade no meu punho
Meu nome não importa
Esse foi meu testemunho
Foi a vida perdida
Espero te encontrar em outro lugar
Pois na vida bandida, são poucos que estendem a mão pra te ajudar
Foi querida, ferida, que Deus me ajude a te reencontrar
(Testemunho, MV Bill)



A certeza da salvação, da verdade por obter prosperidades materiais, faz surgir indivíduos fanáticos e fundamentalistas que chegam ao ponto de defender essa verdade até a morte. Demonizam, marginalizam outras doutrinas e seguimentos religiosos como, por exemplo, as Religiões de Matrizes Africanas. A Umbanda, exemplo, é a única religião genuinamente brasileira, nascida do sincretismo religioso entre o catolicismo e o Candomblé. Ignorância é tamanha. Alguns missionários (as), pastores (as) aproveitando da humildade de seus fiéis se promovem com as palavras da Bíblia, a interpretam incitando o ódio, a intolerância e a violência.

A Renovação Carismática Católica, que surgiu na década de 1960, vem de contraponto para resgatar essas ovelhas perdidas pelo catolicismo conservador e tradicionalista, indo de encontro aos desejos e anseios de cura e libertação da maioria dos indivíduos desprovidos de carência afetiva e atenção. Através do batismo no Espírito Santo, o dom das línguas (glossolalia), os carismáticos católicos, também chamados de católicos pentecostais, tem a missão de propagar a Boa Nova através dos dons do Espírito santo e resgatar os indivíduos que se afastaram da igreja Católica Romana.  

"oferecem um ritual mágico, permeado por cantos, danças que expressam intensas emoções, o que mobiliza a adesão de fiéis, assim como a ênfase em dons, como da profecia e da glossolalia, produzem um encantamento e um fascínio sobre as pessoas". (SILVEIRA, 2008)


O interessante é destacar a forma como a religião penetra na vida dessas pessoas, em especial o Protestantismo (Evangélicos) Pentecostal e Neopetencostal. Através da dinâmica e metodologia do discurso de inserção, participação, cantos, danças, as hipnoses, atenção e afeto as igrejas evangélicas estão a cada dia crescendo nas comunidades periféricas. Pessoas que ontem se diziam pertencentes ao mundo agora encontraram Jesus e não pertencem mais a esse mundo. Vale ressaltar, o imenso demérito dado as demais doutrinas cristãs tidas como não-corretas por esses fiéis Pentecostais e Neopentecostais.

Com isso a intolerância cresce em igual tamanha proporção que o evangelismo, criando um abismo humanista e trazendo a tona também o debate sobre a origem geográfica de Jesus Cristo. Debate de críticas a tradições de séculos que o apresentaram com feições e traços branco-claros e de olhos azuis, fazendo jus ao povo europeu.

No entanto é de certo afirmar a gigantesca contribuição das igrejas evangélicas na transformação de vida dessas pessoas, pessoas que antes se encontravam no desespero, hoje já vivem a esperança. De igual ao catolicismo que aos poucos, com o Movimento Carismático vai reconquistando a confiança e a Fé daqueles que estavam afastados, mas que hoje se renovam junto com uma igreja renovada.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
MV Bill, música Testemunho. Álbum: Declaração de Guerra. Ano 2002.
SILVEIRA, Luana. Para além de anjos, loucos ou demônios: um estudo sobre modos de subjetivação da loucura. UERJ. 2008.
Jesus e os Mistérios que a Bíblia não Explica. P. 24
Epígrafe do Evangelho Apócrifo de Maria Madalena. COUTO, Sergio Pereira. O Evangelho de Judas e Outros Mistérios. Universo dos Livros. P. 31. 2007.
SANTOS, Edmar Ferreira. O poder dos Candomblés perseguição e resitência no recôncavo baiano. Edufba. 2009.

Revista Galileu Especial. Jesus e os Mistérios que a Bíblia não Explica. Editora Globo. 2003.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

BRASIL, APESAR DA COMPLEXA MISCIGENAÇÃO, UMA RICA CULTURA

MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/RJ & RAPPER.

                               Desde quando os portugueses aportaram com uma invasão essas terras indígenas, antes deles existem relatos históricos que não mencionaremos aqui de outros povos europeus que por aqui passaram, desde quando os negros foram trazidos para cá escravizados por esses mesmos portugueses que a terra de Vera Cruz atual Brasil teve sua formação em diferentes raças e povos. Surgiu então uma nação multicultural.
Dificilmente existe uma nação com tão complexa e variada composição étnica de sua população. No caso do Brasil, a formação populacional advém de basicamente cinco distintas fontes migratórias, são elas:
- os nativos, que se encontravam no território antes da chegada dos portugueses. Esses povos eram descendentes de homens que chegaram às Américas através do Estreito de Bering;
- os portugueses, que vieram para o Brasil a fim de explorar as riquezas da colônia;
- os negros africanos, que foram trazidos pelos europeus para trabalhar nos engenhos na produção do açúcar a partir do século XVI;
- a intensa imigração europeia no Brasil, sobretudo no sul do país;
- a entrada de imigrantes oriundos de várias origens, especialmente vindos da Ásia e Oriente Médio. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia Humana do Brasil)

