Faço pausa na minha escrita principal, a dissertação de mestrado e na escrita acessória irreprimível no Facebook. Aqui no blog acabo escrevendo com maior pausa e reflexão pelo estilo de escrita que me impus, o que limita meu ímpeto de escrever sobre tanta coisa que não cabe no Atabaqueblog. O que nem é o caso dessa postagem pelos motivos apontados, mas que comento como registro de não ter podido escrever com maior reflexão como gostaria.
Recebi por email uma nota sobre uma prova no IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF), na disciplina Ação Cultural em Unidades de Informação ministrado pela Professora Renata Gouvea Barbalho.
Uma reunião está marcada para a próxima quinta-feira, 5/9/2013, às 19h, na Rua Aurelino Leal, 31, no centro de Niterói. Fica perto das Barcas.
O grupo de repúdio que se mobiliza contra essa prova apresentada aos alunos sem qualquer nota crítica que introduzisse ou justificasse o tema o que sugere que se trata de uma má pedagogia e expõe a desavisada (?) professora a uma reprimenda pública e a sanções administrativas que serão exigidas da Universidade.
Segue o texto apresentado pela Professora Renata Gouvea
O texto da prova foi retirado de um blog racista, xenófobo, homofóbioco e machista de nome
Veja abaixo o texto da prova apresentada aos alunos:
Prova da UFF que a aluna se recusou a fazer:
Estudo provando que o negro é inferior [...] Os primeiros exploradores da África Oriental foram os árabes muçulmanos, eles escreveram como ficaram chocados com a nudez, o paganismo, o canibalismo e a pobreza dos nativos. Um deles afirmou que os negros possuíam a natureza de animais selvagens. Outro se espantou ao descobrir que as crianças não sabiam quem era o pai. Centenas de anos mais tarde, os exploradores europeus tiveram as mesmas impressões. Eles relataram que os africanos pareciam ter pouca inteligência e poucos vocábulos para expressar pensamentos complexos, também reclamaram da falta de hábitos de higiene. Todos os relatos seriam fruto do etnocentrismo?
Certamente que não, pois a história está repleta de narrativas sobre visitantes de culturas bem diferentes que mesmo assim elogiaram as qualidades dos outros povos. Os brancos que participaram das viagens de exploração à China eram tão racistas quanto aqueles que exploraram a África, mas suas descrições eram diferentes das que, tanto eles quanto os árabes, escreveram sobre os africanos. Marco Polo descobriu que os chineses tinham construído boas estradas, pontes, cidades ligadas por canais, um sistema de recenseamento, mercados, padrões de pesos e medidas, e não apenas moedas, mas também dinheiro de papel. Mesmo estando consciente da grandeza da Antiga Roma, o italiano Marco Polo escreveu: "Não existe raça mais inteligente na Terra do que os chineses". Para explicar tanta disparidade, os sociólogos defendem que não é possível comparar culturas, porque todas são igualmente evoluídas, cada uma da sua maneira.
Ignoram que fatores objetivos, entre eles: expectativa de vida, saneamento básico e tratamento médico são usados até hoje na comparação de cidades, estados e países. Pena que poucos defensores dessa posição estejam dispostos a abandonar definitivamente a civilização para moraremem tribos. As diferenças também se manifestam quando as duas raças convivem em sociedade. Nos EUA, os pretos representam menos de 13% do total da população, no entanto, são responsáveis por 50% das detenções por homicídio e roubo, 67% dos detidos por furto são pretos. 50% das vítimas de todos os crimes combinados reportam que o agressor era negro, o que afasta a possibilidade das estatísticas policiais serem tendenciosas. Além disso, os pretos são responsáveis por grande parte dos crimes ditos de "colarinho branco". Assim, são negras 33% das pessoas presas por: fraude, falsificação, contrafacção e recepção de objetos roubados, bem como representam 25% dos presos por desvio e apropriação indébita.
Os crioulos só estão sub-representados nos delitos fiscais e financeiros, os quais são praticados por pessoas de elevada posição social. Os resultados não só se repetiram em estudos feitos na Europa, mas também no Anuário da Interpol, mostrando que esse padrão racial é consistente numa escala global. Outro traço comum nos pretos é a promiscuidade, conseqüentemente, a maioria dos portadores de doenças sexualmente transmissíveis são da raça negra. A Organização Mundial de Saúde acompanha a ocorrência das doenças sexuais, tais como: sífilis, gonorréia, herpes e clamídia. Ela reporta baixos níveis dessas doenças na China e no Japão e altos níveis na África. Estudos feitos nos Estados Unidos, em 1997, constataram que a sífilis nos negros era 24 vezes maior que nos brancos. Enquanto nos brancos a taxa de sífilis era de 0,5 casos por 100.000 pessoas, nos negros era de 22 casos por 100.000.
Um recente relatório concluiu que 22% das jovens moradoras de bairros problemáticos das cidades americanas (na maioria negras) sofriam de clamídia. Basta visitar um baile funk para comprovar o que estamos dizendo. As maiores diferenças estão no quesito inteligência, apesar do teste de QI não ser perfeito, ele tem se mostrado capaz de prever o sucesso acadêmico e profissional. Baixo QI prediz: abuso infantil, crime, delinquência, má saúde, propensão para acidentes, geração de crianças fora do casamento, divórcio antes de decorridos cinco anos e, até mesmo, o ato de fumar durante a gravidez. A média de QI nos orientais é de 106, nos brancos por volta de 100 e nos negros cerca de 85.
