quinta-feira, 28 de novembro de 2013

N.A. - ÉS MINHA VIDA ft. ARES KUZOA & ADIVENCE

N.A, é um artista do Bairro da Samba, membro da Label “Imprevisiveis” e esta neste momento a trabalhar num projecto, sem título ainda, a ser lançado brevemente, onde já conta com as participações de, Sombra (Presidente da Samba), Haudaz, Pereira, Ares Kuzoa, Adivence e outros nomes não menos Importantes. Por agora com uma das promos desse projecto.

N.A - És minha vida ft. Ares Kuzoa & Adivence


Fonte:http://www.hiphopangolano.net/2013/11/na-es-minha-vida-ft-ares-kuzoa-adivence.html

XKOBA - MENINO DE RUA ft. EDSON MENDES


Directo da label “Outro Nível”, Xkoba disponibiliza track “Menino de Rua” onde conta com a participação de Edson Mendes para falar de um dos principais problemas sociais que essa Angola enfrenta. A música agora disponibilizada, fará parte da Mixtape “Meu Diário” que segundo a label e o artistas, estará disponível no dia 25 de Dezembro.

Xkoba - Menino de Rua ft. Edson Mendes

Fonte:http://www.hiphopangolano.net/2013/11/xkoba-menino-de-rua-ft-edson-mendes.html

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O RACISMO ESCANCARADO DE RICARDO NOBLAT

Só mesmo no Brasil, jornalista vira charlatão em psicologia e analista de caráter do negro


por Marcos Romão

Visibilidade e fama para negro no Brasil são coisas perigosas. O perigo de cair do sucesso para o Pelourinho, está em cada casca de banana escondida em todas as curvas de seu caminho.

O caráter do homem e da mulher negra é como 'bundinha de nenén', todo mundo se acha no direito de dar opinião e passar a mão dando seus beliscõezinhos em nada agradáveis.

Para não me alongar no tempo da escravização do negro no Brasil, em nossa república falar e escrever sobre o caráter do negro virou uma especialidade em que todos podem tecer suas teorias, desde os acadêmicos até os fuxiqueiros enciumados da esquina. Todos têm um amigo negro que é bom, mas no geral os negros e as negras precisam se adaptar. Precisam sair desse "complexo de inferioridade", porém, sem montar barracos, confusões e possíveis atos vingativos, melhor serem agradecidos.

De Oliveira Viana a Gilberto Freyre, os acadêmicos brancos brasileiros deram sua pitada sobre o que é o negro brasileiro, o que é o seu caráter. É uma sina do negro brasileiro ter tanta gente a defini-lo. O negro fica sem tempo para saber quem é nesta miríade de definições e sentenças sobre o que ele é e onde deve estar e ficar.

Apesar de alguns avanços da academia em relação aos estudos sobre o negro desde Florestan Fernandes, passando pelos brasilianistas e pelos cientistas sociais balançados pelo movimento negro dos anos 70s. Estes avanços teóricos que tiveram a influência do esquecido e nunca citado Sociólogo Guerreiro Ramos e a faca lingüística e política de Abdias Nascimento, pouco influenciam no dia a dia e no racismo verbal que atingem os negros brasileiros, pois ainda vivemos em nosso imaginário coletivo, nos tempos de Monteiro Lobato e narizinhos empinados e de Gilberto Freyre com sua morenice agradável. Negro bom é o negro que se adapta, se comporta e esquece que é negro, pois adaptado é "igual".

Presos teoricamente em Gilberto Freyre, os intelectuais brancos brasileiros, revelam em 2013, com a aparição de uma casquinha de pele preta próxima ao poder (não nele) seus medos infantis do bicho-papão, do negro mau, que chega de noite para violar suas casas, mulheres ou seus castelos teóricos. Estava tudo tão confortável no Brasil. Negro se fingia de bonzinho e tudo ia bem. Gente negra mal agradecida, bem que os bisavós escravizadores avisaram.

Fiquemos no "Pai de Todos", o Gilberto Freyre e suas lições sobre caráter, comportamento e participação do povo negro na formação do modo de pensar brasileiro.

Em Casa Grande e Senzala, ele nos dá uma pista sobre como se pensa no imaginário coletivo brasileiro de 2013:

"na colocação dos pronomes, como nós brasileiros temos duas faces:

uma dura, antipática, dominante que se expressa no Faça-me isto! E uma suave, simpática, pronta a obedecer do dominado que pede Me faça. E nem precisamos ter uma só linguagem as duas devem coexistir porque a força, a potencialidade da cultura brasileira parece residir toda na riqueza dos antagonismos equilibrados!!!"
Joaquim Barbosa contraditou o esperado e optou como negro "complexado e "dominado" pelo "Faça-me isto!"
Como sujeito negro com complexo de inferioridade, nas palavras do jornalista Ricardo Noblat, o ministro negro saiu de seu papel, que deveria ser dócil e agradecido, pois lá no Supremo está por ser um negro "escolhido" como café de boa cepa.

