Por: CARLOS MONTAÑO E MARIA LÚCIA DURIGUETTO
Os indivíduos são voltados para si, numa
competição desenfreada na conquista do mercado. Uma livre iniciativa particular
do individuo, em seu território, no que se diz respeito a sua liberdade de
comércio e de mercado. Exercem o poder sem política, fazem da política um jogo
para seus interesses mútuos, agindo assim de forma que a máquina do Estado
fique a seu favor e a sua ambição expansionista de controle, e de destruição
das massas. Colocam-se acima dos controles públicos e das responsabilidades
sociais.
Mas surgem reações de todos os cantos, de
todas as partes. O desejo por uma democracia popular, justa, de um governo do
povo para todos se emana em resposta ao egoísmo exorbitante do individualismo
implantado pelo (neo)liberalismo. Contra a opressão do sistema do capitalista e
suas conquistas expansionistas, movimentos surgem e se unem para mudar e criar
um mundo novo. Contra a privatização e a privação de uma vida digna e justa, os
movimentos sociais e suas aglomerações lutam por políticas públicas mais justas,
que não asseiem o desejo do capital e sim de toda a massa, por igualdade e
cidadania.
Assim é o homem moderno. Por ser filho de
uma sociedade que se diz democrática, que valoriza o homem pelo o que ele
possui e não pelo que ele é, passa a aceitar como óbvio o que pensa, a cumprir
uma função produtiva, a deixar de lado a sua característica de querer ver a si
mesmo com uma visão exterior, a deixar de buscar a verdade, a pensar de modo
prático, a renunciar a si mesmo, gerando dentro dele um sentimento de vazio,
solidão e ansiedade que pode levá-lo ao consumo de substâncias químicas,
suicídio, ou diversão apenas para fugir. Por outro lado, romper com tudo isso
pode trazer conseqüências tão ou mais penosas que essas.
Surgem
as visões de mundo capitalista e socialista, num modo de produção industrial
através da técnica de trabalho e a divisão social do trabalho. É nesse momento
de expansão do capitalismo que vimos que a comunidade se dividiu, o coletivo
separou-se do privado, surge a sociedade civil e o mundo do estado. Hoje vemos
claramente os efeitos dessa separação, um mundo egoísta e particular, disputas
e individualismo. A moral passou a ser vista como uma conduta do individuo que
passa a ser julgado pelos seus atos e ações particulares, não há, mas o compromisso
com o coletivo.
A
moral adquiri uma relevância social porque torna-se a referência de conduta dos
indivíduos. Ela determina total equilíbrio do conjunto e por isso necessária a
sua privatização e pacificação. No entanto, segundo o autor, a moral acaba
sendo uma moral do particular em conflito com os padrões ou eixos coletivos,
mesmo assim permeia a sociedade e se define como uma moral coletiva, uma moral
de grupo e de classe. No processo de trabalho capitalista, onde se predomina o
sistema de produção e acumulação de lucro, o trabalhador tende a se fundir
totalmente nesse novo modo de vida e confundir moral social com moral
individual. Caso que no ambiente de trabalho, quando um individuo tem uma certa
dificuldade em realizar suas funções, o outro passa a cobrá-lo pois o mesmo
está atrapalhando todo o processo de realização do trabalho em grupo. O trabalho que se
sente prejudicado pela má atuação de seu companheiro, impõe de certa forma a
moral de trabalho, moral capitalista que passa a fazer parte de seu modo de
vida assim sendo ele avalia como sendo uma moral certa, uma moral verdadeira
onde sempre fez parte de seus costumes e tradições, não enxerga essa moral como
sendo uma moral construída para que ele realize ações a favor do capital.
O trabalhador que impede o processo de
produção, se sente cobrado, e intimado pelo seus companheiros para que preste
mais atenção em suas tarefas, de certo modo ele está inserido num processo de
produção em série, no qual uma falha por mínima que seja pode prejudicar o
processo de produção em sua escala. A moral passou por transformações a atua no
sistema capitalista, como uma forma de controle sobre o individuo, passou a
formular a moral dos trabalhadores. O trabalhador passa a crer que tem que
atuar num coletivo, mas um coletivo que favoreça ao empregador. A moral passou a ser privatizada, os valores
coletivos e sociais foram postos de lado. Com a moral sendo privatizada surge a
ética como forma de regulação da profissão, do profissional e sua postura em
seu ambiente de trabalho de acordo com a sua profissão exercida. Nada de
coletivo, e sim executar a função de acordo com os interesses mútuos, do
capital.
Mas essa mesma sociedade está atualmente
dando ênfase ao Pensar do homem, não para melhorar a si mesmo e ao mundo, mas
Pensar para criar um produto que assim o faça e para vender esse produto.
A
racionalidade prática e a necessidade da busca dentro de um equilíbrio são
fundamentais para a existência da humanidade, já que ambas completam o homem.
Se o
homem não se atentar que é necessário Pensar para sua melhoria pessoal e
transmitir essa característica às futuras gerações, o futuro será provavelmente
incerto, instável, e talvez não muito melhor do que o presente, já que a
conduta humana em sua jornada existencial tem sido a de buscar cada vez mais
meios de obter lucros sem Pensar que as conseqüências poderão ser inúmeros
problemas capazes de destruí-lo.
TEXTO:
ESTADO, CLASSE E MOVIMENTO SOCIAL.
CARLOS MONTAÑO E MARIA LÚCIA DURIGUETTO
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