Usando o teste das Matrizes Progressivas de Raven, que mede o raciocínio sem considerar informação cultural específica, Kenneth Owen obteve o QI de 70 para africanos negros de 13 anos que frequentavam o sistema escolar sul africano, a mais baixa até hoje registrada, vale ressaltar que QI de 70 é considerado deficiência. O QI dos mestiços aumenta de acordo com a quantidade de ancestrais brancos, os mestiços da África do Sul têm um QI de 85, o mesmo que os negros nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Caraíbas. Diversos testes foram realizados e obtiveram resultados semelhantes, inclusive aqueles conduzidos por psicólogos negros, o que fez o Nobel de Fisiologia/Medicina James Watson declarar, em artigo publicado no Sunday Times Magazine de outubro de 2007, que estava "inerentemente pessimista quanto às perspectivas da África" porque "todas as nossas políticas sociais estão baseadas no fato de que a inteligência deles é a mesma que a nossa, enquanto que todos os testes dizem que não é assim",
o que custou seu emprego. Você, mulher branca, ao ler isso, ainda quer engravidar de um macaco? Ao contrário do que a maioria pensa, a raça vai muito além da cor da pele.[...] Autor: Oswaldo Melchior (filósofo e teólogo) (pouco me importa se é 'fake' ou não) Disponível em: http://aurorabrasilis.blogspot.com.br/2012/04/estudo-provando-que-o-negro-e-inferior.htmlAcesso em: 14 de jan. de 2013.
Prova Regras para elaboração da prova: - A prova poderá ser feita individualmente ou em dupla; - Não poderá haver citações diretas com mais de três (3) linhas; - Leia o texto (em anexo) antes de responder as questões. Após a leitura do artigo de Oswaldo Melchior, “Estudo provando que o negro é inferior”, responda as questões: 1- Quais conceitos e concepções de cultura podem ser relacionados à reportagem extraída do site? 2 – Explique o significa dos conceitos de “determinismo biológico” e “determinismo geográfico”: 3 – Porque o conceito de endoculturação diverge da visão apresentada pelo autor do artigo? 4 – Para o autor do artigo a cultura é inata ou empírica? Justifique: 5- Qual a importância de Edward Tylor, no debate sobre cultura?
6 – Relacione a atual conceito de cultura, na antropologia, com uma ação cultural:
7 – Como as ações culturais, em uma unidade de informação, podem influenciar na vida dos cidadãos?
Milhares de pessoas se reuniram dia 8 na Praia de Copacabana para a 6ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, promovida pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio.
“A caminhada é importante porque mostra o conjunto de todas as religiões. A gente tem que defender o Estado Democrático de Direito, e levar em conta que, além de religiosos, somos todos cidadãos. A democracia no Brasil tem que se consolidar e compreender que a religião não tem que se impor ao Estado Laico. Ela pode sugerir, mas respeitar o espaço de todos. Essa é uma riqueza da sociedade brasileira em que temos que insistir”, disse o babalaô Ivanir Santos, presidente da comissão.
Ivanir destacou que a caminhada cresceu em número de religiões representadas, e comemorou a adesão maior dos evangélicos ao movimento. Apesar disso, ele lamentou a ausência de líderes protestantes. “O desafio é avançar e convencer os segmentos evangélicos de que temos que estar todos juntos”.
A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, participou da caminhada e pediu aos líderes religiosos que apoiem o Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa. “São atores políticos importantes os que estão aqui e devem nos ajudar a tornar realidade esse plano, uma realidade que se faz não somente em função de nossas iniciativas [do governo federal], mas pelas possibilidades de envolver os governos estaduais e prefeituras, porque, sem elas, o plano não se realiza”.
Representando a Igreja Católica, religião com o maior número de fiéis no Brasil, o padre Fábio Luiz de Souza defendeu o conhecimento de todas as crenças. “Para acabar com a intolerância, é preciso principalmente se conhecer mutuamente e derrubar quaisquer barreiras e preconceitos”.
O representante budista,Marcos Eduardo Purificação Correia disse que a religião só faz sentido se houver tolerância. “A importância dessa caminhada é demonstrar respeito acima de qualquer diferença. Se não conseguirmos superar essas diferenças, não há porquê termos religiões mais. Cada um tem que expor o que tem de melhor”, disse, que defende o ensino religioso nas escolas, como uma forma de mostrar todas as formas de fé.
Sacerdote e presidente da União Wicca do Brasil, Og Sperle, destacou que mesmo nos debates pela liberdade religiosa é preciso dar espaço a grupos menos numerosos, como o seu. “O problema é que as minorias não são vistas pelas religiões majoritárias. Não somos convidados a participar dessa construção da liberdade. Existe uma dúzia de religiões que se juntam para ditar as regras”.
MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.
CONTOS DO SILLES!