Pela infeliz escolha do magnânimo senhor de plantão, a coisa ou o julgamento deu no que deu. Foi até o fim e tem gente graúda presa, apesar de 200 milhões de brasileiros e brasileiras, jamais imaginarem que um dia isto poderia acontecer no Brasil.

O jornalista Noblat vai ao cerne do jeitinho que é a base do racismo brasileiro, mas perde as estribeiras, como é típico para intelectuais que entram no campo do "psicológico" quando falam do negro no Brasil:

"Por mais inocente que seja quem não receia ser alvo de uma falsa acusação? Ao fim e ao cabo, quem não teme o que emana da autoridade da toga?

Joaquim faz questão de exercê-la na fronteira do autoritarismo. E por causa disso, vez por outra derrapa e ultrapassa a fronteira, provocando barulho.

Não é uma questão de maus modos. Ou da educação que o berço lhe negou, pois não lhe negou. No caso dele, tem a ver com o entendimento jurássico de que para fazer justiça não se pode fazer qualquer concessão à afabilidade.

Para entender melhor Joaquim acrescente-se a cor – sua cor. Há negros que padecem do complexo de inferioridade. Outros assumem uma postura radicalmente oposta para enfrentar a discriminação.

Joaquim é assim se lhe parece. Sua promoção a ministro do STF em nada serviu para suavizar-lhe a soberba. Pelo contrário."

Joaquim foi descoberto por um caça talentos de Lula, incumbido de caçar um jurista talentoso e... negro."

Tenho respeito por Ricardo Noblat, um jornalista que se caracteriza por sua independência, como também a tem o juiz Joaquim Barbosa.

Em seu texto "Joaquim Barbosa: Fora do eixo". Noblat não entra nas diatribes racistas que se tem publicado ultimamente em blogs e jornalões, em uma campanha orquestrada para se atingir o caráter de Joaquim Barbosa, entretanto a alimenta.

Noblat escorrega no desaforo, como todo bom jogador de futebol amigo do negro que acabou de xingar. Só que Noblat, estamos em 2013 e o pote de tolerância com o racismo transbordou. Basta!

Joaquim Barbosa está Ministro Presidente do Supremo Tribunal porque é negro, todos nós negros, assim como Barbosa, o sabemos. Como sabemos que todos os outros anteriores o foram porque eram brancos.

Como um troféu de outrora ele o negro jurista precisou ser caçado, como eram caçados os griots, quando havia necessidade de alguma conciliação colonial com os escravizados, depois eram mortos.

Negro jurista dificilmente seria encontrável nos churrascos da "Granja Torta e Branca", onde negros só entram como "tias Anastácias" e Lambe-Botas. Caçadores de talentos deveriam sair de lupa na mão para aprisionar um negro com "alguma" competência branca, pois o Brasil assim o precisava para ter uma nova imagem.

São 125 anos de Abolição e só os astros dirão se vai durar mais 125 anos para termos um ou outro presidente do STF negro.

Baixe o pau quem quiser no Presidente do Supremo. Dê sua opinião quem quiser sobre o julgamento do mensalão. Coloque em questão quem quiser os procedimentos jurídicos do julgamento e das prisões. Estamos em uma democracia, mesmo que capenga. Ainda é um direito de qualquer cidadão emitir sua opinião.

Agora pensem duas vezes ao serem analistas do caráter de ser negro. Vocês têm muito pouca experiência no assunto, pois são inconscientes da própria cor e de seus privilégios. Chega de charlatanismo psicológico sobre o que o negro pensa.

Quantas vezes, você Noblat participou de uma roda de conversa antirracista para saber o que é construção de identidade?

Os negros sabem que é muito difícil para os brancos encararem a sua "falta de identidade privilegiada", por isto fica mais fácil falar e escrever sobre os outros, índios e negros e mulheres e assim esquecerem-se da própria "Patologia do Homem Branco", como nos lembra Guerreiro Ramos.

Nestes últimos 40 anos tive o prazer de vivenciar com brancos no Brasil e na Europa, que enfrentaram a Esfinge do Racismo. Doeu mas pariram. Pararam de serem "doutores" em negros. Ai deu para começar a conversar.

Pergunte às mães e esposas de jovens e maridos negros, o que é assistir a seus parentes serem julgados por milhares de juízes brancos, que tem medo e asco à sua pele e comportamento e os enfiam nas masmorras?

Ainda não li uma linha branca nos jornalões sobre o caráter mau, perverso, branco e racista destes juízes e de sua formação e berço.

Ao voltar há dois anos ao Brasil avisei aos meus amigos. O racismo brasileiro está entrando em uma fase nova e virulenta. Poucos acreditaram.

Agora muitos negros estão surpresos e estupefatos, com a sem cerimônia intelectual com que passam a mão nas nossas caras e nádegas e pedem que sejam agradecidos pela condescendência de o fazerem com margarina.

Negro não tem imprensa, mas a resposta está aí. Só não vê quem não quer.
Como diria o Gonzaguinha: "A gente não está com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela".
Meus respeitos agora estão na condicional.