            Em sua obra Casa Grande & Senzala, considerado por muitos como o pais da miscigenação brasileira Gilberto Freire (2005) relata com maestria como originou-se a formação do povo brasileiro. Apesar de está ser uma obra um tanto racista, tese defendida por alguns historiadores, pois o autor trata os não-brancos de uma forma pejorativa criando estereótipos raciais com vínculos a inferioridade. Ex: a mulher negra sempre sendo referida a mulata com nuances a sexualidade e ao erotismo.
Perdoe-nos Gilberto Freire, mas o que vemos e assistimos é uma total degeneração e desvalorização da vida humana, tanto no âmbito coletivo quanto individual. A partir do momento em que culturas antes marginalizadas, satanizadas passam a ser sacralizadas por uma classe abastada que prega e sempre pregou o individualismo e a meritocracia como modos de vidas vigentes, o resultado é a total perda da sensibilidade, da solidariedade e do coletivo. (ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.28. 2013)

A miscigenação é tida como uma solução para um país de diversas raças e culturas. Portanto ao longo de sua formação o Brasil teve várias influências indígenas, africanas e européias essa mistura foi fundamental para a formação de identidade e cultura do nosso povo brasileiro.
            Dos cantos e danças seja para uma festa ou reverencia ancestral, dos batuques dos terreiros de Angola, das rodas de jongo, dos repiques do samba ao cantarolar das serenatas italianas o brasileiro seguiu sua formação cultural e identidade de um povo. As regiões cada qual com o seu perfil regional marcando sua territorialidade através das verbalizações, vestuários, comidas típicas, danças, folclores e a cordialidade de um povo abrasador receptivo com o próximo.
Para constituir o país como nação, o Brasil iniciou um processo de construção da identidade no início do século XX. Isso porque até o final do século XIX, muitas pessoas não eram consideradas oficialmente brasileiras. Principalmente a partir de 1930, o governo brasileiro implantou, ou selecionou diversas tradições e costumes, para estabelecer uma associação entre o país e a cultura, para tentar caracterizar alguns itens como “marca” nacional, dentre essas se destaca feijoada, carnaval, a mulher mulata, futebol, entre outros. 
A atração pelo futebol por todos brasileiros está associada à identidade do país, como característica do típico cidadão brasileiro. 
Um brasileiro típico apresenta aspectos de cordialidade, contraria a violência, é muito bem humorado, gosta de festas, por isso o carnaval tem destaque como identidade cultural, a mulher mulata é reconhecida como a típica mulher brasileira e essa é uma confirmação de ideais não-racistas.
Essas características foram divulgadas para o mundo pelo governo, com se fossem uma espécie de “exportação cultural”. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia Humana do Brasil)
               
A formação complexa do povo brasileiro através dos séculos, não impediu que os contrastes e diferenças regionais, construíssem uma nação multicultural de uma diversidade riquíssima onde até mesmo a nossa culinária, exemplo a feijoada é considerada identidade nacional.  O futebol arte trazido das terras anglicanas passou a representar o povo brasileiro, como um povo alegre, festeiro assim como o nosso carnaval multicolorido que abrange diversas etnias. Onde tem futebol e samba tem um pouco do Brasil.
Assim sendo a identidade brasileira em suas várias dimensões raciais, étnicas, territoriais e regionais define o que realmente é o brasileiro, o que ele representa nesse universo de múltiplas facetas, sendo assim um povo único.
Falar de identidade implica, em um certo sentido, uma dimensão interpretativa e outra normativa, já que “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.”Trata-se de uma reflexão que lida com um problema relativo à auto-percepção de um grupo acerca de si mesmo, de sua história, de seu destino e de suas possibilidades, enraizada necessariamente num certo horizonte valorativo, e referida a uma determinada forma de vida. A identidade cultural caracteriza as pessoas pelo modo de agir, de falar, é como se as “rotulasse” a partir dos modos específicos de sua cultura. ( MAIA, Antonio Cavalcanti. P. 3.2005)
                O território, sua linguagem e cultura é a representação de sua identidade e formação. A cultura moderna traz consigo jargões contemporâneos típicos de jovens urbanos e suas representações. Muita das vezes as culturas entram em choque evidenciando novos paradigmas que surgem para enriquecer ou denunciar uma identidade cultural, ou seja, mascarar ou desmascarar preconceitos.
Quando essas manifestações remetem a sinais de retorno a um passado glorioso, mas encoberto e contado de forma a agradar uma minoria no poder, fazem vir à tona feridas que para a maioria, oprimida, nunca existiram. Faz com que emersa um outro Brasil, uma outra história brasileira que nunca apareceu nos livros didáticos dos bancos escolares. (ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.32. 2013)

            Mas independente das transformações identitárias e culturais brasileiras, é digno de se afirmar que todas as três raças indígena, negra e branca de diferentes etnias compõem uma só nação, portanto a formação de um só povo, um povo que brilha e luta.
A cultura é fruto da miscigenação de diferentes povos que introduziram seus hábitos e costumes, com o contato de uma cultura e outra, pode gerar uma cultura ainda mais diferente. A identidade cultural move os sentimentos, os valores, o folclore e uma infinidade de itens impregnados nas mais variadas sociedades do mundo, e apresenta o reflexo da convivência humana. (Alunos Online)

  

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FREITAS, Eduardo. Geografia Humana do Brasil. http://www.mundoeducacao.com/geografia/identidade-brasileira.htm
MAIA, Antonio Cavalcanti Maia. Diversidade Cultural, identidade nacional brasileira e patriotismo constitucional. PUC-RJ. Link:
(ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.28-32. 2013)
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 2006.