Estava
eu num belo dia passeando no shopping. Adentrado ao recinto, vislumbrando o
ambiente de requinte e crueldade econômica, estava eu maravilhado com tamanhas
promoções objetos que enchem os olhos de qualquer cidadão de pouco poder
econômico e tem que contar cédula por cédula, moeda por moeda o quanto pode
gastar nesta selva climatizada, um dos símbolos do materialismo reverberizado. Esse
é o ritual ordinário de quem tem pouco money no bolso.
Um
preto num shopping de luxo, com vestimentas adereçadamente simples e sandálias
de dez reais chama muita atenção, principalmente dos seguranças. Olhares
brancos enojados de descendências nórdicas, hispânicas, ítalas, lusitanas,
germânicas, anglicanas dirigiam-se a mim sempre com despeitos loucos e furiosos
para deslancharem o seu racismo. Ou melhor, a matilha branca, dava para ser ler
a mente, lamentava-se que em solo brasileiro é proibido o linchamento de pretos
e pretas. Dava para ver as presas sedentas pela minha carne preta. Os
seguranças jabuticabas, leais capitães-do-mato do sistema opressor,
espreitavam-me, seguiam-me astuciosamente com as mãos coçando doidos para verem
o vacilo do neguim. Incomodados jabuticabas sussurravam entre si, “o que esse neguim com esses panos e chinelo
de dedo ta fazendo aqui?”. Os
jabuticabas incomodados, não admitiam o neguim, eu, com adereços e vestimentas
simples, num shopping de luxo e querendo adquirir de forma honesta e legal
algum produto do sistema mercantilista escravista exploratório materialista.
Vai vendo.
Em certo
momento, deparei-me com uma senhora branca, aparentava ter entre 25 e 30 anos,
de traços bem eurocêntricos, europeizada mesmo, opa europisada. O incomodo pela
minha presença e dos demais negritos no recinto dito do “bem” e requintado,
causava nojo e exalava preconceitos e racismos. Dava para sentir o odor
exalando de seus poros e de sua boca fétida e podre, pois o racismo e
preconceito fedem de longe. E eu que havia pensado que o Vaticano já havia
canonizado ou beatificado a Santa Miscigenação. Na vinda para o shopping pensei
ter visto uma igreja com o nome de Santa Raça Miscigenada. Pode ter sido algum engano.
Bom voltando
ao episódio referido em questão, a senhora lusitana-celta-germânica-saxã-ítala-hispãnica-açoriana-prussiana-anglicana-nórdica
e sei mais lá o quê das descendências europisadas, veio de encontro a mim num
esbarrão. Eu estava próximo de um dos pilares de sustentação do shopping e o
salão era enorme, gigante com bastante espaço de transitação, mas a elemento
teve que vir em minha direção provocando assim o acidente. Às vezes penso que
foi apenas um motivo aparente para a mesma destilar todo o seu sentimento
venenoso sobre a minha presença naquele lugar de prestígio, selecto,
requintado. A senhora europisada, não demorou e despejou através de verberes preconceituosos
berradamente todo o seu ódio racista pelos pretos, pelos não brancos. Ora coitada,
a terra nativa dela, estava sendo invadida por um alienígena, eu.
Muitos
transeuntes que passavam no momento escutaram os xingamentos racistas, o ódio
impetrado contra a minha pessoa preta, mas todos observavam com total
naturalidade como se fosse algo comum ofender um preto, até mesmo os
jabuticabas máscaras e peles brancas não esboçaram nenhuma reação. Hum,
brasileiros.
Então
no momento revidei, comecei a praticar a lei de talião olho por olho dente por
dente, destilei também as minhas ofensas a chamei de branquela e muitos outros
adjetivos. Aí surgiu-se o espanto do público em geral, todos olharam para mim
horrorizados, a senhora europisada começou a chamar-me de racista,
preconceituoso e junta a ela no coro os demais indivíduos do “bem” latiam incansavelmente
‘racista, racista...cadeia’. Mas ué
péraí, se ela me ofendeu primeiro aguentei calado, ninguém fez nada assistiam
de camarote, quando parto para a minha defesa eu sou o racista? Encarcerado.
Perguntei
ao delegado porque havia sido preso e ele respondeu: racismo. Oiiiiiii...... desde de quando preto comete racismo? --- Mas senhor delegado foi à senhora que me
ofendeu primeiro com dizeres racistas e xenófobos, pela minha cor de pele e
minha ancestralidade africana, havia indivíduos no momento vários, são
testemunhas oculares, pergunte-os se não é verdade, se não procede o meu
depoimento? Racista é ela.
E o
delegado prontamente respondeu-me: --- sim já
averiguamos com várias testemunhas que transitavam no momento do ocorrido
crime, inclusive pessoas negras, sim confirmam que a senhora levantastes a voz
para o senhor primeiro. Também confirmaram que a mesma havia chamado o senhor
por adjetivos que não são esporádicos e estigmas estereótipos que são comuns de
se dizerem aos negros, há pessoas da sua cor, portanto frases tradicionais do
cotidiano não podem ser consideradas racistas. No entanto o senhor levantastes
a vós para essa senhora a insultando por conta de sua cor de pele branca e
outros adjetivos típicos de bárbaros e ofendendo a sua integridade moral de sua
descendência européia, isso é racismo com penalização grave de acordo com a
nossa santa e imaculada Constituição Federal de 1988, que foi promulgada e
criada para proteger os cidadãos de “bem nativos”, de descendência clara que
descobriram e povoaram essas terras virgens trazendo a civilização e o
progresso.