Par quem quiser em meia hora se aprofundar sobre a construção do imaginário coletivo racista de 2013, aqui está uma aula sobre o pensamentos social brasileiro da Professora Elide Ruda Bastos



Globeleza Fantástica


Quando da divulgação de nossa Carta Aberta ao Racismo Velado na página Mundo Negro, no Facebook, dentre os diversos compartilhamentos e visualizações, um comentário em especial me chamou à atenção. Era de um internauta (negro) indignado com nossa posição acerca do referido quadro do Fantástico e a reação irritadiça de que nossa visão seria “equivocada”. O argumento foi que a TV só está refletindo a realidade, que se quisermos mudanças, que as cobremos “aqui fora”, na vida real, na educação, etc e não no mundo de fantasia da TV aberta.
Bem, pra mim, em particular, equivocada é essa visão de “a TV é só ficção, não tem culpa pela realidade”, pois, uma mídia que movimenta milhões em influências e interesses não é, nem nunca será, isenta de uma ideologia, mesmo que seja a dos investidores da elite. E a ideologia da Rede Globo é elitista, finge que quer agradar a todos, mas seu pulo do gato é justamente ter programado o povo a aceitar seu conteúdo sem questionar se aquilo é bom ou não, simplesmente ‘fazendo bem feito’ não deixando margem para a observância sobre a procedência desse conteúdo.
Pode até ser implicância, mas não há negras escolhidas com traços negros, saca? O cabelo, o nariz, tudo muito folclórico e muito diluído.
Aí, vem a grande virada na argumentação. Falei lá sobre a questão, que não é querer ver a Globo criando uma realidade que não existe aqui fora, mas que preste ao menos algum serviço útil nessa área. Argumentei que as novelas – alegadas peças de ficção – já ajudaram a desmistificar o tráfico de pessoas, vício em entorpecentes, crianças desaparecidas e mais uma gama de questões delicadas na sociedade. Só o raio do racismo é que não tem essa divulgação. Então, é sim, um desserviço à sociedade manter o negro ignorado e negado na telinha. Estamos bem até aqui? Prossigamos…
A Globo vem, através do Fantástico (ele de novo, estamos de olho!), buscar sua novamulata negra Globeleza. Um concurso onde as candidatas – todas negras – disputarão o posto de musa do carnaval platinado. Aí, algum amigo mais branquinho, ou um irmão menos atento poderá dizer: “viu? Ficaram reclamando aê, olha só um quadro só com pessoas negras participando”. Sim, mas vou te perguntar uma coisa: “Você é o Walcyr Carrasco?” “Já reparou que é só para 20 dias de carnaval e nada mais até a outra temporada?”.
Pois bem, a Globo, descaradamente, mostra onde o negro precisa ficar enfiado (UIA!) o ano inteiro, né? Fica lá se refestelando em paetês em frente às câmeras do bundalelê dentro da senzala Esquenta e depois vai ficar saracoteando sob a vinheta famosa do carnaval. Afora isso? Um ou outro papelzinho na TV e quase nada de negros sendo mostrados em posições bem sucedidas, na vida real, para que o público perceba que um negro vencendo na vida não é algo estranho.
Um quadro muito parecido com o da busca pela Globeleza é o Menina Fantástica, concurso para a descoberta e contratação de uma nova modelo. Nesse, quase não há negras e nenhuma chegou lá, com exceção de Tayna Carvalho (com seus belos traços indígenas – mesmo assim, muito criticada com aberrações como “ganhou por cota, pra Globo fazer média”, demonstrando que se não for branca e de traços finos não poderia ganhar por beleza). Perceberam a diferença do teor dos quadros? Se é estereótipo de carnaval, aí sim, negras venham com sede, mas se for modelo internacional, bem, não falo mais nada…
Finalistas do Menina Fantástica. Tayná, a vencedora de 2010 é a quarta da esquerda para a direita. Notou o padrão de beleza e a minoria num concurso brasileiro?
Aliás, falo, pois, mesmo que a posição do negro no carnaval seja aprisionada pela mente tacanha da grande mídia num estereótipo de inversão de valores (quando aparece em muitos outros lugares, mas sempre lembrando que são ‘comunidade’), as moças – muito belas – escolhidas para o cargo sempre são de cabelos alisados, narizes afilados e lábios finos… Ou seja, são como a Tempestade, dos X-Men (e tantos outros personagens de HQs), são “brancos de cor”. Nada contra os irmãos e irmãs com traços finos (nem pensem nisso), mas estou falando que não há outro tipo de biótipo negro ‘aprovado’ para a telinha, entende? É só ver como a própria Menina Fantástica 2010, Tayna Carvalho passou de paraense para japonesa em dois tempos.

