ASSISTENTE SOCIAL COM BACHAREL DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF/RJ & RAPPER
Certo dia uma pessoa comentou com
minha pessoa que a tal festa de São Pedro do Itabapoana, é muito boa, melhor
festa da região porque somente vão a essa festa pessoas “chiques”, pessoas “bonitas”
você não vê gente feia. Questionei-me a mim mesmo, o que seria essa gente feia?
A pessoa que comentastes comigo
tem o perfil padrão elite-classe média faz parte do tipo que se incomoda com
moradores da Volta da Areia, Usina Santa Isabel, Nova Bom Jesus, Asa Branca,
Morro do Querosene e demais localidades com pontuações periféricas. Pessoas como
a tal, percebam que coloquei no feminino, não suportam estarem no mesmo lugar
com pessoas que a tal classifica como favelados, barraqueiros, marginais. Portanto,
padrão bom-jesuense das ditas “pessoas de bem”, conservadoras, oligárquicas,
assistencialistas, paternalistas.
Essas tais festas que a tal
relatou são de perfis sertanejos e forrós universitários, onde habitualmente os
indivíduos que as frequentam fazem questão de expressarem suas raízes claro-eurocêntricas.
O padrão branco é totalmente visível, tanto os homens como as mulheres têm as cútis
branca ou clara, é raro vê pretos ou pretas nessas festas. Quando os encontram,
ficam as margens longe dos holofotes que procuram somente as pessoas bonitas,
ou seja, preto não é bonito. Infelizmente isso está acontecendo com o nosso
samba e pagode. Bom as pessoas de “bem” podem entrar numa boa em nossos meios,
enquanto nós não podemos sequer frequentar os seus ambientes sem sermos
tachados de marginais, barraqueiros ou melhor que estamos incomodando ou enfeando
a festa.
Retornando ao assunto da tal
festa de gente bonita de São Pedro do Itabapoana, na qual analiso como um
encontro de tribo que se auto-declara verdadeiros senhores e senhoras dessas
terras e ainda a serem bajulados e adorados por aqueles que eles classificam
indiretamente como “seres inferiores”. Bem se é uma festa bonita onde predomina
indivíduos brancos ou de peles mais claras, deduz-se que pretos e pretas não
sejam pessoas bonitas para os tais.
Comentários com cunhos de
promover o racismo e o segregacionismo são comuns em Bom Jesus do Itabapoana/RJ
e Bom Jesus do Norte/ES. As “pessoas de bem” carregam o ranço de dividirem
espaço com pessoas que em seus círculos os mesmos os classificam de indesejáveis.
O cotidiano da sociedade bom-jesuense é esse.
Portanto, deixo uma análise
crítica do que é o ser bonito e o ser feio. O padrão beleza e o padrão feio. Não
adianta justificarem com questões tipo “você
está vendo coisas e colocando na sua cabeça”, “vocês que estão sendo complexados”, porque o racismo brasileiro
velado é praticado dessa forma, com verbalizações subliminares.
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