De minha
humilde cela escutava os gritos e berros dos elementos que estavam no momento
do ocorrido crime contra a minha pessoa, gritavam pela minha condenação
entoavam em alto e bom tom ‘racista,
racista, racista... prisão perpétua’. Oh glória, isso tudo pelo simples
motivo d’eu ser preto e exaltar a minha identidade e ancestralidade? A senhora
europisada derramava lágrimas de emoção por me ver atrás das grades, me enxotava
e dizia que eu pegaria prisão perpétua por ter ofendido a sua cor que é a única
abençoada por Deus e de seus ancestrais civilizados europisados. Dirigiu-se ao
delegado dizendo: --- o senhor delegado tem
que manter esse negrim encarcerado, é um perigo para a sociedade imagine só um
negrim querendo ser ascender socialmente e economicamente imagine se essas idéias
comecem a contaminar os outros, ficaremos sem serviçais e o pior teremos que
dividir os nossos espaços.
Oiiiiiiii...
parem a Terra que eu quero descer! Quer dizer então que é legitimo e
sacralizado ofender o preto, no entanto é crime ofender um branco em legitima
defesa? Óh sim como senti-me ‘una persona
non grata’ no exato momento. Fui afrontado em meus direitos, levianamente
apontado como um estrangeiro indesejado que simplesmente invadiu um território
de cativos do “bem”.
Em suma
finalização, tiro pela culatra para os racistas, o neguim é réu primário o que
valeu-me a liberdade, vinda de um esporro ainda, ‘vá e não ofenda mais’, valei-me minha santa senhora da inquisição
quanta bondade, acho que faltei as aulas na escola que explicavam que os pretos
foram os opressores e os brancos foram os oprimidos. Alguém por gentileza tem
como me enviar o material que conte essa história fatídica?
Em verdade,
em verdade vos digo a verdade sempre será tratada como algo nocivo a sociedade,
o normal e correto é neguim servir e abaixar a cabeça, se neguim se levantar é
criminoso, racista, reacionário, preconceituoso e tudo mais. Como se diz ‘pra preto tudo pode, mas para o preto nem
tudo é permitido’.
Salve,
salve “Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de
Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e
Bourbon” uiiiii
um palavrão grande, e salve, salve “Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela
Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon”, cruzes mais um palavrão desse tamanho fica
até difícil de xingar, patrono e matrona reais de nossa amada pátria europisada,
bem pisada Brasil. Amém.
“Baixada em cena” é o nome do CD que formado por uma parceria de Rappers da Baixada Fluminense com a presença de Mc´s e produtores de toda a baixada. A produção do CD foi feita pela Umdergrau Record’s, que também é localizada na baixada Fluminense.
MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.
O meu TCC Trabalho de
Conclusão de Curso foi sobre o bairro Santa Teresinha popularmente conhecido
como Volta da Areia. Escolhi o tema e a discussão mediante estágio obrigatório
que realizei no CRAS do bairro e também por experiência individual. Apliquei um
formulário qualitativo contendo 21 perguntas para 30 moradores do bairro. O
resultado foi impressionante os próprios relataram o preconceito que sofrem
mediante ofensas diretas e indiretas, o racismo escancarado em nosso município
onde as pessoas ditas do “bem” insisti em dizer que não existe.
Debandando por diversos
ambientes, sempre escutamos o famoso “nêgo
vai e atrapalha tudo”, “neguim já chega bagunçando”, “aí que nêgo começa a
fazer zona também porque neguim já chega pra bagunçar”, “não, somente nós da
família se não neguim começa a invadir”. Coitado desses dois indivíduos
nêgo e neguim devem viver com as orelhas esquerdas quentes o tempo todo de
tanto agouro racista e xenófobo. Típico de brasileiro especialista em dissipar
o seu racismo e depois sair por aí dizendo que não é racista.
A tal “invasão cubana”
propagada por alguns órgãos da nossa impressa, ruboriza tudo que representa o
tal “povo heróico de brado retumbante”. O tal “povo heróico de brado
retumbante” estava nos aeroportos, instituições hospitalares, na internet e nas
redes sociais chamando os cubanos negros de “escravos” e que deviam voltar para
a “senzala”. E o mesmo “povo heróico do brado retumbante” exigia que os médicos
que viessem fossem canadenses, ingleses, noruegueses, dinamarqueses, franceses,
ou seja, que sejam brancos europeus. Bom se isso não é uma prova totalmente
cabal de racismo então não sei o que é.
As relações do sistema opressor
democrático brasileiro sempre tiveram o impacto diretamente às classes
inferiorizadas, a periferia nunca conheceu a democracia. Ao contrário das
classes abastadas que sempre e continuam gozando de privilégios por conta de
seus ancestrais europeus. Os indícios da diferença gritante de classes são
altíssimos. Apesar de detectada, por alguns, alguma melhora no cenário
econômico a periferia continua sendo cenário de exclusão, discriminação,
segregação e racismo. Uma medida paliativa econômica é o que está acontecendo
no momento.