Ainda acha que é exagero MEU – e não do descaramento da TV aberta/racismo velado?
Veja as fotos abaixo e associe ao momento e conclua por si só, se não tem relação com a visão folclórica da elite sobre o pobre e o negro:
Menina Fantástica, de onde sai uma nova modelo porfissional contratada:

Nova Globeleza, quando o uma modelo/bailarina representa as vinhetas oficiais do carnaval da Globo:

Musa do Brasileirão, quando uma modelo representa um time de futebol em ensaios sensuais:

Musa do Caldeirão, uma modelo será eleita a melhor passista no carnaval do Huck:

Então, meu cumpadi, coincidência? O negro e a negra será sempre esse ‘bom selvagem’ que surge no carnaval tirando onda de bacana pra voltar ao resto do ano escondido da mídia? Há quem diga pra nos contentarmos, pois seria pior não ter representação nenhuma, mas a luta não é por presença, é por reconhecimento de igualdade e dignidade. Lembrando Candeia em Dia de Graça, a Globo manda o recado:
“(…) mas depois da ilusão, coitado, negro volta ao humilde barracão“. 
Eu já prefiro a parte:
“(…) faça da sua Maria, uma rainha todos os dias e cante samba na universidade
e verás que teu filho será príncipe de verdade
Daí, então, jamais tu voltarás ao barracão“.
Tá bom pra você?

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Racismo americano x racismo brasileiro


Na mais recente lista de celebridades mais bem vestidas dos EUA divulgada pela revista People figuram três mulheres negras: as atrizes Kerry Washington (em primeiríssimo lugar) e Zoë Saldana, além de Solange Knowles (cantora e irmã caçula da estrela pop Beyoncé).

Por: Patrícia Fortunato

Você pode até achar que listas desse tipo são de uma futilidade sem tamanho, mas tente ver por outro ângulo. No mundo de imagens em que vivemos, uma galeria em que celebridades negras são reconhecidas como bem vestidas são uma injeção de autoestima para milhares de adolescentes e mulheres mundo afora, que muitas vezes não se sentem representadas pelos programas de tevê que costumam assistir ou nas revistas que leem.

Outro aspecto interessante da escolha da People é que estamos falando de mulheres bem vestidas, não de mulheres sensuais. No Brasil parece haver uma lei não escrita segundo a qual para negras e mestiças cabem classificações como sensual, sexy ou "dona de beleza exótica", mas raramente o rótulo de elegante, exceção feita à atriz Camila Pitanga. É como se a elas só fosse permitido ser lindas durante o carnaval, atividade importante até mesmo do ponto de vista econômico, mas muitas vezes encarada como manifestação cultural de menor valor.

Há uma diferença muito grande na maneira como EUA e Brasil lidam com o inglório passado da escravidão. Em ambos os casos, aboliu-se a prática, mas persistiu o racismo. Nos EUA praticou-se uma segregação escancarada e oficial, com leis que determinavam, por exemplo, que brancos e negros deveriam ocupar assentos em ônibus e trens de acordo com sua cor de pele. Já no Brasil, a segregação nunca foi oficial, o que facilitou a convivência diária, mas também originou um racismo subjetivo e perversamente sofisticado que muitos não enxergam. Talvez por isso os versos de "O Teu Cabelo Não Nega" (mas como a cor não pega, mulata, mulata, eu quero o teu amor ...)" ou não são compreendidos por muitos que os entoam ou tem seus efeitos minimizados.

O fato é que o racismo oficial praticado pelos americanos fez com que os negros se organizassem, o que foi decisivo para a derrubada de anomalias como as leis segregacionistas. Quando as batalhas mais duras contra a segregação foram vencidas, essa organização foi em parte canalizada para a conquista do sonho americano: o sonho de fazer parte da classe média.

Não é incomum por aqui (ou é bem mais comum que no Brasil) que membros da classe média negra americana manifestem-se quando acreditam ser representados de maneira caricatural em atrações televisas. E o poder econômico dessa classe que se manifesta se traduz em comerciais de cereais, medicamentos toda uma gama de produtos consumidos pelas classes medias protagonizados por negros. Os catalogos de roupas tambem costumam apresentar mais diversidade que os brasileiros, como modelos brancas, negras e asiáticas.

No Brasil, nesse momento em que tanto se discute a ascensão social dos mais pobres, os publicitários tem uma chance de ouro para criar campanhas mais inclusivas, que reflitam a beleza de todos.

*Esta coluna foi publicada originalmente no blog Ideação do Banco Interamericano de Desemvolvimento (BID).


A República dos Brancos: Joaquim Barbosa como a metáfora da distopia negra? por Jaime Amparo Alves

Joaquim Barbosa não é apenas o nosso Clarence Thomas (o ultra-conservador juiz negro estadunidense) revestido com o manto perigoso do Direito. Ele é também a metáfora do nosso impasse político e a projeção sombria do que vem por aí.

Qual o lugar da categoría “raça” no julgamento da ação penal 470? O que a cor da principal figura do julgamento tem a nos dizer? Ainda que a imaginação racista branca tenha alimentado contra Joaquim Barbosa os estereótipos tradicionais de “destemperado”, “sem-equilíbrio”, “sem-civilidade”, ele têm gozado de uma aceitação que desafia as análises sobre o racismo e talvez por isso explique certo silêncio da intelectualidade negra frente ao papel do primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal como algoz do maior partido de esquerda do país.