E no meio disso tudo está o
bairro Santa Teresinha, conhecido popularmente como Volta da Areia, Voltaça, e
os estigmas criados entorno desse território periférico. Porque novamente
retorno a essa tema? Porque novamente ainda continuo escutando palavras de
conteúdos racistas e discriminatórios em relação ao bairro, mais precisamente
ao morro.
Sabemos que a Volta da Areia
surgiu nas construções da COHAB, Companhia de Habitação do estado do Rio de
Janeiro na década de 1970, foram erguidas casas populares onde posteriormente
outras residências foram sendo erguidas sendo que fora da faixa de zoneamento
urbano. As pessoas que foram habitar esse território eram pessoas pobres de
muito pouco poder aquisitivo e de maioria negra, portanto um dos fatores que
levam a crer fielmente na criação de muitos estigmas relacionados a essas
pessoas por moradores de outros bairros do município de Bom Jesus do
Itabapoana-RJ. O projeto ético-político bom-jesuense por parte dos
conservadores, progressistas e republicanos sempre foi o de centralizar e
elitizar o centro e jogar as margens os pobres e os negros. O discurso
manipulador fica claro nas palavras das ditas pessoas de “bem” de Bom Jesus do
Itabapoana-RJ.
A Voltaça resiste e encanta.
São pessoas humildes, batalhadoras, de bem com a vida, simples e quando podem
ajudar ao próximo o fazem de bom grado. Pessoas que sabem dos preconceitos e
discriminações que sofrem estereótipos que carregam desde a sua fundação. Tem
sua história contada além de seus moradores pelo clube de futebol do bairro o
Rio Branco, e a saudosa escola de samba Acadêmico do Castelo Branco.
Tudo que é belo incomoda, e
a Voltaça está aí mesmo para incomodar. Incomodados que se mudem, ou melhor,
dizendo, ponham-se no seu lugar de abastados, deméritos da verdade. Recalque é
dor de cotovelo e inveja de querer ser o outro, mas não pode, porque querer não
é poder.
MARCELO SILLES ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-RJ & RAPPER.
“Pedro lhe disse: ‘Já que nos explicaste
tudo, dize-nos isso também; o que é o pecado do mundo? ’ Jesus disse; ‘ Não há
pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o
adultério, que é chamado ‘pecado’. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós,
para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem.
Em seguida disse: ‘Por isso adoeceis e
morreis (...). Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em
prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo
contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é
a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai
força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que
ouça’.” (Epígrafe do Evangelho Apócrifo de Maria Madalena)
Quem
foi Jesus de Nazaré? Muitos fizeram e ainda fazem essa pergunta. Séculos foram
atravessados e a resposta até o momento nunca foi respondida. Para os Cristãos
Católicos Jesus é o filho de Deus concebido por Maria, formando assim a
Trindade Santa Pai, Filho e Espírito Santo. Para os Protestantes (Evangélicos),
é o filho de Deus único e que Maria não teria nenhum laço de Santidade com
Jesus. A Religião Cristã é uma das que mais fascinam os estudiosos. A Fé Cristã
é tamanha que chega a proporcionar em alguns fiéis uma das atitudes mais
bárbaras: o fanatismo religioso.
A
Bíblia é o livro sagrado do Cristianismo, é nele que estão contidos os rituais,
a vida de Jesus e de seus seguidores os Apóstolos. A Bíblia, dependendo de uma
vertente do Cristianismo tem uma determinada interpretação, como os Católicos
com os seus santos e os Protestantes (Evangélicos) que não vinculam a religião
cristã as santidades. Existem também outras religiões que tem ramificações com
o cristianismo como o Islã, do Profeta Maomé e Abraão, e o Judaísmo.
Irei
discutir nesse texto um breve resumo do impacto da religião Cristã na vida dos
indivíduos periféricos bonjesuenses, como a fé transforma a vida das pessoas.
Pessoas que de um dia para o outro utilizam do jargão “larguei o mundo
encontrei Jesus”, o psico através do espírito e a religiosidade, o social como,
por exemplo, através da doutrina da Teologia da Prosperidade e o materialismo
tipo “foi Deus quem me deu”.
Em
busca das soluções de seus problemas, os indivíduos procuram a religião como um
mecanismo para se conectarem ao transcendental e obterem respostas. É através
da religião, independente de qual seja, que nos mantém firmes e crentes em algo
que nos faça está de bem com nós mesmos e ao nosso redor. E por essa e outras
razões que as pessoas que moram na periferia num cotidiano repleto muita das
vezes de pobreza e sofrimentos de diversas maneiras, que a religiosidade se faz
presente. É através da religião, da fé transcendental que indivíduos se mantêm
na árdua luta cotidiana. E são nos templos, cultos e missas, que os indivíduos
depositam sua confiança de uma vida melhor e também em busca de uma vida após a
morte no paraíso.