Entro em campo minado consciente dos custos politicos de tal empreitada mas imagino que recusar o debate é perder a chance refletir como a supremacia branca se reproduz no Brasil contemporâneo. Mais que isso, o triste papel de Joaquim Barbosa nos convida a refletir sobre os limites das atuais políticas de identidade. Que o leitor/a não me interprete mal: ao contrário dos que acreditam que as lutas baseadas em categorias como “raça” e “etnicidade” reproduzem o racismo, sustento que tais categorías são não apenas importantes e legítimas como também as únicas possibilidades para afirmar a existencia negra em um mundo estruturado a partir da dominação racial.

Minha crítica aos limites da política de identidade negra é na verdade em direção oposta. A questão não é negar a raça, mas sim reafirmá-la sobre outras bases que não a da agenda da inclusão per si. É que ela não tem sido forte o suficiente, como gostaríamos, para construir uma consciencia negra anti-sistêmica, radical, revolucionária. Tampoco quero invisibilizar uma tradição radical negra herdada da luta de Palmares que se mantem viva nas periferias brasileiras. Chamo a atenção, no entanto, para uma identidade negra em formação (nos espaços abertos pelas ações afirmativas) que possui uma inconfortável afinidade com a sedutiva narrativa de redenção que a imagem pública de Joaquim Barbosa projeta.

Franz Fanon já chamava a atenção há mais de meio século para um regime de dominação racial em que a aceitação dos negros é condicionada à sua rendição aos (e reprodução dos) valores  brancos. E daí? Podemos argumentar que não cabe aos negros transformar o mundo destruído pelos brancos. De fato, uma das perversas equações do racismo é responsabilizar suas vítimas. O caso de Barbosa é ilustrativo, no entanto, das artimanhas do racismo e dos limites e possibilidades da identidade negra coletiva.   A imaginação racista à esquerda diría que Joaquim Barbosa é um negro que se embranqueceu. A imaginação racista `a direita, mais sofisticada, tem produzido a imagem pública de um juíz pós-raça (neutro, justo…enfim, a encarnação da Lei). Joaquim Barbosa seria aceito porque, ao contrário de muitos de nós, ele não é revanchista com a sociedade branca e defende os valores republicanos. Sua escolha estratégica do dia 15 de Novembro para prender os ícones da esquerda brasileira oferece pistas interessantes sobre a dualidade da República (históricamente concebida como projeto plural e ao mesmo tempo um projeto civilizatório anti-negro). Estaria Joaquim Barbosa assumindo o papel de herói negro que refundaria a República?

Paradoxalmente, o que as práticas inquisitoriais/autocráticas de Barbosa sugerem é a rendição negra ao papel de subalternidade na República. Sua presença na mais alta corte do país nos convida a refletir sobre a nossa recusa fatalista em pensar a negritude como prática radical que pode transformar a sociedade, para além dos números de inclusão nos espaços de poder e prestígio. Uma utopia revolucionária negra acredita que porque negras e negros entendem como ninguém  o que significa a República, a raiva e a experiencia acumulada de opressão serão o combustível para uma negritude explosiva, radical, para além dos discursos de redenção social tão celebrados atualmente. Em outras palavras, uma pergunta (in)oportuna em tempos de guerra contra as ações afirmativas seria: qual o projeto de sociedade brasileira que nós negras e negros propomos? Que comunidade política pode a categoria raça produzir, para além dos encontros racializados a que estao submetidos os negros e negras?

Estas perguntas oferecem a oportunidade de refletir sobre um último ponto: a estranha aproximação entre a suposta esquerda “autêntica” (com figuras do movimiento negro) e os partidos de direita na orgia moral contra o Partido dos Trabalhadores. Ao invés de aproveitarmos a oportunidade para discutir os limites e possibilidades de uma agenda radical negra para além da representação simbólica em espaços de poder, temos nos distraído com uma agenda do cinismo moral que não nos pertence. Que o PSDB e seus aliados encontrem no STF a última chance de impor um projeto de governo derrotado três vezes consecutivas nas urnas, é tão entendível quanto desprezível. Incômodo e cruel é o triste destino de uma certa militancia negra que se recusando a pensar o projeto revolucionário muito mais `a (ou para além da) esquerda,  sucumbe ao moralismo dirigido da direita. 
Como fazer uma crítica `a cegueira racial da esquerda sem reproduzirmos os discursos convenientes de que esquerda e direita são iguais? Como não relativizar o papel trágico do PT na domestificação da esquerda e ao mesmo tempo reconhecer nossa responsabilidade com o projeto de país que queremos?

A indicação de Joaquim Barbosa pelo presidente Lula, depois de inúmeras reuniões de bastidores com lideranças negras, foi comemorada como um gesto simbólico de afirmação de uma agenda até então inédita no país: ProUni, cotas raciais, Seppir, Bolsa Familia…..todas resultado da luta histórica dos movimentos negros acomodados `a esquerda do espectro politico. O verdugo do PT é tambem resultado irônico e trágico desta luta. Joaquim Barbosa não é apenas o nosso Clarence Thomas (o ultra-conservador juiz negro estadunidense) revestido com o manto perigoso do Direito. Ele é também a metáfora do nosso impasse político e a projeção sombria do que vem por aí em termos de participação negra em um modelo de sociedade que é a nossa negação e a negação do futuro. 