Muitas
dessas pessoas são carentes de afetos e atenção, seja no campo pessoal ou
social. Muitas advêm de envolvimentos com drogas, crimes, álcool, relacionamentos
amorosos rompidos, conflitos familiares e etc. Em contrapartida a essas vidas
sofridas estão às igrejas Protestantes, Evangélicas, mais precisamente as
Pentecostais, Pentecostais da Segunda Geração e as Neopetencostais.
O Pentecostalismo
podemos denominar assim, se divide no Brasil entre três grupos distintos,
surgidos em três épocas diferentes:
ðOs Pentecostais
históricos que surgiram na primeira década do século XX: Assembléia de Deus e
Congregação Cristã no Brasil.
ðOs Pentecostais
da segunda geração na década de 50: Quadrangular, Brasil para Cristo, Casa da
Benção e Deus é Amor.
ðNeopentecostais
surgidos na década de 70: a principal delas a Igreja Universal do Reino de
Deus, IURD.
Prosperar
financeiramente, parar de sofrer, pois Jesus já sofreu na cruz para nos salvar,
portanto não precisamos sofrer, são uma das pregações de incentivo que alcança
o coração dos fieis. A Teologia da Prosperidade prega que a abundância da
riqueza e o conforto são bênçãos que devem ser cativadas com o fervor da fé. O
dizimo é sempre um longo discurso positivo da fé, fazendo com que os fiéis doem
cada vez mais para a igreja a qual segue, acreditando que isso aumentará cada
vez mais a riqueza do membro fiel. A riqueza é tida na Teologia da Prosperidade
como uma benção de Deus, adquirida através da confissão positiva, da
visualização e do dizimo.
“Enquanto
a Igreja Católica prega o sofrimento na Terra, os neopentecostais ensinam que
Jesus já pagou o pecado das pessoas na cruz e que, portanto, elas não precisam
sofrer mais”. (Pastor Anderson Angelloti Moraes. Jesus e os Mistérios que a Bíblia não Explica. P. 24)
A
atenção prendada, a luta por conquistar fieis, o amparo afetivo e romântico, a
palavra de ordem de salvação e de manter uma vida correta, direita, cristã e o
mais importante de melhorar financeiramente, faz com que as igrejas Evangélicas
sejam mais atrativas do que a Católica Romana. O espaço participativo para que
o fiel se interaja com toda a igreja é também um fator importante, algo que não
se ver ainda na Católica Romana. A busca pela salvação somente em Cristo eximi
o fiel protestante do seu dever ensinado pela Católica de que para alcançar a
salvação o cristão também deve praticar “a fé e a obra”. Sendo assim, o fiel
protestante preocupa-se somente com sua salvação e de seus outros membros e
procura sempre atrair novos fiéis que não compartilham mais buscam compartilhar
dos mesmos ideais. Doutrina individualista se tenho é porque Jesus me deu, se
você não tem é porque Jesus não te abençoou.
“Os
especialistas são unânimes ao associar os momentos de dificuldade ao aumento da
necessidade religiosa. E é justamente ao oferecer solução para qualquer tipo de
crise, que as igrejas evangélicas atraem fiéis de todas as idades e classes
sociais” (Jesus e os Mistérios que
a Bíblia não Explica. P. 24)
O
discurso protestante, pentecostal e neopentecostal, é idêntico a cultura Black
Music, mais tocante as periferias e favelas diferente do discurso ainda
rebuscado do catolicismo romano. As palavras são direcionadas ao cotidiano do
indivíduo a realidade nua e crua na qual ele e muitos dos seus estão vivendo naquele
momento.
Boca ressecada
Coração acelerado
Reflexo no espelho
Homem desesperado
Mais um drogado a noite inteira alucinado
Maltrapilho, abandonado, vivendo isolado
Se é que podia chamar isso de viver
Vegetava sem ver minha filha crescer
O amanhecer do dia me incomodava
Todo sujo nem me arrumava
Eu não me preocupava comigo
A maior parte do meu tempo vivia escondido
Porradão de dez, de cinco, de três
De dia trabalhava, a noite só mais um freguês
Dinheiro evaporava, débito no banco
A maior parte do salário virava pó branco
Constantemente minha patroa reclamava
Que eu cheirava todo dia e há tempos não a amava
....................
Parte do meu corpo ainda está contaminado
Mas passo a impressão de totalmente recuperado
Bem arrumado, recuperei meu laço
Hoje a arma que eu carrego á a bíblia embaixo do braço
Fortalecer a corrente dos salvos
Ou enfraquecer a corrente dos fracos
Não me envergonho da minha história
Dou testemunho na igreja e palestra em escola
Toco a minha bola como se fosse o começo
Tive outra chance mesmo sem saber se eu mereço
Favela que eu entrava e ficava pancadão
Hoje eu entro pra fazer a corrente de libertação
Sem atenção, essa é minha missão
Convencer as outras pessoas a aceitarem a salvação
Gloria a Deus, aleluia, na paz do Senhor
Prego a palavra do Altíssimo que é o Salvador
Amor, louvor, fé, esperança
Puro como sorriso de uma criança
Com a liberdade no meu punho
Meu nome não importa
Esse foi meu testemunho
Foi a vida perdida
Espero te encontrar em outro lugar
Pois na vida bandida, são poucos que estendem a mão pra te
ajudar
Foi querida, ferida, que Deus me ajude a te reencontrar
(Testemunho, MV Bill)
A
certeza da salvação, da verdade por obter prosperidades materiais, faz surgir
indivíduos fanáticos e fundamentalistas que chegam ao ponto de defender essa
verdade até a morte. Demonizam, marginalizam outras doutrinas e seguimentos
religiosos como, por exemplo, as Religiões de Matrizes Africanas. A Umbanda,
exemplo, é a única religião genuinamente brasileira, nascida do sincretismo
religioso entre o catolicismo e o Candomblé. Ignorância é tamanha. Alguns missionários
(as), pastores (as) aproveitando da humildade de seus fiéis se promovem com as
palavras da Bíblia, a interpretam incitando o ódio, a intolerância e a
violência.
A
Renovação Carismática Católica, que surgiu na década de 1960, vem de
contraponto para resgatar essas ovelhas perdidas pelo catolicismo conservador e
tradicionalista, indo de encontro aos desejos e anseios de cura e libertação da
maioria dos indivíduos desprovidos de carência afetiva e atenção. Através do
batismo no Espírito Santo, o dom das línguas (glossolalia), os carismáticos
católicos, também chamados de católicos pentecostais, tem a missão de propagar
a Boa Nova através dos dons do Espírito santo e resgatar os indivíduos que se
afastaram da igreja Católica Romana.
"oferecem um ritual mágico, permeado por
cantos, danças que expressam intensas emoções, o que mobiliza a adesão de
fiéis, assim como a ênfase em dons, como da profecia e da glossolalia, produzem
um encantamento e um fascínio sobre as pessoas". (SILVEIRA, 2008)
O
interessante é destacar a forma como a religião penetra na vida dessas pessoas,
em especial o Protestantismo (Evangélicos) Pentecostal e Neopetencostal.
Através da dinâmica e metodologia do discurso de inserção, participação,
cantos, danças, as hipnoses, atenção e afeto as igrejas evangélicas estão a
cada dia crescendo nas comunidades periféricas. Pessoas que ontem se diziam
pertencentes ao mundo agora encontraram Jesus e não pertencem mais a esse
mundo. Vale ressaltar, o imenso demérito dado as demais doutrinas cristãs tidas
como não-corretas por esses fiéis Pentecostais e Neopentecostais.
Com
isso a intolerância cresce em igual tamanha proporção que o evangelismo,
criando um abismo humanista e trazendo a tona também o debate sobre a origem
geográfica de Jesus Cristo. Debate de críticas a tradições de séculos que o
apresentaram com feições e traços branco-claros e de olhos azuis, fazendo jus
ao povo europeu.
No
entanto é de certo afirmar a gigantesca contribuição das igrejas evangélicas na
transformação de vida dessas pessoas, pessoas que antes se encontravam no
desespero, hoje já vivem a esperança. De igual ao catolicismo que aos poucos,
com o Movimento Carismático vai reconquistando a confiança e a Fé daqueles que
estavam afastados, mas que hoje se renovam junto com uma igreja renovada.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
MV
Bill, música Testemunho. Álbum: Declaração de Guerra. Ano 2002.
MARCELO SILLES
ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/RJ & RAPPER.
Desde quando os portugueses
aportaram com uma invasão essas terras indígenas, antes deles existem relatos
históricos que não mencionaremos aqui de outros povos europeus que por aqui
passaram, desde quando os negros foram trazidos para cá escravizados por esses
mesmos portugueses que a terra de Vera Cruz atual Brasil teve sua formação em
diferentes raças e povos. Surgiu então uma nação multicultural.
Dificilmente existe
uma nação com tão complexa e variada composição étnica de sua população. No
caso do Brasil, a formação populacional advém de basicamente cinco distintas
fontes migratórias, são elas:
- os nativos, que se
encontravam no território antes da chegada dos portugueses. Esses povos eram
descendentes de homens que chegaram às Américas através do Estreito de Bering;
- os portugueses, que
vieram para o Brasil a fim de explorar as riquezas da colônia;
- os negros africanos,
que foram trazidos pelos europeus para trabalhar nos engenhos na produção do
açúcar a partir do século XVI;
- a intensa imigração europeia no Brasil, sobretudo no sul do país;
- a entrada de imigrantes oriundos de várias origens, especialmente vindos da
Ásia e Oriente Médio. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia Humana do Brasil)
Em sua obra Casa Grande & Senzala, considerado por muitos como o pais da
miscigenação brasileira Gilberto Freire (2005) relata com maestria como
originou-se a formação do povo brasileiro. Apesar de está ser uma obra um tanto
racista, tese defendida por alguns historiadores, pois o autor trata os
não-brancos de uma forma pejorativa criando estereótipos raciais com vínculos a
inferioridade. Ex: a mulher negra sempre sendo referida a mulata com nuances a
sexualidade e ao erotismo.