JAIME AMPARO ALVES




O CÁRCERE É DEMOCRATICAMENTE DESUMANO, A INDIGNAÇÃO É QUE PERMANECE SELETIVA.


Genoíno foi preso. Foi preso com seu passado, com seu presente, com sua doença, com injustiças, com justiças e toda uma complexidade que a visão binária dos torcedores partidários e cuja moral repousa numa suposta posição olímpica não vão entender.

Genoíno foi preso, é fato. Discute-se a validade do julgamento, a injustiça do julgamento, a injustiça da justiça, os maneirismos autoritários de Joaquim Barbosa, discute-se a crueldade das elites, discute-se o coitadismo dos defensores de Genoíno e Dirceu, discute-se, discute-se… o que pouco se discute é a questão carcerária, que já era grave antes de pessoas chamadas de heróis por parte de seus companheiros de partido serem presas.

Enquanto lamenta-se a suposta injustiça cometida na prisão de Genoíno, tanto em seu julgamento quanto na comprovada ação abusiva do Presidente do Supremo em manter em regime fechado por dois dias condenados a regime semiaberto, por exemplo, se finge não termos um problema maior ainda e cujo contexto de suposta injustiça talvez ajudasse a resolver: a questão carcerária.

Pois bem, enquanto somos o terceiro país do mundo em número de presos, se discute a justiça, as condições e o processo de prisão de DOIS membros do PT, chamado Partido dos Trabalhadores, e nada se diz da quantidade de presos, da composição étnica dos presos, das condições universais das masmorras brasileiras, nada. Se diz da condição de Genoíno e Dirceu, da injustiça que se abateu sobre Genoíno e Dirceu.

É uma espécie de reflexo direto das prioridades do Partido dos Trabalhadores e de sua guinada evidente e inexorável à direita ter uma indignação seletiva com relação à justiça e às condições de cárcere, ao processo de prisão mesmo. Fossem outros os presos, Daniel Dantas por exemplo, fodam-se as condições de cárcere ou a forma com que se deu a prisão. Fossem outros, Amarildo, por exemplo, fodam-se as condições da cadeia, da prisão, as torturas feitas, se foram justas ou não as prisões.

Fosse outros os presos, Black Blocs por exemplo, era um dever de estado mantê-los presos, mantê-los a ferros, se possível amordaçados, se possível torturados.

Não acho que Dirceu e Genoíno tenham sofrido injustiça em seu julgamento (Talvez Dirceu tenha, dado que nenhum tipo de prova documental existe sobre ele, Genoíno não), respeito quem ache que foi injusto e que a tese do “Domínio de Fato” é um absurdo, também acho. Discutir o processo já acho um absurdo, o devido processo legal houve, mas vá lá, respeito. Acho inclusive sagrado o direito ao delírio.

E não adiantam defensores de ambos encherem o saco com suas impressões a respeito, com suas defesas baseada na bela história prévia de ambos, no papel de ambos na “transformação do país”, essa lógica já é distorcida, viciada por si mesma. O passado de ninguém é elemento de absolvição por nada, tampouco se um crime, corrupção ou homicídio, foi parte de um processo de transformação do país.

Porém, a questão aqui é menos a justiça ou injustiça da prisão de Dirceu e Genoíno, que se não fossem condenados pelos tribunais deveriam ser condenados pelo tribunal da história pela destruição do capital político de esquerda do PT, e mais a indignação seletiva, a indignação que ignora a luta de classes tanto na análise do processo do Mensalão e do papel da justiça, esperando justiça real na justiça burguesa, quanto na não expansão do raciocínio sobre as condições do cárcere para além do umbigo da burocracia, indo aos umbigos da classe trabalhadora que o PT ainda diz representar, indo ao umbigo dos tais 40 milhões que dizem ter tirado da miséria, mas não tiraram da condição social onde sua pobreza os mantém em condições indignas, desumanas, caso sejam presos.

A exclusão da luta de classes do eixo de qualquer análise sobre o papel da justiça e a prisão de Genoíno e Dirceu só não é mais eloquente ai se comparada com a exclusão do papel da luta de classes no estabelecimento das condições deprimentes dos cárceres brasileiros e sua condição, sim senhor, de classe.
A indignação não é sobre o caráter atávico de injustiça da justiça burguesa, a indignação não é sobre o caráter de classe da situação das masmorras e do cárcere brasileiros, onde 65% da chamada massa carcerária é composta de negros e onde 95% dos presos são pobres, a indignação é dirigida à prisão de figuras públicas do PT.

A indignação é seletiva, míope, negligente com o autoproclamado mandato de transformação do país com o qual se adornam os militantes, apoiadores, simpatizantes e sócios do Ex-Partido dos Trabalhadores adoram gritar pelos quatro cantos do mundo.

A indignação é seletiva porque reduz a injustiça brasileira à punidora do PT enquanto livra os assassinos de Dorothy Stang.

A indignação é seletiva porque se cala diante da tortura e morte de Amarildo.

A indignação é seletiva porque cala sobre a morte de Cícero Guedes, líder sem-terra morto em Campos no rio de Janeiro.

A indignação é seletiva porque se cala diante do fato de um negro ter 1,73 anos a menos que a expectativa de vida de um branco e por ter 70% de vítimas negras entre as quase 50 mil vítimas de homicídio em 2010.

A indignação é seletiva porque finge não ver que boa parte das mortes de jovens negros no país são a partir da ação da polícia, esta mesma polícia que governos estaduais do PT usam e abusam sem mudar seu componente racista e autoritário.

Por fim a indignação é seletiva porque se chocou mais com o uso como cenário da data da proclamação da república pelo ministro Joaquim Barbosa, do que com a própria omissão de na semana da consciência negra não aproveitar as condições desumanas do cárcere de Genoíno para discutir as condições subumanas do cárcere como um todo.

Genoíno e o PT foram rápidos em lembrar de suas memórias do cárcere para exemplificar as terríveis condições em que se encontram presos os líderes petistas, pena que não lembraram disso no decorrer de seus governos para discutir as condições carcerárias de todos os presos, o tratamento da justiça a todos os presos, o tratamento que a política dá aos cidadãos, em especial os pobres e pretos.

As condições do cárcere, de todo cárcere, são terríveis, pena que PT e seus amigos só lembram de si mesmos e de suas burocracias e deixam aos demais partidos e movimentos de esquerda o trabalho de lutar por mudanças na condição carcerária e na própria lógica punitivista do país, justiça e esquerda.

As condições do cárcere se mantém, não são tão seletivas quando a indignação.



sábado, 23 de novembro de 2013

25 curiosidades sobre a escravidão

Dia 13 de maio se comemora a abolição da escravidão no Brasil. O fato ocorreu em 1888, através da assinatura da famosa Lei Áurea, pelas mãos da princesa Isabel. De lá para cá, este fato gera divisões entre aqueles que comemoram a libertação dos escravos e aqueles que acham que a lei áurea não incorporou o negro na sociedade brasileira, mantendo as desigualdades. Sobre este fato, discutiremos em outra postagem. Nesta, vamos apontar 25 curiosidades sobre a escravidão no Brasil.
Atenção: nós compreendemos que o assunto postado abaixo é delicado e suscita os mais diversos sentimentos em diferentes segmentos da população brasileira. O objetivo não é idealizar o assunto ou torná-lo caricato, apenas abordar os fatos. Optamos, também, por utilizar o termo negro ao termo afro-brasileiro, mais utilizado atualmente.
Esta lista foi extraída e adaptada de diferentes fontes, como mania de história e guia dos curiosos.


- Os primeiros navios negreiros foram trazidos pelo português Martim Afonso de Sousa, em 1532. A contabilidade oficial estima que, entre essa data e 1850, algo como 5 milhões de escravos negros entraram no Brasil. Porém, alguns historiadores calculam que pode ter sido o dobro.

- Os navios negreiros que traziam os escravos da África até o Brasil eram chamados de tumbeiros, devido à morte de milhares de africanos durante a travessia. Estas mortes ocorriam devido aos maus-tratos sofridos pelos escravos, pelas más condições de higiene e por doenças causas pela falta de vitaminas, como no caso do escorbuto.

- É possível traçar a origem dos escravos em três grandes grupos: os da região do atual Sudão, em que os iorubás, também chamados nagôs, predominam; os que vieram das tribos do norte da Nigéria, a maioria muçulmanos, chamados de malês ou alufás; e o grupo dos bantos, capturados nas colônias portuguesas de Angola e Moçambique.

- Quando chegava ao Brasil, o africano era chamado de “peça” e vendido em leilões públicos, como uma boa mercadoria: lustravam seus dentes, raspavam os seus cabelos, aplicavam óleos para esconder doenças do corpo e fazer a pele brilhar, assim como eram engordados para garantir um bom preço.

- Um escravo valia mais quando era homem e adulto. Um escravo era considerado adulto quando tinha entre 12 e 30 anos. Eles trabalhavam em média das 6 horas da manhã às 10 da noite, quase sem descanso, e amadureciam muito rápido. Com 35 anos, já tinham cabelos brancos e bocas desdentadas.


- Os cativos recebiam, uma vez por dia, apenas um caldo ralo de feijão. Para enriquecer um pouco a mistura, eles aproveitavam as partes do porco que os senhores desprezavam: língua, rabo, pés e orelhas. Foi assim que, de acordo com a tradição, surgiu a feijoada.

- A Festa de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos escravos do Brasil colonial, foi realizada pela primeira vez em Olinda (PE), no ano de 1645. A santa já era cultuada na África, levada pelos portugueses como forma de cristianizar os negros. Eles eram batizados quando saíam da África ou quando chegavam ao Brasil.