Perdoe-nos
Gilberto Freire, mas o que vemos e assistimos é uma total degeneração e
desvalorização da vida humana, tanto no âmbito coletivo quanto individual. A
partir do momento em que culturas antes marginalizadas, satanizadas passam a
ser sacralizadas por uma classe abastada que prega e sempre pregou o
individualismo e a meritocracia como modos de vidas vigentes, o resultado é a
total perda da sensibilidade, da solidariedade e do coletivo. (ALVES, Marcelo Siles. Santa
Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho
de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.28. 2013)
A
miscigenação é tida como uma solução para um país de diversas raças e culturas.
Portanto ao longo de sua formação o Brasil teve várias influências indígenas,
africanas e européias essa mistura foi fundamental para a formação de
identidade e cultura do nosso povo brasileiro.
Dos cantos e danças seja para uma
festa ou reverencia ancestral, dos batuques dos terreiros de Angola, das rodas
de jongo, dos repiques do samba ao cantarolar das serenatas italianas o
brasileiro seguiu sua formação cultural e identidade de um povo. As regiões
cada qual com o seu perfil regional marcando sua territorialidade através das
verbalizações, vestuários, comidas típicas, danças, folclores e a cordialidade
de um povo abrasador receptivo com o próximo.
Para constituir o país
como nação, o Brasil iniciou um processo de construção da identidade no início
do século XX. Isso porque até o final do século XIX, muitas pessoas não eram
consideradas oficialmente brasileiras. Principalmente a partir de 1930, o
governo brasileiro implantou, ou selecionou diversas tradições e costumes, para
estabelecer uma associação entre o país e a cultura, para tentar caracterizar
alguns itens como “marca” nacional, dentre essas se destaca feijoada, carnaval,
a mulher mulata, futebol, entre outros.
A atração pelo futebol por todos brasileiros está associada à identidade do
país, como característica do típico cidadão brasileiro.
Um brasileiro típico apresenta aspectos de cordialidade, contraria a violência,
é muito bem humorado, gosta de festas, por isso o carnaval tem destaque como
identidade cultural, a mulher mulata é reconhecida como a típica mulher
brasileira e essa é uma confirmação de ideais não-racistas.
Essas características foram divulgadas para o mundo pelo governo, com se fossem
uma espécie de “exportação cultural”. (FREITAS, Eduardo. Site da Geografia
Humana do Brasil)
A
formação complexa do povo brasileiro através dos séculos, não impediu que os
contrastes e diferenças regionais, construíssem uma nação multicultural de uma
diversidade riquíssima onde até mesmo a nossa culinária, exemplo a feijoada é
considerada identidade nacional. O
futebol arte trazido das terras anglicanas passou a representar o povo
brasileiro, como um povo alegre, festeiro assim como o nosso carnaval
multicolorido que abrange diversas etnias. Onde tem futebol e samba tem um
pouco do Brasil.
Assim
sendo a identidade brasileira em suas várias dimensões raciais, étnicas,
territoriais e regionais define o que realmente é o brasileiro, o que ele
representa nesse universo de múltiplas facetas, sendo assim um povo único.
Falar de
identidade implica, em um certo sentido, uma dimensão interpretativa e outra
normativa, já que “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas
características definitórias fundamentais como seres humanos.”Trata-se de uma reflexão
que lida com um problema relativo à auto-percepção de um grupo acerca de si mesmo,
de sua história, de seu destino e de suas possibilidades, enraizada
necessariamente num certo horizonte valorativo, e referida a uma determinada
forma de vida. A identidade
cultural caracteriza as pessoas pelo modo de agir, de falar, é como se as
“rotulasse” a partir dos modos específicos de sua cultura. ( MAIA, Antonio
Cavalcanti. P. 3.2005)
O território, sua
linguagem e cultura é a representação de sua identidade e formação. A cultura
moderna traz consigo jargões contemporâneos típicos de jovens urbanos e suas
representações. Muita das vezes as culturas entram em choque evidenciando novos
paradigmas que surgem para enriquecer ou denunciar uma identidade cultural, ou
seja, mascarar ou desmascarar preconceitos.
Quando essas manifestações remetem a sinais
de retorno a um passado glorioso, mas encoberto e contado de forma a agradar
uma minoria no poder, fazem vir à tona feridas que para a maioria, oprimida,
nunca existiram. Faz com que emersa um outro Brasil, uma outra história
brasileira que nunca apareceu nos livros didáticos dos bancos escolares.
(ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha:
Descoberta de um conflito racial, de identidade e cultural. Trabalho de
Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal Fluminense. P.32. 2013)
Mas independente das transformações identitárias e
culturais brasileiras, é digno de se afirmar que todas as três raças indígena,
negra e branca de diferentes etnias compõem uma só nação, portanto a formação
de um só povo, um povo que brilha e luta.
A cultura é fruto da miscigenação de
diferentes povos que introduziram seus hábitos e costumes, com o contato de uma
cultura e outra, pode gerar uma cultura ainda mais diferente. A identidade
cultural move os sentimentos, os valores, o folclore e uma infinidade de itens
impregnados nas mais variadas sociedades do mundo, e apresenta o reflexo da convivência
humana. (Alunos
Online)
(ALVES, Marcelo Siles. Santa Teresinha: Descoberta de um conflito racial, de identidade e
cultural. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, Universidade Federal
Fluminense. P.28-32. 2013)