- Na cidade de Serro (MG), acontece a maior de todas as festas em homenagem a santa, em julho, desde 1720. De acordo com a lenda, um dia Nossa Senhora do Rosário saiu do mar. Ao ser chamada por índios, não se mexeu. O mesmo aconteceu com marinheiros brancos. A santa só atendeu aos escravos, que tocaram bem forte os seus tambores.

- Crianças brancas e negras andavam nuas e brincavam até os 5 ou 6 anos anos de idade. Tinham os mesmos jogos, baseados em personagens fantásticos do folclore africano. Mas aos 7 anos, a criança negra enfrentava sua condição e precisava começar a trabalhar.

- Cada senhor de engenho tinha autorização para importar 120 escravos por ano da África. E havia uma lei que estipulava em 50 o número máximo de chibatadas que um escravo podia levar por dia.


- A cozinha era muito valorizada na casa-grande. Conquistaram o gosto dos europeus e brasileiros os pratos de origem africana, como vatapá e caruru, comuns na mesa patriarcal nordestina. A cozinha ficava num anexo da casa, separada dos cômodos principais por depósitos ou áreas internas.

- Normalmente, divisões internas da senzala separavam homens e mulheres. Mas, algumas vezes, era permitido aos poucos casais aceitos pelo senhor morarem em barracos separados, de pau-a-pique, cobertos com folhas de bananeira.

- Aos domingos, os escravos tinham direito de cultivar mandioca e hortaliças para consumo próprio. Podiam, inclusive, vender o excedente na cidade. A medida combatia a fome do campo, pois a monocultura de exportação não dava espaço a produtos de subsistência.

- Quando a noite caia, o som dos batuques e dos passos de dança dominava a senzala. As festas e outras manifestações culturais eram admitidas, pois a maioria dos senhores acreditava que isso diminuia as chances de revolta.

- Com a expansão das cidades, multiplicam-se escravos urbanos em ofícios especializados, como pedreiros, vendedores de galinhas, barbeiros e rendeiras. Os carregadores zanzam de um lado a outro, levando baús, barris, móveis e, claro, brancos.


- Escravos de Ganho eram escravos que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua. Em troca, ele deveria dar uma porcentagem dos ganhos a seu dono.

- Em algumas regiões, os escravos africanos eram divididos em três categorias: o “boçal”, que recusava falar o português, resistindo à cultura europeia; o “ladino”, que falava o português; e o “crioulo”, o escravo que nascia no Brasil. Geralmente, ladinos e crioulos recebiam melhor tratamento, trabalhos mais brandos e perspectiva de ascenção social.

- Os negros nunca tiveram uma atitude passiva diante da escravidão. Muitos quebravam ferramentas de trabalho e colocavam fogo nas senzalas. Outros cometiam suicídio, muitas vezes comendo terra. Outros, ainda, entregavam-se ao banzo, grande tristeza que podia levar à morte por inanição. A forma comum de rebeldia, no entanto, era a fuga.

- Segundo alguns historiadores, a capoeira nasceu de um ritual angolano chamado n’golo (dança da zebra), uma competição que os rapazes das aldeias faziam para ver quem ficaria com a moça que atingisse a idade para casar. Com o tempo, a prática se transformou em exibição de habilidade e destreza.

- A palavra capoeira não é de origem africana. Ela vem do tupi (kapu’era). Trazida para o Brasil por intermédio dos navios negreiros, a capoeira foi desenvolvida nos quilombos pernambucanos do século XVI. As características de luta e dança adquiridas no país podem classificá-la como uma manifestação cultural genuinamente brasileira.


- O berimbau é um instrumento de percussão trazido da África (mbirimbau). Ele só entrou na história da capoeira no século XX. Antes, o instrumento era usado pelos vendedores ambulantes para atrair os clientes. O arco vem do caule de um arbusto chamado biriba, comum no Nordeste, que é fácil de envergar.

- Até a abolição da escravatura, a lei punia os praticantes de capoeira com penas de até 300 açoites e o calabouço. De 1889 a 1937, a capoeira era crime previsto pelo Código Penal. Uma simples demonstração dava seis meses de cadeia. Em 1937, o presidente Getúlio Vargas foi ver uma exibição, gostou e acabou com a proibição.

- Após a independência de Portugal, em 1822, uma das primeiras medidas do governo foi proibir que alunos negros frequentassem as mesmas escolas que os brancos. Um dos motivos apontados é que temiam eles pudessem transmitir doenças contagiosas.

- O movimento abolicionista tinha mais de 60 anos quando a Lei Áurea foi assinada, em 1888. Mobilizava muitos intelectuais da época, como escritores, políticos, juristas, e também a população de uma forma geral.

- Em 1823, dom Pedro I chegou a redigir um documento defendendo o fim da escravidão no Brasil, mas a libertação só ocorreu 65 anos depois.
 
 Fonte: http://www.geledes.org.br/esquecer-jamais/179-esquecer-jamais/22063-25-curiosidades-sobre-a-escravidao